Cinderello escrita por AnnaP


Capítulo 1
Cinderello


Notas iniciais do capítulo

Criatividade MIL para o nome da história! Inicialmente não era para esse plot ser em formato de fic, e sim de histórias contadas por meio de mensagens, as AUs. Mas ele grudou na minha cabeça e eu tive que adaptar para poder livrar logo o Edward do cativeiro.

Espero que gostem!



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POV EDWARD

Não era certo um menino de oito anos perder a mãe depois de já ter perdido o pai. Não era certo que as pessoas que nós amamos morressem.

Eu era o garotinho da mamãe, éramos nós contra o mundo até ela morrer. Elizabeth Masen, minha mãe não havia deixado muito para mim, e para não morar na rua ou passar pelos pesadelos de abrigos, eu havia aceitado ficar com meu padrasto, Marcus. Na inocência dos meus oito anos, achei que havia ganhado na loteria. No início, o perfil militar dele o fazia ser rígido igualmente com todos na casa, mas conforme o tempo foi passando, ele foi esquecendo minha mãe e me vendo como um fardo. O pouco dinheiro que havia em meu nome era usado para comprar meus cala-boca. Eu não tinha autorização nem para trabalhar e ganhar meu dinheiro para a faculdade.

Marcus tinha dois filhos, Alec e James, com dois e três anos a mais do que eu, e se achavam adultos por conta dessa diferença de idade. Eles faziam bullying comigo na escola, fingiam que não me conheciam. Quando minha mãe era viva, eu chegava em casa e ela fazia tudo passar. Era como se nada daquilo tivesse acontecido. Ela era uma mulher muito boa, tinha dificuldade de enxergar o lado ruim das pessoas, dizia que o comportamento deles era normal para a idade.

Eu tinha a tendencia de pensar dessa forma também, até que ela morreu. Depois disso, percebi o quanto as pessoas podiam ser más. Meu padrasto parecia ter ganho mais um empregado, os filhos dele ganharam um saco de pancada. Minha vida virou um inferno. O único momento no qual eu conseguia ter paz era quando estava trancado no meu quarto jogando alguma coisa. Fosse no computador ou no videogame, eu ficava em paz por boas horas. Marcus, Alec e James pareciam ter medo de minhas máquinas explodirem e não se aproximavam delas. Era o único luxo que eu tinha naquela casa. Meu padrasto ficou mais do que satisfeito em não ter que lidar comigo quando descobriu o quão concentrado eu ficava diante de uma tela, comprando tudo o que eu precisava para ficar escondido. Eu tinha um computador incrível para jogar, e os videogames e jogos que queria.

Trancado no meu mundo, eu não havia feito muitos amigos. Emmett era meu melhor amigo na escola desde que nos conhecíamos como gente. Nossas mães se tornaram amigas na faculdade e foi por causa do marido de Esme, médico das Forças Armadas, que minha mãe conheceu o militar que viria a ser meu padrasto depois do falecimento do meu pai.

Esme tentava me fazer sofrer menos a perda da minha mãe, mas tinha a própria família para cuidar e eu insistia que deveria aprender a me virar sozinho.

Na Internet, eu tinha amigos virtuais por causa dos jogos que jogava, era muito mais fácil me abrir sem ver quem estava do outro lado. Uma pessoa que me fazia companhia era BCygne. Eu sabia que o nome dela era Bella, mas eram tantos anos chamando por nomes de usuários que acostumei. Eu a conheci em um fórum alguns bons sete anos atrás. Ela era de outro país, mas eu fazia de tudo para jogarmos juntos independentemente de fusos horário ou férias. Ela hoje tinha dezessete anos também e, assim como eu, usava o computador como refúgio da vida real. Fazíamos uma boa dupla nos jogos, e eu escondia um interesse nela. Imagina gostar de alguém que você se comunica virtualmente e nunca viu o rosto? Emmett e Rosalie, namorada dele que fazia parte do meu pequeno círculo de amizade quando estava de bom humor, eram os únicos que sabiam dessa loucura e me davam força até demais para conhecê-la um dia na vida real.

Meu padrasto gritou do primeiro andar para eu descer para jantar. Como já estava próximo do horário que ele costuma nos reunir na mesa, não havia entrado em partida nenhuma. Larguei meu fone na mesa e desci.

— Desengonçado, aproveita que está de pé e serve os refrigerantes. – James falou com sua voz debochada.

Não era porque eu estava de pé. Todos os dias os três se sentavam primeiro a mesa e me faziam servi-los.

— Prestem atenção os três, amanhã é o baile em homenagem a família real e eu quero ver os três no seu melhor comportamento. Estamos entendidos?

— Sim senhor. – Respondemos os três.

Eu não havia sido informado sobre festa alguma, não fazia ideia do que ele estava falando. Estávamos nos Estados Unidos, não havia família real alguma aqui. Tentei me lembrar se havia lido alguma notícia pelo Twitter sobre alguma visita real ao país, mas falhei miseravelmente. Acho que Rose comentou algo, mas não prestei atenção.

— Que… Que horas é a festa mesmo? – Perguntei com medo de uma reprimenda.

— Vinte horas. Às dezenove em ponto eu quero os três arrumados na sala para sairmos.

— Sim senhor. – Novamente respondemos juntos.

— Por que ele vai? – Alec apontou para mim, a boca cheia de comida. Sorte a dele que Marcus não viu. – Nem roupa tem. Você tem terno, estranho?

Não, eu não tinha um terno. Eu tinha as roupas mais baratas do mercado próximo da vila militar e o que não cabia mais em Emmett.

Marcus parecia me olhar dos pés à cabeça, mesmo estando os dois sentados. Ele me avaliou por bons segundos até fazer uma cara de nojo. Ele tomou um gole de refrigerante, deu uma garfada, mastigou, e só depois falou. Tudo no tempo dele.

— Eu acho bom você não aparecer nessa sala com uma de suas camisas de videogame.

— Não senhor, Marcus.

— Nenhum de vocês.

— Não senhor.

XoXoXo

Esperei que todos fossem dormir e saí discretamente de casa. Minha sorte é que Emmett também morava na vila militar, e em uma casa próxima, ou eu nunca conseguiria sair de casa escondido sem ser notado.

Chovia bastante, cheguei ensopado na porta de Esme. Ela me fez correr até a cozinha, onde o chão era mais fácil de limpar.

Eu expliquei para ela sobre a festa e o tipo de roupa que eu precisava. Ela estava mais antenada do que eu, dizendo que apenas um terno não seria o suficiente para o evento. Eu estava em pânico! Esme me fez uma caneca de café quente e me acalmou.

— Eu acho que tenho alguma coisa de Carlisle que pode servir em você. Termine seu café e vamos lá experimentar algumas roupas. Enquanto isso eu coloco essas para secar um pouco.

Consegui voltar para casa depois de achar um terno que cabia razoavelmente em mim. Esme ficou de fazer alguns ajustes e me entregaria a roupa perfeita para uso quando eu voltasse da escola a tarde.

XoXoXo

Dezenove horas e um minuto os outros três integrantes da casa se juntaram a mim na sala. Marcus estava com uma farda de luxo, meus irmãos pareciam Debi e Loide, com ternos largos e sem cortes no corpo deles. Eu seguia à risca o que me foi exigido e vestia o terno de Carlisle. Modéstia a parte, eu estava me sentindo bem comigo mesmo pela primeira vez em muito tempo.

Os três olharam para mim de olhos arregalados.

— Onde você conseguiu essa roupa? – Marcus perguntou.

Eu não consegui abrir a boca para responder porque Alec e James começaram a me rodear e cutucar. Eu empurrava as mãos deles, mas eles riam e perguntavam de qual defunto eu havia roubado aquela roupa.

— Você roubou isso de alguém? – Marcus empurrou os dois e parou a centímetros do meu rosto. – Edward Cullen, eu te fiz uma pergunta e exijo uma resposta.

— Es-Esme arru-mo-mou para mim. – Gaguejei. Marcus sabia ser assustador quando queria.

— Você foi perturbar o doutor Carlisle e a esposa? Tira isso. – Ele puxou a lapela do terno. - Vamos, você não vai a lugar nenhum com essa roupa. Se você sujar isso, o tintureiro sai do seu dinheiro.

— Eu não tenho outra roupa para ir na festa.

— Não me interessa, vá até o seu quarto e tire isso antes que você acabe estragando.

Alec e James estavam rindo em seus trajes horrendos quando subi as escadas.

— E Edward! – Marcus chamou. – Não se atrase.

XoXoXo

Eu estava sentado na cama quando Emmett me ligou.

Marcus chegou aqui na festa pedindo desculpas por você ter pego o terno. Obviamente não adiantou meus pais falarem que não tinha problema.

— Eu sei. Agradece a sua mãe e pede desculpas.

Para de pedir desculpa por esse homem, Edward.

Olhei em volta, toda roupa que eu tinha estava espalhada pelo quarto. Faltava vinte minutos para o início do baile e eu precisava me arrumar e chegar lá. Marcus não queria ter sua reputação arruinada por um enteado rebelde que não quis ir em uma nobre festa.

Emmett ainda falava na minha orelha, o mesmo discurso sobre eu ir morar com a família dele até a faculdade, e eu só peguei o final.

Alice está lá em casa e pediu para você passar lá.

— O que? – Achei que tivesse ouvido errado. – Alice? Para que?

Ela falou que pode te ajudar a vir na festa. Não me pergunte, minha irmã é... — Interrompi-o.

— Espera aí, a campainha está tocando.

Fui até a porta, encontrando Alice parada impaciente.

— Ela está aqui, Emmett. Vou desligar e ver o que ela quer, depois te falo.

Emmett riu e me desejou boa sorte antes de desligar.

Alice entrou com o braço esticado, me entregando um negócio de plástico que tinha um cabide e parecia um casaco sem mangas.

— Vista e volte para eu fazer os ajustes.

Ela não me deixou protestar, me empurrando escada acima.

No meio do caminho meu celular vibrou com uma mensagem de BCygne.

BCygne: Estou no seu fuso horário! Estou em uma obrigação insuportááááááAAAAAAAAAAHHHHvel com a minha família, mas mais tarde estarei livre. YEEEEEEY!!!!!!!!! Vamos jogar? DIZ QUE SiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiIM!

Sorri com a mensagem. Eu não sabia se estar no mesmo fuso horário significava estar no mesmo país, pensei em enviar uma mensagem perguntando. Quem sabe não poderíamos nos encontrar? Ela enviou outra mensagem.

BCygne: JOJA JOJINHOOOOO Quero jojaaaaaaaaaa

BCygne: Desculpa, estou entediada nesse lugar. MAS QUERO JOJAAAAAAA

Se ela estivesse aqui nos Estados Unidos ela teria dito alguma coisa. Certo? Talvez ela não quisesse me ver. Talvez ela não tenha entendido que o US no meu nick é o meu país.

— Edward, e aí? – Alice gritou do primeiro andar, me fazendo desistir de enviar a mensagem.

Ela dizia ter uma família boa, mas obrigações demais por fazer parte dessa família que estragavam tudo. Eu não fazia ideia do que isso significava, mas tentava dar tanto a apoio a ela quanto ela me dava. Se não fosse por essa festa hoje, eu com certeza já estaria ligando meu computador para esperar por ela.

EAM_US: Também tenho que agradar o senhor da casa hoje. Te aviso quando estiver em casa.

Voltei para a sala com o terno novo de Alice. Ela me girou para um lado e para o outro, arregalando os olhos enquanto se dizia impressionada.

— Edward! Eu juro que um dia vou conseguir fazer você modelar para mim. Você se olhou no espelho? Você está um gato! Quando você sair dessa prisão você vai arrasar os corações desse mundo.

Alice era alguns anos mais velha do que Emmett, eu não tinha certeza se ela ainda tinha vinte e alguma coisa, ou se chegara nos trinta. Não é muito diferente. Não para mim, de qualquer forma, mas ela ficaria louca sabendo que lhe dei anos a mais. Ela é uma estilista com uma fama bem significativa em Hollywood, e o sonho dela era que eu aceitasse fotografar usando suas coleções. Emmett e Rosalie faziam alguns trabalhos e me incentivavam a fazer também. O dinheiro era ótimo e me ajudaria para caralho, mas a cabeça quadrada de Marcus nunca me permitiria fazer um trabalho que ele dizia ser sujo. Sendo menor de idade, eu precisava da autorização dele.

Talvez eu não tenha falado ainda, mas eu não via a hora de ir embora e ser dono da minha vida. Eu tentei me emancipar uma vez, não deu certo.

— O que me lembra, - Alice chamou minha atenção. – vou precisar dessa roupa para amanhã. Meu voo para Los Angeles sai uma e meia da manhã. Você precisa sair da festa o mais tardar meia-noite, tudo bem?

— Alice… – Comecei a protestar, sendo interrompido pela mãozinha dela ajeitando o meu cabelo e os grandes olhos azuis me congelando no lugar.

— Não, não, não. Seja sincero comigo, Edward. Quando você vai ter outra oportunidade de ir em um baile com uma rainha e uma princesa de verdade?

— Por que você não vai, Alice? – Ergui uma sobrancelha para ela.

— Estou atolada de trabalho, preciso terminar tudo até o voo.

— Quer ajuda?

— Engraçadinho. Você precisa ir para o baile.

— Eu não faço questão.

— Edward, você já se dedica a essa família que não merece uma gota do seu suor, não deixe que eles tirem essa diversão de você. Vai ser uma história interessante para contar para os seus netos um dia. Ou conseguir garotas na faculdade.

Eu era desajeitado, sem nenhuma skill social, até eu conseguir encontrar uma garota que quisesse ficar comigo, se encontrasse, minha memória já teria apagado o dia de hoje.

— Você é doida, Alice.

— Eu nunca te pedi nada! – Ela fez bico fingindo tristeza. – Você está vestido com um exclusivo Mary Alice, faça jus a minha criação e tente se divertir um pouquinho. Arruma uma namorada legal para tirar seus pés do chão e fazer você se rebelar um pouquinho. – Ela juntou o indicador e o dedão para fazer o gesto com a fala. – Por favor!

Eu não sei o que a roupa dela tinha, mas realmente estava me sentindo bem com ela. Quando vesti a de Carlisle, que também era dela, eu estava me sentindo ótimo, mas com essa… eu não sabia explicar, mas vestir um terno me deixava com uma perspectiva diferente. Eu provavelmente estava delirando como Alice.

— Tudo bem, eu vou levar seu terno…

Alice me interrompeu para me corrigir.

— Isso é um smoking, Edward. – Revirou os olhos. – Você acha mesmo que eu brincaria em serviço? Você está vestido com o melhor! Todos vocês! Espere só até encontrar Rosalie, não vou ficar surpresa se ela estiver mais bonita que a princesa.

— Corrigindo. Vou levar seu smoking para se divertir essa noite.

Você vai se divertir. Você está lindo e seria um desperdício ficar trancafiado naquele quarto. Sábia decisão, tenho certeza de que não vai se arrepender.

XoXoXo

O baile era no salão da vila militar, algumas quadras de onde eu morava, na região central. Alice me deu uma carona até lá para eu não perder o elemento surpresa andando por aí.

Eu não tinha um convite comigo, não, Marcus me faria chamar por ele. Dessa forma, ele saberia exatamente a hora que cheguei. Além de poder reprovar a ajuda de Alice com a nova roupa.

Para a minha sorte, não tive que passar por essa situação. Com Marcus e os filhos na festa, os soldados que estavam na porta com os seguranças da família real entenderam que eu deveria estar lá dentro também e liberaram a minha entrada.

Encontrei Marcus conversando com um grupo de oficiais e aproveitei a oportunidade para me fazer ser visto. Cumprimentei a todos, recebendo elogios pelo smoking e ignorando os alertas nos olhos de Marcus. Na presença de outros, ele não teve como criticar minha roupa mais uma vez. Eu esperava que a noite transcorresse bem, que ele se divertisse, da maneira dele, e esquecesse de mim.

Vi Alec e James de longe, acompanhados por algumas garotas que, obviamente, não moravam aqui, ou estariam longe deles. Desviei de onde estavam, procurando por Emmett. Encontrei-o conversando com Rosalie e alguém com um vestido do estilo bolo de noiva. Aquele que parece ter uma saia por cima da outra.

Alice ficaria orgulhosa com o meu conhecimento.

Quarenta minutos depois eu não aguentava mais os olhares atravessados que meu padrasto me dava quando ninguém estava próximo a ele. Para não fazer uma cena na frente de todos, ele não me expulsou da festa, mas me chamou em um canto e me deu um sermão por ter aceitado a ajuda de Alice.

Alice que me desculpasse, mas eu não ia conseguir me divertir enquanto estivesse sob a tutela daquele homem. Peguei o vídeo game portátil que tinha escondido nas costas e procurei um lugar escondido para jogar. Achei um salão menor e escuro, cheio de cadeiras e mesas armazenadas. Acendi a lanterna do celular e me guiei até uma única poltrona cercada de móveis empilhados, no meio do salão.

Enviei uma mensagem para Cygne perguntando se ela estava livre para jogar, mas não obtive resposta. Seria só eu mesmo.

Eu estava nessa sala por não sei quanto tempo quando alguém se sentou ao meu lado. Demorei alguns segundos para entender que eu deveria parar de jogar e reconhecer que tinha companhia. Terminei a fase que estava jogando primeiro. Prioridades.

Pausei o jogo e me virei, não vendo muito da pessoa que estava ao meu lado por conta da escuridão, mas sabendo que era uma mulher pelo volume do vestido roçando na minha perna, pelo som da respiração e pelo cheiro. Agora que eu não estava mais fissurado na tela, meus sentidos explodiram com a falta da visão. Eu estava atento do farfalhar do vestido ao perfume que minha acompanhante usava. Por algum motivo aquele conjunto de coisas me trouxe um sentimento de conforto. Eu estava tão conectado a pessoa ao meu lado que acompanhei quando ela puxou o ar e abriu a boca antes de falar.

— Eu não queria atrapalhar seu jogo, por favor, me desculpa, volte a jogar. – A voz, feminina, falou. Era uma voz doce, soou baixa e tímida, aparentando estar um pouco nervosa.

— Eu acabei a missão. – Falei para deixá-la mais relaxada. E pareceu ter funcionado, a voz dela foi ficando mais firme conforme falava.

— Mas não recebeu a recompensa ainda. – Pelo som, ela estava movendo os braços. Talvez para apontar para a tela pausada, que não emitia luz o suficiente para me ajudar a vê-la. – Você pausou antes dela aparecer.

— Merda. – Tirei o jogo do pause e esperei a recompensa aparecer para mim. E esperei mais um pouco. O símbolo de salvamento piscou na tela, e nada dela aparecer.

O jogo estava bugado, eu teria que repetir a fase para conquistar a recompensa.

— Desculpa. – Minha companhia falou. – Não precisa parar de jogar porque estou aqui, continue. Eu sei o quanto esse jogo pode ser frustrante com tantos erros.

— Você também joga Vida e Morte? – Perguntei esperançoso.

Eu esperava que sim. Ou que, pelo menos, ela gostasse o bastante de jogos eletrônicos para ler notícias sobre eles mesmo não jogando o meu jogo preferido.

Eu sou patético.

Tirando BCygne, conheço poucas garotas que jogam tanto quanto eu. Seria uma surpresa se ela gostasse. Provavelmente não morava aqui, deveria ser uma das convidadas de fora da vila militar. Com certeza se ela morasse já teria me reconhecido com o videogame na mão e teria saído correndo.

— Quando tenho tempo, sim, eu jogo. Muito. Mais do que deveria. – Ela riu. Eu achei já ter ouvido aquela risada em algum lugar. Tentei ligar a risada com as poucas mulheres com quem eu tinha contato, não encontrando uma correspondente. Com certeza ela era de fora.

— Por isso eu gosto disso aqui. – Sacudi meu aparelho. – Eu faço o meu tempo.

— Queria eu poder fazer isso. – Soltou um pequeno bufo.

Será que ela era do tipo que rolava os olhos?

— Você poderia estar jogando agora. – Falei. Em um impulso, ofereci meu jogo para ela. – Quer?

Ela pegou o aparelho e tentou refazer a missão por mim, morrendo diversas vezes. Normalmente eu ficaria puto pela minha campana estar sendo bagunçada, mas eu só conseguia rir a cada morte e xingamento que acompanhava. Ela me lembrava BCygne jogando. Um pouco mais contida, mas ainda assim.

— Tem certeza que você está acostumada a jogar? – Provoquei, ganhando um empurrão no ombro que a fez ser atingida por um golpe e morrer mais uma vez.

— Essa foi culpa sua! – Empurrou-me de novo.

— Minha? Você que se distraiu!

— Eu? Você morreu tanto quanto eu! Acha que não vi? Você estava tão vidrado aí que nem me viu sentada aqui.

— Mentira.

— É mentira que você caiu do cenário três vezes antes do boss bugar no canto e facilitar tudo?

É. Ela estava aqui fazia um bom tempo. Diante do meu silêncio, ela soltou um risinho fofo, para grunhir com mais uma morte.

— Se fosse meu personagem aqui, a história seria diferente. – Resmungou. – O seu é horrível!

— Você joga de que?

— De vampiro vegano.

— Então está explicado. Vai ser complicado para você jogar em outra categoria assim do nada. É muito difícil jogar de vegano, eles são mais mente do que força, eu prefiro jogar com personagem de força.

— Apelão.

— É, apelão. Não adianta mentir.

Estávamos sorrindo como dois idiotas com o número exagerado de mortes no jogo quando a porta foi aberta e começamos a ouvir vozes procurando por alguém.

— Merda. – Sussurrei.

Levantei assustado para me esconder em algum lugar.

— O que foi? – Ela sussurrou de volta.

— A gente precisa sair daqui sem eles nos verem. – Respondi enquanto olhava ao redor.

— Quem está aí? – Mais um grito.

— Eu posso estar aqui. – Ela falou. – Está tudo bem.

— Mas eu não. Meu padrasto vai me matar!

Tateei ao redor procurando meu jogo, não encontrando-o em lugar nenhum.

— Eu perguntei quem está aí?

Aos tropeções, me afastei para o fundo do salão para me esconder e ouvi enquanto ela sussurrava alguma coisa para os homens que finalmente haviam entrado.

Saí de lá alguns bons minutos depois, desesperado porque estava quase dando meia-noite e eu precisava devolver o terno para Alice.

Smoking. O que seja.

Cheguei sem fôlego na porta da casa dos Cullens, jogando o paletó em cima de Alice, que já estava na porta do carro esperando por mim, e pegando minha roupa na mão dela.

— Você se divertiu? – Ela gritou enquanto eu corria.

SIM!— Gritei de volta antes de bater a porta.

Terminei de me trocar na sala mesmo, dando graças a Deus por Esme ainda estar na festa e não ser obrigada a me ver seminu em sua casa.

Entreguei o restante das peças para Alice e a agradeci.

— Não foi nada, Edward. Fico feliz que tenha se divertido. Tenho uma boa intuição sobre essa noite. – Ela beijou minha bochecha. – Acho que você não vai precisar modelar para mim para sair desse lugar. – Ela piscou para mim antes de entrar no carro e sair.

Só quando deitei para dormir pude me lamentar a perda do meu videogame. E o inferno que seria explicar porque ele estava aonde estava caso fosse encontrado.

XoXoXo

Alguém me sacudia incessantemente para acordar. Parecia que eu estava dentro de uma máquina de lavar roupas. Não que eu já tivesse entrado em uma.

— O que é?! – Grunhi de mau humor.

— Preciso aprender a jogar o seu jogo. – A voz impaciente de Alec respondeu.

— Que jogo? Depois eu ensino.

— Não. Tem que ser agora. Levanta, estranho.

— Me deixa dormir, porra.

— São onze horas da manhã e você tem sorte do meu pai não estar em casa, ou ele teria jogado um balde de água gelada em você.

Com certeza Marcus faria isso. E não seria a primeira vez.

Sentei-me na cama, com Alec empoleirado ao meu lado com o celular na mão.

— Qual é o nome do jogo mesmo? Quem criou?

— Vida e Morte, Twlight Games.

Fiquei ali de mau humor explicando tudo o que consegui sobre o jogo para Alec. Ele não me contou o que ia fazer com aquilo, também não me interessei em saber. Quando levantei da cama pronto para começar o dia, ele parou na porta do quarto e deu um sorrisinho debochado.

— Boa sorte para se esconder no seu mundinho hoje, estamos sem Internet.

Ele saiu antes que eu explicasse o conceito de ‘jogo off-line’.

Consegui apenas tomar meu banho, estava no meio de um café da manhã reforçado quando fui importunado mais uma vez. Dessa vez foi uma discussão na sala. Eu ouvia a voz de Alec, a de Emmett, e um monte de outras não conhecidas. Só saí do meu lugar na cozinha porque Emmett me gritou por cima do zumbido dos outros.

Encontrei mais três pessoas no lugar, mas antes que eu pudesse pisar de fato no cômodo e reconhecer os rostos, Alec entrou na minha frente e colocou uma mão no meu peito, me empurrando de volta para trás.

— Deixa ele passar, cuzão. – Emmett disse com raiva, fazendo os olhos do marmanjo na minha frente se arregalarem um pouco.

— Mas você é mesmo um filho de um puto sem noção. – Rosalie completou no mesmo tom.

Incentivado pelos meus amigos, bati a mão dele longe de mim.

Em meio a vários rostos discutindo, encontrei um par de olhos castanhos concentrados em mim. Ela era linda. Meus pensamentos me diziam para olhar para o chão, desviar os olhos, me esconder. Não consegui, alguma coisa naquela garota me fez encará-la de volta. Era uma jovem mais ou menos da minha idade, bem mais baixa do que eu, apesar do salto alto que usava. Ela se aproximou de mim e Alec se moveu junto para impedir, falando algo sobre eu “ser um perdedor e não ter como a gente ter se divertido ontem”. Um homem intimidador que estava parado ao lado dela deu um passo para frente, cortando-o de fazer qualquer coisa.

— Hmm, oi? Acho que isso aqui é seu. – Eu já comentei que ela era linda?

Encarei meu videogame na mão que ela estendia na minha direção.

Meu cérebro reconheceu a voz da outra noite e eu entendi o que estava acontecendo ali.

— Muito obrigado por ter guardado com você! – Exclamei aliviado.

Ela deu uma risadinha e mordeu o lábio inferior, enrugando as sobrancelhas juntas, como se estivesse pensando em algo para dizer. Levantei uma sobrancelha, silenciosamente questionando-a, vendo suas bochechas ficarem vermelhas.

Ela sacudiu a cabeça de um jeito fofo, parecia estar tentando se livrar de um pensamento.

— Eu preciso conversar com você. – A mesma voz suave de ontem falou.

Eu estava tão distraído reparando no quanto ela era linda que me passou despercebido o que ela falou, só ouvi a última frase. Notei que não estava apenas pensando no quanto era linda, mas encarando-a descaradamente, quando ela ficou vermelha mais uma vez e se mexeu desconfortável.

Passei a mão pelo cabelo constrangido e fiz menção para ela ir até a cozinha para conversarmos. Ela negou com a cabeça, os olhos um pouco arregalados enquanto olhava para o cômodo atrás de mim.

— Meu carro está ali. Vamos?

Não entendi a reação dela e porque não podíamos conversar ali na casa do meu padrasto, mas não questionei, preferi segui-la como queria até uma SUV preta. Outro homem intimidador de terno segurou a porta para entrarmos.

Na mesma fração de segundo que eu me perguntei o motivo de tantos guarda-costas a resposta veio.

Ela é a princesa.

Porra!

Ela é a princesa!

E eu a importunei com videogame durante o baile dela. Alec, Marcus e James têm toda razão, eu sou um estorvo para os outros mesmo.

Além do cheiro dela inebriando o carro como no salão, havia a tensão. Eu podia ver que ela estava tão nervosa quanto eu.

Imaginando que ela não sabia como começar a me repreender por tê-la atrapalhado de aproveitar a própria festa, saí na frente.

— Desculpa por não ter percebido que eu estava sendo um chato ontem. Obrigado por trazer o meu videogame de volta, você até poderia ter ficado com ele, como um a recompensa por eu ter alugado o seu ouvido ontem.

— O que? – O belo rosto dela estava enrugado em confusão. – Do que você está falando, Edward?

— Você foi muito educada para me mandar calar a boca ontem. Perdeu uma boa parte do seu baile me ouvindo falar um monte de baboseiras. Até fingiu que jogava videogame. – Esfreguei o rosto, quente de vergonha. – Como eu sou idiota.

— Edward, olha para mim. – Encontrei um pequeno sorriso quando tive coragem de olhá-la. – Posso? – Apontou para o videogame que eu havia apoiado no banco quando entrei.

Ela pegou o aparelho e ligou, mostrando a tela principal completamente diferente da minha. Estranhei o nome do perfil no canto, não era o meu, mas um nome que eu conhecia muito bem: BCygne. O nome da minha amiga virtual.

— O que é isso? Não entendi. Por que está logado nessa conta?

— Sou eu, Edward. Eu sou a BCygne. Isabella Marie Swan Higginbotham Meyer, Princesa de Aube, Bella Swan para os íntimos. – Deu uma piscadinha.

Nunca arregalei tantos os olhos na minha vida.

Olhei para a princesa na minha frente, tentando juntar todas as informações que eu tinha sobre ela. Nenhuma. Maldita hora que eu não ouvi Rosalie tagarelar sobre a visita da família real de um pequeno país da América Central à nossa base.

Seria possível que ela realmente fosse BCygne? Bella?

— Puta merda. Não é possível. Isso é sério? Esse tempo todo eu tenho conversado com você? É você mesmo? E você é uma princesa? É sério mesmo?

Bella mordeu o lábio inferior e confirmou com a cabeça. Eu podia dizer que ela estava se divertindo com a minha reação.

— Puta merda. Desculpa, eu não… Eu não sei o que falar. Isso é sério?

— Eu sei pelo que você está passando, ontem eu estava do mesmo jeito quando cheguei ao hotel e vi seu nick no aparelho. Vou te dar um tempo para assimilar as coisas.

Como se assimila isso? A pessoa com quem eu passo madrugadas jogando não só está na minha frente, como é uma princesa. A garota por quem eu tinha um crush desde que meus hormônios adolescentes entraram em ação não só realmente existe e está na minha frente, mas ela é linda! E é a porra de uma princesa! Depois da morte da minha mãe, eu nunca tive que assimilar tanta coisa ao mesmo tempo dessa forma. Eu não estava acostumado a grandes emoções, não sabia por onde começar.

— As suas obrigações com a família… – Eu sussurrei meio aéreo. – A gente não se ver… – Agora tudo fazia sentido.

— Ontem eu conheci a sua “família” também. E lamento muito que você tenha que conviver com aquele tipo de gente. – Bella fez uma careta.

Depois de tanto tempo apenas ouvindo a voz dela, eu estava vendo-a fazer uma expressão facial. Imaginei por tantos anos como ela seria, tantos rostos que não fizeram juiz a beleza dela, era surreal que finalmente estivéssemos cara a cara. Se eu esticasse a mão, podia tocá-la. Ela era real, não apenas uma voz no meu ouvido, ou mensagens em uma tela, um avatar em um jogo.

— A sua voz… Como eu não reconheci?

— Tampouco eu reconheci a sua, Edward. Aqueles fones e microfones não são tão eficientes quanto achamos. – Uma pena, porque eles eram caros para porra.

— Isso é sério? – Eu estava fazendo muito essa pergunta, mas era impossível que isso fosse real. Eu havia entrado em algum jogo meu? Eu estava sonhando? Isso só podia ser o início de um pesadelo. Era a única explicação possível.

— Muito sério. Eu não combinei nada com ninguém, juro que foi coincidência! Eu liguei o aparelho para achar seu nome e devolvê-lo e quase tive um crise cardiaque quando li o que estava escrito. Eu corri pela suíte para mostrar para o meu irmão e fiz uma confusão enorme, acordando todo mundo.

— Como isso é possível?

— Não sei. – BCygne, Bella, estava com um sorriso lindo no rosto. Ela respirou fundo e voltou a falar. – Eu ia pedir para um dos meus seguranças devolverem o aparelho para você, comecei até a escrever uma cartinha agradecendo pela companhia ontem, então fui procurar seu nome e tive um crise cardiaque quando vi EAM_US ali. Eu corri pelo hotel e acordei todo mundo, essa parte toda você já sabe. – Ela sorriu tímida por estar se repetindo. – Meu irmão, Caius, não Demetri, esse último voltou a dormir quando soube o motivo da correria, deu a ideia de nós colocarmos o meu login e procurarmos por você hoje.

Eu estava mais do que feliz em Bella ser tagarela, ela sempre foi, porque eu continuava sem fazer ideia do que falar.

— Os filhos do Marcus – Ela rolou os olhos bufando. – viram que eu estava procurando por você e se fingiram de gamers. – Por isso o puto do Alec me acordou desesperado daquele jeito. – Eles tentaram se passar por você, mas eu os coloquei para jogar e…

— Eles não fazem ideia de como se joga ‘Vida e Morte’.

— Foi vergonhoso, para dizer o mínimo. Então, Rosalie, Santa Rosalie, chegou e me mandou afastar deles. Comecei a explicar o que estava fazendo ali e no meio da explicação ela e Emmett me puxaram e me arrastaram até aqui, para o desespero dos meus guarda-costas. O resto, você viu. – Eu a observava atônito. – Sim, é sério. – Eu abri um sorriso com a resposta da pergunta que eu nem fiz.

— Desculpa ter fugido daquele jeito ontem, Bella. Eu precisava devolver o smoking que usava para Alice e não podia deixar Marcus saber que eu estava em uma área da festa que não era para estar.

— Mas você estava comigo, não ia dar nada. – Bella deu de ombros. – Você estava de smoking? Espera, quem é Alice?

— Estava. Mary Alice, a estilista, - Bella moveu a boca fazendo um ‘uau’. – ela é irmã do Emmett e meio que me salvou me emprestando uma das roupas dela.

— Que pena que eu não vi nada disso.

— Alice já levou a roupa para Los Angeles, então… Fica para outro dia.

— Sobre isso. – Bella se ajeitou no banco do carro. – Eu tenho uma proposta muito, muito, muito louca para fazer para você. Muito louca mesmo.

Da última vez que ouvi algo assim foi Alice me chamando para ser modelo dela.

— Vem morar no meu país. Volta para casa comigo.

Uma proposta tão louca quanto a de Alice.

— Por que? Não, quero dizer, sim, eu não sei porque, mas, não… Marcus nunca deixaria.

Bella riu e pegou uma das minhas mãos na dela.

— Ele não diria não para o Rei.

Mas que caralho, o pai dela era um rei.

— Eu acho que essa informação foi demais para você. – Ela fez uma careta.

— Foi. Deixa eu… - Fiz um gesto na frente do corpo indicando que eu queria respirar um pouco.

Bella riu e ficou brincando com a minha mão enquanto isso. E se eu tinha alguma dúvida de que gostava mais da minha amiga virtual do que era o normal, ela sumiu naquele instante.

O que a família dela pensaria? Com certeza que eu era um tarado que ficava assediando-a virtualmente.

— Meus pais sabem sobre você, Nós já conversamos sobre isso. Além disso, você conhece Caius e Demetri dos jogos, e sabe que Jane, minha cunhada, torce para que a gente se encontre. – Puta merda, eu tinha esquecido completamente!

Como a relação dela com a família era melhor do que a minha, era normal eles surgirem em nossos papos ou, no caso dos irmãos, nas nossas partidas.

Agora eu estava me perguntando se Emmett e Rosalie haviam falado alguma coisa enquanto a traziam aqui. Eles faziam o papel da minha família com a língua maior que a boca.

— Você pode fazer sua faculdade lá. Ou não, se não quiser fazer faculdade. – Esse era um dos muitos assuntos sobre os quais não conversávamos, mesmo com sete anos de amizade. E, agora, sabendo quem ela era, eu entendia o motivo dela se esconder tanto. – Seu padrasto não vai ter influência nenhuma sobre você. Vai ser como se ele não existisse.

Tentador.

Mas eu sentiria falta dos Cullen, eles foram minha família por mais tempo do que a minha própria.

— Seus amigos podem te visitar quando quiserem, e você também pode voltar. Você não vai ficar preso a mim, quer dizer, a minha família... Você vai ter sua vida.

— Bella, você está lendo os meus pensamentos, por acaso?

— Eu tive essa conversa com meus pais hoje cedo, eu já pensei em tudo para te convencer a vir com a gente. Se Marcus é sua única preocupação, uma palavrinha de Charlie, e ele faz o que a gente quiser.

Marcus era uma grande preocupação, mas não a única. Tinha a questão da escola, eu precisava terminar os últimos meses do ensino médio. E eu não conseguia parar de pensar no que Esme e Carlisle pensariam disso tudo. Para todos os efeitos, nós havíamos acabado de nos conhecer. Era loucura!

— Meus pais conversaram com Esme e Carlisle ontem, sua moral está lá em cima.

— Pare de ler meus pensamentos, mulher.

Ela soltou uma gargalhada que eu estava bastante acostumado a ouvir. O pescoço dela jogado para trás enquanto ria, o sorriso largo estampado no rosto dela, não haveria nada que ela não pedisse que eu não faria.

— Eu vou.

 - Desculpa. – Ela pediu limpando os olhos. – O que você disse?

— Que eu vou com vocês. Eu posso terminar a escola on-line e… se seus pais não se importam. – Dei de ombros.

— Nem um pouco. Eles não me aguentam mais falando de você. Sete anos já, Edward.

— Meu Deus, Bella. – Suspirei ao saber que ela sentia a mesma coisa que eu. Ela não disse com palavras, e nem precisava. Eu via no sorriso que ela me dava, no modo como ainda brincava com a minha mão e me olhava.

— Você me desculpa por nunca ter te contado nada? Eu confio em você, Edward. Ou não estaria aqui propondo de você ir para Aube comigo. É só que... nós tínhamos um relacionamento tão bom que-

Eu a interrompi. Matei a minha vontade de tocá-la e segurei seu rosto em minhas mãos.

— Bella, não precisa se justificar. Está tudo bem. Eu também não te contava tudo da minha vida, entendo perfeitamente porque fez isso.

Ela me olhava um pouco deslumbrada.

Você pode me beijar.— Ri da frase solta e senti seu rosto quente nas minhas palmas. Então, ela fechou o olho. – Eu falei alto, não falei?

— Falou. – Respondi. Ela gemeu frustrada, ainda de olhos fechados.

Aproxime meu rosto devagar, deixando-a sentir o que estava acontecendo.

— Avise se mudar de ideia.

Bella lambeu os lábios e eu tive que ter uma força da porra para não atacar a boca dela de uma vez.

Fui interrompido por uma batida no vidro.

— Eles podem nos ver? – Perguntei ainda muito próximo a ela.

— Não.

Abrindo os olhos, Bella colocou uma mão na minha nuca e me puxou para si. Lá se foi o beijo lento e calmo que eu pretendia dar. Eu agora era um adolescente de dezessete anos beijando a garota que gostava enquanto ela o beijava de volta na mesma intensidade.

Até outra batida no vidro nos interromper de novo.

— Precisamos ir. – Bella me deu um beijo estalado.

— Para onde?

— Conhecer os meus pais.

FIM


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Erros são todos culpa minha, e do aplicativo do Word. Obrigada por tentar corrigi-los, Jani!
Comentem nas outras histórias das outras autoras do projeto! Não esqueçam!

Até a próxima!