Lágrimas em Silêncio escrita por Adélison Silva
CENA 01/ EXT/ CASA DO GENIVALDO/ JARDIM/ NOITE
É claro que a gente se engana, se surpreende, se decepciona. Por um instante Jana se alegrou achando que Paulo fosse lhe ajudar. Mas não foi o que aconteceu. Agora ali diante dela um ultimato, ou ela escolhia matar o seu filho, ou ficar com o homem que amava. Claro que essa escolha seria bem óbvia. E tomada pela a raiva, ela deu a reposta que ele esperava com um tapa bem cheio em seu rosto.
JANA
— Some da minha frente Paulo! Como ouça me fazer esse tipo de proposta?
PAULO
— (alisando o rosto) Eu amo muito você, Jana. No entanto você tem uma forma de romantizar as coisas, essa sua obcessão em querer ser mãe não faz você enxergar a situação direito. Poxa, se põe em meu lugar. Vou olhar pra essa criança e vou lembrar daquele dia que você chegou em casa, toda ferida, toda arrasada. Por culpa do maldito do pai dela.
JANA
— Ele é o meu filho. E não interessa quem é o pai, não interessa como ele foi gerado. O que interessa é que ele tem mãe. Uma mãe para proteger ele de gentinha, mesquinha e egoísta como você. Que acha que a vida é algo que pode ser descartada e jogada em uma lata de lixo.
PAULO
— Jana, por favor, me escute. Essa criança só vai nos trazer desgraça.
JANA
— (decidida) Você me pediu para escolher e eu escolhi. Eu vou ficar com o meu filho. E se você não é capaz de entender isso, suma de vez da minha vida!
PAULO
— Só espero que você não se arrependa.
Paulo vai saindo e Jana fica olhando ele partir. De repente ela é envolvido por uma tristeza e uma melancolia, se sentindo completamente sozinha. Ela se derrama em lágrimas.
CENA 02/ INT/ SHOPPING/ NOITE
Jéssica andava no shopping enquanto tomava um milk shake. Maurício a ver e se aproxima.
MAURÍCIO
— (se aproximando de Jéssica) Jéssica!
JÉSSICA
— Doutor Maurício!
MAURÍCIO
— Não estamos na clínica, vamos dispensar essas formalidades. Me chame só de Maurício.
JÉSSICA
— Como o senhor preferir.
MAURÍCIO
— Sem o senhor também, né?
JÉSSICA
— Desculpe como você preferir. Não sabia que o senhor... (corrigindo) Digo, que você gostasse de vir ao shopping.
MAURÍCIO
— Eu gosto muito, vim pegar um cineminha. E você?
JÉSSICA
— Eu vim aproveitar a lotérica daqui para pagar umas contas que estão atrasadas.
MAURÍCIO
— E já pagou as contas?
JÉSSICA
— Sim, agora pegar o ônibus para ir pra casa.
MAURÍCIO
— Porque não me faz companhia? Eu havia convidado uma amiga pra assistir. Mas ela não vem mais. Vamos assistir um filme juntos? Depois eu te levo em casa.
JÉSSICA
— Adoraria. E que filme pretende assistir?
MAURÍCIO
— Um drama nacional que está em cartaz, “Dois filhos de Francisco”. Eu ouvi dizer que é um filme muito bom. É baseado na história da dupla Zezé de Camargo e Luciano.
JÉSSICA
— Esse filme é ótimo, eu vi o trailer dele na televisão.
MAURÍCIO
— Então o que estamos esperando? Vamos logo pra fila comprar os ingressos.
JÉSSICA
— (animada) Vamos!
Maurício queria curtir o filme com uma amiga. Acho que já sabemos quem é essa “amiga”. Mas ela resolveu não aparecer. Ele decidiu então convidar Jéssica para lhe fazer companhia, o que ela não achou nem um pouco ruim. No dia seguinte, Maciel foi procurar Laura na loja.
CENA 03/ INT/ LOJA DA RAVENA/ DIA
Laura estava terminando de atender um cliente, quando Maciel chegou na loja.
LAURA
— (entregando uma sacola para a cliente) Aqui está, muito obrigada por escolher a nossa loja.
MACIEL
— (chegando na loja) E aí gata!
LAURA
— Oi Maciel! Agora não dá pra conversar, estou cheia de serviço.
MACIEL
— Estou com saudades de você, sabia?
LAURA
— Sério? Você gosta de brincar com os meus sentimentos, né?
MACIEL
— Claro que não. Eu sumi porque eu estava meio enrolado com a polícia.
LAURA
— E vai ser sempre assim, você sempre vai estar enrolado. Porque vive fazendo coisa que não deve.
MACIEL
— Não mais. Eu estou dando um jeito na minha vida. Vou encontrar um emprego, vou voltar a estudar. E a gente vai casar, vamos morar junto meu amor. E aí sim, vamos ter quantos filhos a gente quiser.
LAURA
— Como eu queria acreditar nisso, Maciel.
MACIEL
— Mas é a verdade, eu vou provar pra você.
Ao longe Ravena observava os dois conversando. Resolveu então chamar a atenção de Laura.
RAVENA
— (chamando) Laura!
LAURA
— Só um instantinho.
Laura saiu de perto de Maciel e foi até aonde estava a Ravena.
RAVENA
— (depois que Laura se aproxima) Eu não quero esse rapaz aqui na loja. Se você quer arruinar a sua vida faça isso bem longe daqui. Ok?
LAURA
— Ok, entendido.
Laura voltou até onde Maciel estava. Ravena continuou observando os dois.
LAURA
— (depois de se aproximar de Maciel) Acho melhor você ir embora.
MACIEL
— A dona lá encrencou, foi?
LAURA
— Aqui é o meu local de trabalho, depois a gente conversa.
MACIEL
— Então vamos nos encontrar depois que tu sair daqui?
LAURA
— Tudo bem pode ser.
MACIEL
— (saindo e mandando beijo) Te amo gata!
LAURA
— Também te amo!
CENA 04/ INT/ CASA DA BEATRIZ/DIA
Beatriz vai chegando na sala com um xícara de chá, senta no sofá, pega o controle liga a televisão. Ao olhar para a frente ver o cartão da oficina do Jorge em cima da mesinha de centro. Ela pega o cartãozinho e se lembra do seu encontro com Jorge.
[FLASHBACK ON]
JORGE
— Poderia me passar o número do seu telefone. Vai que acontece alguma coisa com o carro.
BEATRIZ
— Nesse caso, sou eu que terei que ligar. Não acha? Eu já peguei um cartãozinho da loja, qualquer coisa eu entro em contato. Tenha uma boa noite!
JORGE
— Boa noite! E cuidado na estrada.
BEATRIZ
— Mulher no volante perigo constante, né?
JORGE
— Não foi o que eu disse.
BEATRIZ
— Mas foi o que pensou. Passe bem!
[FLASHBACK OFF]
BEATRIZ
— Que mecânico mais abusado! Mas trabalha bem, vou salvar esse número no meu telefone.
Os opostos se atraem, e o jeito abusado de Jorge desafiava Beatriz. Ele era metido a machão, distinguia bem o papel de homem e mulher na sociedade. Ela era empoderada, e sabia que o lugar da mulher era onde ela quisesse. Esse jogo de quem deve está no comando, a excitava.
CENA 05/ INT/ CASA DOS FERNANDES/ QUARTO DA GIOVANA/ DIA
Jana estava no quarto da Giovana arrumando as suas coisas no armário da irmã. Eliete chega, vai entrando e já recriminando.
ELIETE
— Pelo o que estou percebendo resolveu voltar pra cá de mala e cuia.
JANA
— Naturalmente, essa é a casa do meu pai.
ELIETE
— Claro, e obviamente o seu pai não vai se impor contra a isso.
JANA
— Onde você está querendo chegar, Eliete? Ainda não entendi.
ELIETE
— Essa história de que você engravidou de um estupro está muito mal contada. A mim você não engana Janaína. Essa criança que você está esperando é filho do seu amante. Também o que fazer? Está no seu sangue, o pecado corre pelas as suas veias.
JANA
— Eu não estou ouvindo isso! A sua opinião não me interessa nem um pouco.
ELIETE
— A você não. Mas tenho certeza que o Paulo deve está pensando a mesma coisa. Por isso que ele acha inadmissível criar esse filho. E eu não tiro a razão dele. Eu no lugar dele também não iria aceitar criar o filho de outro homem.
JANA
— Lave essa sua boca ao falar do meu filho sua insuportável.
ELIETE
— Falo o que eu vejo. O pecado está reinando em sua vida e você não está se dando conta disso.
JANA
— Falou a santa, a imaculada.
ELIETE
— Imaculada não, pois imaculado é só o nosso Senhor Jesus Cristo. Sou apenas uma serva, e estou aqui para espalhar a palavra de Deus nesse mundo corrompido pelo o pecado. Deus tem planos para a sua vida Janaína, mas pra isso você tem que abandonar o pecado. Sair dessa imundice que você se enfiou.
JANA
— Outra hora Eliete. (expulsando Eliete do quarto) Dá licença que preciso terminar de arrumar as minhas coisas.
ELIETE
— Não precisa empurrar que já estou saindo. A ira de Deus ainda vai se revoltar contra você. Convertei enquanto há tempo.
JANA
— Amém! Agora dá licença e me deixa em paz.
Eliete não suportava a ideia de Jana está morando em sua casa. Ela nunca teve a menor consideração pela a enteada, pois pra ela Jana era um pedaço do passado de Genivaldo que ela não queria que o marido lembrasse.
CENA 06/ EXT/ LOJA DA RAVENA/ TARDE
Raimunda foi até a loja da Ravena se encontrar com a Laura.
RAIMUNDA
— (se aproximando da loja) Anda logo Vanessa!
VANESSA
— Calma mamãe! A senhora está andando muito rápido e as minhas perninhas são pequenininhas.
RAIMUNDA
— (já diante da loja) É aqui!
Raimunda e Vanessa foram chegando e pararam na porta da loja. Ao avistar as duas Ravena se aproximou.
RAVENA
— (se aproximando) Pois não, posso ajudar?
Raimunda olhou Ravena de cima abaixo.
RAIMUNDA
— Eu gostaria de falar com a minha filha.
Vanessa estava olhando um manequim que usava uma camisola sensual.
VANESSA
— Mamãe olha que vestido mais lindo, compra pra mim.
RAIMUNDA
— (repreendendo) Misericórdia menina, isso é coisa do Belzebu!
VANESSA
— (sem entender) Nossa! Não sabia que ele usava vestido.
RAVENA
— A senhora disse que gostaria de falar com a sua filha?
Laura ao longe viu a mãe e foi se aproximando.
RAIMUNDA
— Isso mesmo, eu sou a mãe da Laura. Poderia a chamar pra mim por gentileza?
LAURA
— (chegando) Mãe o que a senhora faz aqui?
VANESSA
— Oi Laura! E aí você falou com a Xuxa?
LAURA
— Falei, ela mandou um abraço pra você.
VANESSA
— Ai que linda! Ela é minha fã.
RAIMUNDA
— Fica quieta Vanessa!
VANESSA
— A Laura é amiga da Xuxa, mamãe.
RAIMUNDA
— Está bem, fica quieta. Podemos conversar minha filha?
RAVENA
— Acho bom você conversar com a sua mãe.
LAURA
— Vamos sentar ali dentro. A gente fica mais a vontade.
Laura levou Raimunda para uma sala reservada dentro da loja.
CENA 07/ EXT/ SUBÚRBIO/ RUA/ BECO/ TARDE
Casas empilhadas umas em cima das outras, juntas e sem quintal. A maioria de alvenaria e sem reboco. Becos estreitos e apertados. Assim formava a comunidade periférica onde Maciel morava.
Ele foi andando pelo o beco quando se deparou com Rato (25) traficante de droga e amigo de infância, levava a vida fazendo pequenos tráficos, mas era ambicioso queria expandir e lucrar muito mais. Era capaz de tudo para se dá bem na vida.
RATO
— E aí meu brother! Qual é parceiro, tu sumiu, não te vi mais? Pensei que tivesse até preso.
MACIEL
— Quase, mas você sabe que sou malandro e sempre dou um jeito de escapar.
RATO
— Esse é meu garoto. Foi bom te encontrar por aqui. Tem uma parada maneira pra ti. Coisa de responsa.
MACIEL
— Tou fora!
RATO
— Qual é meu cumpadi? Nem te falei do que se trata.
MACIEL
— Seja o que for estou fora, Rato. Quero mexer com coisa errada mais não. Estou amarrado em uma gata aí. Quero um compromisso sério, não dá mais pra levar a vida em alto risco não.
RATO
— Acho que tou ligado qual é. É aquela mina que tu disse que tava grávida? E aí, a dona tá grávida mermo?
MACIEL
— É ela mermo. Mas ela tirou o menino. Agora eu quero construir a minha vida e aí sim ter o nosso bacurizinho. Fiquei sentido, pô! Eu queria o menino. Mas eu não tenho nenhuma condição de ter um filho agora. Saca? Quero melhorar a minha vida pra depois pensar em filho.
RATO
— Tou ligado. Mas confia em mim parceiro. A parada que tenho pra ti é de responsa. Se liga na ideia. Tu vai trabalhar em uma loja de queijo, coisa séria. Vai trabalhar lá com o seu Valdomiro, você conhece.
MACIEL
— Sim conheço. E te conheço também. Diga lá a real, qual o recheio desse queijo?
RATO
— (dá uma risada) Garoto esperto! Tem uma coisinha no meio. Mas não em todos, um em cada dez queijos. A grana é boa, cinquenta por cento em cada queijo recheado. Os clientes já são certos. Não tem erro.
MACIEL
— Beleza, tou dentro.
RATO
— Agora sim, estou falando com um homem de negócio. É nós parceiro!
MACIEL
— É só até eu conseguir uma grana, sacou?
RATO
— Pode crê, pode crê!
CENA 08/ INT/ LOJA DA RAVENA/ SALA/ TARDE
Em uma sala a parte na loja de Ravena, Raimunda tentava de toda forma convencer Laura a voltar para casa.
LAURA
— Não tem como eu voltar pra casa minha mãe. O meu pai é um machista, preconceituoso e misógino. Não tem como nós dois convivermos na mesma casa.
RAIMUNDA
— Minha filha, tudo o que o seu pai faz é para o seu bem. Ele se preocupa com você.
LAURA
— Meu bem? O meu pai implica com a minha roupa, implica por eu pintar o meu cabelo, implica com os meus piercings, minhas tatuagens. Será quando que ele vai entender que o corpo é meu, eu faço o que eu quero!
RAIMUNDA
— Deus não gosta dessas coisas minha filha. Olha bem pra você, o estado que você se encontra. Se brincar deve está se drogando, se prostituindo. Você está no fundo do poço. Eu só quero te ajudar.
LAURA
— Mas eu não preciso de ajuda. E outra, eu não estou usando nenhuma droga e nem estou me prostituindo. E se eu fizesse isso, o corpo é meu o que vocês têm com isso?
RAIMUNDA
— Minha filha Deus te ama, ouça a sua mãe. Laura volte comigo pra casa. Eu vou conversar com o seu pai, vou pedir para ele ter um pouco mais de paciência, ser mais tolerante. Mas você também tem que se esforçar minha filha, vamos procurar harmonizar mais a nossa família. Não dá pra gente continuar vivendo assim.
LAURA
— Custa vocês entenderem que eu penso diferente de vocês, que eu quero uma vida diferente das que vocês querem me impor? Pelo o meu pai eu estaria casada um daqueles carinhas da igreja que ele estava querendo empurrar pra cima de mim.
RAIMUNDA
— O Kaleb filho do irmão Osvaldo, um menino tão bom eu fazia gosto desse casamento.
LAURA
— Bom para a senhora, bom para o meu pai. Mas entenda, não é bom para mim.
RAIMUNDA
— Ok Laura. Deus é testemunha de como eu tenho tentado. Eu ainda vou orar muito por você minha filha. Tenho fé que a sua vida será transformada. Que Deus te abençoe! Agora preciso ir, antes que o seu pai venha atrás de mim.
LAURA
— Vai embora minha mãe, antes que o seu marido venha atrás da senhora e te leva pra casa pelo os cabelos. Afinal a senhora é uma propriedade dele, né?
RAIMUNDA
— Não fale besteira menina! O seu pai jamais levantaria a mão contra mim. O seu pai é um homem temente a Deus. Eu vou embora sim, mas porque eu respeito o marido que Deus me deu. Pense bem minha filha, essa sua rebeldia está acabando comigo.
Raimunda ficava entra a cruz e a espada. Ela não queria ser contra o seu marido, mas também não queria perder a filha. Tudo que mais sonhava naquele momento era a reconciliação de ambos e a restauração da harmonia de sua família.
CENA 09/ INT/ CLÍNICA BIO IN VITRO/ RECEPÇÃO/ DIA
Uma semana se passou, Jéssica e Jana estavam na recepção cuidando do seu trabalho, Mauricio chega e as cumprimenta.
MAURÍCIO
— (chegando) Bom dia meninas!
JANA
— Bom dia doutor!
JÉSSICA
— (sorridente) Bom dia!
MAURÍCIO
— Jéssica, não se esqueça do nosso cineminha mais tarde.
JÉSSICA
— Pode deixar, esquecerei não.
Mauricio foi para o seu escritório, e Jana observou o clima entre os dois.
JANA
— Outro cineminha? Isso está virando rotina hem? Pelo o jeito você conseguiu fisgar o gatão do Doutor Mauricio.
JÉSSICA
— Estou investindo. Mas ainda não tive muito êxodo.
JANA
— Mas por quê? Ele não está muito afim?
JÉSSICA
— Eu até tentei forçar a barra pra ver se rolava pelo menos uns beijinhos. Mas o gato ficou se esquivando. Fingindo que não estava entendendo as minhas reais intenções. Resolvi então ser direta, falei pra ele que estava afim dele, e tal.
JANA
— E aí, e ele?
JÉSSICA
— Aí ele falou que estava com medo de me machucar com essa história toda. Ele falou que gostava muito de está comigo, que a minha companhia era muito agradável, que eu era isso que eu era aquilo. Mas que ele era apaixonado por outra mulher.
JANA
— Vixe amiga, então o homem é comprometido?
JÉSSICA
— Parece que não, a mulher não quer saber dele. Só que ele arrasta uma asa pra ela. Mas eu não perdi a esperança não. Se ela não o quer, tem quem queira.
JANA
— É isso aí! Boa sorte pra você, então.
JÉSSICA
— Obrigada. E você e o Paulo não se entenderam mesmo?
JANA
— Como eu posso me entender com uma pessoa que quer matar o meu filho?
JÉSSICA
— Matar é um termo bem pesado, né Jana? Não é bem isso. Tudo bem se você não querer tomar o remédio, você foi estuprada perante a lei você pode fazer o aborto.
JANA
— Não é matar? Se eu vou interromper uma vida que nome se dá a isso, a não ser matar, assassinar? Não importa se está do lado de fora, ou se ainda está sendo gerada no ventre. É uma vida que está se desenvolvendo, e ninguém tem o direito de interromper isso, nem mesmo eu.
JÉSSICA
— Você está certa. Não vou discutir com você sobre isso. O importante que você vai ser mãe e isso te faz feliz.
JANA
— (animada) Já te mostrei o último ultrassom que fiz? (pegando o envelope com o ultrassom e mostrando para Jéssica) Olha só, já dá pra ver a mãozinha, o pezinho. Esse aqui é o coraçãozinho, pensa em um coração agitado. Parecia escola de samba.
JÉSSICA
— Que legal Jana! Mas já sabe o sexo?
JANA
— Ainda não deu pra ver. Mas também pra mim o sexo não interessa, o importante é que tenha saúde.
Jéssica queria Maurício, mas ele ainda era perdidamente apaixonado por Beatriz. Já Jana não conseguia se entender com Paulo. E conforme o tempo iria passando e sua barriga crescendo, ela se animava ainda mais com a chegada do seu filho. Ansiava com o dia de finalmente o ter em seus braços.
CENA 10/ EXT/ COLÉGIO/ PORTÃO/ DIA
Giovana e Laura vinham saindo do colégio conversando.
GIOVANA
— Precisamos marcar alguma coisa, a gente nunca mais saiu, não fizemos mais nada juntas.
LAURA
— Verdade, temos que marcar. É que agora minha vida ficou mais corrida, trabalhando lá na loja quase não sobra tempo.
GIOVANA
— Tem falado com sua mãe, com o seu pai?
LAURA
— Minha mãe agora que descobriu onde é a loja da Ravena, sempre aparece por lá. Já meu pai eu nem faço questão de saber. Não suporto. Já suportei a minha vida toda, agora chega.
GIOVANA
— Chato essa situação entre vocês dois.
LAURA
— Nada amiga, nem me faz falta. Acho que o meu pai tem é vergonha de mim. Eu fico mais sentida por causa da minha mãe. A coitada fica querendo apaziguar as coisas, mas é só o meu pai falar mais alto que ela corre e faz as coisas do jeitinho que ele quer.
GIOVANA
— Eu e meu pai nos damos tão bem. Não conseguiria me ver sem falar com ele.
LAURA
— Ah mas também não tem como comparar o tio Genivaldo com o ogro do meu pai. Amiga, o papo está bom mas depois a gente conversa mais. Preciso ir, o trabalho me espera.
GIOVANA
— Tchau!Bom trabalho pra você.
CENA 11/ INT/ CLÍNICA BIO IN VITRO/ RECEPÇÃO/ DIA
Beatriz chega na Beatriz eufórica e apressada.
BEATRIZ
— (chegando) Bom dia meninas!
JANA
— Bom dia doutora!
JÉSSICA
— Bom dia doutora Beatriz!
BEATRIZ
— Sei que já estou bem atrasada. Vocês acreditam que o meu carro estragou de novo? Tive que deixar novamente lá na oficina daquele mecânico indecente. Fica me olhando de cima a baixo. Ele acha que por eu ser mulher ele pode me passar pra trás.
JANA
— Coitado, escolheu a mulher errada pra isso, hem doutora?
BEATRIZ
— Com certeza, eu não dou estia pra homem não. E como está a lista dos meus pacientes?
JÉSSICA
— Vou levar a agenda pra senhora. Dessa senhora aqui, dona Abgail...
Jéssica saiu com Beatriz, Paulo chegou logo em seguida e já foi entrando na clínica.
PAULO
— Oi!
JANA
— Oi! (irônica) Veio fazer algum exame?
PAULO
— Eu vim conversar com você.
JANA
— Olha Paulo, eu estou no meu ambiente de trabalho não quero confusão aqui.
PAULO
— Eu também não quero confusão. Só vim te avisar que estou indo embora para o Mato Grosso. Quero conversar contigo direitinho pra ver como vamos fazer com a casa.
Jana se entristeceu ao ouvir o marido dizendo que iria embora.
JANA
— Então é isso, acabou de vez?
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