Escrito nas cinzas escrita por Catarina Pereira


Capítulo 1
Anima Reditus




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/806539/chapter/1

O Instituto de Los Angeles tinha uma rotina diferenciada, considerando que atualmente abrigava apenas uma criança não-marcada e, por isso, não tinha aulas de luta corporal, ou com armas. Helen, então, organizou o dia de seu irmãozinho de forma que ele pudesse viver uma vida de criança, com responsabilidades e com tempos livres para se desenvolver. Por isso, o dia começava com um café da manhã que ela mesma preparava e que ele odiava.

— Eu não vou comer fruta — Tavvy protestou. — Odeio fruta.

— Fruta é importante para você — ela respondeu, num tom definitivo e ao mesmo tempo carinhoso. Helen aprendeu a não se importar com as caras feias de Octavian desde que se tornou responsável por ele e precisou lidar com sua alimentação, afinal ela sabia que ele comeria o que fosse oferecido, mesmo que recusasse num primeiro momento. De qualquer forma, não desconsiderava que Octavian ainda era apenas uma criança de oito anos que havia passado por muitas coisas.

Tavvy bufou, colocando uma grande quantidade da salada de frutas na boca, o que fez com que ele mastigasse com muita dificuldade, na tentativa de chamar a atenção da irmã e, com sorte, livrar-se de comer coisas saudáveis. Helen fingiu não ter visto e seguiu comendo delicadamente.

— Bom dia! — Aline cumprimentou, parada na soleira da porta da cozinha. Ela caminhou até Helen, depositando um beijo na esposa e esticou o braço para bagunçar o cabelo de Tavvy. — Estou vendo que hoje estamos mais obedientes.

— Aparentemente — comentou Helen, com um sorriso discreto frente à ironia de Aline. — Já tomou café?

— Sim, e temos que estar bem prontas mesmo para começar o dia. Estava no escritório. Recebemos uma mensagem de Barnabas Hale —disse, erguendo as sobrancelhas, deixando claro a Helen que teriam problemas durante o dia.

Com a nova Clave, os diretores de institutos ficaram com a tarefa de aproximar-se dos membros do submundo de sua região. Ainda que Aline e Helen tivessem o trunfo de Helen ser meio-fada, os demais submundanos ainda as odiavam por elas fazerem parte da “raça sobre humana que pretende se colocar acima de tudo e todos”. Elas estavam, no entanto, tentando fazer com que ao menos tivessem uma boa convivência.

E nada melhor do que começar pelo Mercado das Sombras. Durante o dia, um local vazio, esquecido pelo tempo. Durante a noite, um mercado com os itens mais bizarros sendo vendidos em barracas, as quais eram comandadas por lobisomens, vampiros, fadas, feiticeiros e mundanos que possuíam a Visão. Helen e Aline vinham frequentando o lugar periodicamente e tentando chamar atenção de alguns mercadores, manter a boa vizinhança com eles e, quem sabe assim, abrir as portas do Mercado para um estreitamento de laços. O problema era que, definitivamente, Barnabas Hale não era dessas pessoas: era um feiticeiro bastante influente e ele desprezava Caçadores de Sombras.

— É exatamente o tipo de coisa que eu não esperaria receber. O que dizia a mensagem?

— Quer conversar conosco, pediu para que o encontrássemos mais tarde nessas coordenadas — ela se sentou e esticou a mão, oferecendo o pedaço de papel em que a mensagem havia sido cuidadosamente escrita, com uma caligrafia rebuscada. Helen o recebeu e leu.

— Não é um comportamento normal para Hale, não acha?

— Está pensando que não foi ele quem nos escreveu?

— Não é isso — ponderou Helen. — Para que ele tenha escrito pedindo para nos encontrar, algo de muito grave deve estar acontecendo. E nos últimos dias, temos recebido mais denúncias de atividade demoníaca que o normal. Algo está acontecendo, amor.

— Vamos resolver isso logo. Em que parte de LA fica esse lugar?

As tarefas de diretoria eram geralmente mais do mesmo. Aline e Helen contabilizavam gastos, registravam atividades demoníacas, planejavam atividades para Octavian, contavam estoque de armas, pediam produtos de limpeza e se preocupavam com compras de comida para o mês. Tudo isso além da diplomacia necessária com o submundo e como isso ia ao encontro de como elas pensavam politicamente. E essa era a melhor parte.

A Clave vinha de períodos sombrios, em que grupos de pessoas pensavam de maneiras opostas e isso causava discórdias e rupturas. Elas mesmas haviam sido vítimas do tipo de pensamento que separava os Nephilim: aquele que busca a pureza do sangue do Anjo e fazia com que os integrantes do Submundo se sentissem excluídos e acuados, considerando que todo Caçador de Sombras fosse um inimigo. Essa era a forma que a Tropa, a parte conservadora da Clave, funcionava. No entanto, havia o grupo do qual elas faziam parte, o que defendia e protegia integrantes do Submundo, considerando todos como seres merecedores de respeito.

O problema estava em convencê-los de que a Clave não era mais como antes. O problema seria, agora, convencer Barnabas Hale de que elas não eram como os Nephilim que ele conheceu e que provavelmente o colocaram em risco por ser um feiticeiro.

— Ele não parece ser o cara mais ostentador — Aline comentou ao aproximarem-se do local onde fora marcado o encontro. — Já vi feiticeiros com a vida menos humilde.

— Eu conheci a casa de Malcolm Fade e digo com certeza que existem feiticeiros mais preocupados com o luxo do que Hale — disse Helen, se aproximando do local. Era escuro e digno de um dos filmes de terror que Drusilla Blackthorn, a irmã mais nova de Helen, costumava assistir. No centro do terreno, um feitiço de disfarce ocultava uma casa em ruínas, com portas e janelas fechadas com tábuas e com talismãs enfeitiçados pendurados por todas as paredes. — Vamos bater.

A porta se abriu lentamente e uma voz rouca e arrastada soou do fundo do cômodo.

— Nephilim, venham.

Helen e Aline se entreolharam, direcionando as mãos para as lâminas amarradas ao cinto, e seguiram em frente. Uma coisa era proteger e respeitar o submundo, outra era cair em armadilhas. Um homem com olhos amarelos sentava-se em frente a uma mesa.

— Não costumo confiar em vocês — ele disse, — mas percebo o seu esforço em tentar parecer que há uma amizade entre os Nephilim e o Submundo.

— De fato deveria existir uma amizade, já que temos interesses em comum — Aline rebateu. — Diga por que nos chamou.

— Os Nephilim deixaram uma lacuna na proteção do Submundo e precisam resolver este problema.

Helen apertou a mão em volta do cabo da lâmina, como protesto por não concordar com o discurso.

— O que quer dizer?

— Eu sou feiticeiro, sei dizer quando meu povo está em perigo, Caçadora — ele se levantou, fitando Helen. — Eu imagino que tenham recebido os reportes de presença de demônios cada vez com maior frequência em torno do nosso Mercado.

— Recebemos.

— E, no entanto, não fizeram nada para investigar o que tem feito com que a presença deles aumentasse — Barnabas Hale elevou a voz, em tom acusatório.

— Tem algo a nos dizer, ou vai continuar despejando a sua ira sem fundamento? — provocou Aline.

O feiticeiro olhava furioso de uma para a outra, parecendo procurar as palavras certas para dizer cirurgicamente o que queria.

— Necromancia. Magia negra. É isso que tem feito mais demônios aparecerem. Vocês deveriam procurar mais.

— O que você sabe sobre isso, Hale? — questionou Helen. — Seja mais específico. Se estamos deixando passar coisas importantes, você pode nos avisar, não há problemas nisso.

— Como se eu não soubesse como o ego do seu povo funciona — Hale desdenhou. — No mercado vocês encontrarão mais informações. Só espero que cumpram com o combinado que vocês mesmos fizeram e protejam o povo do submundo tal qual protegem qualquer outro.

Aline tocou o braço de Helen, a fazendo relaxar. Parecia que Barnabas já tinha terminado de dizer o que precisava e era a deixa para que fossem embora.

— A propósito — ele continuou — não precisamos de vocês. Apenas não queremos que coloquem novamente a culpa de tudo que acontece de errado em cima de nós.

Helen soltou o cabo da adaga que trazia e virou as costas, puxando Aline com ela. Já fora do casarão em ruínas, comentou:

— Acha que ele está dizendo a verdade quando fala em necromancia?

— Vamos descobrir quando chegarmos no Mercado. O que está acontecendo estes tempos? Magia negra é a nova moda?

— Necromancy Fashion Week, como se fosse realmente algo bom — Helen respondeu, entrando na brincadeira. — Vamos pegar o metrô, vai ser mais rápido chegarmos.

As duas checaram as marcas antes de seguir em direção à linha mais próxima. Sabiam com quem conversar no Marcado das Sombras: normalmente, as fadas do lugar pareciam mais receptivas em conversar com elas do que o resto do povo do Submundo que perambulava pelo local. Por outro lado, nem sempre fadas poderiam ser boas fontes de informações, apesar de não poderem mentir. Manipulação da verdade era um dom entre elas.

Chegaram alguns minutos após o pôr-do-sol, o que indicava que o Mercado acabara de abrir. O movimento, no entanto, era grande em qualquer horário de funcionamento. Caras fechadas olhavam para elas, já que vinham uniformizadas, como definiram que seria melhor por ser uma missão. Além disso, aquela população deveria acostumar-se com a sua presença no Mercado, já que a intenção era normalizar a relação entre Nephilim e submundo.

Encaminharam-se para a barraca correspondente a uma fada que não costumava tratá-las mal, Helen à frente, seguida de perto por Aline. A fada, que se apresentava como Jeanyssa, usava um vestido de folhas verdes e mantinha a maioria do cabelo solto e com algumas tranças feitas, e cheirava e ervas frescas. Helen cumprimentou-a e ela se afastou, mas manteve-se com o olhar fixo nas Caçadoras de Sombras.

— Sabe de algo em relação ao aparecimento frequente de demônios pela redondeza?

— Senhorita — ela curvou-se, como se Helen tivesse um alto cargo na Corte Seelie. — Só o que sei é que eles aparecem por aqui e cometem crimes.

— Onde acontecem esses crimes?

— Existe um lugar onde os corpos são encontrados, senhorita. Posso levá-las até lá, embora eu não devesse.

Helen e Aline se entreolharam.

— Não devesse? — Aline se pronunciou.

— É um lugar de energia caótica. Nós lidamos com ele, mas a Clave tiraria nossos direitos se soubesse.

— Nós não somos a Clave — rebateu Helen. — Agora, onde fica esse lugar e o que tem de especial?

Jeanyssa saiu de trás da barraca, fechando uma cortina logo em seguida para indicar que estava fechada. Passou pelas Caçadoras e sinalizou que a seguissem.

— Há energia maldita, senhorita. Energia que somente feiticeiros poderosos poderiam utilizar e ao que parece alguém está por trás de tudo isso.

— O que mais você sabe sobre essa energia? — Aline arriscou, enquanto passavam em frente de barracas de lobisomens cheias de carne fresca e feiticeiros que proviam amuletos mágicos. Jeanyssa, no entanto, nada disse, e continuou caminhando.

Uma caverna podia ser vista no topo de uma colina perto do Mercado. A fada ultrapassou a entrada da caverna, colocando-se de lado a fim de deixar que a dupla de Caçadoras entrasse pela passagem também. Na parede oposta, palavras estavam escritas em uma provável língua demoníaca, acima de um altar manchado de sangue. Claramente, sinais de necromancia, Helen pensou.

Aproximando-se mais do altar enquanto Aline investigava o outro lado da caverna, ela percebeu instrumentos de tortura e peças mecânicas espalhadas pelo chão. Quem quer que estivesse praticando magia negra nesse lugar tinha mais planos do que usar a energia da morte para ressuscitar alguém.

Percebeu, ainda, que havia duas saídas prováveis: a que entraram e, ao fundo, um corredor que se estendia e, dele, Helen podia ouvir ruídos que poderiam indicar presença demoníaca.

— Jeanyssa, você deve ir — ela anunciou, sem se alongar nas explicações.

A fada se curvou novamente, se retirando do local. Helen olhou para Aline, indicando o corredor. Retirou uma lâmina serafim do cinto, bem como uma pedra de luz, e esperou que Aline chegasse até ela para então avançarem.

Os ruídos pareciam cada vez mais altos à medida que andavam. Uma luz, provavelmente de uma tocha, podia ser vista mais adiante, o que fez com que Helen apagasse sua luz e a guardasse.

 — Canael — sussurrou, ativando sua lâmina ao mesmo tempo que Aline ativou a dela.

Com cuidado, elas chegaram até uma nova clareira em meio à caverna. Sombras podiam ser vistas no lugar: meia dúzia de demônios de vários tipos pareciam estar guardando algo importante, uma vez que se movimentavam como uma escolta. Percebeu que Aline se moveu ao seu lado, sorrateira, provavelmente para ter uma melhor visão de onde se encontravam. O lugar cheirava a enxofre, cinzas e calor, e não havia mais nenhuma saída a partir daquela parte da caverna.

O ruído que tinha escutado desde a outra nave era ainda mais alto agora e Helen buscava saber de onde ele vinha. Avistou construções de sucata em meio aos demônios e, atrás deles havia celas. O barulho vinha dali, eram como lamentos, murmúrios tristes em sofrimento. Helen buscou Aline com o canto dos olhos, evitando mexer-se enquanto os demônios não percebiam sua presença. Aline estava a poucos metros dali, à beira de uma das grades observando em silêncio, quando um som repentino tocou e os demônios se jogaram em cima dela. Helen não teve tempo de pensar, apenas deixou que seu corpo agisse de forma que todo o treinamento que teve durante a vida a guiasse.

Ela atacou o demônio Shax, mais próximo, tentando abrir caminho até Aline. Na confusão de lâminas e garras, Helen não se preocupou em olhar o que realmente havia dentro das celas, apenas seguiu seus instintos até que o último dos demônios caísse e ela pudesse tocar Aline, conferindo se a esposa estava bem. Num acordo silencioso, resolveram sair o quanto antes do local, guardando apenas as informações na memória para, assim que chegassem de volta ao Instituto, pudesse relatar o mais fielmente possível ao Cônsul sobre o que viram.

Do lado de fora, elas pararam para aplicarem Iratzes uma na outra

— Eram máquinas.

Helen parou, olhando a esposa com confusão.

— Como disse?

— Eram máquinas atrás das grades. Várias delas, como humanos mecânicos.

Helen sentiu um arrepio ao se lembrar dos lamentos que ouvira. Era impossível que fossem máquinas emitindo murmúrios tão carregados de emoção.

— Tem certeza de que não eram corpos humanos?

— Não eram corpos humanos — Aline respondeu, finalizando a marca no braço de Helen. — Não havia nenhum humano além de nós duas ali.

— Isso é tudo muito estranho, amor. Eu tenho certeza de que ouvi vozes humanas.

— Temos que conversar com Magnus, ele saberá dizer como isso é possível.

Magnus Bane, o Alto Feiticeiro do Brooklyn e esposo do atual cônsul, Alec Lightwood, era acostumado a ajudar os Nephilim a desvendar mistérios relacionados a magia. Ao contrário de Barnabas Hale, Magnus era aliado dos Caçadores de Sombras e já havia estado ao lado de Aline e Helen em outra circunstância, investigando acontecimentos que colocavam o mundo todo em risco. Assim, elas contavam que ele saberia como ajuda-las.

— Talvez seja essa a energia que Jeanyssa se referiu. É realmente uma energia maldita — comentou Helen. — Eu ouvi sofrimento.

Aline olhou em seus olhos querendo confortá-la e afastá-la de todo esse mal.

— Vamos voltar para a casa. Assim estaremos seguras e pensaremos melhor.

 ***

— Me pega!

Todas as vezes que chegava de volta ao instituto, não importando quanto tempo ou para onde havia ido, Helen sempre era recebida das formas mais inusitadas pelo irmãozinho. Essa, porém, era a primeira vez que ele se jogava em cima dela do encosto do sofá, vestido como um Pokémon.

— Ok, Snorlax, você se comportou com a Diana enquanto estivemos fora? — perguntou carinhosamente.

— Eu comi, eu fiz minha lição e tomei banho.

— Muito bem — ela reforçou, dando um abraço na criança. — E está na hora de ir para a cama.

— Ah, não, você nem ficou comigo hoje!

Essa era a parte que mais teve dificuldades em se ajustar. Depois de passar cinco anos apenas na companhia da esposa nas Ilhas Wrangel, Helen simplesmente se esquecia que crianças precisavam de atenção de quem quer que fosse o seu cuidador. E ela era a cuidadora, deveria estar mais pendente de passar tempo de qualidade com Tavvy.

— Está bem, vou tomar um banho e vamos ler alguma coisa.

Helen lançou um olhar resignado a Aline, que respondeu com um sorriso, deixando claro que ela iniciaria a burocracia e que Helen poderia ir tranquila com Tavvy. Aline encaminhou-se ao escritório onde assuntos oficiais eram resolvidos, enquanto Helen passava pela biblioteca para buscar um dos livros que mais gostava na infância para ler com Tavvy e cuidar do irmãozinho.

Aline buscou os livros de registro dos últimos meses nos quais estavam descritos todos os ataques demoníacos da região que foram reportados. Era visível como os números haviam aumentado. Na última semana, no entanto, a quantidade havia triplicado. Somando-se a isso, ela havia encontrado uma das cartas de Alec, na qual ele avisava que um grupo de Nephilim desaparecera na costa leste do país e que Jace e Clary foram investigar, porém nenhum dos corpos foi encontrado. Apenas os escritos Anima Reditus foram deixados no lugar.

Era isso, ela pensou. Essas eram as palavras escritas dentro das celas, junto aos diversos corpos espalhados pela caverna. Anima Reditus. Aline apressou-se a escrever um relato o mais completo possível da missão, com a esperança de que Helen pudesse reler e completar com seus apontamentos. Ao terminar, ela o separou em cima da mesa do escritório e foi para a ala de dormitórios do Instituto.

Ao passar pelo corredor, viu, como sempre, a porta entreaberta do quarto de Tavvy. Abriu-a devagar, com cuidado para não acordar o cunhado. Helen estava deitada com ele, a sono solto, abraçada ao irmão com o cabelo em frente ao rosto. Aline se aproximou, tirando os fios claros da esposa para o lado e chamando-a suavemente.

— Vamos para a cama, amor. Vamos...

Helen se levantou e a acompanhou, sonolenta. Ao chegarem no quarto, não tiveram tempo de descnsar: uma mensagem de fogo apareceu para elas. Era Alec. Uma nova patrulha de Nephilim havia desaparecido.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Escrito nas cinzas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.