A Virtude De Um Lírio Áureo escrita por KaduChaos20


Capítulo 1
Fuga




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Existe um jardim com uma fauna impressionante em algum lugar, ou ao menos, costumava existir.

O lírio era um sobrevivente desse lugar que podia ser chamado de um pequeno inferno artístico. Dentre canteiros lotados de flores disputando seu lugar ao sol e sedentos insetos que devoravam seus polens, se alimentando da pureza daquelas flores. Parecia terrível, mas nem tanto. Ali existia o lírio amarelo, que nem sequer tinha espaço para aflorar. Se tratava de uma flor murcha que não era apreciada por borboletas, abelhas e beija-flores. Já não havia tanta vida assim nela e foi fácil aceitar que tinha chegado a hora.

Morrer em uma paisagem tão caótica parecia reconfortante, pois não era para ser sobre uma flor que jaz no chão, mas sim sobre a paisagem no todo. Um quadro. Deveria ser um quadro sobre a beleza em exposição, seja beleza da variedade ou a do próprio isolamento...

O lírio era apenas uma flor a se olhar por alguns segundos, que nunca soube que amarelo era uma versão humilde do dourado. As pétalas eram discretas e pontudas, mas estavam tão caídas que se atreveriam a tocar a terra que lhe mantém em pé, ou seria areia? Ela sabia? Será que sabia?

Talvez estivesse ganhando consciência. Não dá para questionar isso em um momento que poderia durar meses, mas aquele estava destinado a durar apenas um instante.

Apenas um segundo para recobrar o sabor da vida.

O lírio não se interessava pelo sol, não se importava com o espaço e tampouco para sua aparência cada vez menos atrativa. Aquilo fazia parte da consciência de uma flor, que nunca irá poder mover seus pés... raízes... para fora daquele centímetro aterrador de areia. Ela podia ver do que realmente se tratava.

Ver?

Sim, via o negror mais aterrorizante que seu coração pode sentir. O retumbar mais imponente de um trovão anunciava com gritos proféticos. Sufocou no ar úmido e se enforcou na corda da própria válvula de escape. Era um sentimento falso, com órgãos falsos, vivendo em uma vida falsa que nunca poderia ser a sua.

Ela voou para longe desse jardim. Consumida pelas trevas, viajava a toda velocidade para o infinito de se estar vivo. Ela estava próxima da realidade. Uma lágrima falsa pode escorrer por algum lugar. Nada era físico, e tudo era intangível. Era o próprio deserto de um segundo de lucidez, e assim estava feito quando podia se dar conta.

O caos não deixou o lírio escapar.

E no final das contas, era apenas areia...


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, mesmo que não faça sentido :)



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