Orgulho e Preconceito - Perdida no século XVIII escrita por Aline Lupin


Capítulo 42
Capítulo 42




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No dia seguinte, Lizzy acordou ansiosa. Que surpresa Darcy teria de tão importante, para pedir que ela fosse a paróquia? Era perto da mansão, o que era um passeio curto. Perguntava-se quando ele iria oficializar a situação entre os dois. Não que ela se importasse. Passou semanas sentindo o coração disparar, a boca seca e o medo de passar por tudo que passou nas mãos de Lorde Clifton, mesmo que ele não a tivesse ferido. Mesmo assim, sentia pânico somente de pensar em passar por tudo aquilo novamente. Então, mal pode pensar em casamento com Darcy. Deveria tocar no assunto com ele aquela manhã. Aproveitaria que iriam até a paróquia e marcar o casamento. Ela sabia perfeitamente que naquele tempo era importante estar casada, devido as aparências e até pelo bem de Georgiana. Lizzy não queria causar nem um problema a ela.

Então, ao se levantar, recebeu a visita de uma criada, Anelise. Era comum que ela viesse ao quarto de Lizzy, para ajudá-la a se vestir. Anelise, mesmo tímida, acabou se tornar amiga de Lizzy, que a tratava com respeito e de forma diferente. Era incomum o tratamento de Lizzy, mesmo que Georgiana fosse sempre educada. Normalmente, as sociedades tratavam os criados como pessoas invisíveis.

— Para que esse vestido? – perguntou Lizzy, ao ver que Anelise colocou um vestido azul claro sobre a cama – Ele não é meu.

O tecido era diáfano, com cintura alta e mangas longas, em tecido fino, de tecido tule. Havia arremate de flores ao longo da saia. O que o deixavam ainda mais bonito. E Lizzy logo notou o véu sobre o vestido. O que estava acontecendo?

— O Sr. Darcy pediu para que eu a ajudasse a se vestir, senhorita – Anelise disse, com um sorriso enorme. O que já aumentava as suspeitas de Lizzy.

— Mas, ele só pode estar louco – Lizzy disse, rindo e indignada ao mesmo tempo – Se ele queria se casar, por que não me avisou ontem?

— Era para ser uma surpresa, senhorita – Anelise disse – Ele sabia que a senhorita ficaria indignada. Então, me designou a vir falar com a senhorita e entregar esse bilhete.

Anelise puxou de dentro do bolso da saia cinza a folha dobrada e estendeu a uma Lizzy atônita e surpresa. Ela desdobrou o papel e leu o recado, vendo a letra inclinada e elegante de Darcy.

“Querida Elizabeth,

Penso que já deveria ter oficializado nossa situação. Ontem eu havia lhe dito que completara um mês desde sua volta. O que me encheu de alegria e me fez pensar em algo. Na verdade, eu pensei nisso desde o momento em que a senhorita voltou para minha vida.

Então, essa manhã, eu pensei que poderia ser ideal para nosso casamento. Eu deveria, é claro, ter pedido sua mão antes, mas queria surpreende-la. E devido a todos acontecimentos, não quis fazer isso antes. Queria deixa-la descansar e se esquecer de tudo que aconteceu há um mês atrás. Eu sei que o seu rapto causou dor, a mesma dor que causou em mim. Por isso, preferi deixa-la tranquila. Mas, acredito que agora é momento para nós possamos nos unir em matrimonio.

Por isso, escrevi esse bilhete. Não sou muito eloquente, quando se trata do amor. Eu realmente me esforço para isso, para agrada-la e ser o mais amoroso possível. Mas, através da escrita, me expresso melhor.

Então, se puder me perdoar por não ter a pedido em casamento ontem e me aceitar hoje como seu legitimo esposo, Elizabeth, me tornara o mais feliz da Inglaterra. E sendo pretensioso, do mundo.  

O que me diz? Aceita ser minha esposa? Prometo ama-la e respeita-la, até que a morte nos separe.

Sempre seu,

Fitzwilliam Darcy.”

Lizzy dobrou o bilhete, com a visão embaçada. Não sabia quando começou a chorar, mas não conseguia parar. Mas, as lagrimas era de felicidade. E com certeza, sim, ela diria sim a ele.

 

*

 

Depois que saíram da paróquia, tendo como testemunhas poucas pessoas, além de Bingley, Jane, Richard e Georgiana, Lizzy se sentia a mulher mais feliz do mundo. Seu coração não cabia em si de tanta felicidade. Não imaginava que sua vida mudaria tanto, depois de esbarrar em um estranho no bar. Assim, sendo transportada para outro século e conhecendo o amor da sua vida.

Após a festa de casamento terminar e Lizzy e Darcy terem sua primeira dança de casamento, a qual Lizzy pediu que fosse uma valsa e tentou ensinar ao seu marido, que se perdeu nos passos, Lizzy teve a melhor noite de sua vida. E a manhã seguinte também. Finalmente poderia dividir tudo com Darcy, sem se preocupar com a reputação, podendo dormir ao lado do homem da sua vida a noite inteira.

Alguns dias se passaram e Darcy preparou uma surpresa a Lizzy. Ele a levou ao teatro em Londres, onde puderam ver Romeu e Julieta. E no dia seguinte, eles iriam fazer um tour pela Europa, para lua de mel. O que deixou Lizzy muito animada. Ela conhecia alguns países da Europa, como França, Itália e Alemanha. Mas, não imaginava que faria uma viagem de meses visitando esses lugares e poder ver como tudo era no período do século XVIII.

Contudo, ela não esperava pela visita que iria receber. Em uma manhã fria em Paris, Lizzy resolveu caminhar sozinha pelas ruas parisienses. Darcy dormia tranquilamente e Lizzy desejava ir a uma confeitaria e conseguir o café da manhã para eles. Enquanto caminhava tranquilamente, percebeu que um cavalheiro peculiar atravessa a rua de paralelepípedos, em direção a ela.

Logo ela o reconheceu. Vestia um terno prateado, com um chapéu fedora no mesmo tom e se apoiava em uma bengala. Lizzy não pode deixar de sorrir, ao ver seus olhos cinzentos.

— Me diga que não veio aqui para me levar de volta – Lizzy brincou, mas, no fundo, temia que isso fosse acontecer.

Ele riu baixinho e balançou a cabeça.

— Sra. Darcy, acha que eu seria tão cruel assim? – Alexander perguntou, em tom zombeteiro – Jamais faria tal coisa. Apenas vim dar meus cumprimentos a senhora, pelo excelente casamento.

Isso fez Lizzy rir. Ele fingia ser um perfeito cavalheiro, mas ela sabia quem de fato Alexander era. Sua fada madrinha, ou APAM como ele havia frisado inúmeras vezes e um viagem do tempo.

— Então, a que devo a sua visita?  - ela perguntou.

— Permite-me um pequeno passeio, senhora? – ele solicitou.

Lizzy anuiu e os dois andaram lado a lado na calçada, passando pelos transeuntes. O vento cortava, anunciando um rigoroso inverno.

— Não vim buscar você, se é o que pensa – Alexander disse, interrompendo o silêncio. Apoiava sua mão na bengala, de forma elegante, como se realmente fosse um habitante daquele século – Mas, eu não queria recorrer a uma carta, nem lhe dar um celular. Temia que caíssem em mãos erradas.

Lizzy se perguntava então, qual seria o motivo para ele estar ali.

— Sua história é bastante peculiar, Elizabeth – Alexander continuou – Uma escritora ficou famosa depois de publicar uma história de amor, sobre orgulho, sobre preconceitos sociais. Uma história de amor que ultrapassaria tudo isso, em século marcado por casamentos por interesse. Onde quase não existia amor, de fato. Mas, então, Jane Austen escreveu um romance que quebra esse padrão.

— Onde você quer chegar, Alexander? -  Lizzy perguntou, impaciente.

— Essa história é sobre você, Lizzie – Alexander disse em voz baixa – Sobre você e seu Darcy. Agora, é preciso que ela seja escrita. Você voltou no tempo, pois de alguma forma, você vivia em tempo errado. Nasceu na época errada. E agora, sua história precisa ser contada. Ou não se lembra disso?

— E como farei isso? Eu não posso escrever minha própria história – Lizzy disse, incrédula – Eu não sou Jane Austen.

— Deveria se comunicar com ela. Jane gosta de pessoas peculiares. E você é uma delas. Com certeza, quando se tornarem amigas, o que tenham certeza que se tornaram, ela vai escrever sobre você e Darcy. É necessário que o livro seja publicado, para sua história ser conhecida no futuro.

Então, eles permaneceram em silêncio. Logo Lizzy percebeu que Alexander parou em frente a uma confeitaria.

— Agora, é o meu momento de deixa-la, senhora. Foi um grande prazer conhece-la – ele tirou o chapéu com a mão esquerda e fez uma reverência para ela.

Lizzy sentiu a garganta se apertar. Ficaria triste por não o ver mais. Havia se afeiçoado a ele, mesmo mal o conhecendo.

— Adeus Alexander. Foi muito bom conhece-lo.

Ele a brindou com um sorriso, que esticou sua cicatriz no alto da testa e colocou o chapéu de volta, atravessando a rua, assoviando. Vê-lo partir a deixou emotiva. Era um ciclo que se encerrava em sua vida. Para dar lugar a um novo ciclo, ao lado do homem que amava e que a fez enfrentar tudo e até o tempo, para ficar com ele.

 

*

 

1813

 

— George, não corra assim dentro de casa – A Sra. Darcy ralhou com seu filho, que subia as escadarias da mansão de Pemberley.

O pequeno George, de dez anos fugia da sua irmã caçula, Anne. Seu nome fora escolhido em homenagem a mãe do Sr. Darcy.

A Sra. Darcy suspirou, sabendo que não conseguiria educa-los como deveria. Eles eram agitados e nunca seriam como as governantas e as babás desejam que crianças fossem. A Sra. Darcy havia incentivado o dito mal comportamento, sem perceber. Afinal, ela acreditava que crianças deveriam brincar e divertir.

Ela iria atrás dos seus filhos, apenas para saber se eles não acabariam entrando em uma briga, afinal, George parecia gostar de irritar a própria irmã, de todas as maneiras que poderia imaginar. Principalmente, colocar um sapo no quarto dela.

— Sra. Darcy.

Elizabeth virou a cabeça, segurando-se na escadaria. Pode ver seu marido, com um exemplar encadernado em couro, na mão. Ela desceu as escadas, feliz por vê-lo. Se atirou em seus braços, mesmo sabendo que o mordomo olhava para eles com um olhar repreensivo.

— Senti saudades – ela disse, beijando seus lábios, depois suas bochechas.

Ele sorriu. Podia se ver cabelos brancos nas têmporas, mas seus cabelos ainda eram vastos e negros. Apenas algumas ruguinhas ao redor dos olhos e da boca denunciavam sua idade.

— Eu também senti, meu amor – ele sussurrou em seu ouvido e se afastou – Veja, o que consegui em Londres.

Ele estendeu o exemplar para Elizabeth e o pegou, abrindo na primeira página. Ali estava. Orgulho e Preconceito, escrito por Jane Austen, mas publicado por By a Lady. Lizzy sentiu o coração disparar. Era a primeira edição do seu livro preferido. E quem imaginaria que a história seria baseada da própria história dela? Era algo inimaginável.

— O que você achou, Sr. Darcy? – Lizzy perguntou, com um sorriso enorme estampado em seu rosto.

Ele apenas retribuiu o sorriso.

— Estou muito feliz por termos um final feliz aqui – ele apontou para o livro nas mãos da esposa – E na vida real, Sra. Darcy. A senhora me deu os melhores anos de minha vida.

Então, ela o abraçou de novo, comovida. Beijou-o sem o menor pudor e recebeu o que tanto desejava. Nunca esteve tão feliz em sua vida. Se ele havia ganhado os melhores anos de sua vida, ele também deu a ela os melhores e sabia que ainda viveria outros mais.  


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Notas finais do capítulo

Gente, eu fiquei muito feliz de misturar os dois universos que mais amo, de Perdida e Orgulho e Preconceito. Foi muito divertido escrever e ver as reações de vocês a essa história.
Espero que tenham gostado e se divertido tanto quanto eu.
Um beijo e até uma próxima!



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