Lobos da Alvorada escrita por Y Willemann


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Oiii, como vão vocês? Trouxe mais um capítulo pra vocês aproveitarem. Espero que gostem. Os próximos capítulos prometem. Não se esqueçam de comentar!!!



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Meu primeiro dia de aula do ensino médio. Eu estava ansiosa, é claro, mas também nervosa porque seria a primeira vez que não conheceria ninguém na minha turma. E aquela saia cinza claro toda cheia de pregas estava pinicando minhas coxas recém depiladas. Helen estava feliz por mim, ela sabia que era meu sonho estudar em uma escola própria para lobisomens, ainda mais na escola de elite onde estudava a família do Alpha!

Era muito frustrante estudar numa escola humana normal e ter que se segurar na aula de educação física, ou não aprender história do jeito certo, ou seja com a nossa interferência em diversos conflitos ao redor do mundo. Além disso, não podíamos conversar abertamente com nossos amigos sobre coisas cotidianas, como caçadas, corridas, coisas da matilha etc. E agora eu poderia vivenciar toda a experiência de ser uma lobisomem adolescente em uma escola da matilha. Estava exultante!

Estava em frente ao meu armário quando o vi pela primeira vez. Tinha a pele bronzeada devido ao fim do verão,  com algumas sardas nas maçãs do rosto. Lábios bem desenhados, o rosto bonito e os olhos mais azuis que eu já tinha visto. Lobisomens tem olhos de cores mais vibrantes que os humanos, mas mesmo assim os olhos dele se superavam. Todas as meninas paravam pra olhar quando ele passava. Foi na hora do almoço que eu soube: o nome dele era Erick, e ele era primogênito do Alpha Caleb.

No fim da primeira semana ele me chamou pra sair, e na semana seguinte estávamos namorando.

Sai de meu devaneio quando o som de folhas secas sendo esmagadas chegou aos meus ouvidos.

—Achei que não queria mais fazer o teste - A voz de meu pai veio de trás de mim, da direção de nossa casa.

—Mas ainda preciso me manter em forma - Respondi, sem tirar os olhos do alvo. 

Um movimento do braço, um som cortando o ar e, um milésimo de segundo depois, uma faca estava cravada bem no centro da placa de madeira, pintada rusticamente de vermelho e branco, a trinta metros de distância. 

Me virei para ver meu pai adentrar a clareira na qual eu me encontrava.

Ele era apenas dois centímetros mais alto do que eu, o corpo com mais músculos do que qualquer outro  ômega da idade dele. O cabelo loiro estava reluzindo com o sol e os olhos castanhos afetuosos sorriam para mim.

—Imaginei que encontraria você aqui - Ele começou - Você gosta de esvaziar a cabeça treinando. Só não sei o que está te incomodando dessa vez, filha.

Bem que eu gostaria de ver a reação do meu pai ao saber que sua filha estava arremessando facas imaginando acertar o rosto do filho do Alpha. Ao invés disso eu respondi:

—É a lua cheia, papai. Estou ansiosa com a lua, só isso. - Não era mentira; a lua cheia era em 3 dias, e eu não sabia como o meu corpo iria reagir depois de tanto tempo sem ver Erick.

—Ah! Sua primeira lua cheia depois dos 18 anos… Bem acho que não precisa se preocupar com isso. Se eu não me engano é pra ser igual a qualquer outra lua e… - Meu pai fez sinal de silêncio pra mim e começou a farejar, no que fiz o mesmo, tentando ver o que tinha deixado ele preocupado. 

Senti o cheiro pouco antes de ouvir os passos: dois betas da nossa alcateia. E sabia que, se eu podia ouvi-los, eles podiam nos ouvir de volta.

Fiquei estática por dois longos minutos até que os dois nos alcançassem, voltassem a forma humana e colocassem uma bermuda. Tinham pelo menos 1,95 de altura cada um, e cabelos raspados estilo militar. O que parecia ser o mais velho dos dois não passava dos 30 anos, enquanto o outro deveria ter a minha idade.

—O que dois ômegas fazem tão dentro da floresta fora da lua cheia? - O mais velho tinha a voz grave cheia de autoridade - Não sabem do limite de 100 metros para essa área da cidade? Tecnicamente isso é uma reserva ambiental.

—Desculpe senhor - Meu pai respondeu de cabeça baixa, e isso me encheu de raiva. Raiva dos betas por sempre nos tratarem como inferiores, e raiva de nós, como ômegas, por sempre aceitarmos de cabeça baixa.

— Nenhum humano nos viu entrar aqui - falei sem levantar a cabeça.

— O que foi que disse, ômega? - Dessa vez foi o mais novo que se dirigiu a mim, se aproximando.

—Nenhum humano nos viu entrar aqui - falei mais alto, embora eu tivesse certeza de que ele tinha ouvido da primeira vez.

Então ele voltou seu olhar para o conjunto de facas amontoadas aos meus pés.

—Parece que a ômega está treinando. - Ele riu alto e tive que fincar meus pés no chão para não avançar nele - Planeja fazer o teste de aptidão? - Ele falou com desdém.

— Não - eu respondi, mas xinguei Erick mentalmente, porque eu bem queria ter respondido um "sim" para aquele beta idiota.

—Está mentindo. Deixe-me ver você acertar o alvo - Dizendo isso ele pegou uma das minhas facas e estendeu para mim - Vamos ver do que uma ômega é capaz.

Olhei para a faca por meio segundo, até que o mais velho tornou a falar:

—Vamos, faça o que ele diz.

Peguei a faca com a ponta dos dedos e a levei para perto de minha orelha. Respirei fundo e lancei. A faca acertou a segunda linha vermelha. Os dois betas recomeçaram a rir.

—Está bem. Vão pra casa e não voltem a aparecer por aqui - Disse o mais velho, por fim.

Fiz menção de ajuntar minhas facas, mas meu pai pegou minha mão e me puxou rapidamente para as árvores, na direção de casa. Dez minutos depois, quando estávamos sozinhos na mata ele disse:

—Foi uma boa ideia a sua ter errado o alvo. É sempre bom ter cuidado com esses betas metidos a besta quando ninguém está olhando.

— Sim pai, foi uma boa ideia - Só que não havia sido. Eu estava tentando acertar o alvo.




Meus temores quanto a lua cheia voltaram a se confirmar na manhã seguinte, quando acordei cansada e com olheiras pela primeira vez na minha vida. Imaginar Erick acordando na mesma situação me dava tanto medo quanto um prazer silencioso de pensar em sua beleza perfeita um pouco menos… Bem, perfeita.

Eu tinha um kit de maquiagem praticamente intocado então já sabia como iria disfarçar a minha aparência abatida. Mas a ideia de Erick procurando algo pra melhorar a aparência dele me era incrivelmente engraçada. Isso é, até que fosse realmente lua cheia e nossa forma de lobo estivesse realmente fraca. Para isso eu havia elaborado um plano. E pretendia começar a prepará-lo logo após o café da manhã.

Passei a maquiagem seguindo um tutorial da Internet e desci para o café da manhã. Encontrei minha mãe na cozinha, cantarolando enquanto fazia ovos mexidos e Bacon.

—Bom dia! Precisa de ajuda com alguma coisa? - perguntei. 

—Bom dia filha, pode colocar os pratos na mesa e… Minha nossa! - Ela me encarou, os olhos arregalados - o que você fez no seu rosto?

—Eu segui um tutorial de maquiagem, por quê? Não ficou bom? - corri para ver meu reflexo no micro-ondas espelhado, mas parecia bom o suficiente para mim.

— Ah… ficou filha, mas acho que você exagerou um pouquinho e… bem, essa base nem é do tom da sua pele.

—Hmm- pensando bem, a base realmente não era exatamente a cor da minha pele, e eu poderia ter exagerado no contorno - É verdade.

— Deixa que depois do café eu te ajudo com isso - Ela sorriu pra mim.





Depois de tomarmos café, e de minha mãe ter resolvido a minha maquiagem (depois de muitas perguntas sobre minhas olheiras - afinal, quando é que um lobisomem tem olheiras?) eu me dirigi a parte lupina da cidade atrás de alguns ingredientes que me ajudariam caso eu - e consequentemente Erick - ficasse mais fraca até a lua cheia. 

Com uma lista em mãos, e o dinheiro que eu ganhara de aniversário no bolso, me preparei para passar o resto do dia fazendo compras.

Eu sabia que o filho do Alpha tem coisas mais importantes a fazer do que passear por lojinhas de ervas e amuletos antigos, mas mesmo assim eu me via procurando-o com os olhos, e procurando sentir seu cheiro. A todo momento eu dizia a mim mesma que fazia isso porque queria fugir dele caso o encontrasse, mas no fundo eu sabia que mentia para mim mesma; eu queria encontrá-lo. Queria vê-lo e sentir seu perfume. Desejava sentir novamente as emoções que só ele causara em mim. Emoções que eu tinha tanto medo de esquecer quanto certeza de que jamais esqueceria.

Era assustador o quanto tudo havia mudado em apenas três semanas. Eu tinha tantos planejamentos para o futuro e isso agora nenhum deles fazia o menor sentido. E o pior é por mais que eu me ressentisse de meu parceiro por esse futuro que eu deixava para trás, eu ainda desejava Erick mais do que tudo. Ele era meu sonho, meu pesadelo, tudo o que eu mais desejava.

Erick era minha ruína.

 


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Notas finais do capítulo

Qual será o plano da Alyssa, hein? O que vocês acham? Não se esqueçam de comentar!!! Beijinhossss!!!



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