Avec mortem escrita por K Maschereri


Capítulo 14
Spiraling down




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A descida até as masmorras pareceu uma caminhada da vergonha em muitos sentidos. Fossem os olhares de pena, vindos de quem quer que Vyka encontrasse pelo caminho ou o peso aumentado de sua consciência a cada degrau percorrido, a dhampyr marchava tal qual como um condenado até a sua execução, solene e silenciosa. Vlad caminhava a seu lado, preocupado, tendo deixado para trás a pose no momento em que percebeu o que sua filha tinha feito e o que significava tal juramento. O ex-Voivoda tinha encontrado sua coreeternum, Agnetha, há quase 500 anos atrás, e a cada dia que passava, maior era o medo de perdê-la. Sabia que não se recuperaria. 

Porém, na visão do homem, era exatamente isso que Veronika tinha aceitado, no momento que fez a promessa: Viver sem sua outra metade, que, por mais quebrada e desgastada pelo tempo que estivesse, não deixava de ser sua alma gêmea.

Depois de mais incontáveis degraus e curvas sinuosas e mal iluminadas, o par finalmente se viu frente a frente com Etrigan, que ia fazendo o caminho oposto de Vlad e sua filha.

 — Etrigan, — a voz de Vlad ressoou autoritária pelos cantos do cômodo,  — preciso das chaves. Cheguei a um acordo com Veronika,  e estarei soltando o rapaz.

Etrigan, depois de uma leve reverência, não pode esconder o contentamento em seu rosto:

 — Fico feliz que tenha mudado de opinião, milorde. Mas receio que se procuram por Devrim, devem procurá-lo na ala médica. Pedi para que alguns dos meus homens o transportassem para lá há algum tempo, visto que está ferido e--

 — Quão ferido? — Vyka interveio, os olhos esbugalhados traindo a expressão dura de seu rosto. Etrigan suspirou, e tentando ser o mais franco possível, exclamou:

 — Ferido, lady Veronika. Notei um corte profundo na nuca, além de algumas escoriações nos braços. — Etrigan suspirou novamente; triste, mas conformado. — Porém, o que mais me preocupa são as queimaduras. Pude notá-las em toda parte visível de seu corpo, mas graças aos céus, nem todas severas. Além de que, por culpa do Ppomo de vidro que aplicaram nel--  — O Comandante da guarda tentou prosseguir, mas  Veronika, novamente, não permitiu que continuasse:

 — Pomo de vidro?! Colocaram um pomo de vidro nele?! — a dhampyr repetiu, voz cada vez mais alta, olhos cada vez mais vermelhos. Etrigan limitou-se a observar a fúria de Vyka, indagando a si mesmo como Vlad explicaria para a filha que tinham sido ordens suas. Porém, aquele não era o fim do rompante de fúria da detetive, que prosseguiu:

 — Sob a ordem de quem?! Em quais circunstâncias?! Que tipo de criatura suja, ignóbil e miserável ousou colocar um pomo de vidro no meu marido?!

 — Lady Veronika, acalme-se... — Etrigan tentou, sem sucesso — e sem real intenção — diminuir a fúria da moça. Ainda tinha mágoa em seu coração em relação à Vlad, por tratar seu filho como se o mesmo fosse descartável e substituível. De certa forma, era catártico ver a fúria de Vyka.

 — Eu vou matar o filho duma puta que fez isso! Éé  uma prom-- 

Vlad agiu como um raio, tapando a boca de sua filha e impedindo que terminasse a frase. Duas promessas ancestrais em um único dia? Não era uma boa ideia. 

Sem falar que não queria morrer.

 Não por um motivo tolo como este. 

 — Acalme-se, Veronika. Foque sua energia em ajudar o rapaz, está bem? Ele precisa de você agora. — Contornou o ex-Voivoda, disposto a deixar a situação de lado, mas a detetive não parecia querer isso. Desvencilhando-se de seu pai, a dhampyr continuou:

 — Eu não vou deixar de lado! Amarraram meu marido em uma droga de um dispositivo letal como se ele fosse nada, tata! Ele provavelmente nem chegou consciente aqui!

O lado obediente de Etrigan pensou novamente em ajudar a apaziguar a moça, mas mesmo com toda a sua lealdade, seu coração sabia que Vyka tinha razão. Não tinha sido justo o que fizeram a Devrim. Sabia que no fundo, bem no fundo mesmo, Vlad também tinha percebido isso; Caso não o tivesse, teria usado métodos muito mais persuasivos para parar a explosão de sua filha. Como ameaçar trancafiar Devrim novamente, por exemplo.

Percebendo os dois homens mudos, e cansada de bradar seu desatino aos quatro ventos, Veronika soltou um urro de frustração, partindo logo em seguida para a ala leste do castelo, onde sua mãe,  Agnetha, mantinha a ala médica.


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