A Procura de uma Mãe escrita por brunadanih
Passaram-se dois dias até alguém ir ter com Ariana ao seu gabinete para falarem, mas quando entrou o primeiro, muitos se seguiram. As pessoas iam falar com ela por tudo o que se passara, mas também por outras questões mais antigas. Durante essas conversas, ela aprendera mais coisas sobre Lúcifer, como ele se dava bem com todos e que parecia sempre feliz.
Ao terceiro dia, recebeu uma chamada do capitão.
— Bom dia, Agente. Precisamos de uma ajuda no terreno. A nossa melhor detetive está de licença e precisamos de alguém que acompanhe Lúcifer. – Ariana sorriu satisfeita, adorava trabalhar no terreno e seria uma oportunidade para estudar o homem. – Pode ajudar?
- Claro que sim, Capitão. Ao dispor.
— Muito bem, pode começar hoje? Assassinato de uma empregada doméstica na casa onde trabalhava. Já lhe envio a localização. Pode informar o Lucifer?
— Claro que sim, Capitão. – Desligaram a chamada. Era isto que Ariana precisava e agradeceu a Deus pela sua sorte, o que seria irónico se ela pensasse um pouco.
Ariana saiu do seu gabinete e olhou em volta a procura de Lúcifer. O homem não era uma figura difícil de encontrar, mas sendo tão sociável andava sempre de um lado para o outro. Encontrou-o no laboratório a falar com Ella.
— Bom dia, Ella, bom dia, Lucifer. - Ela cumprimentou.
— Ariana, que bom ver-te fora daquela sala. - Lúcifer observou. Raramente a via uma vez que como prometera ela esperava que fossem ter com ela.
— Lúcifer, o capitão ligou-me e como a Detetive Decker está de licença ele pediu-me que te acompanhasse no terreno. – De repente o ambiente ficou mais pesado. Ariana sabia vagamente o que tinha acontecido nos últimos tempos e percebera a razão de Chloe ter tirado uma licença.
— Eu não quero trabalhar com mais ninguém a não ser a Detetive. - Lúcifer respondeu-lhe irritado. Nunca lhe tinha respondido naquele tom e Ariana, se não fosse uma pessoa paciente, teria falado no mesmo tom.
— Lúcifer, eu não venho substituir a Detetive Decker, só venho ajudar e é algo temporário. Acabará assim que ela regressar. Mas temos que continuar o trabalho. Os homicídios não acabam, nem os assassinos tiram férias.
— Seria impossível substituíres a Detetive. - Ele respondeu irritado. Ariana sorriu percebendo que ele sentia algo por Chloe. – Ela resolve casos rapidamente, é a melhor detetive daqui.
— Eu sei. – Ariana comentou.
— Andaste a estudar o perfil da Chloe? – Ella perguntou na defensiva. – Andas a fazer relatórios para o FBI? – Ariana respirou fundo e fechou os olhos, isto não estava a correr bem.
— Ella, Lúcifer, eu sei o que aconteceu nos últimos tempos, sei que não tem sido fácil e eu não vim para aqui para complicar ainda mais as coisas, só quero fazer o meu trabalho. – Ariana falou sincera. Queria saber se Lúcifer era o diabo, mas aquilo não fora ideia ou sugestão sua.
— E que trabalho é esse ao certo? – Lucifer perguntou. – Roubares os cargos das outras pessoas? – Ariana fechou os olhos e respirou fundo. De seguida abriu os olhos e sorriu aos dois. Percebia a atitude defensiva deles, e sabia que tinha que fazer de tudo para lhes mostrar que não era esse o seu objetivo. Precisava que confiassem nela, precisava que Lucifer continuasse amigável com ela.
— O meu único objetivo é trabalhar e ajudar no que for preciso. Lucifer, eu compreendo que não seja uma situação confortável para, ou que até estejas chateado, mas não devias dirigir essa raiva a mim. Se quiseres mostrar o teu desagrado podes falar com o Capitão. – Ariana olhou para Ella. – Ella, não ando a investigar a Chloe e sim, ando a fazer relatórios para o FBI, mas é sobre o meu trabalho, não é sobre as pessoas.
— Não sei se acredito. – A mulher falou. – Vou voltar para o laboratório para organizar algumas coisas para ir convosco.
— Eu vou contigo, Miss Lopez. – Os dois avançaram para o Laboratório e a loira ficou para trás com um sorriso triste. Sabia que ia ser difícil daqui para a frente.
Lucifer e Ella entraram no laboratório e olharam-se, estavam ambos irritados e desconfiados.
— E acreditar que fiquei interessado nela. – Lucifer falou.
— Lucifer, se calhar estamos a tirar conclusões muito precipitadas. – Ela disse serena. – A Ariana realmente parece-me ser boa pessoa. Acho que parte de mim até gosta dela. E percebo perfeitamente por que razão também tu gostas.
— Achas que podes investigá-la? – O homem perguntou. – Tentar descobrir tudo sobre ela, ascendência, finanças, relações. Depois deste último ano, acho que quero saber com quem estamos a lidar. – Ella assentiu.
— Vou fazer o possível. – Os dois dirigiram-se para Ariana que os esperava. – Vamos juntos, Ariana?
— Sim, levo o meu carro. – A loira falou.
O grupo dirigiu-se para o carro e durante a viagem não falaram. Ella e Lucifer estavam claramente chateados com a situação e Ariana não quis forçar ainda mais. Quando chegaram ao terreno, Ariana aproximou-se de Daniel que estava à espera deles.
— Então agora também fazes este tipo de trabalho? – Mais um na defensiva. Ariana suspirou.
— O Capitão pediu a sua ajuda. – Lucifer respondeu. – E a Ariana, sempre prestável, não disse que não. – Completou o homem em tom irónico. – Mesmo que isso deixe todos os outros desconfortáveis. Mas agora ao menos já sabemos com quem estamos a lidar. – Ariana olhou para Lucifer e afastou-se com ele.
— Lucifer, por muito que eu queira dar-me bem contigo não vou permitir que me faltes ao respeito. – A loira respondeu dura. – Essa atitude é compreensível nos primeiros momentos, mas agora já começa a ser infantil. – O anjo olhou-a surpreendido. Arina ainda não tinha respondido a nenhuma provocação. – Eu sou uma agente do FBI, treinada em investigação e análise de profile. Sou uma psiquiatra credenciada. Estou a fazer o meu trabalho. E tu não tens direito nenhum em julgar-me por aceitar fazer o meu trabalho. Que queres dizer que sabes com quem estão a lidar? Posso-te garantir uma coisa Lucifer. – Ariana falou séria aproximando-se dele e olhando-o nos olhos. Os olhos de Ariana brilhavam de fúria. – Tu não fazes nenhuma ideia de com quem estás a lidar, não me conheces, não sabes quem eu sou e garanto-te que neste momento podes vir a descobrir muito rapidamente o meu lado mais obscuro.
Ariana sabia que estava a ser irracional, não devia falar assim com ele, pois aquele homem à sua frente podia ser o Diabo, podia ser quem a levaria à sua filha. Porém, detestava que as pessoas julgassem os outros sem conhecerem. E odiava que isto lhe estivesse a acontecer, logo a ela. Não podia recuar agora. Lucifer olhava-a desafiante, ela sabia que estava a comprar uma guerra, provavelmente estava a comprar uma guerra com o Diabo, por amor de Deus. Ariana começava a pensar que tudo tinha sido um erro, mas como poderia desistir sabendo que havia uma possibilidade de se voltar a reunir com a filha? Agora que se via frente a frente a Lucifer, a tremer de raiva e frustração, Ariana sentiu-se arrematada por uma memória.
Raphael levara-a até um lago onde alugaram um barco e ele remou até ao meio do lago, estava noite de lua cheia e o lago encontrava-se iluminado. Ariana estava grávida de 5 meses e sorria-lhe com ternura.
— A noite está tão bonita. – Ariana afirmou olhando para o céu, a luz da lua tornava tudo ainda mais belo.
— Não mais bonita que tu. – O anjo respondera-lhe olhando-a com devoção. Ariana sorriu-lhe e beijou-o lentamente. Amava a sensação que ele lhe dava, adorava a segurança que ele lhe transmitia, amava-o intensamente e queria viver aquele sentimento intensamente. – Quando te vi naquele bar a cantar aquela música, os teus olhos a olharem para mim, o teu sorriso, eu sabia que te tinha que ter. Pode parecer predatório e assustador, ao início eu não sabia que ia ser mais do que umas noites de sexo com uma mulher belíssima, mas à medida que o tempo foi avançando, à medida que te fui conhecendo, tudo se tornou tão claro para mim… Faltavas-me tu na minha vida e talvez tenha provocado a tua gravidez muito antes de me aperceber disso. Parte de mim, sabe que ficaste grávida porque assim o desejei. – Ariana olhara-o com dúvida. – Uma noite falamos como eu me sentia perdido e tu sugeriste que me faltava alguém que precisasse de mim, alguém de quem eu tomaria conta, acho que parte de mim desejou isso nessa noite. E depois ficaste grávida, muito antes de eu saber o que sentia por ti. Eu amo-te, Ariana. – A loira olhou-o surpreendida, se havia um sentimento que ela não era boa a encontrar na face dos outros era o amor por ela, sabia que os amigos a amavam como todos os amigos, sabia que os pais a tinham amado, sabia que eventualmente até o avô a tinha amado. Mas nunca ninguém lho tinha dito e ela nunca dissera a ninguém. Ariana sentiu lágrimas de emoção a caírem-lhe pelo rosto.
— Também te amo, Raphael. Não me importo de todo que tenha ficado grávida. Amo-te e quero-te agradecer por me achares digna do teu amor. – Raphael sorriu-lhe extremamente feliz.
— Sou eu que te tenho que agradecer isso. – O anjo respondera. Nessa noite ficaram perdidos um no outro no meio daquele lago. Amavam-se, iam ter uma filha e nada estragaria o que viviam.
Ariana limpou as lágrimas que escorriam no seu rosto virando-se de costas para Lucifer. Sabia que aquela memória lhe tinha arrematado pois precisava de forças para enfrentar toda aquela raiva dirigida a si. E que melhor do que lutar contra a raiva com o amor?
— Lucifer, eu… Desculpa, esta minha atitude não foi muito profissional. – Ariana olhou-o sorrindo. Ela não queria apenas encontrar Eleanor. Ela queria encontrar Raphael, queria bater-lhe, mas depois beijá-lo e amá-lo. – Vamos continuar e peço de novo, não voltes a fazer o que fizeste. – Ariana seguiu para Daniel que conversava com Ella. – Peço desculpa, vamos a isto.
O dia seguiu-se normalmente, o caso acabou por ser simples uma vez que o filho da dona de casa revelara-se como culpado. Ao fim do dia, Ariana seguiu para casa e tomou um banho relaxante. As coisas estavam a começar a escambar.
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