O Amor No Meu Trabalho escrita por Maria Luiza Mellark


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! Essa é a minha primeira fic, então sejam bons! Me chamo Malu e essa ideia veio de um sonho maluco que tive e a única coisa que eu tinha certeza era: não posso guardar essa história só para mim! Só para constar, era mesmo com o Timothee Chalamet o sonho, por isso que está na lista dos personagens. Boa leitura!



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Olhei para os dois lados da avenida e correi para atravessá-la enquanto ainda estava fechado para mim, ouvindo uma buzina alongada pelo meu atrevimento. A perspectiva de me atrasar no primeiro dia em meu trabalho novo era desesperadora, ainda mais quando a governanta chefe era uma verdadeira carrasca que perguntou, com um sorriso irônico, por que eu achava que merecia trabalhar em uma casa como aquela sem ter nenhuma experiência. Era melhor correr o risco de ser atropelada do que encontrar Meg de mal humor e causar uma má impressão logo de cara.

E, motivos eu tinha para querer um emprego novo. Como, por exemplo, cursar fotografia no Instituto de Artes e Ofícios sem ter um pai rico para me bancar em uma cidade longínqua ou o fato de ter gastado meu último dinheiro em uma caixa de chá de camomila e biscoitos na noite anterior. Valia tudo para acalmar a minha ansiedade e dormir. Talvez um sossega leão fosse mais eficiente, porém, foi o que consegui ontem sem uma receita médica.

Embarquei no trem lotado para chegar ao Village. Ao desembarcar, no entanto, ele estava vazio. Esse munícipio era dos ricos, poucas pessoas de lá (arrisco dizer que ninguém) precisam de metrô. Quem me acompanhava na saída eram mulheres e homens que vinham de longe para seus empregos em mansões de luxo. Com o aumento da violência e a vontade de serem exclusivos em um espaço, a classe alta criou o Village, uma cidade repleta de mansões em condomínios fechados. Sai da estação e andei até o Village 5, me identifiquei e entrei naquele mundo paralelo.

Ruas amplas e arborizadas, casas com gramados e portas finas, paredes de vidro e arquiteturas deslumbrantes. Tudo o que não fazia parte da minha realidade. Ao chegar na casa, constatei que estava 5 minutos adiantada e sorri, batendo na porta da frente. Quem atendeu não foi Meg e sim uma senhora alta, magra e sorridente, com roupa de academia e cabelos presos em um rabo de cavalo longo.

— Oi, bom dia. Eu sou Emma, a nova empregada.

Estava aflita e torci para ela não reparar. Claramente ela era a dona da casa.

— Olá! Tudo bem? Estava a sua espera, Emma. Sou Anne, a dona da casa! Entre, por favor!

Adentrei na sala iluminada pelos raios solares que passavam as longas paredes de vidro e davam vista para um lindo gramado e canteiro de flores. Vi madressilvas, uma roseira, margaridas e girassóis para brotar. Um cachorro estava dormindo no sofá junto de um gato, que estava em cima dele. A decoração era impecável e me assustei com a magnitude do dinheiro que esbofeteava a minha cara.

— Eu quero falar um pouco com você sobre as nossas dinâmicas e apresentar a casa. Como você fez a entrevista na agência, imagino que hoje deva ter sido puxado para pegar o metrô e conhecer o caminho até aqui. Estou certa?

A simpatia dela me incomodava. Será que ela era boa mesmo ou era apenas uma fachada? Engoli a minha desconfiança e respondi.

— Sim, foi puxado. Tive que atravessar alguns faróis vermelhos, mas não perdi nenhum pedaço no meio do caminho.

Anne sorriu genuinamente e me encaminhou para o que devia ser a segunda sala de estar, nos sentamos e ela começou a conversar comigo.

— Escute, eu estou aqui para te ajudar. Eu pago salários bons e justos pois sei como é sofrida a vida de empregadas. Minha mãe trabalhou como doméstica até eu conseguir ser uma modelo reconhecida. Eu não sou uma vilã e não quero que você se sinta desconfortável nessa casa. Existem outros trabalhando aqui e todos recebem o mesmo salário pois o trabalho é dividido de maneira igual. Eu garanto que ninguém aqui ficará sobrecarregado e mal remunerado.

Fiquei surpresa diante tal discurso. Talvez ela fosse realmente legal. E o salário realmente era bem grande para a função, fato que contribuiu para ter mais inúmeros concorrentes na seleção. Não sei como consegui, honestamente.

— Eu selecionei o seu currículo porque gostei de você estar estudando e se esforçando para algo, além do fato de ser da mesma cidade que eu, admito. Sinto falta de Ventura e do quanto lá é pacato. Sobre as dinâmicas da casa: tenho mais 5 funcionários: Lilá, Oscar e Judith trabalham na mesma função que você. Carl é cozinheiro e Meg é a governanta chefe. Sei que ela é dura, mas devo minha vida a ela. Tenho dois filhos: Sedie, de 20 anos e Thomas de 23. Nenhum dos dois está em casa no momento. Sou separada e agora me casei novamente com o George. Meus filhos ficam bastante em casa, assim como eu e meu marido.

Prestei atenção em tudo o que ela disse, criando um mapa mental que envolvia desde o nome dos bichos da sala (a gata Angela e o cachorro Luther) até quantos cômodos a casa possuía. Terminamos a conversa e ela me guiou por um tour pela casa, para uma infinidade de cômodos. Fiquei impressionada, no entanto, com a beleza da suíte dela, repleta de retratos, flores e com um ar aconchegante. Fomos para os quartos dos filhos. Ambos estavam arrumados e respiravam luxos e últimas tecnologias. Olhei por cima pois não seria responsável por aquela área e sim pela parte de baixo da mansão, que consistia nas salas (jantar, cinema etc.). Por fim, ela me levou a cozinha e me apresentou Carl, que preparava uma refeição enquanto os outros empregados uniformizados aguardavam. Todos olharam e sorriram. Anne então falou.

— Pessoal, essa é a Emma. Ela irá trabalhar aqui limpando a parte baixo da casa, como vocês já sabem. Eu estou atrasada para a academia, mas já apresentei toda a casa a ela, por favor, a recebam bem! – Virando-se para mim- Tenha um bom dia! E espero que sua experiência aqui seja a mais confortável possível.

Eu agradeci e me sentei na longa mesa na cozinha. Carl foi o primeiro a se apresentar. Ele era um senhor de aproximadamente 50 anos, com cabelos grisalhos e baixo. Possuía um sorriso doce e uma calma que era transmitida pelo olhar.

— Olá, querida. Como você gosta dos seus ovos?

— Eu gosto de gema mole, Carl. Obrigada.

— Ah, eu sabia!! Pode me passar o dinheiro agora, Judith e Óscar!

Uma moça ruiva e com o rosto salpicado de sardas falou e riu para mim diante da minha confusão. Era nova como eu e o rosto transparecia um bom humor constante.

— Prazer, eu sou Lilá e nós apostamos qual seria o seu tipo de gema favorito. Eu ganhei e agora, quero meu dinheiro. Aqui na casa temos diversas apostas, você está intimada para participar delas. O Carl nunca ganha nada e por isso pulou fora, mas número par é sempre melhor que ímpar!

— Eu não vou te pagar nada não, chega. Você rouba, Lilá, você rouba!

Uma senhora de aproximadamente 60 anos, que imagino ser Judith, disse isso, indignada. Os cabelos estavam presos e em um coque castanho. Algumas linhas de expressão davam a ela um ar sábio e seus intensos olhos verdes pareciam ler a minha alma.

— Eu também não vou pagar um centavo a você!

Oscar falou, logo em seguida de Judith. O cabelo era loiro e o rosto comprido, com grandes olhos verdes e bochechas muito vermelhas. Estava na casa dos 30 e possuía um lindo sorriso de dentes brancos alinhados.

— Eu não admito isso! Eu sou melhor em aposta e todos estavam cientes disso quando entraram e agora até Emma está. Meu dinheiro tem que estar comigo até o fim da semana e fim de papo.

Carl colocou um prato na minha frente com um lanche e um ovo em cima dele. Estranhei e Oscar riu.

— Esse é um lanche francês, croque-monsieur. São boas-vindas na linguagem de Carl, que você verá que é curta. Me chamo Oscar, aliás. E essa linda mademoiselle é a Judith.

Judith acenou com a cabeça para mim enquanto mastigava sua comida.

— Prazer Judith, Carl, Lilá e Oscar. Obrigada por toda atenção ao meu ovo.

Todos riram e começamos a conversar. Judith ficou responsável por me ensinar o que fazer, onde tudo se localizava e eu passei o dia em seu cangote. O tempo passou enquanto limpávamos e organizávamos. Ao meio dia, o almoço caiu como uma luva e eu comi desesperada a deliciosa comida de Carl. Tivemos ainda 15 minutos de descanso no quintal e, logo que a conversa começou, morreu com a chegada de Meg.

— O que pensam que estão fazendo aqui? Já deu 16 minutos de descanso. Voltem ao trabalho. Menos Judith e Emma.

Todos foram embora e eu engoli em seco diante da megera de meia idade, loira e alta na minha frente.

— Emma, alguma dúvida? Judith está responsável por você durante o seu período de aprendizagem. Ela está explicando tudo certo?

— Sim, está ótimo.

Judith sorriu ironicamente para Meg.

— Qualquer dúvida, procure a ela. Não me incomode com trivialidades. Estou sempre de olho, não se esqueça disso.

— Sim, ok. Anotado.

Ela saiu batendo os saltos e Judith confidenciou para mim:

— Ela será sua carrasca, mas depois você se acostumará.

— Acho difícil, Judith, honestamente.

— Pode confiar. E Anne é realmente uma boa pessoa, percebi como você estava desconfiada perto dela, mas ela é doce. Eu a conheço desde que começou a sua carreira, junto com a Meg, praticamente. Fique tranquila que ela é confiável. – Sorri engraçado e Judith continuou- Isso é algo que você terá que comprovar sozinha, estou vendo. Meu conselho é: tome cuidado com a irmã que ela é arredia. A moça antes de você saiu porque não a aguentava mais. Daqui 15 dias ela estará de volta e Tom amanhã mesmo vai chegar.

Assenti e voltamos ao trabalho. Ao fim do expediente, me encaminhei para o local que os empregados guardavam suas coisas. Ao chegar lá, verifiquei que meu uniforme tinha chegado. Eram duas calças e duas saias vermelhas com uma camiseta da mesma cor estampado o emblema da família no peito direito. O avental era preto. Não resisti e experimentei, me avaliando no espelho. Lilá chegou de supetão e eu corei.

— Você ficou ótima! É um lindo uniforme, não? Vamos juntas para estação?

— Obrigada, morri de vergonha, mas agradeço. Vamos sim, eu só tenho que colocar a minha roupa de volta e pegar minha mochila.

Oscar se juntou a nós e fomos juntos para estação. Descobri que Meg, Judith e Carl dormiam na casa. No caminho, eles me contaram sobre eles. Ambos faziam faculdade (Lilá de arquitetura e Oscar de pedagogia) e trabalhavam a pouco mais de dois anos na casa. Não tinham nenhuma reclamação quanto aos patrões. Nos separamos e segui meu caminho para o meu pequeno apartamento alugado numa rua escura e suspeita. Nunca fiquei tão feliz de ver minha casa em toda minha vida. Os 30m² mais bagunçados e amados desse mundo. Tirei meu sapato, tomei banho e me sentei para falar com a minha mãe por vídeo chamada.

— Oi, meu amor, como foi seu primeiro dia?

Minha mãe estava sorrindo para mim do outro lado da tela e eu contei tudo em detalhes. Desde que meu pai faleceu, ela pensa em se mudar para perto de mim e esse é um dos motivos pelos quais eu aceitei esse trabalho. Conversamos mais um pouco sobre imóveis na região do meu. Desliguei e caí em um sono profundo.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Por favor, contem nos comentários!!!



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