Montanha-Russa escrita por Lola Royal


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoas!
Não poderia deixar vocês sem uma one especial para o dia dos namorados, essa infelizmente não é só flores hahaha Sei que muitos vão ter raiva dos personagens, mas lembrem-se que adolescentes fazem besteira.
A fic é parcialmente inspirada na canção The Way I Loved You da Taylor Swift, que tocou muito lá em casa quando eu era adolescente. Enfim, boa leitura, espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/806659/chapter/1

Descida

Michael Newton, 17 anos, signo de capricórnio, cabelos loiros, olhos azuis claros, filho único, capitão do time de futebol, melhor aluno da turma e meu namorado. Naquela quinta-feira de outubro, enquanto ele recitava um poema na aula de inglês todos prestavam atenção, ninguém ousava desviar o olhar.

— Muito bem, Michael! — a professora elogiou quando ele terminou, fazendo o garoto sorrir. — Adorei a escolha do poema — ela começou a falar sobre o texto, ainda com meu namorado lá na frente da sala.

Angela, uma amiga minha que sentava ao meu lado, sussurrou:

— Você tem o namorado mais sensível e incrível de todos, Bella.

Jessica, outra amiga, que estava sentada a nossa frente, virou e também sussurrou:

— Mike é o melhor, tenho tanta inveja de você, Bella!

Eu apenas sorri para elas, sabia que não eram as únicas garotas da escola que tinham uma quedinha por Mike, alguns garotos também eram loucos por ele. Michael Newton era o cara dos sonhos de muitos, mas não dos meus, entretanto essa era uma verdade que guardava apenas para mim.

Para todos os outros eu fingia ser a namorada perdidamente apaixonada pelo maravilhoso jogador de futebol americano.

— Professora — Mike falou depois que ela terminou de comentar sobre o poema. — Gostaria muito de dedicar esse poema para Bella, minha namorada — ele disse, fazendo todos emitirem sons de beijinhos e palmas muito barulhentas.

Minhas bochechas ficaram vermelhas, desviei o olhar para meu caderno. Isso era fofo, precisava admitir, quando me permitia focar em Mike entendia como todos eram apaixonados por ele, o garoto era apaixonante com todo aquele charme. E eu deveria me apaixonar também, era meu plano, passar a amar o Newton e esquecer o outro.

As palmas continuaram, a professora apenas riu e pediu silêncio. Senti Mike passar por mim, já que ele sentava na cadeira atrás da minha. Ele inclinou seu corpo e beijou minha bochecha, sussurrando:

— Não tenho o dom, mas prometo que ainda irei escrever um poema para você.

Eu assenti, Mike me beijou de novo antes de se afastar.

Quando a aula de inglês acabou dei tchau para meu namorado e segui para minha próxima sala com Jessica. O meu coração estava batendo forte, mas não por conta de estar indo estudar matemática, sim por saber quem encontraria lá.

Ele ainda não estava na sala quando entrei, o que me fez respirar aliviada por um tempo, talvez faltasse aquele dia e eu tivesse um pouco de descanso da sua presença. Ou, talvez, sua falta fosse pior, já que aquela aula era um dos poucos momentos que ainda o via.

— O que você vai fazer no final de semana? — Jessica perguntou, aproveitando que o professor também ainda não tinha aparecido.

— Vou jantar com a família do Mike no sábado — contei. — É aniversário da avó dele. E no domingo tenho que acompanhar meus pais em um almoço.

Eu era Isabella Swan, 17 anos, virginiana, cabelos castanhos ondulados, olhos também castanhos, irmã caçula, capitã da equipe de torcida, também conhecida como Bella, péssima aluna em biologia e filha do prefeito da cidade. Morávamos em Santa Cruz, cidade com população estimada em 65 mil habitantes, na Califórnia.

— Poxa, que pena — Jessica lamentou. — Queria ir ao shopping escolher minha fantasia para o Halloween, pensei que você pudesse me ajudar, mas sábado de manhã tenho compromisso com meus pais, pensei que você estaria livre de noite.

— Já me comprometi com Mike — reforcei.

— Entendo. — Ela assentiu. — Vou ver se Angela pode ir comigo, quero escolher uma boa fantasia, as festas de Halloween da Kate são as melhores, não quero ir mal vestida. Você e Mike já escolheram as fantasias de vocês?

Neguei com um aceno de cabeça.

— Vou ver se ele tem alguma ideia.

— É tão legal que você tem um namorado e vai combinar fantasia com ele no Halloween — Jessica disse empolgada. — Ainda melhor que o seu namorado é Mike, não aquele lá.

Engoli em seco, bem na hora olhei em direção à porta da sala e vi Edward entrar. Vê-lo e não pensar em seu nome era impossível, não conseguia apenas chamá-lo de outro quando estava tão perto de mim.

Edward Cullen, 17 anos, signo de gêmeos, cabelos cor de bronze, olhos verdes, órfão, irmão caçula criado pelo irmão mais velho desde seus 16 anos, excelente em biologia e meu ex-namorado.

Nos conhecemos quando ele mudou para Santa Cruz cerca de um ano antes, no começo de setembro de 2009, após a morte dos seus pais. Ele vivia com eles em Chicago e se mudou para a Califórnia, indo morar com seu irmão 13 anos mais velho.

Jasper, o irmão de Edward, tinha um bar junto de Heidi Brown, que era a namorada da minha irmã, então nós tínhamos essa ligação. Aos poucos fomos nos aproximando, especialmente por acabarmos formando uma dupla em biologia e quando as férias de verão começaram o nosso romance também se iniciou, com um beijo na montanha-russa do parque onde o Cullen estava trabalhando.

Desviei o olhar para o chão conforme Edward se aproximava, o professor de matemática era um chato que na primeira aula tinha marcado os lugares de todos, o que acabou colocando o Cullen sentado bem na minha frente. Senti o cheiro de seu perfume quando ele ocupou a cadeira diante da minha, também ouvi Edward batendo seu coturno no chão.

Segundos depois o professor chegou, já nos mandando abrir os cadernos. Jessica resmungou, eu abri meu caderno para começar a anotar os exercícios do dia, foi inevitável não levantar o olhar e acabei olhando a parte de trás da cabeça de Edward. Seus cabelos cor de bronze sempre foram uma grande bagunça, mas também eram macios e eu amava tocar neles.

Foi preciso muita força de vontade para não erguer a mão e mexer naqueles cabelos no meio da aula, além do mais, nós não estávamos mais juntos, eu não poderia fazer aquilo mesmo fora da sala. Edward tinha se tornado o fruto proibido para mim, e eu precisava me manter longe dele para não cair em tentação.

Quando a aula acabou joguei todas minhas coisas dentro da mochila e saí apressada da sala, queria passar o mínimo de tempo possível perto de Edward. Jessica, que me seguiu, com certo atraso, questionou:

— Tudo bem, Bella?

— Tudo ótimo — sussurrei.

Ela era uma amiga, mas estava longe de ser uma melhor amiga, eu não poderia dizer para ela que cada pedacinho do meu corpo ainda chorava de saudades de Edward Cullen.

Subida

Santa Cruz tinha um parque de diversões próximo à praia, era um dos lugares mais visitados por todos no verão. Foi para onde fui com alguns amigos no primeiro dia de férias de 2010, Angela, Rosalie, Emmett e eu seguimos para lá no carro dele, escutando Katy Perry tocar no rádio.

— Vamos primeiro na montanha-russa? — pedi quando chegamos lá. — Eu compro os bilhetes!

Nem dei tempo de nenhum deles responder, caminhei até a bilheteria, puxando Rose comigo, uma fila longa se formava lá, mas foi fácil aguentar com minha melhor amiga ao lado. Emmett gritou avisando que iria comprar algo para comer e Angela foi com ele.

— Emmett e eu estamos cada vez mais certos pela Universidade de Washington — ela disse feliz, eles dois namoravam desde os catorze anos. — Será tão legal ir para a faculdade com ele.

— Vocês são um casal muito fofinho — provoquei minha amiga apertando a bochecha dela, Rosalie riu e afastou seu rosto.

Alguns minutos depois chegou nossa vez na bilheteria e vi Edward Cullen lá dentro.

— Edward, oi! — exclamei surpresa de vê-lo ali.

— Oi, Bella! — ele falou e sorriu para mim.

— Não sabia que você estava trabalhando aqui.

— Não é algo pra ficar se gabando — disse e acenou para Rosalie. — Oi, Rosalie.

— Olá! — Ela acenou de volta.

— Quais ingressos vocês vão querer? — perguntou.

— Quatro para a montanha-russa. — Entreguei o dinheiro para ele. — É meu brinquedo favorito.

— Também é o meu. — Edward emitiu os ingressos e me entregou com o troco. — Se você ainda estiver por aqui de noite, quando meu turno acabar, podemos ir nela juntos por minha conta. — Seus olhos verdes se fixaram nos meus e vi como eles pareciam brilhar. — É ainda mais divertido no escuro.

Sua fala me fez corar, eu assenti e murmurei algo meio desconexo.

— Claro, noite, escuro. — Rosalie riu e me arrastou de lá antes que eu ficasse ainda mais envergonhada.

— Ele quer te beijar — ela falou quando já estávamos longe.

— O quê? Não, claro que não! — Balancei a cabeça em negação, Edward era muito legal e descolado para gostar de mim, uma simples líder de torcida sem graça. Ele era o garoto da cidade grande, que andava de moto, escutava músicas de rock de décadas passadas e já tinha viajado até para o Japão.

Rosalie bufou.

— Claro que quer, Isabella!

Ele queria mesmo? Pensei, mas mudei de assunto com minha amiga.

— Vamos logo para a montanha-russa!

Nós ficamos por horas no parque de diversões e quando chegou a hora de Emmett — o motorista do dia — ir embora, eu acabei dizendo que iria ficar.

— Como vai voltar para casa? — perguntou confuso, Rosalie soltou uma risadinha provocativa.

— Ela vai conseguir carona com o Cullen.

Emmett ficou visivelmente confuso e indagou:

— Cullen? Mas ele não tem tipo uns 40 anos?

Rosalie riu alto.

— Não tô falando do Jasper Cullen o dono do bar, que deve ter uns 30, sim do irmão mais novo dele o Edward, ele tá trabalhando aqui na bilheteria.

— Ah! — Emmett exclamou. — Por isso a Bella foi comprar todos os ingressos?

— Por isso mesmo — Rose respondeu, eu resmunguei.

— Ok, tchau para vocês! — exclamei.

Os dois riram, mas Angela que estava séria perguntou:

— Vai mesmo ficar com aquele garoto, Bella? Ele tem cara de quem usa drogas!

Rosalie riu novamente e balançou a cabeça em negação.

— Que preconceituoso da sua parte, Angela. Não é porque ele tem cabelo bagunçado, usa roupas pretas e tem uma moto que isso significa que ele é usuário de drogas. Agora vamos nessa, deixa a Bella aí se divertindo com o Edward. — Segurou na mão da nossa amiga e a arrastou para fora do parque, Emmett acenou e seguiu com elas.

Já estava escurecendo, eu andei até a bilheteria e entrei novamente na fila. Edward ainda estava lá e pela milésima vez naquele dia sorriu para mim.

— Olá, qual brinquedo agora?

— Montanha-Russa. — Sorri e corei tanto que deveria estar vermelha da cor de um tomate. — Mas não vou pagar, você me prometeu uma volta por sua conta. Estou certa?

— Muito certa, meu turno acaba em dez minutos, me espera perto da montanha-russa?

Descida

Mike foi me buscar em casa no sábado, ele estava animado que eu finalmente iria conhecer o resto da sua família. Estávamos namorando desde meados de setembro e até ali só conhecia seus pais.

— Você está muito linda hoje, Bella — ele falou e abriu a porta do seu carro para mim. — Azul é a sua cor.

— Obrigada — agradeci e respondi. — Escolhi esse vestido porque ele é da cor dos seus olhos. — Isso era uma verdade.

Meu namorado tocou em meu rosto e beijou meus lábios por um segundo. Em seguida entrei no carro, Mike logo estava entrando também, e dirigindo para sua casa.

Pedi licença e liguei o rádio, deixei em uma estação qualquer quando ouvi Katy Perry tocando. Mike começou a me contar mais sobre sua família, me fazendo rir quando contou a história dos primos que viviam brigando por um vaso de flores que pertenceu ao avô dos dois.

Eu me sentia bem, animada em estar indo para uma noite especial com meu namorado. Porém, fui atingida por uma onda de nostalgia quando começou a tocar Crazy do Aerosmith na rádio, parecia uma piada que aquela canção estivesse tocando entre tantas atuais, justamente a música que tocou quando Edward e eu nos beijamos pela primeira vez.

Subida

Edward apareceu sete minutos depois, já com roupas que não eram seu uniforme verde e preto do parque. Em seus pés os inseparáveis coturnos pretos, calça jeans azul escura com rasgos na altura do joelho e uma caveira bordada no bolso esquerdo e para completar seu visual uma camiseta do Green Day, eu curtia algumas das músicas da banda.

— Demorei? — perguntou ao parar na minha frente.

— Na verdade você chegou três minutos adiantado — comentei, ele riu e assentiu.

— Meu substituto chegou mais cedo e pedi pra sair logo. — Ergueu a mão e mostrou vários ingressos, contei pelo menos 10, e nem todos eram para a montanha-russa. — Você tem hora para estar em casa?

— Você pode me deixar lá? Perdi minha carona.

— Claro que posso. — Guardou os ingressos no bolso de sua calça, ficando apenas com dois em mãos.

— Excelente, então posso chegar lá pela meia-noite — respondi contente.

— Sendo assim, vamos começar pela montanha-russa e depois ir em outros brinquedos. — Ele indicou a fila do brinquedo, que estava gigantesca, suspeitei de que Edward pudesse nos fazer passar na frente se falasse com o operador do brinquedo que trabalhava ali, já tinha visto outros funcionários furando fila, mas também suspeitei de que enfrentar a fila longa nos daria mais tempo juntos. — Madame! — Indicou o caminho, sorri e segui na frente para o final da fila. — Aproveitando o verão?

— Foi um bom dia... Ou melhor, está sendo um bom dia — respondi e mais uma vez corei. — Acho que o verão de 2010 será bem legal.

— Espero que sim — ele disse e afastou uma mecha de cabelo meu para trás do meu ombro, isso fez meu corpo esquentar em reação e não por conta de ser verão e ser uma noite quente.

— Hum, como foi vir trabalhar aqui? — Andamos um pouco quando a fila se moveu.

— Nada muito especial, meu irmão insistiu para eu arranjar um trabalho de verão para melhorar meu currículo para as universidades e aqui estou.

Graças aos fofoqueiros de plantão da escola eu sabia que os pais de Edward atuaram como médicos em Chicago por anos antes de falecerem e deixaram uma grande herança para ele e o irmão. Então, ele estar trabalhando no verão, em um parque de diversões, deveria mesmo ser apenas para melhorar a forma como as universidades o veriam.

— Tem quais universidades em mente? — perguntei.

— Estou em duvida entre Berkeley e a Northwestern. Seria legal ir para Berkeley e ficar perto do meu irmão, mas eu também sinto falta de Illinois e Northwestern foi onde meus pais se formaram.

— Também pensa em ser médico como eles? — perguntei.

Isso não era uma pergunta de perseguidora, nos conhecíamos há vários meses, fizemos projetos de biologia juntos e até estive na casa dele para o aniversário do seu irmão indo junto com minha irmã, sabia que os pais de Edward foram médicos, um cardiologista e uma pediatra. Ele também já tinha me contado que os dois faleceram em um acidente de carro, e que não estava junto com os pais aquele dia.

— Não, mas algo dentro da área da saúde, quero muito ser enfermeiro.

A resposta me pegou de surpresa.

— Sério?

— É. — Ele riu e passou a mão por seus cabelos. — Não parece muito minha cara? Estava esperando que eu virasse um motoqueiro profissional ou um músico? — Brincou, eu também ri e me vi concordando.

— Pra falar a verdade? Sim. Mas não um músico, você foi um desastre naquelas aulas de música da escola.

Ele fez uma careta.

— Nem me lembre disso, toda vez que deito para dormir sou assombrado pela senhora Biers falando que eu nunca mais deveria chegar perto de um teclado.

— Quem estava lá também é assombrado por aquela versão apavorante de My Immortal — pontuei e isso o fez rir de novo, também o fez cutucar meu ombro.

— Não seja má.

— Estou sendo bem boazinha. — Pisquei para ele, mas claro que também corei, meu corpo me traindo naquele quesito.

Aquela altura já tínhamos andado um bom pedaço na fila, o que me deixou triste com receio de que logo a noite no parque fosse acabar. Entretanto, me lembrei de todos aqueles ingressos que ele ainda tinha e que segundo o toque de recolher estabelecido por meus pais eu só precisava estar em casa à meia-noite, como se fosse a Cinderela.

— Me conta, já tem ideia de qual será o seu diploma quando acabar a faculdade? — Edward me perguntou.

Mordi a ponta da minha língua, pensando na minha verdade e na verdade que eu contava para os outros. E por fim acabei contando a minha verdade, aquela que só minha irmã e Rose sabiam.

— Eu queria mesmo fazer uns cursos de fotografia, mas meus pais querem que eu curse administração como eles e que um dia siga os caminhos do papai na política.

Edward franziu o cenho.

— Isso não é legal, você deveria fazer o que quer, não o que esperam que faça.

Apenas dei de ombros.

— Provavelmente irei estudar em Berkeley — falei o distraindo do meu destino triste sendo levada a me formar em algo que não queria. — Meu pai se formou lá, eu já estou começando a trabalhar na minha carta de inscrição.

— No começo do verão?

— Vai levar tempo até ficar perfeita.

Ele não disse mais nada, porém logo chegamos ao final da fila e entramos na montanha russa. Edward me convenceu a subir no primeiro carrinho, alegando que seria mais divertido assim.

— Só posso estar maluca! — exclamei quando subimos lá.

— Qual é? Um pouco de aventura faz bem.

— Essa é minha segunda vez do dia na montanha-russa, tô bem aventureira hoje.

— Acho que a vez comigo será ainda melhor — ele falou e beijou o canto da minha boca, isso fez com que eu me arrepiasse toda. O meu coração também disparou, só que logo o brinquedo foi ligado e a adrenalina em meu corpo aumentou, ainda mais quando começou a tocar Crazy do Aerosmith.

Antes da primeira subida, Edward cobriu minha mão esquerda com a sua direita sobre a barra de segurança do carrinho. Em meio à tensão que a expectativa causava, eu sorri com aquele gesto.

Voltas e gritos depois, chegamos à última descida e antes do carrinho parar de vez, os lábios de Edward tocaram minha bochecha. Eu não dei tempo para meu corpo corar, nem nada disso, virei o rosto e busquei por sua boca com a minha.

Nós nos beijamos e quando nos afastamos, eu estava corada e toda sorridente. Ele também sorria, afagou meu rosto e disse:

— Eu falei que comigo seria melhor.

Ele estava certo, começamos a namorar naquele mesmo dia.

Descida

Detestava os compromissos que tinha de ir com meus pais, eram chatos e intermináveis. Algumas vezes inveja Tanya, minha irmã, por ter se afastado dos nossos pais e toda a pressão que vinha com eles por conta de serem o prefeito e a primeira-dama.

Porém, eu lembrava de como ela também sofria por eles terem se distanciado quando ela anunciou que era lésbica e estava namorando Heidi. Foi um grande caos já que ambos eram bem preconceituosos, Tanya sempre que perguntava para mim sobre eles ficava com uma expressão desolada no rosto.

— Você poderia sorrir? — Renée, minha mãe, indagou ao se aproximar de mim.

Eu estava sentada sozinha em uma mesa do grande salão da mansão onde rolava o almoço daquele domingo.

— Posso ir para casa? Estou com dor de cabeça. — Era uma mentira, eu não estava com nenhuma dor, apenas exausta daquela chatice toda.

— Não pode, sei que você está mentindo sobre a dor de cabeça — declarou. — Coloque um sorriso no rosto e vá falar com as pessoas! — ordenou antes de se afastar e ir bater mais papo com nossa anfitriã.

Suspirei e olhei ao redor, pensando em alguém minimamente aceitável para conversar. Foi quando vi Edward entrando no salão, com uniforme de garçom e carregando uma bandeja com canapés.

Parecia uma piada do universo ele aparecer ali, uma piada que fez meu coração disparar. Seu olhar cruzou com o meu, Edward sustentou ele por um tempo e até deu um rápido sorriso para mim, que não consegui retribuir, antes de ir servir as pessoas, mas nunca chegando perto de onde eu estava.

Quis correr até ele, arrancar aquela bandeja de suas mãos e beijá-lo. Mas, eu não era corajosa assim.

Tinha um namorado, não poderia trair Mike daquela forma. Além do mais, as coisas entre Edward e eu ficaram bem caóticas até que resultaram em nosso término no final de agosto. E meus pais foram os que mais comemoraram quando o namoro acabou, já que eles não viam Edward como uma boa influência.

Meus olhos se encheram de lágrimas, então corri para o banheiro indo chorar em paz.

Subida

Charlie e Renée Swan, os meus pais, não gostaram de Edward. Primeiro porque eu sempre acabava passando do horário de estar em casa quando saia com ele, segundo porque Edward era irmão do sócio de Heidi — e eles detestavam a mulher por acharem que ela tinha desvirtuado minha irmã —, terceiro porque meu namorado nem conseguiu chegar na hora certa quando inventei de chamá-lo para um jantar lá em casa para apresentá-lo aos meus pais.

— Você está quase uma hora atrasado! — eu reclamei ao abrir a porta, Edward fez uma cara de profunda tristeza.

— Foi mal, eu tive um problema com minha moto e não conseguia te ligar porque esqueci de pagar a conta do meu celular.

Balancei a cabeça em negação, sem acreditar naquilo.

— Olá! — meu pai apareceu na porta, parando ao meu lado. — Você deve ser o famoso Edward Cullen. — Charlie com certeza não estava nada feliz, mas eu tinha implorado para ele ser legal com Edward e meu pai estava se esforçando para ser o mínimo simpático que conseguia.

— Eu mesmo, senhor Swan. — Edward estendeu a mão para um cumprimento. — Me desculpe pelo atraso, tive problemas com minha moto.

— Ah, você tem uma moto? Que legal! — meu pai debochou e olhou bem para as roupas de Edward, gesticulando para uma mancha do que parecia graxa nas barras de sua calça jeans. — Poderia ter gastado mais uns minutos trocando de roupa e vestido algo limpo.

Edward engoliu em seco, eu rapidamente mudei de assunto mandando ele entrar e o levando para conhecer minha mãe. Ela também comentou sobre a calça manchada de Edward, mas não demorou nisso e insistiu que fossemos comer logo.

O jantar foi silencioso, cortado apenas por rápidas perguntas feitas por meus pais para Edward.

Como seus pais faleceram? Você pretende ir para qual faculdade? Ainda está trabalhando no parque?

Edward as respondia com o máximo de educação possível, sempre mantendo uma expressão tranquila no rosto e eu estava me convencendo de que isso faria meus pais gostarem um pouquinho dele. No entanto, tudo desandou quando meu pai falou:

— Espero que um dia Isabella siga meus passos na política, case com alguém ideal e não me decepcione como a irmã dela decepcionou com toda aquela merda de ser professora e ainda se dizer lésbica.

— Não sei porque vocês se importam tanto com quem Tanya está ou não namorando — Edward resmungou em um tom de voz baixo, mas claro que meus pais ouviram e ficaram irritados na hora.

Eu paralisei, Tanya adorava Edward, e ele gostava dela, mas não esperava que ele fosse cutucar meus pais daquela forma, bem debaixo do teto dos dois.

— O que disse? — meu pai questionou.

— Apenas a verdade. — Edward deu de ombros. — Tanya é uma professora de história muito boa e namora alguém legal, não sei porque qualquer coisa assim os decepciona. E vocês não deveriam querer que Bella fizesse tudo para agradá-los, ela deveria tomar as próprias decisões. Já viram as fotos que a filha de vocês tira? São excelentes e ela quer trabalhar com isso, não se tornar uma política de merda.

— Chega! — meu pai gritou e bateu na mesa, fazendo com que eu sentisse o sangue em mim esfriar. — Não quero você mais na minha casa! — continuou gritando para Edward. — Vá embora agora, seu garotinho desaforado.

— Meu marido está certo, vá embora! — mamãe ordenou fazendo coro.

Edward se levantou, eu também fiquei de pé, segurando no braço dele, naquele instante comecei a chorar e implorar que todos se acalmassem. Mas meus pais continuavam mandando Edward ir embora e falando para mim que eu nunca mais o veria, por fim meu namorado me beijou e disse que nos falaríamos depois, também sussurrou em meu ouvido que me amava.

Era a primeira vez que um de nós dois falava em amor, deveria ter sido em outro momento, um calmo e apaixonante, não no meio daquele furacão. Então, ele foi embora e eu fiquei ali com meus pais furiosos.

— Você não namora mais esse merda. — Papai bateu de novo na mesa.

— Eu namoro quem quiser! — teimei, mamãe balançou a cabeça em reprovação.

— Vocês não vão me afastar do Edward, ou eu... — Me calei, sem querer continuar com a ameaça que surgiu em minha mente.

Era algo baixo, não poderia fazer isso.

— Ou você o que, Isabella? — papai questionou ainda falando muito alto. — Vai me entregar seu celular, notebook, ficará sem eles por um mês e não quero você nem olhando na direção desse babaca na escola.

Ele era um chato idiota ditador, foi por raiva dele que continuei minha ameaça.

— Faz isso e eu vou pro meio da rua gritar para todos que você por anos teve como amante sua ex-secretária!

Um golpe baixo, mas meu pai era ainda mais baixo por ter uma amante. Eu descobri no ano anterior, quando o ouvi discutindo sobre aquilo com minha mãe — que pouco parecia estar se importando em ser traída e estava mais preocupada em como os eleitores de Charlie iriam reagir se descobrissem sobre o caso dele —, aparentemente a amante queria que ele largasse Renée para ficar com ela, por isso estava ameaçando contar para todos sobre o caso deles.

Eu não sabia direito como aquela história tinha acabado, só tinha entrado no Facebook da mulher dias depois e vi fotos dela na Europa. Talvez meus pais tivessem subornado ela e a mandando se mudar para bem longe, poucos dias antes daquele jantar desastroso com Edward eu entrei de novo no perfil dela e a vi namorando um italiano.

— Vá já para seu quarto, Isabella — meu pai ordenou.

Não debati mais, corri para meu quarto e lá liguei para Edward várias vezes. Vinte minutos depois ele finalmente me atendeu.

— Como você está? — perguntou.

— Você não poderia ter ficado na sua? — questionei irritada.

— Eu estava te defendendo, lutando por seu direito de fazer o que realmente quer, Bella.

— Não pedi para você ser um príncipe encantado lutando por mim, Edward.

Ele bufou.

— Não acredito que está com raiva de mim.

— Claro que estou, você destruiu o jantar.

— Seus pais idiotas destruíram.

— Eles também têm a culpa deles, mas foi você quem chegou atrasado, sujo de graxa e ainda os desafiou. Era só escutar as merdas deles quieto...

— Ah, quer que eu faça o que você faz? Seja totalmente submisso aos caprichos do prefeito e da primeira-dama? Sinto muito, mas não fui criado para ser assim.

— Eu não sou submissa de nada, só não quero ficar discutindo com meus pais. Quer saber, não quero mais falar com você agora! — gritei e desliguei o aparelho, joguei o celular na cama e fiquei ali chorando por horas.

Até que não aguentei mais, liguei o celular de novo e vi várias ligações perdidas de Edward. Disquei o número dele e fui atendida no primeiro toque.

— Como você está? — ele perguntou outra vez, daquela com culpa soando em sua voz.

— Cansada. — Funguei. — E tão triste, queria que tivesse sido um jantar perfeito.

— Sinto muito, Bella — murmurou. — Podemos esperar a poeira baixar e marcar outro jantar, que tal?

— Não sei se meus pais vão querer olhar na sua cara tão cedo — falei e acabamos rindo juntos daquilo. — Você disse que me amava?

— Disse, eu realmente te amo, Bella.

Isso me fez suspirar apaixonadamente.

— Eu também amo você, Edward.

— Vai ficar tudo bem, ok? Vamos superar todos esses conflitos — ele prometeu. — Te amo muito, quero só ser feliz ao seu lado.

Descida

Eu não gostava muito de dirigir, então quando Mike conseguia me buscar em casa para a escola era sempre muito bom. No horário combinado, nem um minuto a menos, nem um minuto a mais, ele parou seu carro diante minha casa na segunda de manhã.

Como sempre fazia, abriu a porta para eu entrar, durante o caminho até a escola percebeu que queria ficar quietinha e não ficou puxando assunto, respeitando meu espaço. Eu ainda estava pensando no almoço do dia anterior, como foi uma tortura com Edward ali tão perto e sem poder falar com ele.

Ao voltar para casa naquele domingo, meu pai disse que estava feliz por eu não ter conversado com o Cullen. Em pensamentos xinguei papai de todos os palavrões que conhecia, ele era um idiota.

— Meus pais querem que você jante lá em casa hoje — falei para Mike quando ele colocou seu carro na vaga que mais gostava no estacionamento da escola.

Aos poucos conhecia mais dele, o que era esperado já que estávamos namorando há quase um mês.

— Eu posso confirmar com você às cinco? — perguntou. — Preciso ver com meus pais se por eles tudo bem eu não jantar em casa hoje — falou.

Mike era filho dos donos de uma loja de artigos esportivos na cidade, minha mãe e a dele eram amigas há muito tempo por conta do clube do livro que participavam juntas, mas até eu começar a namorar o jogador nunca dei muita atenção para ele.

— Claro.

— Beleza. — Mike sorriu. — Eu te ligo às cinco para confirmar.

Concordei com um aceno de cabeça e vi a moto de Edward passar pela gente no estacionamento, para distrair minha mente beijei Mike, gritando com meu coração para ele se apaixonar pelo Newton. Porém, isso não parecia estar dando certo.

Depois do beijo, deixamos o carro de Mike, seguindo para o prédio da escola fazendo planos para nossas fantasias de Halloween. Não tínhamos aulas juntos naquele dia, ele seguiu para a sua de matemática e fui para a minha de história, onde minha irmã mais velha era a professora.

Tanya era uma ótima professora, mas também não aliviava meu lado só por ser sua irmã, o que me levou a descobrir só quando entrei na sala que teríamos prova surpresa aquele dia.

— Fui péssima — reclamei no final da aula, quando todos já tinham ido embora.

— Pode recuperar a nota na próxima prova.

— Que será quando? Você sempre surge com essas provas surpresas. — Ajustei a alça da mochila em meu ombro.

— Sabe que não posso falar. — Sorriu para mim, os cabelos dela eram naturalmente castanhos como os meus, mas ela os pintava de loiros há alguns anos, os olhos dela eram azuis como os da nossa mãe. — Você está bem?

— Não muito e você?

— Não muito — confessou.

— O que rolou?

Ela suspirou.

— Heidi e eu não estamos na mesma página — contou. — Eu tenho pensado em casar e ter filhos, nada muito concreto em minha mente ainda, mas ela não quer ter filhos, não sei bem o que fazer. Amo ela, mas a cada dia quero mais ser mãe.

— Você poderia me adotar. — Suspirei, ela riu um pouco.

— Você ainda sente falta do Edward, não é?

Apenas assenti, minha irmã me conhecia muito bem.

— Por que não volta com ele?

Eu resmunguei.

— Sabe que não é assim, eu amava muito ele e era muito bom, mas a gente discutia sempre, fora a pressão do papai e da mamãe para que eu terminasse com Edward.

— Talvez eu te adote mesmo para livrar você das garras dos nossos pais.

— Tanto faz, preciso ir para a próxima aula.

A abracei rapidamente e saí da sala, no corredor vi Edward conversando com um dos amigos dele. Parecia muito feliz, mas parou de sorrir quando me viu, apressei o passo sem querer olhar mais para o rosto dele sabendo que não poderia tocar.

Mike foi jantar em minha casa, o jantar foi maravilhoso como sempre era com ele lá na casa dos Swan, sendo charmoso e cativante. Meus pais o adoravam, ele conversava sobre negócios com meu pai e era chamado de filho por minha mãe.

— Escolhemos nossas fantasias para o Halloween, vamos de piratas — contou para meus pais. — Amanhã iremos ao shopping comprar tudo. — Mike beijou meu rosto e eu sorri, me sentindo animada com o Halloween se aproximando e a ideia das fantasias em conjunto, seria a primeira vez que faria isso.

O resto do jantar foi excelente e no final dele, meu pai foi mostrar sua coleção de carrinhos para Mike no escritório dele e mamãe disse para mim.

— Mike é um bom garoto.

Ele era, eu sabia. Só que eu não o amava, meu coração ainda batia alucinadamente por outro.

Subida

O aniversário de Jasper aconteceu no meio do verão, Alice, a namorada dele, organizou um luau para comemorar. Eu não tinha terminado com Edward depois daquele primeiro e último jantar dele com meus pais, mas os dois ainda não me queriam com ele e ficavam insistindo para eu terminar com o Cullen, como reduziram meu toque de recolher para onze da noite, sendo assim para conseguir curtir a festa do meu cunhado coloquei Rosalie e a mãe dela, que parecia ter o espírito de uma adolescente também, no meu plano e ela falaram com Renée que iria dormir na casa delas naquele sábado.

A verdade era que depois da festa eu iria para o apartamento que minha irmã morava, onde meus pais também não queriam me ver. Mas nada daquilo me importava no momento, eu estava em uma festa legal, com gente mais velha e ao lado do namorado que amava.

 — Vocês ficam tão fofinhos juntos — Tanya disse para Edward e eu, nós estávamos perto da mesa de bebidas nos servindo com refrigerante. Eu não queria beber algo com álcool e acabar passando mal e ele, contrariando sua pose de bad boy, detestava qualquer bebida alcoólica.

— E você já não bebeu demais? — questionei minha irmã que pegou outra cerveja.

— Estou bem — alegou. — E não se preocupa, Heidi não tá bebendo e vai ser ela quem irá dirigir para casa.

— Ok — concordei, minha irmã se afastou dançando. — Alice é uma ótima decoradora — comentei olhando ao redor, ela tinha organizado a festa em sua casa e estávamos todos do lado de fora, até a piscina estava decorada.

— Ela deixou meu irmão doido com os detalhes da festa. — Edward moveu meus cabelos para longe de meu pescoço e deu um beijo ali, isso fez meu corpo pegar fogo, aquela altura minhas bochechas deveriam estar extremamente vermelhas.

Virei meu rosto e nossas bocas se encontraram, as mãos dele seguraram com firmeza em minha cintura, uma estava descendo até minha bunda quando sentimos a primeira gota. Em poucos segundos a gritaria começou e as gotas aumentaram, estava chovendo, uma chuva totalmente inesperada.

— Não acredito nisso. — Edward se afastou rindo, eu ri também, mas segurei sua mão e o puxei para dentro da casa.

A maioria dos convidados já tinham entrado, Alice estava lamentando o ocorrido, mas Jasper não parecia abalado por isso, ainda muito animado. Eles dois conseguiram toalhas para todos, a festa não acabou, tinham conseguido salvar boa parte das comidas e bebidas, então a confraternização continuou do lado de dentro.

Um grupo grande, incluindo a mim, estava jogando Quem Sou Eu? Edward não quis participar, estava em um canto da sala rindo para algo em seu celular, quando minha vez passou fui até ele e perguntei:

— Ei, tudo bem? Você não quer mesmo jogar?

— Não — negou e olhou para mim. — Estou de boa, você está vencendo?

— Acho que ninguém está contando os pontos — murmurei. — O que está fazendo aí? — Apontei para seu celular.

Era um dos meus defeitos, ser extremamente ciumenta. Dias antes tínhamos brigado porque vi ele batendo papo em um post no Facebook com uma garota que frequentou a mesma escola que ele em Chicago, Edward dizia que ela era só uma amiga, mas a menina, uma tal de Irina, falava com ele tão animada e colocando corações nas respostas para os comentários dele.

A conversa era algo como...

Edward Cullen: Nossa, sinto falta de Chicago.

Irina Denali: Também sentimos sua falta aqui, Edward.

E aí ela colocava pelo menos uns cinco emojis de coração para completar o que escrevia.

— Apenas conversando com o pessoal de Chicago.

— Hum — sussurrei, profundamente incomodada. — Você sente muita falta de Chicago, né?

Edward suspirou.

— Bella, já tivemos essa discussão antes, eu sentir falta de Chicago não significa que não goste de você.

— Claro — falei e cruzei os braços na frente do corpo. — Está falando com Irina também?

Ele xingou baixinho e guardou o celular no bolso da sua calça.

— Já te falei que Irina e eu somos apenas amigos.

— Vai me dizer que ela e você nunca ficaram mesmo? Fala a verdade — exigi.

— Tá, Bella, que seja. — Ele se levantou. — Irina e eu ficamos em uma festa quando tínhamos uns quinze anos, já faz séculos, isso é tudo. Hoje somos só amigos, satisfeita?

— Não, porque dias atrás quando te fiz a mesma pergunta você não me contou a verdade — choraminguei.

— Bella, foi só um beijo! — disse exasperado, não parei pra ouvir mais nada, não quando comecei a chorar pra valer. Estávamos perto da porta de saída da casa e fui até lá, tinha esquecido da chuva por um instante, mas não liguei de acabar me molhando de novo, precisava de um segundo só para chorar. — Eu não preciso te dar uma relação de todas as garotas com quem já fiquei. — Edward apareceu ali.

— Que se dane, não precisa falar mais nada! — gritei e tentei limpar meu rosto, sujo de chuva, maquiagem e lágrimas.

— Por que você é tão ciumenta? Não te dou motivos para isso.

— Não dá? Me deixou jogando sozinha para ficar num canto batendo papo com Irina, ela que deve ser o motivo de você sentir saudades de Chicago.

— Puta merda, eu estava falando com vários amigos de lá, não só com ela. E já que estamos falando de ciúmes, vamos conversar sobre o seu amiguinho Emmett! — gritou.

— O quê? Do que está falando?

— Do que estou falando? Ontem você estava toda cheia de abracinhos com ele na praia.

Eu ri e balancei a cabeça.

— Me poupa, Edward — exigi. — Sou amiga do Emmett desde que éramos crianças, ele é meu vizinho, crescemos juntos e se você não lembra ele é namorado da Rosalie. Não tenho nada com ele, nunca tive. Mas você não liga pra isso, né? Ontem na praia com meus amigos ficou de cara amarrada o tempo todo, não se esforça nada para gostar deles.

— Perdão, mas sou obrigado a gostar dos seus amigos? Eles são chatos. Tem a invejosa Jessica, a Angela que olha pra mim como se eu fosse um bandido ou qualquer merda assim, o Emmett que fica toda hora te tocando e a Rosalie...

— Não abra a porra da sua boca pra falar da Rosalie, ela está nesse momento me dando cobertura pra estar aqui com você.

— Ah sim, porque você não tem coragem de enfrentar seus pais. E vou falar da Rosalie sim, ela é uma chata que só sabe falar da aparência dela e daquela chatice da equipe de torcida, em plenas férias, ninguém liga pro grupo de líderes de torcida.

— Bom saber, já que eu sou uma líder de torcida!

— Chega, estou molhado e agora com dor de cabeça. — Apontou para o céu. — Não vou ficar aqui fora discutindo com você às duas da manhã no meio da chuva.

— Pode entrar, tenho certeza de que Irina está em cólicas esperando uma resposta sua. Detesto você, Edward Cullen — falei aos prantos.

Edward esbravejou e se aproximou, segurando meu rosto entre suas mãos.

— Eu não gosto de nenhuma outra garota, só de você, Isabella! — Seu rosto e cabelos estavam molhados e de alguma forma ele pareceu muito sexy assim. — Consegue entender isso?

Respondi com um beijo, regado a lágrimas e chuva.

Descida

Todos estavam se divertindo, menos eu. Kate McNamara tinha uma tradição de sediar uma grande festa de Halloween todos os anos para os alunos da escola, aproveitando que seus pais sempre viajavam na época, a casa dela enchia e rolava de tudo, bebidas, pegação e até drogas para alguns.

Eu decidi beber aquela noite, buscando algo que me deixasse mais animadinha, mas nem isso estava surtindo efeito. Mike, que não curtia muito beber, nem as festas de Kate, mas me acompanhou aquele ano por saber que ela era minha colega da equipe de torcida, também tinha negociado com meus pais mais tempo para eu ficar fora de casa.

Graças ao jeitinho de Mike, eles permitiram que eu ficasse a noite toda fora, só deveria estar em casa antes de amanhecer e em segurança. Claro que meu namorado e eu também tínhamos abrandado como as festas de Kate eram loucas e meus pais não sabiam que eram assim tão malucas.

— Aposto que Mike e Bella irão vencer o concurso de melhor fantasia — Jessica proclamou enquanto fumava um cigarro de maconha.

Eu forcei um sorriso, Mike beijou minha bochecha, estava muito animado, diferente de mim. Eu também achava que ele não conseguia perceber que meu sorriso era falso, ou sequer desconfiava de como meu coração estava quebrado, fazendo com que não sentisse nada.

Estava cansada de tudo, ter meus pais me pressionando para um futuro que não queria, a distância que eles colocaram entre nossa família e minha irmã, ter acabado em um namoro com alguém que não gostava de verdade e estar longe de quem amava. Minha vida era patética, eu era patética.

— Ei! — Emmett apareceu na cozinha onde estávamos, com Rosalie atrás dele balançando o corpo ao som da música da Lady Gaga que tocava. — Vamos jogar verdade ou desafio.

Eu não queria jogar nada, mas acabei no meio da rodinha que formamos ali. Quando chegou a minha vez, Jessica perguntou:

— Verdade ou desafio, Bella?

— Verdade — respondi e bebi um pouco da vodca com refrigerante em meu copo.

— Qual a coisa mais louca que você já fez?

Eu sorri, não tinha dúvidas quanto aquilo.

— Pilotei uma moto — respondi.

A de Edward, um dia ele me ensinou a pilotar sua amada moto. Foi uma loucura, me senti selvagem e livre como meu namorado da época parecia ser. Entretanto, meu sorriso morreu quando lembrei que depois daquilo tivemos outra briga, porque eu tinha que correr e ir para um jantar chato e que não queria ir com meus pais.

Rosalie, que estava ao meu lado, afagou meu braço antes de bater as mãos e exigir a próxima rodada. Algum tempo depois, eu novamente me vi escolhendo verdade para uma pergunta de Jessica.

— Diz pra gente. — Ela soltou uma risadinha provocativa. — Você é virgem, Isabella?

Subida

Era um sábado quente de agosto, Edward estava de folga do parque e eu o encontrei de manhã na praia. Nós ficamos lá por algumas horas, nadando, beijando e conversando.

Fizemos planos para o próximo verão, eu queria conhecer a América do Sul com ele. Especialmente o Brasil, Rosalie já tinha viajado para lá e adorou o lugar, conheceu duas cidades e voltou encantada, insistiu que eu deveria ir um dia também.

Depois da praia, fomos para a casa de Edward. Jasper não estava lá, tinha saído para o bar cedo naquele dia, como vinha fazendo durante todo o verão, uma vez que a cidade estava lotada de turistas querendo curtir Santa Cruz.

Usei o banheiro do quarto de Edward primeiro, pensando que ele estava há uma porta de distância de mim e do meu corpo nu. Quando acabei o banho, corada por ter pensado algumas coisas que ele e eu poderíamos fazer, me vesti ali mesmo e saí do banheiro.

— Minha vez! — Edward me beijou rapidamente antes de entrar no banheiro.

Eu fiquei esperando por ele sentada em sua cama, observando os posters de bandas em suas paredes. Quando Edward saiu do banheiro estava vestindo apenas uma calça jeans, nada de camiseta, seu peito exposto para que pudesse apreciar.

— O que quer fazer pelo resto do dia? — perguntou sentando ao meu lado, repousando uma mão sobre minha coxa que também estava exposta já que eu usava um short curto.

Os cabelos dele ainda estavam molhados, parecendo mais escuros do que realmente eram, alguns fios caindo sobre sua testa. Toquei em seu rosto, bem devagar, sentindo sua pele quente sob meus dedos.

Edward sorriu quando meus dedos chegaram aos seus lábios. Sorri de volta, abaixei minha mão e o beijei. Acabamos deitados na cama, ele em cima de mim, nossas pernas entrelaçadas.

Afastei nossas bocas para falar:

— Quero transar com você, Edward.

— Tem certeza?

— Absoluta. — Sorri e voltei a beijá-lo, também me movi e comecei a abrir sua calça.

Estava pronta e decidida, queria que minha primeira vez fosse com ele. Sabia que não seria perfeita como nos filmes, mas só de ser com alguém que eu amava já seria bom demais.

— Amo você — Edward falou como se estivesse lendo meus pensamentos.

Edward foi incrível, cuidadoso e amoroso. Eu sabia que ele não era mais virgem, e isso de certa forma até me tranquilizou, um de nós dois sabia bem o que estava fazendo.

Depois que acabou, e a camisinha foi descartada, ficamos deitados na cama. Corpos suados e nus, unidos em um abraço. Meu rosto repousando sobre seu peito, sua mão em meus cabelos, a outra unida a minha.

— Vamos para Illinois assim que nos formarmos — ele falou depois de um tempo de silêncio. — Eu tenho o dinheiro que herdei dos meus pais, é o suficiente para comprar um apartamento lá, pagar minha faculdade e cursos de fotografia para você.

Franzi o cenho sem entender, ele queria me sustentar?

— Assim você não vai precisar depender mais dos seus pais, muito menos se tornar uma política como eles querem.

Eu me movi, desfazendo o abraço. Ele sorriu para mim e beijou minha mão.

— O que acha? Vamos para Illinois? Antes disso, podemos ir viajar para a América do Sul como estávamos conversando. Não vou te deixar faltar nada, Bella.

— Quer que eu deixe de ser dependente dos meus pais e passe a ser dependente de você? — perguntei, ele suspirou e sentou também.

— Você tá me entendendo errado, tô falando que vou te ajudar com seus sonhos, não que quero te sustentar e te manter em casa limpando e cozinhando pra mim. Tenho dinheiro, posso te dar essa força e assim você pode finalmente dar as costas para seus pais e nunca mais olhar na cara deles.

— Eu não quero dar as costas para meus pais — murmurei. — Sei que eles são complicados, mas ainda são meus pais, Edward.

— Eles são uns idiotas de merda, Bella. Não falam mais com sua irmã, querem te colocar em uma caixinha...

— Ainda são meus pais! — teimei. — Todo mundo tem problema com os pais.

— Como vai ser, Bella? — questionou.

— Do que está falando?

— Nosso futuro. Seus pais me detestam, como será isso a longo prazo? Se um dia a gente se casar eles não vão comparecer? Ou vão, mas nem irão falar comigo? E como fica seu futuro profissional? Vai mesmo entrar para a política? Irá se filiar ao partido republicano como seu pai? E eu que com certeza não compactuo com esse partido terei que ser o namorado, noivo, sei lá, de uma republicana?

— Sei lá, Edward. — Saí da cama, peguei minhas roupas e comecei a me vestir. — Eu ainda tenho 16, não sei como será meu futuro, tá?

— Sabe sim! — teimou e levantou da cama também, pegou sua cueca e a vestiu. — Se continuar deixando seus pais mandarem em você irá acabar seguindo os planos deles para seu futuro.

— Eu não obedeço tudo que eles dizem, por meus pais já tinha terminado com você e aqui estamos — resmunguei.

— Eles são horríveis... Bella, aceita minha proposta, assim que a gente se formar vamos sair daqui, ir para bem longe deles.

— Eles são meus pais! — gritei.

Sabia bem quão complicados eles eram, mas não queria simplesmente excluir os dois da minha vida para sempre.

— Você deveria entender o que sinto, Edward — falei começando a chorar. — Perdeu seus pais, sabe como é não ter mais eles em sua vida, eu não quero perder os meus.

Ele riu debochadamente.

— Meus pais não eram nada como os seus, pode apostar.

— É mesmo? Que pena para mim! — voltei a gritar. — Uma pena para você também que perdeu seus pais, mas eu não sou a porra de uma órfã e não vou tirar Charlie e Renée da minha vida.

— É, realmente uma pena para mim que sou a porra de um órfão — falou irritado, com um brilho de raiva em seus olhos. — Queria que eles estivessem vivos, queria nunca ter vindo morar nessa cidade e nunca te conhecido. Porque me apaixonei por uma garota que não consegue ter força para definir o próprio futuro.

— Você é um idiota!

— Eu sou o idiota?

— É sim, estragou tudo. — Calcei meus sapatos. — O nosso dia, minha primeira vez, nosso namoro. — Chorei tão alto que cheguei a soluçar. — Você se acha perfeitinho por não ser um pau mandado da sua família como eu sou? Mas e o que acabou de me propor? Me tornar sua dependente, até quando isso iria funcionar? Vai que de volta ao seu estado, perto de Chicago, acabasse reencontrando Irina e me largasse por ela? O que eu ia fazer sem dinheiro, sem o apoio dos meus pais na porra de um lugar longe da minha cidade natal?

— Estou cansado dessas brigas, Isabella.

— Jura? Finalmente concordamos com algo. — Abri a porta do quarto para sair. — Essa será a última — declarei. — Acaba aqui nosso namoro, não me procura mais, Edward.

Deixei o quarto dele, batendo a porta. Segui em direção à saída da casa, quando já estava lá fora olhei para trás, mas Edward não estava indo atrás de mim.

Eu me senti em uma descida na montanha-russa, como se nem a barra de proteção estivesse ali para me segurar. Naquele instante duvidei que fosse ter outra subida para mim, minha vida parecia uma grande bosta.

Descida

Jessica sabia que eu não era mais virgem, eu tinha contado sobre o dia que Edward terminamos para minhas amigas, o que a incluía. Ela realmente estava fazendo aquela pergunta para provocar, mas eu não estava dando a mínima para nada.

— Mentira, não sou virgem.

Algumas pessoas da roda começaram a rir e também a tirar barato com a cara de Mike, falando que ele tinha finalmente perdido a virgindade. Ele, eu sabia, era virgem.

— Não transei com o Mike — falei para todos ouvirem. Talvez, só talvez, eu estivesse bêbada.

Mais risadinhas e mais piadas com Mike.

— Isabella!? — ele chamou minha atenção, eu ignorei e bebi o resto do líquido em meu copo antes de roubar o de Rosalie e bebê-lo também. — Para de beber. — Mike segurou meu braço, eu me soltei dele.

— Você não manda em mim, ninguém manda! — gritei.

— Você perdeu a noção — falou entre dentes, segurando minha cintura e me afastando dos outros. — Precisava falar sobre não ser mais virgem? Ou dizer que nunca transamos? Virei motivo de piada.

— Pouco me importa — comecei a chorar, estava tão cansada dele e de me esforçar para gostar de alguém que não mexia com meu coração de verdade. — Eu não sou virgem! — gritei para todos ouvirem, olhei para a rodinha de verdade e desafio, tirando Rose e Emmett todos estavam rindo, mas isso ficou em segundo plano quando vi Edward entrar na cozinha. — Foi com ele. — Apontei para meu ex-namorado, que estava muito sério e fantasiado de mágico. — Perdi a virgindade com Edward Cullen e não Mike Newton, satisfeitos?

Um silêncio sepulcral tomou conta do lugar, me voltei para Mike e falei.

— Acabou, não quero mais ser sua namorada, cansei de tentar fazer isso funcionar.

Devolvi o copo para Rosalie e comecei a andar para fora da cozinha, passando por Edward, nossos braços se esbarrando, mas não parei para o olhar mais. Andei até estar fora da casa de Kate, pensando em como iria voltar para minha própria casa.

— Bella? — Olhei para trás e vi Edward, comecei a chorar, ele se aproximou e tentou me abraçar, mas não permiti.

— Não, eu não quero voltar com você.

— Me deixa te levar pra casa.

— Não!

— Você está bêbada, será só uma carona.

— Edward, eu preciso ficar longe de você — sussurrei com os lábios tremendo devido ao choro. — Não por conta dos meus pais, se você está pensando nisso, mas por conta de mim. Era bom quando estávamos juntos, mas também era tão complicado, tinha tanta discussão, não quero mais isso. Como também não quero a monotonia que senti com Mike. — Suspirei. — Quero ficar sozinha, serei minha melhor companhia agora.

— Ok, entendo, mas você ainda está bêbada e precisando de uma carona.

— Não se preocupe. — Rosalie e Emmett apareceram ali. — A gente leva ela pra casa.

— Tchau, Edward! — exclamei e segui com meus amigos até o carro de Emmett.

Eu não olhei para trás, me sentia despencando em uma montanha-russa muito rápida. Porém, sabia que nem só de descidas uma montanha-russa era feita, eu ia colocar tudo nos trilhos, iria reencontrar uma subida para minha vida e faria isso sozinha.

Subida

Cheguei ao aeroporto na hora certa e animada por tudo ter dado certo, era dia 12 de Junho de 2022 e eu finalmente iria viajar para conhecer o Brasil. Alguns anos antes tinha viajado com uma amiga para o Chile, mas foi o único país da América do Sul que conheci na ocasião.

Depois do Brasil, para onde estava viajando a trabalho, iria conhecer a Argentina e o Uruguai e já fazia planos de voltar no ano seguinte para conhecer os outros países vizinhos. No Brasil eu pousaria em São Paulo, de lá pegaria um voo para Campina Grande, onde iria fotografar o que eles chamavam de Festa Junina, eu estava sendo contratada para isso por um site americano de variedades, iria cobrir boa parte das festas que aconteceriam até final do mês. Renata Hayes iria ser a jornalista responsável pelo texto, mas ela já estava lá esperando por mim, tinha ido em um voo no dia anterior.

Já no avião, em meu lugar, mandei mensagens para Tanya e Rosalie avisando que eu estava quase partindo.

Bella: Tanya, já estou no avião, assim que chegar lá te aviso. Te amo, mande um beijo para Leah e meus sobrinhos.

Leah era a esposa dela, minha irmã tinha terminado com Heidi pouco tempo depois que terminei com Mike e um ano depois ela conheceu a nova professora de inglês da escola e as duas começaram a namorar. Juntas, ela e Leah adotaram dois filhos, um menino e uma menina, eles se chamavam Sean e Harper.

Tanya tinha sido meu braço direito quando decidi assumir as rédeas do meu futuro, começando por me abrigar em sua casa quando logo depois de me formar contrariei meus pais e deixei bem claro que não iria para Berkeley e que nem em sonhos entraria para a política. Eles viraram a cara para mim, como era esperado.

Eu comecei a trabalhar em todos lugares possíveis, como garçonete, recepcionista e o que mais surgisse e com o dinheiro que ganhava pagava cursos de fotografia. Em muitos momentos temi que a fotografia não fosse de fato para mim, mas persisti e acabei começando a trabalhar na área.

Me mudei para Los Angeles, cobri eventos e expandi meu nome. Cheguei a morar na Europa por cinco anos, depois voltei para os Estados Unidos e estava morando em New York, trabalhando principalmente como fotógrafa para jornais, revistas e sites, mas vez ou outra também cobria alguns casamentos junto a equipe que formei na cidade da costa leste.

Com o tempo acabei voltando a falar com meus pais, sentia a falta deles e os visitava de vez em quando. Entretanto, era tudo muito mecânico da parte deles, e me causavam muita revolta quando ainda insistiam em criticar Tanya, com ela os dois nunca voltaram a falar.

Pelo menos eu tinha minha irmã mais perto de mim, ela tinha se mudado com Leah e as crianças para Boston, o que já era mais próximo de New York do que Santa Cruz.

Bella: Roseeee, indo para o Brasil agora, espero ter uma folga para provar a bendita caipirinha!

Rose e Emmett tinham se casado e passado a lua de mel deles no Brasil, viajando pelas praias do nordeste do Brasil, que era a região para onde eu estava indo. Sendo assim, estava ansiosa para conhecer um pouquinho do que meus amigos já conheciam.

— Bella!? — Automaticamente ergui meu olhar, sem nem parar pra prestar atenção na voz, estava distraída com o celular. — Oi! — O homem sorriu para mim.

Porra, era Edward? Sim, claro que era ele, com toda certeza. Estava um pouco mais alto do que a última vez que o vi, na nossa formatura do colegial, usava uma camiseta com o logo do AC/DC, uma jaqueta jeans por cima, calças também jeans e em seus pés coturnos. Os cabelos bronze estavam mais curtos, ele tinha um brinco na orelha esquerda e a ponta de uma tatuagem aparecendo perto da gola de sua camiseta.

— Meu Deus, Edward! — Eu me levantei e o apertei em um abraço, o perfume dele não era mais o mesmo, mas ainda era muito cheiroso. E seus braços ao redor dos meus me fizeram sentir uma mistura de sentimentos, nostalgia e aquela ansiedade por estar conhecendo algo novo, ou naquele caso, algo que estava diferente.

— Caralho, nem acredito que topei com você em um voo — ele disse ainda me abraçando e beijou meu rosto demoradamente.

Eu adorei, meu coração bateu em disparada com aquele beijo e senti meu rosto corar.

— Um para o Brasil!

Ele riu e me soltou por fim.

— Pois é! — exclamou de volta para mim. — Você ainda cora.

Eu resmunguei, mas estava sorrindo.

— Ainda coro, é vergonhoso.

— Não, sempre foi algo muito seu e fofo. — Piscou de volta. — O que você está indo fazer no Brasil? Porra, tem quanto tempo que a gente não se vê?

— Desde a formatura.

— Não, acho que faz menos tempo. — Um cara passou por Edward reclamando que ele estava ocupando o corredor e o Cullen sentou na poltrona ao meu lado, mas que eu suspeitava não ser a dele, já que ele não tinha nenhuma mala em mãos. — Te vi por Santa Cruz uns anos atrás, acho que foi em 2015, eu estava passando uns dias do verão com Jasper lá.

—  Provavelmente foi quando Rosalie e Emmett casaram — falei, uma mulher ocupou a poltrona do corredor da minha fileira, Edward estava entre ela e eu, o meu lugar sendo junto à janela. — Mas não te vi, por que não falou comigo?

Edward fez uma careta.

— Achei que não fosse querer falar comigo, quando falei com você na formatura pediu pra eu não te procurar nunca mais.

Suspirei alto.

— Eu estava mesmo muito fechada na época da formatura, não queria correr o risco de voltar a... Sei lá, ser sua amiga e estragar meus planos.

Os planos que eram me descobrir, a verdadeira Isabella. Não a Isabella filha de ninguém, ou namorada de quem quer que fosse. E eu fiz isso, conquistando minha independência e meu futuro.

— E o que você fez depois da formatura? Segui sua ordem e não busquei por informações suas na internet, juro. — Isso me fez rir. — E como Heidi não estava mais com a Tanya não podia usar ela de informante, fora que eu voltei poucas vezes para Santa Cruz entre 2011 e 2015, depois em 2016 o Jasper mudou para Chicago e aí que nunca mais fui para a Califórnia.

Eu sabia que Edward tinha ido para a faculdade em Illinois, ele tinha contado que essa foi sua escolha para mim quando nos despedimos na formatura.

— Trabalhei pra caralho, paguei meus cursos de fotografia e virei uma fotógrafa profissional — contei orgulhosa de mim mesma. — Estou indo para o Brasil fotografar as festas juninas de Campina Grande, você conhece?

Ele riu e assentiu.

— Sim, meus amigos e eu estamos indo para lá. Miami e São Paulo são escalas para passagens mais baratas, vamos passar alguns dias viajando pelo Nordeste brasileiro. — Ele se moveu no banco e gesticulou para dois caras que estavam guardando malas algumas fileiras mais para a frente. — Aqueles dois ali, são Benjamin e Tyler, trabalhamos todos juntos em New York e finalmente conseguimos férias ao mesmo tempo.

— Como?

— Colegas de trabalho em New York...

— Você tá me dizendo que está morando em New York?

— Sim? Por quê? Eu moro lá vai fazer uns cinco anos no final de abril, estou trabalhando em dois hospitais do Brooklyn, é uma correria doida.

— Eu também estou morando em New York, mas em Manhattan.

— Tá brincando comigo? — Ele deu um grande sorriso.

— Não, é sério!

— Caralho, não acredito que a gente tá morando na mesma cidade e veio se esbarrar num avião em Miami e vamos ambos para Campina Grande, qual a probabilidade?

— Não faço ideia, eu também não era a melhor em matemática — respondi rindo.

— Por que você não voou de New York? Passagens mais baratas também?

— Não. — Ri mais um pouco. — Eu estava visitando alguns amigos em Miami, essa passagem tá sendo paga por quem me contratou.

— Ei, você está no meu lugar! — uma senhora, por volta dos seus 60 anos exclamou para Edward, ele suspirou e se levantou.

— Acho melhor voltar para meu lugar agora, Bella. Eu nem guardei minha mala, deixei meus amigos com essa missão, mas te vi e precisei vir aqui falar com você. Foi muito bom te ver.

— Foi bom te ver também — falei, chateada que ele e eu não iríamos voar lado a lado. — Espera, espera! — pedi antes de Edward se afastar mais e falei com a senhora. — Você pode trocar de lugar com ele? É que faz uns 11 anos que a gente não se fala, eu gostaria muito de colocar a conversa em dia com ele, senhora.

Ela bufou e questionou Edward, que parecia animado com a minha ideia.

— Qual seu lugar?

— Eu lhe mostro, senhora. — Ele perguntou se podia carregar a mala dela e a senhora praticamente a jogou em cima dele.

Edward a levou até lá na frente, conversou rapidamente com seus amigos e voltou para perto de mim com sua própria mala, que guardou no bagageiro.

— Pronto, resolvido! — Sentou na poltrona ao lado da minha, colocando o cinto.

— Seus amigos não ficaram chateados?

— Não, está tudo bem.

— Ótimo. — Apertei meu cinto também, já ficando pronta para a decolagem que logo mais aconteceria.

— Posso te roubar do trabalho qualquer dia desses lá no Brasil? — ele perguntou.

— Pode — respondi animada com aquilo.

Tinha sido uma montanha-russa desgovernada, o jeito que amei Edward no passado. Mas, muito tempo tinha se passado, ele e eu tínhamos envelhecido e com certeza amadurecido, poderíamos nos reaproximar.

Não podia afirmar se só como amigos ou outra coisa, não fazia ideia, mas estava feliz em ter ele na minha vida de novo.

Antes de decolar, o piloto do avião deu avisos e ainda informou:

— Dia 12 de Junho, para quem não sabe, é comemorado o Dia dos Namorados no Brasil. Espero que este seja um voo tranquilo para todos, vamos começar a subida em poucos minutos.

Edward e eu nos olhamos e sorrimos um para o outro, nossas mãos se encontraram. A excitação para a subida estava lá, eu tinha conhecido ela de diversas formas, com ele, sozinha, com outros caras e estava animada para saber o que aquele voo durante o Dia dos Namorados no Brasil nos reservava.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Beijão!
Lola Royal.
12.06.22