Cinco Vidas escrita por Anna Carolina00


Capítulo 4
A witch - final




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O cheiro do ensopado com legumes preenchia a cabana com a sensação confortável de um lar. Era Nick quem preparava a iguaria,  receita de família , segundo ele, criada para aproveitar as noites em tempos chuvosos ao lado de uma lareira. 

—Não quer mesmo participar do Lammas essa noite, Nick? Tenho certeza que seria mais divertido do que passar mais uma noite aqui no meio do nada.

— Aqui eu tenho tudo que mais quero, Charlie.

O olhar intenso de Nick deixava o moreno encabulado. Nem em seus mais belos sonhos imaginaria ter alguém como Nick ao seu lado, que simplesmente goste de estar ao seu lado. Tentando mudar de assunto, Charlie exclamou:

—Escreva a receita para mim depois, por favor! - O loiro o olhou com curiosidade e surpresa - O que foi? Só porque moro na floresta, não quer dizer que não tenha o mínimo de instrução…

—...Bem… Você não pode me culpar. Nem mesmo os escudeiros costumam ser letrados. Eu só aprendi porque já estive a serviço de um monge…

— Digo o mesmo. Monsenhor Ajayi pode ter me expulsado da igreja depois, mas… Tive tempo suficiente para aprender.

— Então vou lhe escrever cartas quando tiver de viajar. Para que não se esqueça de mim!

—Eu jamais te esqueceria, sir -  o moreno lhe abraçou com carinho - Talvez eu possa lhe acompanhar em suas viagens.

Ouvir essa possibilidade lhe transbordou de felicidade. Sem jeito, acabou se segurando no caldeirão e queimando a ponta dos dedos, logo dizendo um “estou bem” para tranquilizar Charlie.

—Acho que consigo encontrar alguma lenha seca longe do rio… Quem sabe algum bálsamo para sua mão.

—Obrigado! Se precisar de ajuda, é só me chamar.

—Eu sei me virar na floresta, sir.

Dizendo isso, Charlie beija Nick mais uma vez, um hábito que ele adoraria manter pelo resto de seus dias. Saindo da cabana, o moreno colocou sua capa habitual e andou em direção ao local onde a selva era mais densa e possivelmente a chuva não teria encharcado toda a madeira.

Sempre atento, logo percebeu movimentações incomuns na floresta. Menos animais noturnos, um clima de apreensão… Então viu ao longe no sul o que pareciam ser tochas acompanhadas de armas empunhadas. Charlie sabia que seria uma questão de tempo até que aqueles brutamontes tentassem ir atrás de sua irmã. Ao menos assim pensava, quando começou a distinguir os gritos:

—SPRING! Capturem o Louco Spring!Vamos queimar a bruxa!

Estavam atrás dele. Por um segundo, aquilo o paralisou. O que faria?Fugiria? Será que Nick lhe… Acompanharia? 

Por sorte, conhecia aquela floresta como a palma de sua mão, saberia como voltar para casa sem ser visto e avisar Nick do problema a caminho.

—Nick!

Minutos depois já estava em casa novamente. O loiro experimentava o ensopado e parecia se deliciar com aquele momento. Uma cena adorável. Apesar do tamanho, o escudeiro parecia uma criança empolgada se divertindo na cozinha. Com ingenuidade e ternura, foi pego em flagrante enquanto lambia a ponta dos dedos, dando um sorriso sem graça. Irresistível.

—Não encontrou madeira?

—Eu… - Num lapso de racionalidade, viu flashes dos últimos dias ao lado de Nick, das pequenas explosões de alegria, da sensação de enfim ter alguém com quem pudesse partilhar . Charlie estava acostumado a ser maltratado, poderia sobreviver a perseguição e viver escondido, mas Nick não. Nick merecia ser feliz, em paz. Ainda que fosse longe dele… Não podia estragar sua vida— Você tinha razão. Preciso de ajuda com a madeira, subindo o rio. Pode pegar para mim?

Tentando manter a expressão mais serena possível, o moreno apenas acenou pedindo que viesse logo, ele o esperaria para comerem o ensopado juntos. Mesmo estranhando, o escudeiro lhe seguiu.

Fizeram o mesmo percurso até o rio que percorreram nos últimos dias. Dali, o coletor de frutas pediu que  Nick subisse mais a frente, onde haveriam toras mais pesadas que não conseguiu pegar enquanto ele pegava outras. Enquanto subia, o loiro se distanciava perguntando onde estava a madeira. Mal se lembrava de ter andado por aquela região de dia, então à noite tudo parecia ainda mais confuso. Continuou procurando com cuidado, até sentir que tudo estava silencioso demais.

—...Charlie?...Charlie?!

Silêncio.

 

Mesmo com receio, o loiro continuou indo rio acima, confiando que Charlie sabia se virar na floresta. Mais a frente, uma construção ligeiramente familiar surgiu à sua vista… Logo viu uma uma mulher com vestes escuras e adereços de ossos enquanto dançava ao redor de uma fogueira e jogava frutas em oferenda.

—TORI!

—Nick? O que você… Está namorando meu irmão?

—Que magia de bruxa é essa?

A morena sorriu.

—Magia de irmã mais velha. Onde está o Charlie? Pensei que ele participaria do Lammas com você.

— Nós preferimos ficar juntos hoje. E você? Está… Comemorando o Lammas?

Comentou olhando o ritual.

—Chamamos de Lughnasadh. O verdadeiro festival da colheita, sem as invenções cristãs que roubaram nossa celebração… Assim como nossas terras…

A bruxa exalava um ar sombrio e vingativo. O loiro definitivamente não queria provocá-la naquele momento.

—Acho melhor eu voltar para… O Charlie. O que é aquilo?

Quando se virou, viu labaredas voando pelas árvores rio abaixo. Pareciam vir da cabana de Charlie.

Nicholas sequer precisou olhar para Tori, ambos sabiam que aquilo era um mau sinal, logo saíram em disparada em direção ao fogo. Infelizmente, o que encontrariam era ainda pior do que esperavam.

 

* * *

 

A cabana em chamas. O fogo começava a se alastrar para a copa das árvores ao redor, inevitável. Era uma questão de tempo até que toda a floresta fosse consumida. 

Naquele momento, o mais importante para ambos era encontrar Charlie. Nick estava prestes a entrar na casa em chamas quando uma figura encolhida no chão olhava para chamas.

—Ben… O que você fez?!?! - Nick lhe ergueu com ódio, prestes a golpeá-lo - Onde está o Charlie?!

O castanho respondeu não escondendo as lágrimas:

—Não era para ser assim… Não achei que… Charlie não merecia…

—Me responda! - Nick o soltou com brutalidade - Onde ele está?!

— Eles o levaram pro festival. Acham que ele é a bruxa… Vão queimá-lo vivo. Minha…Minha lady…

Tori, que até aquele momento apenas ouvia, reagiu segurando a respiração e lágrimas. Assim que Ben a viu, o taverneiro gritou  aterrorizado, Isso foi o suficiente para Nick lhe dirigir um soco direto, deixando-o desacordado.

—Tori… Você precisa salvá-lo…. Eles…Eles querem a bruxa…Certo? Charlie não vai sobreviver  à fogueira, mas você… Você consegue, certo?

—Eu… Não… Sei.

Nick suplicou.

—Você é uma bruxa! Eu não sou o Charlie! Não precisa fingir para mim. Já vi bruxas antes, sei o que elas conseguem fazer. Você pode controlar o tempo, a mente, pode voar se assim o desejar! Você pode salvá-lo!

—Eu nunca fiz isso, Nick… Não é tão simples. Eu não podia chamar atenção ou viriam atrás de mim e do Charlie. Ele nem sabe que… Tentei aprender usando o sangue de novilhos. Mas logo enviaram você. Eu não podia me arriscar, agora não sei como salvá-lo.

A bruxa estava se segurando para não chorar e antes que desabasse, Charlie a abraçou.

—Você é capaz, Tori. Eu acredito em você. Aqui - o escudeiro ofereceu o próprio braço, sabendo que a bruxa precisava usar sangue virgem ao desenhar suas runas - Você precisa tentar, é nossa única esperança.

Enquanto dizia, o loiro tocou a mão com a ponta de sua adaga - presente de Charlie - fazendo um corte fino e profundo o suficiente para que um pouco de sangue escorresse.  Ainda assustada, Tori respirou fundo e se concentrou nos estudos que fizeram com sua mãe. Toda sua vida foi uma preparação para aquele momento. Eea seria capaz… Tinha de ser.

 

Ao longe, quem se atentasse para olhar para o topo das grandes árvores compondo a floresta, veriam as primeiras labaredas espalhando as chamas para a floresta. Toda a vida que se erguiam ao redor daqueles seres centenários estava prestes a ser consumida, quando de repente, nuvens se acumularam e, como mágica,  começou a chover.

 

A Bruxa, um dos instrumentos da mãe natureza, estava pronta para contra-atacar.



Enquanto isso, há quilômetros dali, o povo se reunia na praça com feno, galhos e galões de bebidas. Para comemorar e auxiliar nas chamas que estavam prestes a serem colocadas na fogueira armada para o jovem Charlie Spring.

Seu rosto estava apático para a festa que ocorria ao seu redor, como se aceitasse o seu destino. Deram-lhe um último momento a sós para se arrepender de seus pecados se confessando com o Monsenhor Ajayi.

 

—Charlie, meu filho… Ainda há tempo. Diga que foi… Forçado, enfeitiçado pela verdadeira bruxa.Eu confirmarei a todos sua sinceridade, diga que você é uma vítima como todos nós.

—Padre, o senhor sabe que sou uma aberração. Agora tudo faz sentido, certo? Eu sou uma bruxa. Eu, somente, sou a bruxa que todos devem perseguir.

—Eu conheci sua mãe, Charlie. Conheci sua irmã. Elas não ficaram felizes com seu sacrifício. Não pode salvar sua irmã morrendo em seu lugar.

—Na verdade… É exatamente o que vai acontecer. Ela enfim vai embora, a vila fica livre de uma aberração e eu…Descobrirei o que me aguarda na próxima vida.

Monsenhor Ajayi lhe observa com piedade, sabe que nada que disser será capaz de lhe fazer mudar de ideia. A única coisa que lhe resta é lhe desejar um pouco de paz.

—Deus estará contigo, meu filho.

—Obrigada, padre.

 

Dali, a festa e a empolgação de todos a respeito de sua morte soava ainda mais irônico. Todos os que lhe causaram tanto sofrimento seriam recompensados mais uma vez com alegria por seu último tormento.

A música diminuiu, restando apenas o som de um tambor lento que crescia progressivamente com a chegada de seu carrasco.

Benjamin Hope foi o escolhido para acender a pira, depois de seus serviços prestados ao condado. Na sua ausência, o velho Lange foi escolhido para carregar a tocha que colocaria o fim das atrocidades causadas pela bruxa.

O tambor aumenta sob os olhares apreensivos. A bruxa ainda não havia lançado nenhum feitiço aos olhos de todos. Se fosse reagir, seria naquele momento. Cada batida era acompanhada pelo palpitar do coração de todos.

Falta cinco passos. Três. Dois. Um. 

—Quais são suas últimas palavras, criatura do demônio?

Com a luz do fogo refletindo em seus olhos, Charlie bravejou:

—Aproveitem o show!

Se não estivesse amarrado, certamente faria uma reverência. Sem esta opção, apenas fechou os olhos e buscou se lembrar de bons momentos, se transportar para longe dali. Longe das chamas, das pessoas… Um lugar onde poderia encontrar seu Nick em paz. Cercados de pomares ao longe, a grama fresca sobre os pés descalços enquanto caminham olhando para um grande lago ao lado de uma modesta casa. Então seus pensamentos mudam e o lago se transforma numa imensidão cristalina além do horizonte. O mar e pássaros cantando. Charlie gostaria de ter conhecido o mar. Se havia alguém com quem gostaria de passar os dias juntos olhando para o mar… Esse alguém era Nicholas Nelson. Sir Nicholas Nelson. O escudeiro. Sentia-se como se pudesse ouvir sua voz ao longe.

—Charlie… Charlie!CHARLIE!

O jovem acordou de seus devaneios vendo um cavaleiro todo vestido com uma armadura radiante correndo com o escudo em mãos. 

Não conseguia entender suas palavras,  mas o vilarejo inteiro  abria espaço enquanto o escudeiro corria com o escudo como se estivesse determinado a derrubar um dragão. Não podia deixar de pensar que, se houvesse um jogo em que o objetivo fosse derrubar pessoas, Nick certamente seria muito bom.

Logo sentiu o estrondo de  Nick contra a tora na qual estava prendido, sendo derrubado com ela para longe da fogueira. As chamas que começaram a consumir suas vestes logo foram apagadas pelo cavaleiro enquanto todos lhe olhavam com ainda mais temor. Ao seu lado, Charlie entendia perfeitamente o que dizia.

—Confie em mim . Eu tenho um plano- sussurrou, em seguida, gritou - Charlie Spring não é uma bruxa! Ele passou os últimos dias me ajudando a procurá-la na floresta. Hoje, enfim, eu a encontrei!

O quê? Charlie receava do que viria a seguir.

—A bruxa!

Foi Ben Hope quem gritou enquanto  a trazia acorrentada com algemas de ferro. O escudeiro continuou a falar:

— Enquanto  eu prendia a verdadeira bruxa, vocês prenderam uma pessoa corajosa e muito honrada como o jovem Charlie Spring.

— Ele disse que era bruxa!

— Ele estava enfeitiçado. Todos vocês devem saber como uma bruxa é poderosa.

— A bruxa me enganou para culpar o lou… culpar Charlie Spring! Basta vê-la, é obviamente uma bruxa!

Assim que ouviu a deixa de Ben, a bruxa gritou da forma mais monstruosa que conseguiu. Para Charlie, a irmã soava quase como um filhote de urso aprendendo os primeiros urros, mas o efeito nos vileiros foi devastador.  Olhando nos olhos de Tori, ela parecia estar… Se divertindo com o fingimento de ser uma ferramenta do demônio .

Charlie parecia aliviado de vê-la assim, sorrindo pelos olhos, mas todo seu alívio passou quando terminaram de preparar a fogueira para amarrar a verdadeira bruxa. O moreno ainda estava nos braços de Nick quando a mesma foi presa em seu lugar e ele sabia exatamente o que viria a seguir. Assim que tentou se levantar, o escudeiro lhe segurou implorando com os olhos para que não intereferisse.

A tocha foi acendida novamente e Benjamin, como fora escolhido anteriormente, tomou a tocha do  velho Lange com orgulho. Prestes a acender a fogueira, fez o mesmo ritual.

—Quais são suas últimas palavras, criatura do demônio?

— Encontro todos vocês no inferno!

Ouvindo sua resposta, Ben suja seu rosto com vinho que trouxera para comemorar o Lammas, ao menos assim todos pensaram. 

No próximo instante, o fogo se espalhou pelo feno e tudo ao redor de Tori. Charlie teve vontade de se soltar e gritar pela irmã, mas Nick o segurava de modo que não pudesse reagir. Aquele sofrimento era por uma boa causa, o loiro pensava.

O fogo se erguia ao seu redor e todos assistiam atentos sua chegada ao centro da pira, ouvindo os gritos  da bruxa. Logo, numa explosão de chamas cobrindo completamente a tora, de um modo quase mágico, toda a madeira foi consumida e transformada em cinzas. Com o grande espetáculo, aos poucos, todos  começaram a se dispersar e seguiram para outras comemorações do Festival da Colheita. A maior fila, é claro, se encontrava na igreja onde todos poderiam comer o pão abençoado pelo fim da bruxa.

 Restaram apenas Ben, Nick e Charlie que chorava olhando para as cinzas.  Nem mesmo força para se soltar lhe restavam, ele apenas olhava catatônica para o que restava de sua irmã.

Ben se afastou de ambos, olhando para Charlie como se pedisse desculpas pelo que causou. O remorso certamente lhe faria bem para reconhecer seus erros.

 

[recomento ouvir https://www.youtube.com/watch?v=WcX_zO8cqVQ&ab_channel=%E5%AD%A4%E7%8B%AC%E3%81%AAghost daqui em diante. “Dance with me” toca em Heartstopper)]

 

De repente, algumas cinzas de moveram revelando um pequeno pássaro quase completamente depenado. Seu corpo miúdo logo se desvencilhou do carvão e tomou voo sem que mais ninguém da vila o visse.

—Aquilo é um…

— Um tordo. Costumam voar em bandos, mas esse esteve sozinho por muito tempo. Agora ela vai enfim encontrar o grupo ao qual pertence.

— Ela não vai voltar? Ela nem se despediu…

— Ouvi dizer que tordos costumam migrar para o sul de Kent, próximo ao mar. Talvez nós a encontremos lá.

— O mar? Nick, O que você…

Charlie sorria olhando para seu escudeiro.

—Meu trabalho aqui acabou, Charlie. Hora de reportar à coroa. Acredito que livrar um vilarejo de uma bruxa certamente me dará o título de cavaleiro e vou precisar do meu próprio escudeiro. Estaria interessado? Não é uma tarefa fácil, sabe? Precisa aprender a polir armadura, melhorar sua arquearia e passaria intermináveis noites ao meu lado enquanto cumprimos tarefas a serviço do príncipe.

—Intermináveis noites?

—Intermináveis noites…

Ambos sorriam, certamente imaginando a alegria de poderem estar juntos dali em diante. 

—Podemos ter uma casa?

—Uma casa?

—Sim, não vamos trabalhar o tempo todo, certo? 

—Bem… Acho que uma casa modesta podemos ter… Para descansar.

— Do lado do mar?

—Do lado do mar, Charlie. Como você desejar.

Torcendo para que ninguém os visse, Nick lhe roubou um beijo rápido, apenas um estalar dos lábios, mas o suficiente para transbordar o jovem Charlie Spring de felicidade.

 

* * *

 

O vento na costa é certamente diferente se comparado ao do interior. Mais forte, à beira-mar, mais intenso e estranhamente, mais salgado. Charlie estava aproveitando cada uma daquelas sensações junto aos primeiros raios de sol.

 Naquele horário, pescadores já haviam saído para o mar e as bancas de comércio já estavam montadas no cais, deixando a praia em si ligeiramente mais silenciosa e vazia que o normal, dando ao cavaleiro e seu escudeiro o raro momento de apreciar a companhia um do outro. Descalços, sentiam a areia sob os pés lhe fazendo cócegas enquanto caminhavam em direção a àgua.

Charlie olhava maravilhado, ora para o céu, ora para o mar. Tudo parecia uma explosão de cores, cheiros e texturas. Enquanto isso, Nick só tinha olhos para o moreno ao seu lado. 

—Eu amo… Estar aqui com você, Sir Charlie.

—Eu também amo estar aqui com você, Sir Nicholas.

Charlie respondeu olhando algumas gaivotas voando sobre o píer. Nick, então, segurou em suas mãos delicadamente para conseguir sua atenção.

 -É sério, Charlie, eu…Eu amo você. Não como um amigo, mas de um jeito romântico. Eu não sei como funcionaria para nós, mas eu quero… Cortejar você. - seu rosto estava corado como o amanhecer -... Namorar você. Pedir permissão para me comprometer com você. Para sempre.

O moreno não sabia como reagir. Estava há tanto tempo se sentindo sozinho no mundo… Naquele instante, foi como se o mundo todo estivesse ali ao seu lado. Nick era tudo que precisava.

—A quem você  pediria permissão, Charlie? 

Sobre suas cabeças, um bando de tordos os sobrevoaram seguindo caminho para o sul. Um deles, em particular, piava alto, como se cantasse diretamente para o casal.

Sorrindo, o cavaleiro comentou enquanto lhe dá um beijo junto aos seus cabelos escuros:

—Eu acho que já tenho a permissão, Charlie. 

—...Então precisamos oficializar nossa união, meu senhor.

—E o que sugere, meu senhor?

Charlie pega um papel de cartas e um pedaço de carvão, sempre anda com eles guardados em sua bolsa. Nick logo entende a ideia e procura uma garrafa jogada na praia. Assim que volta com a garrafa e a rolha, Charlie lhe oferece o papel.

 

"C. W. Spring e N. S. Nelson estão unidos pela vida, em terra e mar, sob os olhos de Deus, para sempre."

 

Charlie então, sela um último beijo em Nick, que arremessa a garrafa o quão longe foi possível no mar, desejando que através daquela garrafa, seu amor ultrapasse os oceanos, o tempo e  a própria vida.






















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Notas finais do capítulo

É isso! A primeira vida desse casal está completa!
O detalhe dos nomes do meio: Charlie Willian Spring e Nicholas Sebastian Nelson é um estearegg dos nomes dos meios do atores. Além disso, planejo numa outra vida que ambos usem nomes falsas (num baile de máscaras talvez? Ainda não sei) e eles serão utilizados novamente.

Agradeço muito quem leu até aqui e gostaria muito de feedbacks e sugestões. Ideias para as novas vidas seriam muito bem vindas!



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