Marcas escrita por Brunna Rode


Capítulo 1
Prólogo




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/806340/chapter/1

Você pode achar que essa história é sobre mim, mas ela não é. E você saberá o porquê. 

    Às 8 horas da noite de uma cansada quarta-feira eu estava saindo da faculdade em que curso, ou melhor, cursava, medicina veterinária, quando ele começou a me seguir.

    A princípio eu não havia reparado. Estava escuro e, preocupada em enviar algumas mensagens para uma amiga, não prestava atenção aos meus arredores. Talvez se eu não estivesse distraída isso não teria acontecido, mas agora é tarde demais para me arrepender.

    Para sair do campus eu atravessava uma área com bastante árvores, mas que possuía uma trilha, indicando que passar por ali era comum e que várias pessoas utilizavam o caminho. Contudo, naquele momento só havíamos eu e o estranho e ele não perdeu sua oportunidade.

    Foi tudo tão rápido que antes que entendesse o que havia acontecido, tudo ficou negro enquanto eu ia de encontro ao chão.

    Lentamente retomei minha consciência até conseguir abrir os olhos. Porém, com a visão turva, além do escuro da noite, eu não enxergava muita coisa. Me encontrava sentada, com algo duro me apoiando às costas. Tentei mexer os pés e as mãos, mas percebi que ambos estavam imobilizados por cordas. Tentei abrir a boca, na esperança de gritar, entretanto, fui impedida por uma fita que a cobria. Minha cabeça latejava de dor e um líquido quente escorria por minha nuca. 

Olhei para os lados me esforçando para ver alguma coisa. Tudo parecia quieto e nem sinal de quem fez aquilo comigo. Imaginei que se eu quisesse fugir, não haveria momento mais oportuno que aquele, pois o agressor poderia aparecer e eu não teria outra chance.

Com minhas mãos amarradas às costas, fui tateando e percebi que o que me escorava era uma árvore. Usei-a como apoio para conseguir me colocar de pé, o que não foi fácil. Após esse pequeno objetivo alcançado, o próximo passo era tentar chegar a algum lugar para conseguir ajuda. 

O problema era que eu não sabia onde estava. Não enxergava a trilha e não tinha ideia de para onde havia sido arrastada. O nervosismo crescente me atrapalhava a pensar. Foi quando a sorte me sorriu. Ao olhar para a esquerda eu avistei o que poderia ser a luz de um poste. Uma onda de esperança me invadiu. Era naquela direção que deveria seguir.

Com cautela dei um pequeno salto para frente. Era importante testar meu equilíbrio, pois com minhas pernas amarradas daquele jeito eu não conseguiria caminhar e se caísse acredito que não me levantaria novamente. A visão embaçada também dificultava meu progresso, às vezes não conseguia enxergar as árvores ou arbustos que estavam no caminho. Ter calma era a chave para a sobrevivência. Assim continuei.

Um pulo de cada vez, eu estava indo bem, cada vez mais próxima de minha salvação. Até que uma mão alcançou minhas costas e me empurrou. Perdi o equilíbrio e acabei desabando. Tentei me debater e virar de barriga para cima, mas ele se sentou sobre minhas coxas, me imobilizando. Com uma mão enluvada segurou com força meus braços contra o meu corpo. Com a outra, ele segurou firme meu cabelo e o puxou, erguendo minha cabeça, devido à brutalidade do ato. O senti se inclinando por cima de mim, até ter seu rosto bem próximo ao meu cabelo. Ele se demorou ali e inesperadamente disse:

— Você não tem o cheiro dela. — Me largou de forma brusca, de modo que voltei a cair com o queixo em direção ao chão. O choque fez com que mordesse a língua e sangue começasse a inundar minha boca. 

O agressor se mantinha em cima de mim, segurando minhas mãos. Eu não tinha mais como fugir, só me restava esperar pelo pior. 

Então eu senti uma, duas, três, quatro, cinco, pontadas muito fortes nas costas e cada vez que eu tentava respirar era como se estivesse me afogando. Mais sangue vinha à minha boca, entretanto, era impossível deixá-lo sair, por causa da fita que ainda estava ali. E isso piorava a sensação de afogamento.

A mão que segurava meus pulsos aliviou o aperto, mas apenas para se emaranhar novamente em meus cabelos, levantando minha cabeça, como da outra vez. E assim o último golpe foi dado. A faca afiada deslizou de um lado a outro em meu pescoço. Tudo estava acabado.

Eu fui apenas a primeira.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Sinta-se a vontade para fazer observações, críticas ou elogios sobre a história, minha escrita, etc.

Obrigada por ler! ;)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Marcas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.