Esperando você voltar... escrita por Carol Liz


Capítulo 1
Capítulo Único




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Todos os dias Alice acordava, tomava seu café da manhã, se arrumava e descia para trabalhar na loja de antiguidades, que ficava na parte de baixo da casa da família, gostava daquele lugar, era curiosa e as pessoas sempre tinham algo para contar sobre os objetos que ali deixavam, seus pais Elizabeth e Anthony tinham aquilo como um hobby já que devido a uma herança dos avós nem precisavam trabalhar e assim cobravam valores simbólicos pelos móveis, livros, joias ou qualquer outro artigo que ali se encontrava.

Ela amava acompanhar a mãe nas feiras de móveis antigos e artigos que eram realizados por pessoas que compravam nas cidades vizinhas e vendiam na praça local, eles moravam em Forks, que não era uma cidade grande e a maioria das coisas que vendiam eram trazidas de cidades próximas.

Estava vendo uns vestidos e pensando que seriam ótimos para quem procurasse algo diferente para o baile de primavera que aconteceria em alguns dias, as pessoas gostavam das roupas que eram vendidas na loja por não serem tão caros e ela sempre dava um jeito de deixar a peça mais atual e única.

Ficou tão animada que não percebeu que uma senhora estava falando com ela, levou um susto ao sentir um toque em seu ombro.

— Me desculpe menina, não queria te assustar.

— Tudo bem eu que acabei me distraindo.

— Você trabalha naquela loja de antiguidades no centro, não?

— Isso mesmo.

— Ah, eu tenho alguns objetos que queria me desfazer, mas não estão aqui comigo, mas eu pensei...

Alice parou de prestar atenção no que a senhora dizia ao ouvir uma voz ao fundo cantando, ela lembrava dessa voz, jamais a esqueceria. Olhando atrás da senhora alguns metros à frente viu o cabelo loiro e percebeu que ele não havia mudado nada estava usando uma jaqueta preta gasta, jeans rasgados e tocava violão.

— Você o conhece?

— Hã?! Ah me desculpe de novo, eu acabei me distraindo eu... hum... acho que sim...

— É meu vizinho Jasper, ele morou aqui uns anos atrás, mas foi...

— Conhecer o mundo para se conhecer – Completou Alice sem perceber.

— Sério? Hum que estranho não foi isso que...

— Hum, me desculpe eu preciso ir, olha depois passa lá na loja e leva as coisas que a senhora quer, tudo bem?!

Alice saiu apressada sem esperar por uma resposta foi direto para o carro, e agradeceu mentalmente, por sua mãe já estar lá guardando as coisas para irem embora.

XXXXX

Jasper era seu melhor amigo dividiam tudo na época de escola, ela sabia cada detalhe da vida dele e ele a dela, acabou se apaixonando ou talvez confundindo a amizade que tinham com algo mais, chegou a acreditar nisso depois que ele se foi.

Cinco anos atrás, durante o verão, após se formarem no colégio estavam programando uma viagem de carro sem destino, apenas cair na estrada e ver onde ela os levaria, Alice pensou que antes de fazer isso deveria abrir seu coração e assim Jasper decidiria se seguiriam como amigos ou como namorados, se ele sentisse o mesmo por ela.

Em um dia ela tomou coragem para confessar seu amor, porém quando foi até sua casa só encontrou Angela, a mãe de Jasper, que lhe disse que ele havia viajado, como sua mãe nunca estava por perto, não estranhou ela não saber para onde ele havia ido, muitas vezes se perguntou se esse jeito dele não vinha da criação que acabou recebendo dela que sempre o deixava com empregados e parecia não querer ficar por perto.

Jasper muitas vezes lhe dizia que ela pedia para ele não ser como o pai que havia caído no mundo sem querer saber deles, o que para Alice não fazia sentido já que ela praticamente fazia o mesmo, mas não comentava sobre isso, pois percebia como os momentos em que passavam juntos eram importantes para ele.

Ele sempre falou de sair pelo mundo porque só assim uma pessoa poderia se conhecer, mas ela nunca pensou que ele simplesmente partiria sem lhe dizer nada, tudo que sabia era o que a mãe dele havia lhe dito, que ele tinha pegado suas coisas e partido, passou quase seis meses indo até sua casa procurando notícias e sempre recebia a mesma resposta ninguém sabia onde ele estava e o mesmo não dava notícias, cansou de ligar e mandar mensagens, mas as ligações nunca eram atendidas e nem as mensagens respondidas.

Então parou de tentar achar uma resposta, estava claro que Jasper não queria dar uma, então não iria mais ficar insistindo.

Depois de um tempo ficou sabendo que sua mãe também fora embora da cidade.

O tempo passou a vida se tornou simples e tranquila para Alice que nunca achou que precisaria de mais do que já tinha, amava desenhar e tirar fotos não cogitou uma profissão em nenhuma dessas áreas, porque não queria se sentir pressionada em fazer o desenho certo ou tirar a foto ideal tudo que fazia era por gostar de se sentir livre ao fazer, mas no fundo se fosse honesta consigo mesmo nunca pensou em fazer algo que a colocasse fora da cidade por que ainda esperava, ainda esperava ele voltar.

XXXXX

E mesmo após passar dois dias que o vira não conseguia parar de pensar nele, nos tempos de escola, nas conversas e momentos que passaram juntos, já fazia anos e percebeu que tudo que fizera fora fingir que nada havia acontecido, apenas fingiu esse tempo todo e agora não conseguia mais disfarçar, sentia raiva dele por não ter pensado nela ao menos uma vez, ele nunca tentou procurá-la ou lhe dar uma explicação do que houve, se sentia uma boba, por todo esse tempo ter tirado um momento ou outro pensando nele.

Sua raiva crescia ainda mais ao pensar que ele voltou sabe se lá quando e até o momento não a havia procurado, um sinal claro de que ela não era importante, muito menos sua amizade.

Tirou o dia de folga coisa que raramente fazia, mas precisava ficar um pouco sozinha para decidir o que fazer, foi para o único lugar que sabia que isso iria acontecer e não seria interrompida.

Fazia muito tempo que não ia na cachoeira que ficava nos arredores da cidade, Bella sua prima foi quem lhe mostrou aquele lugar, nas férias de verão quando ela ia lhe visitar sempre dava um jeito de lhe arrastar para o meio do mato, ela morava em uma cidadezinha próxima e amava fazer caminhadas na floresta e descobrir novos lugares.

Alice ia muito naquele local depois que Jasper foi embora, se sentia sozinha, triste e preocupada com ele sem saber o que tinha acontecido, sua mãe dizia que notícia ruim sempre encontra seu destino e que nada de mal deveria ter acontecido se não ela saberia de um jeito ou de outro, com o passar dos anos parou de ir lá, sua tristeza e preocupação se transformando em raiva, entendia que o que aconteceu não deveria ter sido nada demais ou pelo menos nada que Jasper se sentiu com vontade de dividir com ela.

O dia estava quente e resolveu aproveitar um pouco, se despiu e entrou de roupa intima mesmo sabia que ali não era frequentado por muitas pessoas, por ser uma região de mata um pouco fechada e sem um bom guia seria fácil se perder, ficou submersa na água olhando para o céu tentando adivinhar o desenho das nuvens.

Alice ouviu galhos se quebrando próximo dali e se assustou nunca parou para pensar em pesquisar se havia algum bicho selvagem naquela região e tentou lembrar se já tinha ouvido algum comentário sobre isso, chegou mais perto da queda d’água e afundou o corpo ficando apenas com os olhos para fora.

Ela podia ver um vulto passar pelas folhas, mas não imaginou em momento algum que ali no meio do nada seria ele que iria aparecer.

Ficou observando calada enquanto Jasper saia de trás de uma arvore olhando o céu, ficou tão chocada com a situação que não conseguia fazer qualquer coisa, o viu colocar a mochila em uma pedra e começar a se despir, desviou o olhar tentando dar um pouco de privacidade, mesmo que ele ainda não tivesse percebido que precisava e começou a pensar no que faria, como sairia de lá sem ser vista.

Ouviu o barulho da água e se deu conta que não tinha muito mais tempo e assim mergulhou, foi para trás da queda d’água, ali tinha um espaço na pedra onde poderia ficar sem ser vista, iria ficar lá esperando até Jasper ir embora.

Se sentou na pedra fria abraçando os joelhos, não tinha se preparado para aquele encontro e começou a ficar um pouco nervosa com a situação.

— Alice?!

Ouviu seu nome e ficou paralisada, sabia que tinha que responder, mas ficou ali em choque apenas olhando para ele.

— De todos os lugares não achei que te encontraria bem aqui.

Ouvir isso despertou Alice do transe, aquilo fez ela ficar com raiva dele, com raiva de tudo aquilo.

— É mesmo Jasper? E algum dia você pensou em me encontrar?

— Foi você que não quis Alice, não...

— Como é que é? Agora você quer jogar essa culpa em cima de mim? É isso mesmo?

— E a culpa então é minha?

— Isso só pode ser piada, você é muito cara de pau mesmo.

Alice mergulhou na água, estava decidida a ir embora dali, nadou até o outro lado da margem onde deixou suas coisas, não percebeu que Jasper estava vindo logo atrás.

— Você não me deu uma resposta Alice o que eu deveria ter feito?

— Não te dei resposta? Você foi embora sem... Quer saber tanto faz, eu não vou ficar aqui com esse papo sem fundamento que você criou, ok!

Alice vestiu suas roupas de qualquer jeito apressada para ir embora, sabia que se ficasse mais um minuto ali diria coisas que não gostaria, nem conferiu se colocou as roupas do jeito certo, estava com tanta pressa que apenas saiu andando de volta pelo caminho que conhecia de cor.

XXXXX

Dias se passaram e Alice retornou sua rotina na loja, mas as coisas já não eram mais as mesmas, não conseguia se concentrar e estava sempre distraída.

Um dia no meio do expediente correu para o seu quarto se sentia angustiada e percebia que estava em seu limite, estava desesperada por algum sinal, alguma luz que lhe mostrasse o que fazer.

Resolveu ligar para sua prima, quem sabe ela poderia lhe dar um rumo, somente ela poderia entender a raiva que sentia, a raiva que ainda borbulhava dentro de si.

— Não acredito na cara de pau dele de tentar falar comigo como se nada tivesse acontecido e ainda me culpando por... Ah, sei lá o que, como se ele não tivesse sumido por anos e me esquecido, sem nem dar uma explicação.

— Ali, não acha que já que ele está aí não é hora de finalmente resolver essa situação?

— Como é Bella? Você por acaso ouviu algo do que eu disse? Jasper não quer me dar uma explicação e eu que não vou correr atrás dele como um cachorrinho querendo atenção.

— Ok, Ali, ok, olha eu só acho que você deveria fazer isso por você, para ter um pouco de paz, para poder seguir em frente seja com ele novamente em sua vida ou com ele fora de uma vez.

Depois da ligação Alice se viu ainda mais perdida e confusa, ouviu sua mãe lhe chamar, mas não desceu para ver o que ela queria ficou sentada em sua cama pensando no que deveria fazer, qual atitude tomar.

— Alice? – Sua mãe lhe chamou entrando no quarto.

— Hã? Oi, mãe.

— Eu estava te chamando... - A mãe percebeu a preocupação em seu semblante - Alice o que foi? O que aconteceu?

Ela se sentou ao seu lado na cama esperando uma resposta, Alice deitou a cabeça em seu colo e ficou em silêncio pensando se falava a verdade ou mentia, mas ponderou que se alguém poderia lhe dar um bom conselho essa pessoa seria sua mãe, começou a lhe contar tudo desde o momento que percebeu seu amor por Jasper até o que tinha acontecido na cachoeira.

Quando terminou Alice percebeu que estava se sentindo mais leve, não tinha se dado conta que carregava esse mal-estar a tanto tempo, não achou que precisava desabafar com alguém, sua prima Bella sabia sobre Jasper ter ido embora, mas ela nunca contou a mais ninguém sobre seu amor por ele e não sabia que guardar isso para si era como conviver com uma bola em seu peito que pesava mais a cada dia.

— Alice, por que você não disse isso antes?

— Eu não... não sabia... eu não sei, mãe. Eu estava tão triste e preocupada e depois com tanta raiva, tanta raiva e então eu fiquei com tanta vergonha.

— Por que você ficou com vergonha? – Sua mãe lhe perguntou, enquanto fazia cafuné em seu cabelo.

 — Por ter sido boba, por ter esperado todos esses anos ele um dia voltar e me contar o que aconteceu, por ainda o amar...

— Isso não é motivo para ter vergonha Alice, você disse que ele tentou falar com você dias atrás, por que não quis ouvir ele?

— Eu fiquei com medo dele falar algo como “eu te desprezo”, “nunca mais quero te ver na vida”, eu não sei se estou pronta para ouvir algo assim ou qualquer coisa que o faça sair da minha vida mãe.

— Já se passaram cinco anos Alice, você precisa colocar um ponto final ou uma virgula nessa história, mas o que você não pode é querer fugir agora, não quando o que mais você queria era ter ele aqui pronto para lhe dizer o que aconteceu.

XXXXX

Alice não conseguia pregar os olhos, rolava de um lado para o outro em sua cama, depois que conversou com sua prima e logo depois com sua mãe não parava de pensar em falar com Jasper, se sentia tola por não ter lhe dado atenção no dia que o viu na cachoeira.

Desistiu de ficar deitada e saiu do quarto tentando não fazer barulho para acordar seus pais, já estava tarde e não queria preocupar eles com sua confusão interna.

Foi para parte de baixo da casa, nos fundos da loja onde deixavam um pequeno estoque com os sofás, poltronas, algumas cadeiras e outros itens que não tinham como ficar na parte da frente pelo espaço.

As vezes ia para lá quando queria desenhar e precisava de silêncio, na verdade ela ficava muito ali com Jasper na época da escola fazendo os deveres e jogando conversa fora, sempre com ele escrevendo algo e ela desenhando.

Acendeu algumas velas, pegou seus lápis e folhas, sentou-se no sofá e começou a desenhar.

Estava tão entretida que demorou a perceber que tinha uma pessoa ali com ela, mas quando se deu conta da figura próxima da porta dos fundos deu um berro.

— shiiii... Alice, tudo bem sou eu Jasper.

— O que você está fazendo aqui seu maluco?

— Eu precisava falar com você, eu ia deixar isso aqui – Jasper mostrou um pacote grosso em suas mãos.

— E então você só foi entrando como um ladrão?

— Nada que eu não fazia antes, não é? – Alice ficou olhando para ele esperando uma explicação – Quando a gente passava a noite aqui conversando. A porta ainda permanece sem tranca não é como se eu a tivesse arrombado.

Alice ouviu passos na escada e sabia que seus pais estavam vindo, não queria dar mais explicações do porquê Jasper estava ali quando ela mesma ainda não sabia o motivo.

— Vai para trás do sofá rápido – ela disse enquanto o empurrava.

— Mas o quê?!

— shiii, só vai logo.

Jasper foi para parte de trás do sofá mesmo contrariado, mas não tinha o que fazer e decidiu nesse momento confiar nela.

A porta de acesso a loja se abriu e seu pai entrou segurando uma lanterna com sua mãe logo atrás dele.

— Alice o que aconteceu nós ouvimos um grito, você está bem minha filha?

— Ah, está tudo bem pai eu só me assustei com um bicho, acho que era uma aranha.

Alice sabia bem que seu pai tinha medo de aranha e usou disso para que ele não ficasse muito tempo por lá.

— Nossa filha verdade? E onde ela está? Onde você a viu? – Seu pai perguntou olhando para os lados já com medo de estar perto dela.

— Por favor, Tony como se você fosse fazer algo com essa informação. – A mãe dela sabendo bem como o marido era foi empurrando-o para voltarem ao quarto – Foi só um susto vamos, vamos voltar a dormir, Alice não fique sem dormir, tá bom!

— Não, eu só vou terminar um desenho e já vou mãe, boa noite!

Eles se despediram e Alice esperou próximo da escada para ter certeza de que eles não iriam voltar, aproveitou para se acalmar um pouco e pensar como deveria lidar com o que lhe esperava.

Tomando coragem seguiu com passos firmes para encarar de uma vez por todas a conversa que vinha enrolando para ter, assim que fechou a porta Jasper saiu de trás do sofá.

— Nós podemos conversar agora?

Alice caminhou até ele e se sentou no sofá enquanto o via fazer o mesmo na outra ponta.

— Eu só quero saber por que você foi embora e não falou nada? E por que você me culpa por isso?

— Quando você ficou brava na cachoeira eu percebi que você não sabia do que eu estava falando e fui atrás disso. – Ele colocou, no espaço entre eles no sofá, o pacote que o tinha visto segurar quando estava parado no escuro.

— E o que é isso?

— Você lembra quando fui passar o verão com meus tios no Texas?

— Sim eu me lembro, isso foi no ano anterior a você ir embora, mas o que teve de importante nessa viagem? Você disse que não tinha feito nada além de ficar andando a cavalo e olhando os animais da fazenda.

— Eu não te contei antes por que não foi importante na época Alice, eu só... bom, não tinha importância, no meu último dia lá saí com meus primos, nós fomos em um bar na cidade vizinha, eles queriam que eu aproveitasse antes de retornar. Encontramos alguns amigos deles e fomos para outro lugar, uma outra festa na casa de uma amiga deles, o nome dela era Maria, entre uma bebida e outra nós acabamos ficando juntos.

Alice sentiu seu coração apertar, se lembrava daquela época de como Jasper voltou e de como parecia que ele não conseguia olhar para ela, agora entendia, ele conheceu alguém e se apaixonou, por isso havia partido, por isso...

— Alice?

— Hã?! Desculpa eu só estava...

— Pensando, eu sei, mas agora eu preciso que você preste atenção em mim, o que vou falar é importante, ok.

— Certo, me desculpa, pode terminar eu vou prestar atenção, prometo!

Jasper olhou bem nos olhos de Alice captando sua atenção, pois não queria que ela começasse a julgar suas atitudes antes dele ter a chance de lhe contar tudo.

— Eu passei aquela noite com Maria, no dia seguinte eu vim embora e não voltei a ter contato com ela e então ela ligou me pedindo ajuda.

Jasper olhou para frente e abaixou a cabeça, ele estava com vergonha e não sabia como encarar Alice naquele momento.

— Maria havia engravidado e foi expulsa de casa, ela estava ficando com uma amiga até que ela acabou se mudando de cidade e as coisas começaram a ficar difíceis para manter o emprego e o bebê que precisava ficar com uma babá, então ela procurou meu primo que lhe deu meu telefone e assim ela me encontrou. Eu não falei com ela na hora foi minha mãe, ela me disse que eu não podia deixar a Maria sem ajuda, que eu não devia ser como meu pai. Então eu fui até ela.

— Espera sua mãe sabia onde você estava?

— Sim, Alice, ela sempre soube, eu percebi naquele dia da cachoeira que você não sabia do que eu estava falando e como eu fui burro.

— Como assim?

— No dia que eu viajei minha mãe me levou para o aeroporto, naquela época eu não vi nenhuma maldade na intenção dela, quando eu desembarquei e encontrei meu primo que me dei conta que estava sem o celular, liguei do celular dele e avisei minha mãe e pedi para ela te deixar avisada que eu voltaria logo.

— Ah, como ela pôde... - Alice se levantou sua cabeça girando com todas as informações que Jasper lhe dizia.

— As coisas não estavam sendo tão simples de resolver com Maria e minha mãe exigia que um teste de DNA fosse feito e que eu não deveria voltar antes de resolver tudo. Ela me ligava todos os dias e eu não conseguia agir de outra forma, e tinha meu filho Alice, mesmo sem a confirmação de um teste eu sentia que ele era meu, James é meu.

— Eu não estou entendendo uma coisa, você não estava sem telefone?

— Eu tive que comprar outro lá e pedi que ela pegasse seu número para me passar, mas ela disse que não tinha achado meu telefone em lugar algum e que você foi até lá em casa um dia e te contou tudo.

— Não, isso... não ela não disse nada.

Alice se ajoelhou em frente a Jasper segurando suas mãos e olhando em seus olhos para ele ter certeza de que ela não mentia.

—Jasper, ela não me disse o porquê você foi embora, eu juro, ela nunca contou só falou que você viajou e não sabia onde estava, nem meu telefone ela pediu, nunca Jasper, nunca...

Jasper apertou as mãos de Alice em resposta.

— Naquela época eu não imaginei Alice, mas agora eu sei.

Ele se sentou no chão na frente dela ainda segurando suas mãos incapaz de deixá-la ir.

— Bom ela me falou que você não imaginava que eu poderia fazer algo assim, que um filho você não poderia aceitar, que era demais. Minha mãe me fez acreditar que eu deveria ficar com Maria que deveria dar uma família ao meu filho, ser o pai que eu não tive.

— Jasper eu jamais diria isso, como... por que você acreditou nisso? Por que não voltou e falou comigo pessoalmente?

— Eu pensei em fazer isso, mas ela me convenceu que eu não poderia sair de lá sem a resposta do exame, então Maria me aconselhou a escrever uma carta. Eu escrevi, mas você nunca respondeu.

— Deixa eu adivinhar, sua mãe iria me entregar a carta?

— Sim, ela precisou voltar então eu confiei nela. Eu não escrevi só uma na verdade foram várias depois daquela, por seis meses eu escrevi te contando o que estava acontecendo, pensando que assim você veria que o fato de eu ser pai não mudaria muita coisa só a nossa viagem teria que ser adiada por um tempo.  

— Eu não entendo, então como eu nunca recebi carta nenhuma? Você entregou todas para ela?

— Não, enquanto aguardávamos o resultado do DNA, eu aluguei uma casa para Maria poder ficar com meu filho, então como ela conhecia a cidade se oferecia para enviar as cartas, o teste confirmou o que eu já sabia James era meu filho e eu não tinha um retorno seu, o tempo foi passando e acabou que eu segui o conselho da minha mãe e tentei dar ao meu filho uma família, um lar, ser um pai para ele. Um tempo depois Maria e eu acabamos percebendo que não daria certo de que erámos ótimos como amigos. Ela acabou se envolvendo com outra pessoa, na verdade ela acabou ficando com meu primo o Peter.

— Sério?!

— Sim, mas tudo bem se tem uma pessoa em quem eu confio é ele, enfim, acabou que eles começaram a namorar e se casaram ano passado, então eu resolvi voltar mostrar para o meu filho a cidade na qual eu cresci.

— Ele... você o trouxe?

— Sim, na verdade estão todos aqui, minha mãe não gostou quando soube, já que só  contamos para ela quando tudo foi arranjado, eu pensei em te procurar, mas não tive coragem de olhar em seus olhos, então quando nos encontramos na cachoeira eu percebi que tinha algo errado, então eu falei com ela, no início ela negou tudo e ficou falando que não se lembrava dos detalhes por que fazia muito tempo, mas a Maria acabou contando que minha mãe pedia para ela não enviar as cartas que eu escrevia, ela a fez acreditar que você não era minha amiga que não tinha interesse em mim e que você se sentia mal por eu ficar insistindo.

Jasper parou por um momento e se levantou andando de um lado para o outro.

— O que? – Alice tentava entender o que ele parecia em dúvida de lhe contar.

— Alice eu... eu... eu amava você, eu sempre amei, sei que deveria ter te falado isso antes, mas eu tinha tudo planejado eu ia me declarar antes da nossa viagem, na verdade eu planejei a viagem para podermos ficar um tempo sozinhos sem ninguém por perto, mas acabou que nada aconteceu como eu queria. Eu não menti para Maria ela sabia o que eu sentia por você, na verdade ela assim como eu também foi enganada pela minha mãe.

— Ah, Jasper...

Alice levantou e se jogou em seus braços, não imaginava que ele dissesse algo como aquilo, na verdade em todos esses anos achava que somente ela o amasse, estava disposta a ter ele em sua vida mesmo que ele deixasse claro que seriam apenas amigos, aquilo era mais do que esperou.

Jasper a abraçou com força, sentindo seu perfume, querendo repor todos os anos que passaram longe, querendo ter de volta todo o tempo que perdeu ao lado dela.

— Alice se... se você não sentir o mesmo eu entendo, eu realmente entendo, mas eu preciso saber se nós ainda podemos ser amigos, porque eu não posso perder você de novo, eu nunca deixei de pensar em você todos esses anos, então por favor me deixa ao menos ser seu amigo.

Alice levantou seu rosto se aproximando de Jasper, seus narizes se tocando, suas respirações se misturando, inclinando a cabeça para o lado sentiu seus lábios se tocarem e aprofundou o beijo.

Quando ficou sem ar, deitou a cabeça em seu peito e o apertou ainda mais em seus pequenos braços, como se precisasse da força dele para se manter em pé naquele momento.

— Eu amo você Jasper, eu ia te contar antes, mas quando eu fui te procurar... – Alice começou a chorar, não conseguia acreditar que tudo que viveu nos últimos anos poderia ter sido evitado se a mãe dele não tivesse mentido.

Jasper pegou Alice em seus braços e se sentou no sofá, deixando-a chorar em seu colo, um tempo depois ela parou e eles apenas ficaram ali aproveitando um pouco a companhia do outro, suas mãos tocando os cabelos, os braços, o rosto de Alice em seu peito e seu rosto em sua cabeça.

— Afinal o que tem no pacote? – Alice perguntou depois de ficar um tempo com o olhar perdido nele.

— Suas cartas, depois do que Maria falou, minha mãe não tinha mais como esconder nada, então me entregou elas. Alice eu sei que o que ela fez não foi certo e sei que perdoar ela é uma escolha sua eu mesmo fiquei com muita raiva dela na hora, mas desde que ela soube do meu filho isso a mudou de alguma forma, ela se aproximou mais de mim, ela se tornou a mãe que eu nem pensei que eu queria.

Naquela noite eles não conseguiram se soltar e colocaram a conversa em dia, Jasper lhe contou tudo que fez nesses anos e como James, seu filho, se parecia com ele a cada dia que passava, Alice lhe disse também tudo que fez mesmo que para ela parecesse coisas bobas e sem importância perto do que ele viveu.

XXXXX

Alice acabou conversando com Angela, apenas para que a convivência não fosse estranha entre elas, mas somente anos depois pode falar que conseguia entender os motivos dela.

Logo Jasper levou Alice para conhecer seu filho, assim como Maria e seu primo, ela não pensou que seria tão acolhida e querida por eles, por um tempo se sentiu sem saber como lidar com James ou com medo de que ele a culpasse por algo, mas eram só medos bobos ela constatou assim que conheceu o menino, James também se encantou por Alice, muitas vezes preferindo ficar com ela do que Jasper, mas ele amava isso era algo que sonhava a muitos anos ter os dois ali juntos com ele.

Os dias foram seguindo se tornando meses e logo dois anos se passaram entre idas e vindas de Jasper ao Texas. Ele, Maria e Peter decidiram que o melhor lugar para James crescer de acordo como queriam era em Forks. E com isso todos se mudaram de vez.

XXXXX

Naquele dia Alice estava animada, porque a viagem de carro que fora planejada anos atrás finalmente estava sendo realizada. Imaginou aquela viagem várias vezes, mas nunca cogitou que a viagem seria para sua lua de mel.

Estava perdida em pensamentos olhando a paisagem passando pela janela do carro.

— Alice?

— Hã?! O que foi?

— Você tinha um sorriso tão lindo no rosto, eu só queria saber o que você estava pensando.

— Eu só estava aqui me sentindo grata por tudo, me lembrando do nosso casamento, como James estava lindinho de terno.

— Ele odiou usar aquilo. – Jasper comentou rindo se lembrando das reclamações de seu filho.

Estavam se aproximando de uma ponte, então ele encostou o carro e chamou Alice para descer, ela estava tão feliz que mesmo sem entender o seguiu.

— Aqui – Ele lhe entregou um cadeado aberto ela viu que estava riscado as letras A e J nos dois lados. – Eu coloquei nossas iniciais nele, algumas pessoas dizem que existe uma lenda que o amor entre as duas pessoas que possuem seus nomes em cadeados presos em uma ponte só pode ser rompido se alguém encontrar a chave no fundo do rio, conseguir identificar o cadeado e o abrir.

— Eu pensava que isso era coisa só daquela ponte em Paris, onde já não fazem isso.

— Na verdade você pode fazer isso em qualquer ponte que tenha um rio e claro onde se consiga prender o cadeado.

— Meu marido é tão romântico. – Alice abraçou Jasper rindo de como ele ficou vermelho com o comentário.

Jasper sorriu e puxou Alice para a grade onde prenderam juntos o cadeado e depois atiraram a chave nas águas que corriam logo abaixo.

— Eu amo você Alice e espero que nunca ninguém seja capaz de achar essa chave.

Jasper pegou o rosto de Alice com ambas as mãos e lhe deu um beijo apaixonado.

Voltaram para o carro para iniciarem a longa viagem que fariam dessa vez juntos.

Fim.


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Notas finais do capítulo

Por favor, se acharem algum erro ou não tiverem gostado comentem para ajudar essa autora a melhorar ainda mais a escrita!



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