Isso simplesmente acontece escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 1
Capítulo único - Isso simplesmente acontece


Notas iniciais do capítulo

IMPORTANTE: Essa one-shot é continuação da minha one-shot "Vou seguir com você", que é continuação da one-shot "Vou seguir você para todos os lugares". Eu tive a ideia de escrever essa aqui depois de alguns comentários do leitor internacional "Shin_Jam", que perguntou se eu faria continuação. Inicialmente eu não pretendia fazer isso. Uma vez eu fiz isso com uma one-shot de Rogue One, inspirada pela música "The One That Got Away", de Katy Perry, na qual Diego Luna (Cassian Andor) participou do clipe. Na história Jyn e Cassian se reencontram em 3 encarnações diferentes, sendo a última como os próprios atores Felicity e Diego. Mas alguns leitores ficaram confusos e me pedindo pra explicar o que tava acontecendo. Mas aqui confesso que eu já tava com essa vontade, então esse leitor deu a sugestão. Obrigada! Aqui está a história. Vocês vão notar que eles não são literalmente nosso Andrew e nossa Emma, como é na one-shot de Rogue One, mas achei legal aproveitar o nome e aparência dos atores. Eu tenho estudado a espiritualidade há quase 3 anos, e há um pouco de verdade nessa história e na anterior. Nenhum de nós reencarna com a mesma aparência de antes, talvez parecida, mas deixei a mesma aqui pra vocês não se confundirem. Chequem a lista de personagens e elenco do filme pra entender quem é quem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/806522/chapter/1

Isso simplesmente acontece

De Dani Tsubasa

— E... Podemos planejar juntos? Se nós não nos encontrarmos mais? Se tudo der errado de novo? Eu ainda sou o Homem Aranha?

Gwen o beijou outra vez, descobrindo agora que essa era sua forma favorita de fazê-lo se acalmar ou calar a boca e escutá-la.

— Você não precisa mais ser o Homem Aranha, você já teve o suficiente disso, você já ajudou todas as pessoas que podia com isso, e já sofreu o suficiente. Nós podemos voltar juntos se quisermos. Você não deve lembrar ainda, mas essa não foi a primeira vez que vivemos juntos. Nossa conexão não foi à toa, Peter.

— Então podemos fazer tudo de novo? Ou quase tudo?

— Até como irmãos gêmeos se quisermos.

Ele sorriu.

— Eu não quero ser seu irmão, eu não posso.

Gwen riu.

— Eu também prefiro de outa forma. Quando você estiver pronto pra irmos embora, você vai ouvir falar sobre resgastes. Nós podemos fazer um.

— Resgate?

— Muita coisa nos atrapalhou aqui e nos desviou do nosso caminho juntos. Mas podemos recriar isso um dia. Em outra época, outro lugar, com outras aparências e nomes, mas ainda sendo nós mesmos, ainda mantendo nossa conexão. Vamos planejar algumas coisas, e vamos nos encontrar no caminho, nós vamos sentir um ao outro, vamos realizar tudo que não conseguimos aqui.

— Isso é mesmo possível?

Gwen assentiu.

— Mas se vamos esquecer de tudo, como...?

— Isso simplesmente acontece. Nossas almas não perdem as memórias...

******

                Andrew abriu os olhos abruptamente, encarando o teto e pensando no sonho que o acompanhava há tantos anos. Sentia profundamente que conhecia a lindíssima jovem loura, da qual nunca conseguia lembrar o nome quando acordava, e nem lembrar de como ela o chamava, mas sentia-se tão conectado a ela que parecia que tinham o mesmo coração batendo no peito. Às vezes ele tinha vontade de chorar quando despertava, porque doía acordar e não estar mais perto dela, a sensação de saudade era enorme e inexplicável. Por muito tempo, desde que esse sonho começou aos seus oito anos, ele o tinha escondido de todos. Não parecia importante dar importância a um sonho sem sentido. Mas agora, quase dez anos depois, ainda sonhando a mesma coisa, sem mudar nada, estava convencido de que havia algo para ser notado ali. Só não tinha ideia do que poderia ser.

                - Andy, querido, não quer se atrasar pra seu primeiro dia, não é? – Sua mãe, Sally, chamou do lado de fora do quarto, fazendo-o sentar-se na cama ao se lembrar.

                - Tô acordado. Já vou descer.

                - Certo. Venha logo comer alguma coisa.

                Levantando-se e verificando sua mochila mais uma vez, trocou de roupa rapidamente e arrumou o cabelo. Respirou fundo quando sentiu o coração palpitar, ainda sentindo com força o sonho que acabara de visita-lo mais uma de incontáveis vezes. Tinha falado sobre isso com Sally e Martin, seu pai, quando começou a achar o acontecimento repetido realmente estranho. Eles simplesmente acharam que poderia ser algo que ele assistiu na TV e ficou gravado em seu inconsciente, mesmo que não soubesse o que. Sua mãe, mais sensível, chegou a lhe dizer que talvez fosse uma memória perdida, de outra vida, que queria alertá-lo ou lembra-lo de alguma coisa, mas que nunca saberiam realmente, e que o melhor é que ele descobrisse o que sentia com isso, então talvez entendesse porque, e assim o sonho sumiria. Mas Andrew nunca conseguiu.

                Prendeu seu skate na mochila e saiu do quarto, descendo as escadas e encontrando seu pai sorridente o esperando no último degrau. Andrew sorriu de volta e aceitou o abraço dele.

                - Eu sei que você já cresceu, e não vamos te fazer passar vergonha te levando até a porta do colegial, mas me sinto tão emocionado hoje quanto no primeiro dia em que deixamos você na escola.

                Andrew riu.

                - Assim parece que o senhor não teve infância.

                Martin riu junto com o filho enquanto seguiam para a cozinha.

                - Tá pensativo... – Sally disse de repente, quando já estavam todos sentados e comendo juntos – Preocupado com o primeiro dia?

                - Não... É que... Eu tive aquele sonho de novo. E hoje pareceu muito, muito, muito real. Consigo ouvir a voz dela na minha cabeça até agora.

                - Filho, não esquenta com isso. Vai ver ela é seu anjo da guarda – Martin falou – E você precisa mesmo de uma proteção reforçada andando com esse skate pra todo lugar.

                Os três gargalharam.

                - Ah, mas eu nunca mais caí depois daquele vacilo que dei quando comecei a aprender.

                - Vacilo...? Pareceu mais uma missão suicida. Parecia até que você pensava que podia subir pelas paredes como aquele herói dos quadrinhos que vocês dois gostam. Qual é mesmo o nome dele?

                - Homem Aranha – Andrew e Martin responderam juntos.

                - Isso... É sério que tem pessoas que conseguem manobrar um skate daquele jeito?

                - Sim – Andrew lhe disse – Profissionais muito experientes. Mas eu não tinha noção disso aos dez anos de idade.

                - Bom, termine logo de comer pra não se atrasar. Nós vamos levar você antes de irmos pra o trabalho. Vamos chegar um pouco mais tarde hoje, então quando chegar esquente e coma o que tiver na geladeira, ou cozinhe, acho que você já aprendeu bem – seu pai lhe disse.

                Andrew assentiu.

                - Eu tinha que aprender. Alguém precisava descobrir o que a mamãe andava errando naqueles bolos de carnes.

                Martin gargalhou, fazendo o filho rir junto, e Sally dar um tapa irritado nos ombros dos dois antes de acabar rindo com eles.

******

                Andrew conseguiu chegar cedo, cedo demais até. Não havia ninguém no corredor quando ele parou para verificar sua sala num painel. A parte boa disso é que teria tempo de perambular um pouco pelo prédio e fazer um mapa mental de onde ficava cada coisa. O som de passos suaves ecoou no corredor vazio, provavelmente algum professor ou funcionário passando de novo. Mas surpreendeu-se ao olhar e ver uma garota caminhando em sua direção, parecendo verificar os itens de sua mochila enquanto caminhava.

Seus cabelos ondulados, que iam até um pouco abaixo dos ombros, pareciam fogo, brilhando lindamente ao redor de sua pele clara. E por algum motivo, ela parecia muito familiar. Foi quando ela devolveu a mochila às costas e ergueu o rosto para ver quem mais estava ali com ela que Andrew se sentiu fora de órbita. Seus olhos amendoados eram de um verde claro que parecia mudar de cor com a luz, como se alternasse entre o azul e o verde e simultaneamente misturasse as duas cores. Algumas sardas adornavam seu rosto maravilhosamente. E tinha certeza que ela era a coisa mais linda que ele já viu, mas, principalmente, era ela. O anjo com quem tinha sonhado sua vida inteira. Seus cabelos não eram dourados como no sonho, mas era ela.

Respirou fundo outra vez, começando a ficar nervoso e sentindo o coração acelerar quando ela também o encarou com um pequeno sorriso no canto de seus lábios.

— Oi – ela disse.

A mesma voz. Andrew sorriu de volta, sem saber exatamente porque.

— Oi – respondeu, sua voz quase sumindo, estando meio presa com as emoções inexplicáveis que sentiu.

— Você tá bem? Nervoso com o primeiro dia?

— Talvez...

— Qual o seu nome?

— Meu nome...

Ela riu suavemente, mas não debochando dele.

— Você sabe seu nome?

— Andrew.

— O meu é Emily.

— É lindo.

— Obrigada. Você é daqui mesmo?

— Sim, agora sim... Eu nasci em Los Angeles. Mas meus pais se mudaram pra Oxford quando eu tinha três anos.

— Eu também não sou daqui. Nasci em Scottsdale. Quando eu tinha quatro anos meus pais vieram pra cá. Você tem irmãos?

— Não. Sou só eu. Você?

— Eu tenho um irmãozinho. Jacob. Ele tem dez anos.

Andrew assentiu, sem conseguir tirar o leve sorriso que surgira em seu rosto.

— Já sabe qual é sua sala?

— Não. É o que pretendo descobrir aqui.

— Essa Emily é você? – Ele perguntou apontando um nome na lista.

A ruiva se aproximou para ler, e vê-la de tão perto quase o fez se perder de novo nas lembranças de seus sonhos.

— Sim, sou eu. Vamos estudar juntos – ela sorriu – Ei... Você tá bem? – Perguntou com uma voz tão doce que quase o fez chorar.

Andrew fez menção de falar, mas ela o abraçou, o deixando sem ação por um instante. E como se tivesse essa vontade programada em seu DNA, ele a abraçou de volta, sem ter certeza de porque. Não era dele abraçar pessoas que acabara de conhecer. Mas parecia tão certo, tão fácil, era como a sensação de estar em casa, como se tivessem feito isso a vida toda, como se tivessem nascido para se encaixar um no outro.

A tristeza atingiu seu peito quando ela o soltou, mas ele podia sobreviver, desde que isso se repetisse o quanto antes entre eles, e trabalharia para isso. Céus, o que ele estava sentindo?!

— Você me acharia louca se eu dissesse que acho que já te vi antes?

— Sério? Eu não disse isso quando você chegou porque pensei que eu ia parecer doido.

— Isso o que?

— Que também acho que já nos vimos.

— Gosta das Spice Girls? Já foi a algum show delas? Podemos ter nos visto lá.

— Elas são legais, mas nunca fui a um show.

— Sério?! Vou te convidar pra o próximo. Nossa... Acabamos de nos conhecer e tô te fazendo um convite. Você realmente deve me achar louca agora.

Andrew riu junto com ela.

— Nem um pouco. E o convite tá aceito. Se seus pais não se importarem de você ir comigo.

— Se você andar na linha vão gostar de você.

— Vou me esforçar.

Eles sorriram um para o outro, mesmo sem entender de onde vinha o que estavam sentindo, mesmo que ainda fosse muito cedo para dizerem que sonhavam constantemente um com o outro desde a infância.

De repente o corredor começou a ficar mais movimentado, e alunos começaram a ir e vir, se misturando a funcionários e professores. Os dois tiveram que se afastar do painel para dar espaço para outros estudantes, e caminharam juntos na direção de onde devia ficar sua sala de aula. O tour de Andrew pela escola poderia ser feito depois, e quem sabe com companhia?

Os dois entraram na sala, checando mais uma vez a lista presa ao lado da porta, e descobrindo que sentariam lado a lado numa das fileiras. Alguns alunos já estavam ali, ouvindo música com fones de ouvido, verificando materiais, ou cochilando debruçados em suas mesas enquanto o horário não começava. Se acomodaram em seus lugares quando outro adolescente, alto e com cabelo raspado entrou, verificando a lista e seguindo para seu lugar, mas parando no meio do caminho quando seu olhar encontrou Andrew.

— Andy? – Ele sorriu.

— Chris?! Não achei que fosse te ver de novo tão rápido.

— E aí, cara? – Ele perguntou, seguindo até Andrew para apertar sua mão – Eu sou Chris Zylka, velho amigo de Andrew – disse estendo a mão para Emily, que sorriu e o cumprimentou de volta.

— Sou Emily Stone.

— Nome bonito.

— Obrigada.

Chris seguiu para se acomodar em seu lugar, e os dois se olharam de novo. Andrew queria lhe contar, queria muito. Mas era cedo. Ela realmente podia achá-lo maluco com isso. Mas encontraria seu jeito de esperar.

******

— Eu prefiro essa – Emily falou, se referindo à série de quadrinhos What if, do Homem Aranha – Ele é um herói incrível, mas sofre tanto às vezes... Eu sei que a vida real também é assim, mas... Às vezes tem um limite no que conseguimos aguentar.

Andrew ficou pensativo, sentindo o peso das palavras dela, e o quanto faziam sentido para ele. Abraçou a namorada, sentada entre suas pernas enquanto os dois liam a HQ em sua cama, no quarto dele.

— Eu acho isso também. Essa é a melhor. Eu não entendo porque esses roteiristas têm tanta obsessão pela morte. Já temos demais disso na vida real.

— Eu concordo.

Ficaram num silêncio confortável por alguns instantes, até Emily quebrá-lo novamente.

— O que você me disse ontem... É sério?

Ele assentiu.

— Eu queria te contar desde que nos conhecemos há três anos.

— Devia ter me dito.

— Você ia me achar maluco.

— Isso não seria um problema. Porque eu também sonho com você desde sempre.

Andrew arregalou os olhos.

— Não achei que você ia acreditar. Achei que talvez você pensasse que eu tava tirando sarro do que me contou. Passei a noite toda pensando nisso.

— Em... Por que eu não acreditaria?

— Não sei... Meus pais sempre acharam que eram apenas sonhos, ainda que achassem curioso se repetir tanto. Eu nunca contei pra alguém além deles. Nem Jacob sabe disso.

— Ficou sem dormir por causa disso?

— Um pouco.

— Devia ter me ligado.

— E te acordado às quatro da manhã?

— Não me importo. Como é seu sonho?

Ela deixou a HQ de lado, e se virou para ele, apoiando-se em seu abraço.

— Exatamente o mesmo que o seu. Embora eu não tenha a menor ideia do que o Homem Aranha pode ter a ver conosco. E porque meu cabelo sempre é louro nesse sonho. Mas você... Quase não tem diferença.

— Nem eu. Mas não somos irmãos. Eu gosto disso – falou sorrindo.

— Eu também – Emily retribuiu o sorriso antes de receber os lábios dele nos seus e ambos fecharem os olhos.

******

Eles estavam na celebração de halloween da faculdade, no ano seguinte ao que começaram a estudar lá, quando Peter pediu licença aos alunos que estavam conduzindo a festa no palco para que ele pudesse usar o microfone por alguns instantes. Pediu pela música Rooftop Kiss, de James Horner, e subiu ao centro do palco com sua fantasia de Homem Aranha, certificando-se de Chris estar filmando com o celular, porque sabia que seus pais desejariam ver aquilo depois. Removeu sua máscara e respirou fundo, tentando controlar o nervosismo e seu coração disparado quando Chris e sua namorada sorriram para ele e lhe deram um aceno de cabeça para encorajá-lo.

— Bem... Pessoal, me desculpem interromper a festa desse jeito. Eu sei que estamos chegando ao fim da noite, mas eu preciso fazer isso agora antes que eu tenha um ataque cardíaco.

Todos se viraram para olhar para ele, e a maioria das vozes conversando silenciou. Emily o olhou de forma divertida e interrogativa. Ela estava usando máscara, mas ele sabia disso porque ela cruzou os braços e inclinou a cabeça para o lado, parada a sua frente na pista de dança, indescritivelmente linda em sua fantasia de Aranha Fantasma.

— Nós ainda somos muito jovens – ele começou – Quase todos nós aqui, embora eu esteja falando por mim. E tem muita coisa pra acontecer ainda no futuro. Mas tem algumas que já são tão certas que eu não quero esperar tanto. Eu não vou ser clichê fazendo uma longa narrativa da nossa história desde que nos conhecemos, mesmo porque a música acabaria antes disso e ainda temos que aproveitar o fim da festa.

Todos os presentes riram, e Emily tirou o capuz e a máscara para olhá-lo diretamente, uma expressão curiosa e alegre brincando em seu rosto. Isso fez seus cabelos se soltarem e caírem como uma cascata ruiva ao redor de seu lindo rosto.

— Então eu vou direto ao ponto – Andrew continuou.

Um dos colegas em cima do palco lhe entregou a caixa de veludo azul marinho que estava segurando, e Andrew se ajoelhou, encarando a namorada profundamente. A expressão de Emily ficou surpresa, e ela até arregalou um pouco os olhos, seus braços se descruzando e caindo sem força para as laterais de seu corpo. Seu peito subiu quando ela deu uma respiração profunda e o encarou de volta, absorvendo o que estava para acontecer.

— Emily Stone, você quer se casar comigo? – Ele perguntou, abrindo a caixinha e exibindo dois anéis dourados, simples, mas ainda belos.

O salão explodiu em gritos de comemoração e emoção quando ela respirou fundo mais uma vez, seus olhos verdes se encheram de lágrimas e ela sorriu, assentindo e se apressando até o palco para beijá-lo, sendo a altura do patamar suficiente para que suas alturas ficassem niveladas com ele ajoelhado e ela em pé. Andrew fechou a caixa e a abraçou, levantando-se e puxando-a para cima do palco junto com ele, onde continuaram se beijando enquanto as notas finais da música tocavam na caixa de som e seus colegas ainda os parabenizavam.

Trocaram um sorriso e abriram os zíperes para remover uma das luvas e colocarem o anel nas mãos um do outro, agradecendo aos colegas e descendo do palco quanto a música voltou ao normal e a festa continuou. Levou algum tempo enquanto recebiam abraços e felicitações de vários amigos, começando por Chris, até conseguirem ficar sozinhos num canto do salão. Emily o enlaçou pelo pescoço quando seus braços a envolveram pela cintura.

— Eu ainda não acredito que você fez isso. Há quanto tempo você tava planejando me pedir?

— Acho que desde que comecei a sonhar com você.

Ela riu.

— Mas comprei os anéis mês passado. Faz algumas semanas que decidi que eu queria fazer isso hoje.

— Seus pais sabiam?

— Sim.

— E os meus?

— Não. Eles não fariam isso com você, no mínimo iam soltar alguma dica. Eu queria sigilo total.

Ele sorriu ao ver a noiva gargalhar.

— Quando eu decidi te pedir... Eu não sei explicar... Parecia tão certo. Sabe aquelas coisas que você sempre soube que faria a vida toda mesmo sem entender porque? Eu me senti assim.

— Me sinto assim agora.

— Então... O que você acha de um primeiro beijo como noiva?

Emily sorriu.

— Acho que você já falou o suficiente.

Andrew sorriu e a beijou profundamente quando ela colou os lábios nos dele.

******

— Ei... Como você se sente? – Andrew perguntou baixinho, fazendo-a abrir os olhos de seu cochilo.

— Um pouco menos exausta.

Ele respondeu com um beijo em sua têmpora.

— Cadê todo mundo?

— Foram pra casa. Voltam pra nos ver depois. Você acabou dormindo e apagou por três horas.

— Mas pareceram poucos minutos.

— Você passou muito tempo fazendo força e precisando de uma concentração mental enorme – lembrou enquanto brincava com seus fios ruivos entre os dedos.

— E nossos bebês?

— Mais apagados que você – falou com um sorriso enorme, indicando os bercinhos transparentes onde Peter e Gwen dormiam ao lado da cama.

Emily riu baixinho, e seus olhos brilharam enquanto olhava para os filhos. Tão pequenos e fofos, enrolados cuidadosamente em cueiros pelas enfermeiras, e dormindo como anjos. E ela mal podia esperar para segurá-los e amamentá-los novamente.

— Não foi um sonho.

Os gêmeos tinham nascido bem e saudáveis, sem complicações. Peter nasceu primeiro, com cabelos castanho claros e os olhos azuis dos dois avôs. Gwen tinha cabelos dourados como o tio e a avó materna, e os mesmos olhos verdes encantadores de sua mãe.

— É... Nem parece que já faz seis horas que eles chegaram nesse mundo – Andrew voltou a falar, levando a mão da esposa aos lábios para beijar seus dedos.

— Quando você me pediu em casamento há sete anos... Imaginou que um dia estaríamos assim?

— Eu não me sentia tão paternal quanto nos últimos anos e agora, mas tinha certeza que é com você que eu queria viver isso. E ganhamos dois de uma única vez. Hoje é o melhor dia da minha vida.

Emily virou o rosto para encarar o marido, e levou a mão livre do soro a sua bochecha, acariciando a pele com o polegar enquanto ele cobria sua mão com a dele e virava o rosto para beijar a palma, antes de se inclinar par alcançar seus lábios, depois sentando-se na beirada da cama, ainda olhando para ela.

— Eu te amo tanto.

— Eu também te amo – Emily respondeu, ganhado outro beijo, agora muito mais longo, e acompanhado de um carinho em sua bochecha.

— Acha mesmo que o que nós vimos naquela sessão de regressão era real? Sei que já faz um ano. É que... Lembrei de repente.

— Considerando o quão surpreso o terapeuta parecia, sim. Quem ia imaginar que um século atrás realmente existiu um Homem Aranha? – Andrew questionou num sussurro, apesar de não haver ninguém ali para ouvi-los – E que era eu. Que nós realmente combinamos tudo isso agora.

— Que bom que agora somos só pessoas... Normais.

Ele concordou.

— Nosso segredo. Não vamos dar a ideia pra ninguém reiniciar isso.

— Eu concordo – Emily respondeu – Deita aqui comigo.

— Será que eu posso?

— Eu tô bem, e tem espaço.

Andrew a ajudou a se acomodar para dar espaço a ele e ainda mantê-la confortável, depois tirando os sapatos e se juntando a ela debaixo do lençol.

— Você dormiu?

— Dormi enquanto nossos pais tavam aqui. E enquanto Jacob lotava o celular de fotos dos nossos gêmeos.

Emily riu.

— Espero que Ren goste tanto deles quanto Jacob.

— Ela vai gostar. Goldens são cães gentis. E do jeito que J gosta dela, tenho certeza que vai fazer questão de lhe mostrar todas as fotos que tirou, mesmo que ela nem entenda o que é.

— Ela provavelmente vai sentir o cheiro deles nas roupas dos nossos pais e de J, isso já é um começo.

— Tô tão feliz que acho que poderia ter um ataque.

Emily sorriu ao ver o brilho em seus olhos castanhos.

— Eu também. Então por que agora você não cala a boca e me beija?

— Calma, mamãe inseto. Você precisa descansar. E pra sua sorte, eu amo cuidar de você.

Ela voltou a rir baixinho, enquanto o marido beijava demoradamente sua testa e depois seus lábios. Então os dois se abraçaram e olharam para os filhos juntos.

— Eu podia ficar olhando pra eles o dia todo.

— Eu também – Andrew sorriu.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Isso simplesmente acontece" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.