Lágrimas em Silêncio escrita por Adélison Silva


Capítulo 4
Capítulo 4




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CENA 01/ EXT/ CASA DO GENIVALDO/ JARDIM/ NOITE

 

É claro que a gente se engana, se surpreende, se decepciona. Por um instante Jana se alegrou achando que Paulo fosse lhe ajudar. Mas não foi o que aconteceu. Agora ali diante dela um ultimato, ou ela escolhia matar o seu filho, ou ficar com o homem que amava. Claro que essa escolha seria bem óbvia. E tomada pela a raiva, ela deu a reposta que ele esperava com um tapa bem cheio em seu rosto. 

 

JANA

Some da minha frente Paulo! Como ouça me fazer esse tipo de proposta?

 

PAULO

(alisando o rosto) Eu amo muito você, Jana. No entanto você tem uma forma de romantizar as coisas, essa sua obcessão em querer ser mãe não faz você enxergar a situação direito. Poxa, se põe em meu lugar. Vou olhar pra essa criança e vou lembrar daquele dia que você chegou em casa, toda ferida, toda arrasada. Por culpa do maldito do pai dela.

 

JANA

Ele é o meu filho. E não interessa quem é o pai, não interessa como ele foi gerado. O que interessa é que ele tem mãe. Uma mãe para proteger ele de gentinha, mesquinha e egoísta como você. Que acha que a vida é algo que pode ser descartada e jogada em uma lata de lixo.

 

PAULO

Jana, por favor, me escute. Essa criança só vai nos trazer desgraça.

 

JANA

(decidida) Você me pediu para escolher e eu escolhi. Eu vou ficar com o meu filho. E se você não é capaz de entender isso, suma de vez da minha vida!

 

PAULO

Só espero que você não se arrependa.

 

 

Paulo vai saindo e Jana fica olhando ele partir. De repente ela é envolvido por uma tristeza e uma melancolia, se sentindo completamente sozinha.  Ela se derrama em lágrimas.

 

CENA 02/ INT/ SHOPPING/ NOITE

 

Jéssica andava no shopping enquanto tomava um milk shake. Maurício a ver e se aproxima.

 

 

MAURÍCIO

(se aproximando de Jéssica) Jéssica!

 

JÉSSICA

Doutor Maurício!

 

MAURÍCIO

Não estamos na clínica, vamos dispensar essas formalidades. Me chame só de Maurício.

 

JÉSSICA

Como o senhor preferir.

 

MAURÍCIO

Sem o senhor também, né?

 

JÉSSICA

Desculpe como você preferir. Não sabia que o senhor... (corrigindo) Digo, que você gostasse de vir ao shopping.

 

MAURÍCIO

Eu gosto muito, vim pegar um cineminha. E você?

 

JÉSSICA

Eu vim aproveitar a lotérica daqui para pagar umas contas que estão atrasadas.

 

MAURÍCIO

E já pagou as contas?

 

JÉSSICA

Sim, agora pegar o ônibus para ir pra casa.

 

MAURÍCIO

Porque não me faz companhia? Eu havia convidado uma amiga pra assistir. Mas ela não vem mais. Vamos assistir um filme juntos? Depois eu te levo em casa.

 

JÉSSICA

Adoraria. E que filme pretende assistir?

 

MAURÍCIO

Um drama nacional que está em cartaz, “Dois filhos de Francisco”. Eu ouvi dizer que é um filme muito bom. É baseado na história da dupla Zezé de Camargo e Luciano.

 

JÉSSICA

Esse filme é ótimo, eu vi o trailer dele na televisão.

 

MAURÍCIO

Então o que estamos esperando? Vamos logo pra fila comprar os ingressos.

 

JÉSSICA

(animada) Vamos!

 

Maurício queria curtir o filme com uma amiga. Acho que já sabemos quem é essa “amiga”. Mas ela resolveu não aparecer. Ele decidiu então convidar Jéssica para lhe fazer companhia, o que ela não achou nem um pouco ruim. No dia seguinte, Maciel foi procurar Laura na loja.

 

CENA 03/ INT/ LOJA DA RAVENA/ DIA

 

Laura estava terminando de atender um cliente, quando Maciel chegou na loja.

 

LAURA

(entregando uma sacola para a cliente) Aqui está, muito obrigada por escolher a nossa loja.

 

MACIEL

(chegando na loja) E aí gata!

 

LAURA

Oi Maciel! Agora não dá pra conversar, estou cheia de serviço.

 

MACIEL

Estou com saudades de você, sabia?

 

LAURA

Sério? Você gosta de brincar com os meus sentimentos, né?

 

MACIEL

Claro que não. Eu sumi porque eu estava meio enrolado com a polícia.

 

LAURA

E vai ser sempre assim, você sempre vai estar enrolado. Porque vive fazendo coisa que não deve.

 

MACIEL

Não mais. Eu estou dando um jeito na minha vida. Vou encontrar um emprego, vou voltar a estudar. E a gente vai casar, vamos morar junto meu amor. E aí sim, vamos ter quantos filhos a gente quiser.

 

LAURA

Como eu queria acreditar nisso, Maciel.

 

MACIEL

Mas é a verdade, eu vou provar pra você.

 

 

Ao longe Ravena observava os dois conversando. Resolveu então chamar a atenção de Laura.

 

 

RAVENA

(chamando) Laura!

 

LAURA

Só um instantinho.

 

 

Laura saiu de perto de Maciel e foi até aonde estava a Ravena.

 

RAVENA

(depois que Laura se aproxima) Eu não quero esse rapaz aqui na loja. Se você quer arruinar a sua vida faça isso bem longe daqui. Ok?

 

LAURA

Ok, entendido.

 

Laura voltou até onde Maciel estava. Ravena continuou observando os dois.

 

 

LAURA

— (depois de se aproximar de Maciel) Acho melhor você ir embora.

 

MACIEL

A dona lá encrencou, foi?

 

LAURA

Aqui é o meu local de trabalho, depois a gente conversa.

 

MACIEL

Então vamos nos encontrar depois que tu sair daqui?

 

LAURA

Tudo bem pode ser.

 

MACIEL

(saindo e mandando beijo) Te amo gata!

 

LAURA

Também te amo!

 

 

CENA 04/ INT/ CASA DA BEATRIZ/DIA

 

Beatriz vai chegando na sala com um xícara de chá, senta no sofá, pega o controle liga a televisão. Ao olhar para a frente ver o cartão da oficina do Jorge em cima da mesinha de centro. Ela pega o cartãozinho e se lembra do seu encontro com Jorge.

 

[FLASHBACK ON]

 

JORGE

Poderia me passar o número do seu telefone. Vai que acontece alguma coisa com o carro.

 

BEATRIZ

Nesse caso, sou eu que terei que ligar. Não acha? Eu já peguei um cartãozinho da loja, qualquer coisa eu entro em contato. Tenha uma boa noite!

 

JORGE

Boa noite! E cuidado na estrada.

 

BEATRIZ

Mulher no volante perigo constante, né?

 

JORGE

Não foi o que eu disse.

 

BEATRIZ

Mas foi o que pensou.  Passe bem!

 

[FLASHBACK OFF]

 

BEATRIZ

Que mecânico mais abusado! Mas trabalha bem, vou salvar esse número no meu telefone.

 

Os opostos se atraem, e o jeito abusado de Jorge desafiava Beatriz. Ele era metido a machão, distinguia bem o papel de homem e mulher na sociedade. Ela era empoderada, e sabia que o lugar da mulher era onde ela quisesse. Esse jogo de quem deve está no comando, a excitava.  

 

 

CENA 05/ INT/ CASA DOS FERNANDES/ QUARTO DA GIOVANA/ DIA

 

Jana estava no quarto da Giovana arrumando as suas coisas no armário da irmã. Eliete chega, vai entrando e já recriminando.

 

ELIETE

Pelo o que estou percebendo resolveu voltar pra cá de mala e cuia.

 

JANA

Naturalmente, essa é a casa do meu pai.

 

ELIETE

Claro, e obviamente o seu pai não vai se impor contra a isso.

 

JANA

Onde você está querendo chegar, Eliete? Ainda não entendi.

 

ELIETE

Essa história de que você engravidou de um estupro está muito mal contada. A mim você não engana Janaína. Essa criança que você está esperando é filho do seu amante. Também o que fazer? Está no seu sangue, o pecado corre pelas as suas veias.

 

JANA

Eu não estou ouvindo isso! A sua opinião não me interessa nem um pouco.

 

ELIETE

A você não. Mas tenho certeza que o Paulo deve está pensando a mesma coisa. Por isso que ele acha inadmissível criar esse filho. E eu não tiro a razão dele. Eu no lugar dele também não iria aceitar criar o filho de outro homem.

 

JANA

Lave essa sua boca ao falar do meu filho sua insuportável.

 

ELIETE

Falo o que eu vejo. O pecado está reinando em sua vida e você não está se dando conta disso.

 

JANA

Falou a santa, a imaculada.

 

ELIETE

Imaculada não, pois imaculado é só o nosso Senhor Jesus Cristo. Sou apenas uma serva, e estou aqui para espalhar a palavra de Deus nesse mundo corrompido pelo o pecado. Deus tem planos para a sua vida Janaína, mas pra isso você tem que abandonar o pecado. Sair dessa imundice que você se enfiou.

 

JANA

Outra hora Eliete. (expulsando Eliete do quarto) Dá licença que preciso terminar de arrumar as minhas coisas.

 

ELIETE

Não precisa empurrar que já estou saindo. A ira de Deus ainda vai se revoltar contra você. Convertei enquanto há tempo.

 

JANA

Amém! Agora dá licença e me deixa em paz.

 

 

Eliete não suportava a ideia de Jana está morando em sua casa. Ela nunca teve a menor consideração pela a enteada, pois pra ela Jana era um pedaço do passado de Genivaldo que ela não queria que o marido lembrasse.

 

CENA 06/ EXT/ LOJA DA RAVENA/ TARDE

 

Raimunda foi até a loja da Ravena se encontrar com a Laura.

 

RAIMUNDA

(se aproximando da loja) Anda logo Vanessa!

 

VANESSA

Calma mamãe! A senhora está andando muito rápido e as minhas perninhas são pequenininhas.

 

RAIMUNDA

(já diante da loja) É aqui!

 

 

Raimunda e Vanessa foram chegando e pararam na porta da loja. Ao avistar as duas Ravena se aproximou.

 

RAVENA

(se aproximando) Pois não, posso ajudar?

 

 

Raimunda olhou Ravena de cima abaixo.

 

 

RAIMUNDA

Eu gostaria de falar com a minha filha.

 

 

Vanessa estava olhando um manequim que usava uma camisola sensual.

 

 

VANESSA

Mamãe olha que vestido mais lindo, compra pra mim.

 

RAIMUNDA

(repreendendo) Misericórdia menina, isso é coisa do Belzebu!

 

VANESSA

(sem entender) Nossa! Não sabia que ele usava vestido.

 

RAVENA

A senhora disse que gostaria de falar com a sua filha?

 

 

Laura ao longe viu a mãe e foi se aproximando.

 

RAIMUNDA

Isso mesmo, eu sou a mãe da Laura. Poderia a chamar pra mim por gentileza?

 

LAURA

(chegando) Mãe o que a senhora faz aqui?

 

VANESSA

Oi Laura! E aí você falou com a Xuxa?

 

LAURA

Falei, ela mandou um abraço pra você.

 

VANESSA

Ai que linda! Ela é minha fã.

 

RAIMUNDA

Fica quieta Vanessa!

 

VANESSA

A Laura é amiga da Xuxa, mamãe.

 

RAIMUNDA

Está bem, fica quieta. Podemos conversar minha filha?

 

RAVENA

Acho bom você conversar com a sua mãe.

 

LAURA

Vamos sentar ali dentro. A gente fica mais a vontade.

 

 

Laura levou Raimunda para uma sala reservada dentro da loja.

 

CENA 07/ EXT/ SUBÚRBIO/ RUA/ BECO/ TARDE

 

Casas empilhadas umas em cima das outras, juntas e sem quintal. A maioria de alvenaria e sem reboco. Becos estreitos e apertados. Assim formava a comunidade periférica onde Maciel morava.

Ele foi andando pelo o beco quando se deparou com Rato (25) traficante de droga e amigo de infância, levava a vida fazendo pequenos tráficos, mas era ambicioso queria expandir e lucrar muito mais. Era capaz de tudo para se dá bem na vida.

 

 

RATO

E aí meu brother! Qual é parceiro, tu sumiu, não te vi mais? Pensei que tivesse até preso.

 

MACIEL

Quase, mas você sabe que sou malandro e sempre dou um jeito de escapar.

 

RATO

Esse é meu garoto. Foi bom te encontrar por aqui. Tem uma parada maneira pra ti. Coisa de responsa.

 

MACIEL

Tou fora!

 

RATO

Qual é meu cumpadi? Nem te falei do que se trata.

 

MACIEL

Seja o que for estou fora, Rato. Quero mexer com coisa errada mais não. Estou amarrado em uma gata aí. Quero um compromisso sério, não dá mais pra levar a vida em alto risco não.

 

RATO

Acho que tou ligado qual é. É aquela mina que tu disse que tava grávida? E aí, a dona tá grávida mermo?

 

MACIEL

É ela mermo. Mas ela tirou o menino. Agora eu quero construir a minha vida e aí sim ter o nosso bacurizinho. Fiquei sentido, pô! Eu queria o menino. Mas eu não tenho nenhuma condição de ter um filho agora. Saca? Quero melhorar a minha vida pra depois pensar em filho.

 

RATO

Tou ligado. Mas confia em mim parceiro. A parada que tenho pra ti é de responsa. Se liga na ideia. Tu vai trabalhar em uma loja de queijo, coisa séria. Vai trabalhar lá com o seu Valdomiro, você conhece.

 

MACIEL

Sim conheço. E te conheço também. Diga lá a real, qual o recheio desse queijo?

 

RATO

(dá uma risada) Garoto esperto! Tem uma coisinha no meio. Mas não em todos, um em cada dez queijos. A grana é boa, cinquenta por cento em cada queijo recheado. Os clientes já são certos. Não tem erro.

 

MACIEL

Beleza, tou dentro.

 

RATO

Agora sim, estou falando com um homem de negócio. É nós parceiro!

 

MACIEL

— É só até eu conseguir uma grana, sacou?

 

RATO

— Pode crê, pode crê!

 

 

CENA 08/ INT/ LOJA DA RAVENA/ SALA/ TARDE

 

Em uma sala a parte na loja de Ravena, Raimunda tentava de toda forma convencer Laura a voltar para casa.

 

 

LAURA

Não tem como eu voltar pra casa minha mãe. O meu pai é um machista, preconceituoso e misógino. Não tem como nós dois convivermos na mesma casa.

 

RAIMUNDA

Minha filha, tudo o que o seu pai faz é para o seu bem. Ele se preocupa com você.

 

LAURA

Meu bem? O meu pai implica com a minha roupa, implica por eu pintar o meu cabelo, implica com os meus piercings, minhas tatuagens. Será quando que ele vai entender que o corpo é meu, eu faço o que eu quero!

 

RAIMUNDA

Deus não gosta dessas coisas minha filha. Olha bem pra você, o estado que você se encontra. Se brincar deve está se drogando, se prostituindo. Você está no fundo do poço. Eu só quero te ajudar.

 

LAURA

Mas eu não preciso de ajuda. E outra, eu não estou usando nenhuma droga e nem estou me prostituindo. E se eu fizesse isso, o corpo é meu o que vocês têm com isso?

 

RAIMUNDA

Minha filha Deus te ama, ouça a sua mãe. Laura volte comigo pra casa. Eu vou conversar com o seu pai, vou pedir para ele ter um pouco mais de paciência, ser mais tolerante. Mas você também tem que se esforçar minha filha, vamos procurar harmonizar mais a nossa família. Não dá pra gente continuar vivendo assim.

 

LAURA

Custa vocês entenderem que eu penso diferente de vocês, que eu quero uma vida diferente das que vocês querem me impor? Pelo o meu pai eu estaria casada um daqueles carinhas da igreja que ele estava querendo empurrar pra cima de mim.

 

RAIMUNDA

O Kaleb filho do irmão Osvaldo, um menino tão bom eu fazia gosto desse casamento.

 

LAURA

Bom para a senhora, bom para o meu pai. Mas entenda, não é bom para mim.

 

RAIMUNDA

Ok Laura. Deus é testemunha de como eu tenho tentado. Eu ainda vou orar muito por você minha filha. Tenho fé que a sua vida será transformada. Que Deus te abençoe! Agora preciso ir, antes que o seu pai venha atrás de mim.

 

LAURA

— Vai embora minha mãe, antes que o seu marido venha atrás da senhora e te leva pra casa pelo os cabelos. Afinal a senhora é uma propriedade dele, né?

 

RAIMUNDA
— Não fale besteira menina! O seu pai jamais levantaria a mão contra mim. O seu pai é um homem temente a Deus. Eu vou embora sim, mas porque eu respeito o marido que Deus me deu. Pense bem minha filha, essa sua rebeldia está acabando comigo.

 

 

Raimunda ficava entra a cruz e a espada. Ela não queria ser contra o seu marido, mas também não queria perder a filha. Tudo que mais sonhava naquele momento era a reconciliação de ambos e a restauração da harmonia de sua família.

 

CENA 09/ INT/ CLÍNICA BIO IN VITRO/ RECEPÇÃO/ DIA

 

Uma semana se passou, Jéssica e Jana estavam na recepção cuidando do seu trabalho, Mauricio chega e as cumprimenta.

 

 

MAURÍCIO

(chegando) Bom dia meninas!

 

JANA

Bom dia doutor!

 

JÉSSICA

(sorridente) Bom dia!

 

MAURÍCIO

Jéssica, não se esqueça do nosso cineminha mais tarde.

 

JÉSSICA

Pode deixar, esquecerei não.

 

 

Mauricio foi para o seu escritório, e Jana observou o clima entre os dois.

 

 

JANA

Outro cineminha? Isso está virando rotina hem? Pelo o jeito você conseguiu fisgar o gatão do Doutor Mauricio.  

 

JÉSSICA

Estou investindo. Mas ainda não tive muito êxodo.

 

JANA

Mas por quê? Ele não está muito afim?

 

JÉSSICA

— Eu até tentei forçar a barra pra ver se rolava pelo menos uns beijinhos. Mas o gato ficou se esquivando. Fingindo que não estava entendendo as minhas reais intenções. Resolvi então ser direta, falei pra ele que estava afim dele, e tal.

 

JANA

— E aí, e ele?

 

JÉSSICA

— Aí ele falou que estava com medo de me machucar com essa história toda. Ele falou que gostava muito de está comigo, que a minha companhia era muito agradável, que eu era isso que eu era aquilo. Mas que ele era apaixonado por outra mulher.

 

JANA
— Vixe amiga, então o homem é comprometido?

 

JÉSSICA

— Parece que não, a mulher não quer saber dele. Só que ele arrasta uma asa pra ela. Mas eu não perdi a esperança não. Se ela não o quer, tem quem queira.

 

JANA

— É isso aí! Boa sorte pra você, então.

 

JÉSSICA

Obrigada. E você e o Paulo não se entenderam mesmo?

 

JANA

Como eu posso me entender com uma pessoa que quer matar o meu filho?

 

JÉSSICA
Matar é um termo bem pesado, né Jana? Não é bem isso. Tudo bem se você não querer tomar o remédio, você foi estuprada perante a lei você pode fazer o aborto.

 

JANA

Não é matar? Se eu vou interromper uma vida que nome se dá a isso, a não ser matar, assassinar? Não importa se está do lado de fora, ou se ainda está sendo gerada no ventre. É uma vida que está se desenvolvendo, e ninguém tem o direito de interromper isso, nem mesmo eu.

 

JÉSSICA

Você está certa. Não vou discutir com você sobre isso. O importante que você vai ser mãe e isso te faz feliz.

 

JANA

(animada) Já te mostrei o último ultrassom que fiz? (pegando o envelope com o ultrassom e mostrando para Jéssica) Olha só, já dá pra ver a mãozinha, o pezinho. Esse aqui é o coraçãozinho, pensa em um coração agitado. Parecia escola de samba.

 

JÉSSICA

— Que legal Jana! Mas já sabe o sexo?

 

JANA

Ainda não deu pra ver. Mas também pra mim o sexo não interessa, o importante é que tenha saúde.

 

 

Jéssica queria Maurício, mas ele ainda era perdidamente apaixonado por Beatriz. Já Jana não conseguia se entender com Paulo. E conforme o tempo iria passando e sua barriga crescendo, ela se animava ainda mais com a chegada do seu filho. Ansiava com o dia de finalmente o ter em seus braços.

 

CENA 10/ EXT/ COLÉGIO/ PORTÃO/ DIA

 

Giovana e Laura vinham saindo do colégio conversando.

 

 

GIOVANA

Precisamos marcar alguma coisa, a gente nunca mais saiu, não fizemos mais nada juntas.

 

LAURA

Verdade, temos que marcar. É que agora minha vida ficou mais corrida, trabalhando lá na loja quase não sobra tempo.

 

GIOVANA

Tem falado com sua mãe, com o seu pai?

 

LAURA

Minha mãe agora que descobriu onde é a loja da Ravena, sempre aparece por lá. Já meu pai eu nem faço questão de saber. Não suporto. Já suportei a minha vida toda, agora chega.

 

GIOVANA

Chato essa situação entre vocês dois.

 

LAURA

Nada amiga, nem me faz falta. Acho que o meu pai tem é vergonha de mim. Eu fico mais sentida por causa da minha mãe. A coitada fica querendo apaziguar as coisas, mas é só o meu pai falar mais alto que ela corre e faz as coisas do jeitinho que ele quer.  

 

GIOVANA

Eu e meu pai nos damos tão bem. Não conseguiria me ver sem falar com ele.

 

LAURA

Ah mas também não tem como comparar o tio Genivaldo com o ogro do meu pai. Amiga, o papo está bom mas depois a gente conversa mais. Preciso ir, o trabalho me espera.

 

GIOVANA

Tchau!Bom trabalho pra você.

 

 

CENA 11/ INT/ CLÍNICA BIO IN VITRO/ RECEPÇÃO/ DIA

 

Beatriz chega na Beatriz eufórica e apressada.

 

 

BEATRIZ

(chegando) Bom dia meninas!

 

JANA

Bom dia doutora!

 

JÉSSICA

Bom dia doutora Beatriz!

 

BEATRIZ

Sei que já estou bem atrasada. Vocês acreditam que o meu carro estragou de novo? Tive que deixar novamente lá na oficina daquele mecânico indecente. Fica me olhando de cima a baixo. Ele acha que por eu ser mulher ele pode me passar pra trás.

 

JANA

Coitado, escolheu a mulher errada pra isso, hem doutora?

 

BEATRIZ

Com certeza, eu não dou estia pra homem não. E como está a lista dos meus pacientes?

 

JÉSSICA

Vou levar a agenda pra senhora. Dessa senhora aqui, dona Abgail...

 

Jéssica saiu com Beatriz, Paulo chegou logo em seguida e já foi entrando na clínica.

 

PAULO

Oi!

 

JANA

Oi! (irônica) Veio fazer algum exame?

 

PAULO

Eu vim conversar com você.

 

JANA

Olha Paulo, eu estou no meu ambiente de trabalho não quero confusão aqui.

 

PAULO

Eu também não quero confusão. Só vim te avisar que estou indo embora para o Mato Grosso. Quero conversar contigo direitinho pra ver como vamos fazer com a casa.

 

Jana se entristeceu ao ouvir o marido dizendo que iria embora.

 

JANA

Então é isso, acabou de vez?


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