Por favor, meu amor escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 1
Capítulo 1 - Uma Chance


Notas iniciais do capítulo

Faz tempo que eu tava buscando uma ideia pra fazer essa fanfic, e nada concreto vinha. Mas minha amiga Camy me provocou tanto me enviando todas as fanarts que ela encontrou disso que não teve jeito, a ideia se alimentou, tomou vitamina e ainda treinou na academia mental da imaginação. xD Faz cerca de 1 mês que tô guardando essa história, porque eu tava trabalhando que nem louca pra um evento geek aqui da minha cidade, mas passou e finalmente tô corrigindo e finalizando. Terá 5 capítulos. Deixo o agradecimento e a dedicatória dessa história pra Camy! =**** ;D ♥ ♥ ♥

*Pensei em colocar as fanarts que Camy me mostrou aqui, mas aposto que todo mundo já se deparou com elas por aí a essa altura, e simplesmente não consigo olhar pra elas. São lindas, e emocionantes, e fico grata aos artistas que as fizeram, mas não consigo olhar pra elas. Eu nunca superei a morte de Gwen. Infinitamente desnecessária ao meu ver, especialmente porque ela foi morta só porque alguém não ia com a cara dela, que nem foi com Natasha, e ficou nisso até hoje. E ainda pra ser substituída por uma personagem que nem nos sonhos mais insanos chega perto de ser tão incrível quanto ela. Me desculpa Mary Jane, você é linda e fofa, mas Gwen é muito mais legal e mais útil. E o laço dela com Peter é de bem longe o mais forte de todos, ao menos nos live actions (sei que há um trilhão de universos nos quadrinhos).



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Por favor, meu amor

De Dani Tsubasa

Capítulo 1 – Uma chance

Foi logo que voltamos do encontro com Peter. Bem... O Peter da dimensão estranha para onde havíamos sido transportados. Estávamos reunindo o que tínhamos à mão no momento para começar a trabalhar em curas para os vilões quando Ned resolveu testar sua curiosidade sobre o anel roubado de Stephen mais uma vez.

                - O que você tá fazendo? – A garota que chamavam de MJ, a Gwen de meu irmãozinho, perguntou.

                - Eu tava pensando... Quantos Peters será que existem? Se você não tivesse deduzido onde ele tava naquela hora, e continuássemos tentando isso, quantos teríamos aqui? Será que tem outros por Nova York agora mesmo e nem temos ideia?

                - Ned... – MJ falou em advertência – Isso pode ser perigoso, nós demos sorte. O feitiço já causou danos demais. É assim que se cruza a barreira da ciência pra loucura num piscar de olhos. Como nerd da cadeira você devia saber muito bem disso.

                Ned assumiu uma expressão que estava entre pensativo e emburrado por ter sua teoria barrada.

                - É. Você pode ter razão – ele disse batendo a mão com o anel na mesa enquanto tentava se conformar, mas fazendo faíscas douradas escaparem por acidente e o som familiar de algo rodopiando no ar fez todos no laboratório congelarem e pararem o que faziam para olhar o novo portal que começava a se abrir.

                - Eu avisei – MJ sussurrou, como se seus sentidos estivessem em alerta de auto proteção.

                Seu Peter correu para se pôr entre ela e o portal. Nosso irmão mais velho e eu também nos aproximamos.

                - Provavelmente vai ser outro de nós, né? – Eu sugeri – É em nós que você tava pensando.

                - É a lógica – Ned respondeu.

                O portal finalmente tomou forma e se abriu para mais uma noite escura. A rua estava vazia e silenciosa, assim como estava quando eu fui encontrado, todas as pessoas querendo evitar a noite com os vilões que estavam à solta. Mas foi a silhueta familiar destacada na luz de um post, e os olhos verdes, arregalados de susto, que olharam na nossa direção, que me fizeram perder a força nas pernas, ficar sem fôlego, e me aproximar do portal com dificuldade. Precisei fechar os olhos e respirar fundo por um instante, pois a sensação que me invadiu até fazia parecer que eu tinha acabado de tomar uma pancada ou um balde de água gelada na cabeça.

                - Você tá bem? – Meu irmãozinho perguntou com genuína preocupação ao ver minha respiração se tornar curta e irregular.

                Não consegui responder, nem quando nosso irmão mais velho perguntou o mesmo.

                - Quem é ela? – MJ perguntou a Ned.

                - Sei lá... Eu abri o portal sem querer. Deve ser uma falha.

                - É estranho ter uma moça sozinha a essa hora da noite do jeito que as coisas estão – meu irmão mais velho disse – Sabe...? Ela se parece com uma garota que eu conheci há muitos anos. E que não vi mais desde então.

                - Devemos ajudá-la então? – Meu irmãozinho sugeriu – Ou deixar o portal fechar?

                - Não! – Eu implorei antes de pensar no que estava fazendo, e ela se virou na nossa direção, finalmente caminhando para o portal.

                Todos no laboratório olharam na minha direção sem entender.

                - Gente... – Ned chamou – Temos que decidir, não sei até quando consigo manter isso aberto, e ela tá se aproximando.

                - Gwen... – deixei escapar dos meus lábios num sussurro, fazendo todos ficarem chocados e me olharem de novo.

                - Agora eu tenho certeza de quem ela é – meu irmão mais velho falou – Deixa ela vir – ele pediu a Ned, que assentiu.

                A essa altura, Gwen estava a centímetros de atravessar o portal, olhando assustada para todos nós, depois fixando seus olhos em mim. Nossos olhares ficaram presos pelo que pareceu uma eternidade. O vento noturno fez as ondas douradas de seus cabelos esvoaçarem, e as emoções me atravessaram com força enquanto todos continuavam nos olhando em silêncio. Gwen atravessou e o portal fechou com um barulho atrás dela, fazendo-a se virar para olhar, depois olhando para todos nós de novo.

                -  Bem vinda, Gwen – meu irmão mais velho disse com um sorriso, tentando deixá-la confortável.

                - Quem são vocês? – Foi a primeira coisa que ela perguntou – Peter... – ela se voltou para mim – Que lugar é esse, como saímos do meio de uma batalha e viemos parar aqui? E por que você tá chorando?! – Ela perguntou com mais urgência, vindo na minha direção e segurando meu rosto com as mãos.

                Eu não fui capaz de responder. Eu abaixei a cabeça e passei a chorar compulsivamente. Ela me puxou para seus braços como costumava fazer, e acariciou meu cabelo.

                - Você tá ferido?

                Balancei a cabeça negativamente, e pela falta de resposta, deduzi que ela decidiu esperar que eu respondesse verbalmente, quando conseguisse parar meu surto de choro.

                Ainda me abraçando, percebi Gwen olhar em volta, e imaginei que ela estaria recebendo olhares de compreensão e compaixão dos demais. Eu não tinha ideia de qual história meu irmão mais velho poderia ter com ela, mas já tinha deduzido que ela não era a garota dele, a que ele revelou ter em sua vida até agora. Essa Gwen também poderia ter morrido? Não tenho certeza se quero essa resposta. Mas talvez eu pergunte em algum momento.

                - Onde estamos? – Ela perguntou.

                - Nova York – MJ respondeu.

                Então a senti mover a cabeça na direção de meu irmão mais novo.

                - Você é... – ela começou, tão incrédula quanto quando eu revelei minha identidade secreta para ela.

                - O Homem Aranha – Peter respondeu – Desse universo.

                Senti Gwen dar um aceno de cabeça positivo, e me abraçar mais forte, algo que ela fazia quando estava tentando encaixar peças em seus pensamentos. Ela nem percebia que fazia isso, era como se estivesse procurando um campo seguro onde pousar enquanto tirava conclusões sobre hipóteses novas. E uma das dores que carrego é de nunca ter dito a ela o quanto amo isso.

                Fechei meus braços sobre as costas dela, o que a trouxe de volta para mim, e a fez acariciar minhas costas e me puxar para o chão, onde me sentei com gratidão, sem sair de seu abraço. Meu anjo apoiou a cabeça na minha e manteve o afago em minhas costas, conforme finalmente eu conseguia me acalmar.

                - Calma, garoto inseto – ela disse baixinho, e consegui sorrir em seu ombro.

                Em seu silêncio, ela me deixou saber que sua inteligência brilhante já havia começado a compreender o que estava acontecendo, por mais louco que parecesse.

                - Não sei se temos pressa no que estamos enfrentando aqui – Gwen falou com aquela calma invejável que ela conseguia ter no meio das piores crises – Mas se puderem nos dar algum tempo, eu quero ouvir tudo depois.

                - Tá certo – finalmente Ned voltou a falar – Vamos... Estar bem ali – ele apontou as mesas e itens de laboratório do lado oposto.

                Gwen assentiu, e retribuiu o sorriso empático de MJ conforme os demais se afastavam.

                - Garoto inseto...? – MJ brincou baixinho com seu Peter, que riu e estendeu a mão para segurar a dela enquanto se afastavam.

                - Peter – Gwen me chamou, e emiti um riso misturado com o som dos resquícios do meu choro, não sabendo colocar em palavras como era ouvi-la dizer meu nome depois de tantos anos – Ajudaria se você me dissesse o que há de errado.

                Respirei fundo e me levantei de seu ombro para olhar para ela. Gwen secou meu rosto com as mãos, e seu olhar ficou confuso quando finalmente ela me observou com atenção.

                - Seu rosto tá diferente... Parece que...

                - Tô mais velho.

                Ela não disse nada a princípio, mas assentiu depois.

                - Você é realmente o meu Peter?

                - Sim! Sim, querida.

                O olhar dela se encheu de emoção, e Gwen sorriu. Seus olhos verdes amendoados se estreitando com seu sorriso, fazendo meu coração sentir uma pancada de euforia.

                - Você nunca me chamou assim.

                - Você gosta?

                - Bastante. Mas agora eu gostaria mais de entender quem é você.

            - Eu sou seu Peter, mas de outra época. Anos à frente.

                Gwen assentiu.

                - Nós estamos bem? – Ela perguntou, parecendo temer a resposta, e eu soube que seu cérebro brilhante já tinha ligado os pontos.

                Balancei a cabeça negativamente.

                - De que momento você foi trazida pra cá?

                - Da batalha com o Electro. Estávamos magnetizando seu traje nos carros da polícia. Nós conseguimos?

                - Sim, deu certo. E você se gabou dizendo que é por isso que eu era o segundo melhor do colégio.

                Acho que ambos sentimos o coração um pouco mais leve quando rimos junto. Como eu senti falta disso!

                - Mas você queria ir comigo, e era arriscado demais. Então eu prendi sua mão no carro com uma teia, disse que te amava, e te pedi pra não me odiar. Você ficou com muita raiva e foi atrás de mim pra brigar comigo por isso assim que se soltou. De qualquer forma, você me ajudou e nós vencemos ele. Mas...

                - Mas...?

                Senti as palavras ficarem presas na minha garganta, como se falar sobre isso pudesse matá-la de novo. Minha respiração ficou ofegante enquanto eu encarava o amor da minha vida sem saber o que fazer.

                - Peter – ela chamou segurando minha mão – Se você não me disser qual é o problema, eu não saberei como te ajudar.

                - Quando derrotamos ele... Você subiu a torre do relógio pra me encontrar. E foram alguns minutos, mas até hoje parecem segundos e horas ao mesmo tempo. O Duende apareceu de repente, e jogou você lá de cima. Eu consegui prender você com uma teia – falei, sentindo dificuldades para respirar – Foi uma das poucas vezes desde que nos conhecemos que eu vi pavor nos seus olhos. Você me chamou e me olhou com medo segurando a teia. E antes de eu chegar a você ele destruiu o relógio e a teia rompeu. Eu pulei, eu joguei outra teia, mas era alto demais, rápido demais, escombros demais... – eu disse tudo de uma vez.

                - Calma, calma... – Gwen me pediu, emoldurando meu rosto com as mãos.

                Olhando para o lado, e só agora lembrando que tínhamos companhia, vi meus irmãos, Ned e MJ nos olhando com espanto, tristeza e compaixão ao mesmo tempo.

                - Peter... – ela me chamou suavemente – Querido – ela disse, ajudando meu coração a se sentir um pouco melhor – Eu quero saber. Eu já entendi que foi algo ruim, e eu sinto muito por fazer você se lembrar disso, mas eu preciso saber.

                - Eu não consegui te pegar a tempo – falei como se sacudisse uma montanha de cima dos meus ombros – O movimento foi brusco demais, e você ainda bateu a cabeça no chão. Eu soltei você da teia e gritei por você no meu colo, e tinha sangue no seu nariz – eu parei de falar, não conseguindo ir além disso.

                O olhar de Gwen estava chocado. Mas isso só durou um instante, pois ela me puxou para seus braços de novo quando meu choro voltou. Ela me abraçou com força, como se agora também buscasse consolo para si mesma. Eu senti a mesma dor daquele momento terrível rasgar meu peito, mas como negaria qualquer coisa a ela? Levei minhas mãos para suas costas e deixei que dessa vez ela escondesse o rosto em meu pescoço.

                - Eu ia morrer daqui a pouco...? – Ela falou como se não acreditasse, mas eu sabia que ela acreditava.

                -  Gwen, por favor... Não faça isso comigo de novo, saia do prédio depois que reiniciar o sistema. Se esconda, não fique no alto – pedi entre minhas lágrimas – Harry vai ser preso. Nós vamos ficar bem.

                Ela assentiu, me apertando com mais força. Percebi que ela estava chorando também.

                - A culpa não foi sua. Eu devia te ouvir mais – ela me disse – E não comece a falar daquela maldita promessa do meu pai de novo. Resolvemos na ponte – ela me lembrou – Você vai comigo pra Inglaterra! Você prometeu!

                Eu assenti enquanto chorava sem sentir nenhum constrangimento por estarmos sendo observados. Era quase literalmente minha família ali, todos com dores e lembranças semelhantes.

                - Eu te amo. Eu te amo tanto – eu lhe disse, a sentindo rir e tremer junto com o choro.

                - Depois de todo esse tempo?

                - Sempre, Gwen.

                Ela assentiu e ficamos em silêncio por alguns minutos, sem vontade alguma de nos separarmos.

                - Eu tentei seguir. Depois de cinco meses sem olhar pra esse traje e com o seu discurso, eu tentei, mas... Eu fiquei amargo, vingativo, parei de segurar minha força nas batalhas. Eu não sei viver sem você. Foram sete anos horríveis. Eu só vivi por tia May.

                Gwen concordou outra vez, beijando o ponto em meu pescoço onde ela estava se escondendo, e levei uma de minhas mãos para acariciar seu cabelo louro.

                Meus irmãos, MJ e Ned falavam algo baixinho, mas não nos importamos em descobrir qual era o assunto. Eu e Gwen tínhamos conseguido uma boa conversa inicial, e agora só precisávamos de tempo. Talvez quando tudo acabasse, pudéssemos pensar mais sobre nós, em como salvá-la do destino que ela teria, em como me ajudar a seguir sem ela.

                - O que tá acontecendo? – Ela perguntou quando ambos já estávamos mais calmos, e se moveu para uma posição mais confortável no meu peito.

                Eu a abracei, sentindo uma corrente elétrica de saudade correr por dentro de mim, eu amava segurá-la assim! Tive o impulso de beijar seus cabelos, mas me contive, não sabendo como ela se sentiria com isso. Apesar de ainda ser seu Peter, estávamos em épocas diferentes.

                - Aqueles dois são meus... Irmãos— eu sorri, já sentindo um carinho enorme por eles – De outros universos. O Clarim Diário conseguiu causar mais estrago aqui do que em qualquer outro lugar. O último vilão que apareceu aqui revelou a identidade do nosso irmãozinho antes de morrer, e o Clarim divulgou isso pra o mundo. Um mago tentou ajuda-lo com um feitiço de esquecimento pras pessoas, mas deu errado e isso abriu portais pra vários universos. Eu tava no meio de uma patrulha à noite, e do nada eu fui sugado pra cá. Fiquei vagando tentando entender o que tava acontecendo até Ned, o garoto asiático ali, abrir um portal pra mim e nosso irmão mais velho sem querer enquanto procurava o Peter deles. Ele acabou de perder a tia May dele, pra o Duende.

                O olhar de Gwen se encheu de tristeza e empatia, e ela assentiu.

                - Estamos tentando criar curas pra eles. Nosso irmão mais velho já tem um começo de uma cura pra o Duende. Aliás, foi o Duende do universo dele que começou a maior parte da desordem.

                - Eu posso ajudar, eu também sou boa nisso. Ciência molecular é meu foco.

                - Sim, nisso você pode. Mas nada de nos seguir na batalha. Você vai ficar segura com Ned e MJ.

                - Vamos resolver isso depois da parte científica. Por que você não me inclui na equipe de trabalho agora? – Ela sorriu.

                Eu sorri de volta, respirando fundo para não chorar de novo. Gwen entendeu, e me olhou com carinho, sorrindo e acariciando meu rosto.

                - Você continua tão bonito. E tão fofinho.

                Eu ri com alegria, não esperando ouvir isso dela.

                - É sério?

                - Quando você me viu mentir pra você?

                Eu concordei.

                - Ainda anda de skate? E tira fotos?

                - Às vezes.

                - Tia May tá bem? E minha família?

                - Tia May tem precisado de mais cuidados. A idade... Mas tá bem.

                Gwen assentiu.

                - Quanto a sua família... Eles se mudaram de Nova York no ano seguinte, eu não sei pra onde foram. Me desculpe.

                - Tudo bem – ela afagou novamente minha bochecha para fortalecer seu ponto.

                - Vamos trabalhar agora?

                Gwen aceitou e nos levantamos juntos, seguindo até o laboratório improvisado, onde os demais já tinham voltado a trabalhar. Ninguém sabia bem o que dizer, mas todos sorriram para Gwen, ao que dessa vez ela retribuiu.

                - Tudo bem? – Meu irmãozinho perguntou – Você precisa de alguma coisa? Temos comida, água e lugar pra descansar.

                Gwen sorriu.

                - Eu tô bem, mas obrigada... Sou estudante de ciência de molecular.

                - A melhor do colégio e de todo o lugar em que ela estagiou – eu disse.

                Gwen riu baixinho com o elogio.

                - Eu quero ajudar.

                - Isso é ótimo – nosso irmão mais velho falou com um sorriso – Assim temos mais certeza do que estamos fazendo, e vai ser mais rápido.

******

                Eu estava tentando me manter longe dos lugares perigosos como ele me pediu, especialmente porque estávamos no alto, mesmo MJ e Ned estando junto. Mas os vilões chegaram um pouco antes do que esperávamos, enquanto nossos três Aranhas conversavam e revisavam suas estratégias. Então aconteceu, rápido demais como sempre é. E MJ estava caindo para a morte antes que qualquer um de nós pudesse fazer alguma coisa.

                Vi o Peter mais jovem pular com urgência atrás dela enquanto eles estendiam a mão um para o outro, e o resto de nós só observava em expectativa e medo. Ele não conseguiu, e o Duende o arrastou para longe. MJ assistiu a cena com um olhar desesperado, e vi meu Peter respirar fundo e gritar em pânico, como se soubesse exatamente o que estava acontecendo, e que o fim seria terrível. O olhar dele cruzou com o meu por um segundo antes de ele pular atrás dela. Eu e Ned observamos Peter alcançar MJ e lançar uma teia para o alto enquanto já fazíamos nosso caminho para onde eles provavelmente iriam aterrissar.

                Encontramos os dois seguros, MJ em seu colo, ainda com um olhar aterrorizado, e Peter parecendo lutar para segurar as lágrimas quando ela perguntou se ele estava bem, ao que respondeu com um breve sorriso e um aceno de cabeça. Os dois continuaram se encarando até absorverem que a tragédia havia sido evitada, e Peter a colocou no chão, em seguida se virando para nós. MJ correu para Ned, que de repente não parava de falar e perguntar se ela estava bem. Peter me olhou demoradamente, não se dando ao trabalho de esconder a umidade em seus olhos, e não pude fazer outra coisa que não ir até ele e abraçá-lo. Imediatamente ele me abraçou de volta e enterrou o rosto em meu ombro enquanto eu o segurava e acariciava seus cabelos. Eu amava brincar com aqueles fios castanhos, e ele sabia disso.

                - Eu tô bem, e bem aqui com você, e muito orgulhosa de você, Peter. E eu sei que não deveria fazer promessas sem saber se posso cumpri-las, mas quando você voltar pra casa, eu pretendo estar lá.

                Ele soluçou e me apertou com força nesse momento.

                - E se eu não estiver, por favor, nunca esqueça o quanto eu amo você, que isso nunca vai mudar, que foi você que me deu os melhores dias da minha vida.

                - Agora não sei como soltar você – ele finalmente disse.

                Eu não consegui evitar rir suavemente.

                - Bem... Se você ajudar seus irmãos na batalha, acho que podemos voltar pra casa e resolver tudo isso mais rápido.

                Isso lhe deu o incentivo que precisava para levantar a cabeça do meu ombro e olhar para mim. Eu não sei o que aconteceu, o que deu em mim, mas o jeito como seus olhos castanhos encontraram os meus, eu o beijei antes que pudesse pensar. Ele ainda era meu Peter de qualquer forma, certo? Só um pouco mais velho.

                Peter pareceu em dúvida sobre o que estava acontecendo por um segundo, mas meus dedos em sua nuca o fizeram mandar os sentimentos confusos para o espaço e me retribuir. O senti sorrir e fazer menção de chorar ao mesmo tempo no contato, e ele até parecia meio tonto quando finalmente nos afastamos.

                - Não diga nada – ele falou – Não precisa.

                - Eu te amo – eu disse ainda assim – Não importando que idade você tenha. Agora vá ajudar seus irmãos. Nós três vamos esperar aqui embaixo, eu prometo.

                Seu olhar e o afago na minha bochecha derreteram meu coração, me fazendo lembrar de nosso momento escondidos no armário da Oscorp. Eu o deixei me dar um beijo breve, e sorrimos um para o outro antes dele colocar sua máscara e partir para o alto.

                - Eu fico feliz de ver que algo bom veio dessa bagunça – MJ falou com um sorriso, me fazendo lembrar que ela e Ned estavam ali o tempo todo.

                Eu sorri de volta enquanto os acompanhava para um lugar seguro.

******

                Estava tudo acabado. Ao menos para nós que não pertencíamos aquele universo. Nosso irmão mais velho estava ferido, e eu o ajudava a ficar de pé enquanto nós três nos abraçávamos. Nosso irmãozinho se afastou para se despedir de sua amada antes do destino terrível ao qual aquele feitiço o tinha condenado. Gwen observou tudo junto conosco, e se virou para mim com a intenção de fazer o mesmo. Meu irmão me soltou para me deixar ter um último momento com ela.

                - Eu vou ficar bem. Você precisa fazer isso.

                Eu sorri em agradecimento antes de abraçá-lo e me afastar até Gwen. Ela sorriu para mim.

                - Então é isso, garoto inseto. Eu acho que foi muito mais intenso pra você, mas eu me sinto realizada de ter estado aqui. Eu não posso prometer, mas eu pretendo estar lá. E se eu não estiver, nunca esqueça que eu amo você, e ainda estarei te esperando em algum lugar – ela disse repousando as mãos em meu peito, seus dedos traçando os padrões da aranha, e me olhando profundamente.

                Eu a puxei para um abraço, sentindo Gwen me abraçar de volta com a mesma intensidade.

                - Eu te amo – falei em seu ouvido – E você sempre vai ser minha direção.

                - E você a minha.

                Eu a beijei como vi meu irmão fazer com sua MJ. Se essa podia ser a última vez na vida que eu a estava beijando, queria guardar a sensação para sempre. E felizmente Gwen retribuiu, sorrindo para mim quando nos afastamos ao sentir nossos corpos ficarem mais leves e a sensação familiar do transporte dimensional.

                Eu tinha conseguido falar com meu irmão mais velho brevemente sobre sua história enquanto estávamos no laboratório. Agora eu conhecia sua história com a Gwen de seu universo, e que ela estava bem, apesar de terem perdido o contato. Ele tinha uma filhinha chamada Maiden, que estava pouco a pouco desenvolvendo poderes aranha também. Seu casamento com Mary Jane estava bem, apesar de todas as dificuldades que os dois tinham passado. Me senti feliz por ele, e desejei em algum universo ter a mesma sorte com minha Gwen. Acenei em despedida para meu irmão, e trocamos um sorriso quando a luz azul do transporte dimensional nos envolveu, e olhei para Gwen, que acenou para mim com um sorriso cheio de carinho, ao qual retribuí antes de tudo desaparecer.


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