A Deusa da Morte escrita por Aline Lupin


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Bom dia pessoas, tudo bem com vocês?
Espero que sim.
Ah e se quiserem, escutem essa música: https://www.youtube.com/watch?v=n3nPiBai66M
Me lembra da essência de Emily e Adam =)



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Estou azarada - ela diz, entrando em casa com o casaco de Tristan em suas mãos.

Mikael franze a sobrancelha.

— O que houve? - ele pergunta.

Ela estava tremendo de frio e se aproxima da lareira da sala. Estava acesa. A casa era fria, mesmo no verão.

— Começou a chover na Picadilly - ela respondeu - Aqui não choveu?

Ele nega com a cabeça.

— Não, realmente não - ele diz, achando curioso aquilo - E como fez para vir para casa? Ouvi uma carruagem passando, ao lado da nossa casa.

— Um cavaleiro, senhor Harris, me deixou aqui - ela responde, parecendo desgostosa.

— Hum.

— E eu fiquei com o casaco dele, Mika. E quero que você o devolva para mim.

— Eu? - perguntou, incrédulo - Mas por que? E como raios vou saber onde mora esse tal de Harris?

Ela dá de ombros.

— Você é meu irmão e precisa cuidar de mim. E vamos descobrir com William. Ele deve saber onde esse cavaleiro reside.

Mikael riu.

— Sou obrigado a ser seu herói, pelo parentesco? Que horrível destino o meu – ele diz, irônico.

— Pare de zombar - ela ralha.

Mikael gargalha mais e Emily sai da sala, irritada, esquecendo o casaco em cima de uma cadeira. Sobe as escadas e vai para seu quarto. Troca de roupa e tenta secar seus cabelos com uma toalha. Suspira, pensando em Tristan. Aquele homem era estranho e parecia observa-la, como se estivesse a analisando. Como se estivesse vendo sua alma. Ela tenta não pensar nisso e arruma seus cabelos o melhor possível.

Os dias passam para ela e há mais preparativos para o casamento. Adam a busca para que ela conheça seus pais. Emily pergunta quem são, mas Adam diz ser uma surpresa. Ela acha estranha à atitude dele, mas se resigna em apenas esperar o momento chegar. Eles partem pela manhã, de carruagem, até a residência de Adam. Era um apartamento localizado em Mayfair. Ele nunca a levava lá, pois era uma residência de solteiro e não queria gerar boatos.

— E por que vamos encontra-los aqui e não na casa deles? – ela pergunta, enquanto a carruagem percorre o caminho.

— Por que eu prefiro assim – ele diz, sem fita-la. Parecia abatido – Eu deixei de morar com meus pais há algum tempo. Estudava em Oxford e quando me formei, voltei para Londres, para dar aulas de filosofia na universidade, mas houve alguns desentendimentos e preferi morar sozinho.

Ela queria perguntar mais, entender mais sobre ele, mas percebeu que Adam estava fechado quanto ao assunto e não parecia disposto a lhe dar qualquer resposta naquele momento. A carruagem parou em frente ao apartamento dele e ele a ajudou descer do veículo. Eles adentraram o edifício e tomaram o elevador. Adam estava taciturno e não dizia nada, o que incomodava sobremaneira Emily. Em frente ao apartamento, estava um cavaleiro e uma dama, de certa idade. Eles vestiam roupas finas e elegantes, denotando seu status na sociedade. Emily ficou nervosa, desejando que aquele casal não fosse os pais de Adam. Mas, infelizmente, quando o cavaleiro olhou para Emily, ela pode ver o rosto muito parecido de Adam, somente mais envelhecido. Os olhos deles eram verde floresta, parecidos com os de Adam. Os cabelos eram em um tom castanho, grisalhos pelo tempo. A dama tinha cabelos loiros e olhos azuis. Seu porte era elegante e também era parecido com Adam. Era a família dele, a família de aristocratas. Emily sentiu que iria perder o chão. Não queria ter relação com eles, não depois do que seu avô fez com sua mãe, ao tê-la deserdado. Queria dar meia volta e partir, mas permaneceu com o braço enganchando no de Adam.

— Mãe, pai – Adam diz, cortes – Essa é minha noiva, Emily Leblanc.

— Muito prazer, senhorita Leblanc – diz o pai de Adam, se aproximando.

Ele toma a mão dela e deposita um beijo. Emily estranha atitude do senhor, mas apenas força um sorriso.

— Muito prazer, senhor – ela diz.

— Nós estamos muito felizes por conhecê-la, senhorita Leblanc – a mãe de Adam diz, com sinceridade – Sempre quis que Adam se casasse, mas ele era tão arredio.

— Mãe, por favor – Adam pede, sem graça – Emily, meus pais são lorde e lady Derby. Você agora fara parte da nossa família.

Emily sente que vai perder o ar. Estava pálida.

— Querida, o que foi? – perguntou ele, vendo a expressão dela.

— Oh, eu deveria ter trazido meus sais – diz lady Derby, também ficando nervosa ao ver Emily daquele jeito.

— Acalme-se. Adam, por favor, abra a porta do seu apartamento – orienta lorde Derby.

Emily sentia que iria perder a consciência e é apoiada por lorde Derby. Adam abre a porta, com os dedos trêmulos e Derby guia Emily para dentro. Ele a deixa na sala, sentada no sofá.

— Traga um copo de água e misture açúcar, Adam – diz lady Derby. Ela se senta ao lado de Emily e toma a mão dela – Oh, querida, eu sinto muito. O que você está sentindo?

Emily não consegue responder. Está atordoada. Tem medo de dizer que não passa de alguém quase pobre, na ruína. Sente sua visão embaçar pelo nervosismo.

— Oh, querida. Que pergunta tola! É óbvio que a senhorita está mal – diz lorde Derby.

— Pare de grosseria, Charles. Não gosto do tom que está usando comigo – lady Derby repreende o marido.

—  Pfff... bobagem, querida. Eu não sou grosso, apenas sincero – ele se defende.

— Mãe, pai, por favor – diz Adam, saindo da cozinha e trazendo a água para Emily – Afastem-se de Emily. Estão a deixando mais nervosa com a conversa de vocês.

Lady Derby fita seu filho magoada, mas não solta a mão da nora. Adam senta ao lado de Emily e a faz beber a água. Emily toma, com avidez, respirando fundo.

— Meu amor – ele diz – O que houve?

— Eu... – ela tenta dizer, mas não encontra palavras – Adam, podemos conversar a sós, um instante?

Lorde e lady Derby assente e vão para cozinha. Estão curiosos para saber o que está acontecendo, mas são educados o suficiente para não dizer nada.

— Será que ela está grávida? – perguntou lady Derby, preocupada.

Ela analisa a cozinha do filho, com o nariz franzido. Era simples, com uma mesa, pia e armários. Desejava seu filho perto dela, no conforto da mansão deles, mas seria difícil mudar a mentalidade de Adam, que queria ser livre e se sustentar com seu salário de professor universitário. O apartamento era uma herança e ele não precisava se preocupar com alugueis, mas o rapaz não vivia no luxo que era acostumado.

— Oh, Leticia, que bobagem está dizendo – lorde Derby repreendeu a esposa – Meu filho é um cavaleiro, não faria isso com nenhuma dama.

Lady Derby dá uma risadinha.

— Mas, milorde fez isso comigo – ela diz, piscando para ele.

Eles se olham com cumplicidade e se esquecem do mundo. Enquanto isso, Adam tentava entender o que estava acontecendo com sua noiva.

— Emily, o que foi? Por que está tão mal?

— Adam, o que disse sobre mim aos seus pais? – perguntou ela.

— Ora, a verdade – ele respondeu, sem entender.

— Adam, você é filho de um conde e eu sou apenas, eu – ela tentou explicar.

— Você é única, Emily, uma joia rara – ele diz, tocando o rosto dela – É tudo que eu mais quero em minha vida. Meus pais não se importam com títulos e com bens materiais. São diferentes de todos os seus pares. Eles vão acolhê-la em nossa família com todo carinho.

Emily suspirou, um pouco mais aliviada. Quando soube que seus sogros eram da aristocracia, ficou muito assustada. Tinha medo de ser rechaçada. Assim como seu avô havia feito. Emily se recordava da sua visita feita a ele, quando seu pai morrerá. Não fora agradável, o homem era um poço de ganancia e maldade. Escorraçou-a, junto com Mikael da mansão dele. Era um segredo que não queria contar a ninguém, muito menos a sua pobre mãe.

— Adam, tente entender que para mim é difícil ter relações como essa, com pessoas de alto nível. Eu sou de classe média, compreende? E descobri algumas coisas...eu...

— Shh...não se preocupe, Emily – ele interrompe, acariciando seu rosto e depositando um beijo cálido em sua testa – Nada acontecerá de mal com você. Eu estarei aqui para protegê-la. E meus pais são muito bons, você verá.

Eles se abraçam e Emily sente a batida do coração dele. Então, lembra-se do seu sonho, em que o seu algoz a perseguia. Ela se lembrava do rosto de Adam e depois o rosto daquele homem odioso. Mas, comparando os dois, Adam lhe passava segurança, aquele homem lhe representava perigo. E certo vazio, como se tudo perto dele perdesse a vida.

E com tudo resolvido, lorde e lady Derby estavam encantados com Emily. Eles conversaram muito e lady Derby estava entusiasmada com o casamento. Falava sobre a organização da festa, o bolo que iriam escolher, o vestido, o penteado que ela usaria, as damas de honra, a orquestra que tocaria, sobre a escolha da igreja. Emily afundou no sofá, escutando ela tagarelar e era transportada para outro lugar, bem longe de fitas e babados de vestidos. Adam tomava um bourbon com seu pai, vendo aquela cena e não deixava de sorrir. Sentia-se o homem mais feliz do mundo e comentava isso com seu pai. Lorde Derby estava contente e faria tudo que estivesse ao seu alcance para ajudar o filho.

— E nós podemos escolher a igreja St. James, para seu casamento. Não é católica, é? – perguntou lady Derby.

— Não, milady, eu sou protestante, mas não prático...eu...

— Ah, querida, nada de milady. Apenas Leticia, por favor – ela corrigiu Emily – Afinal, somos da família. E não tem problema. Somente se fosse católica, seria muito errado faze-la se casar em uma igreja anglicana. Então, está resolvido, St. James será.

— Mãe, eu acho que deveria deixar Emily escolher onde ela quer se casar – aconselhou Adam, tentando segurar o riso.

— Filho, é uma batalha perdida. Quando sua mãe decide uma coisa, é difícil tira-lhe da cabeça – comentou lorde Derby.

— Charles, eu estou ouvindo e não gostei disso – lady Derby diz, irritada e se virá para sua nora, com um sorriso radiante – Querida, desculpe, eu nem perguntei o que você queria.

— O que milady... quero dizer, o você quiser, está perfeito – diz Emily, tentando transparecer entusiasmo.

— Perfeito! – lady Derby diz, segurando a mão de Emily – E, bem, temos que ver a lista de convidados. Eu sei que sua relação com lorde Severn e pensei em convidar, mas aquele homem é odioso. Ah, me desculpe – ela diz, mordendo os lábios – Eu sei que ele é seu avô, mas detesto-o.

Emily segura uma risada.

— Não tem problema. Nós não nos relacionamos com lorde Severn – ela diz, dando de ombros – E não gostaria de vê-lo, também. Mas, o que ele lhe fez para ter tanto ressentimento?

Lady Derby se aproximou de Emily, cochichando em seu ouvido:

— Esse homem, minha querida, é um pervertido. É isso que ele é. Antes de me casar com Charles, ele me encurralou em um baile. Estava nos jardins e ele tentou me beijar a força. Foi horrível. Mas, não conte a ninguém, por favor.

— Eu sinto muito, mi...Leticia. E como saiu disso?

— Bem – ela diz, piscando para Emily – Eu o acertei na virilha. Ele caiu feito patinho.

As duas riram. Lorde Derby, encostado janela ao lado de seu filho, tenta ouvir o que elas diziam, mas não conseguia.

— E depois, bem, ele foi cruel com sua mãe. Sabemos de toda a história – ela diz, em tom de lamento – Como pode abandonar a própria filha grávida?

Emily retesa.

— Como assim? Eu achei que ele tinha a deserdado apenas.

— Não é o que dizem, Emily – ela diz, apertando sua mão – Sua mãe não lhe contou?

Ela negou com a cabeça.

— Oh, que indelicadeza minha – lady Derby diz, arrependida – Eu falei demais. Esqueça isso, sim...vamos ver, precisamos pensar na lista de convidados...

— Por favor, mi...Leticia, me diga o que houve – insistiu Emily.

— Outro dia, minha querida, outro dia. Vamos ver essa lista agora – desconversou ela.

E assim passaram a tarde e Emily ficou mais confusa do que antes sobre sua própria história.

 


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