Fake Love escrita por autorasantiis


Capítulo 1
Capítulo Único




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Ele sabia que tudo aquilo sempre foi uma grande farsa, mas na sua mente fantasiosa, tudo poderia não passar de um mal-entendido, de uma autossabotagem dos seus pensamentos contra ele próprio, o impedindo de ficar com aquele homem, de ser feliz, de se entregar. Ele passou por cima de tudo, mas a verdade sempre esteve ali. Mesmo que todos insistissem para que ele a visse, ele preferiu continuar vivendo naquela fantasia de um amor tão falso quanto o que projetara em seus pensamentos.

Ele achava que tudo bem amar aquele homem de sorriso encantador e enfeitado por olhinhos brilhantes que o deixava mais lindo ainda, mas não era bem assim na realidade, pois a perfeição daquele homem encantador nunca existiu, mas Seokjin acreditava, com todas as suas forças, que eram reais.

E ele teve todas as chances de desistir, todas as chances para ver quem realmente era aquele homem, mesmo assim ele insistiu no seu erro. Houve sinais, e alguns deles mal poderiam ser ignorados, como a primeira vez que o escutou dando em cima do seu melhor amigo de infância.

— Vamos, Jimin-ah, poderíamos sair e tomar um drink, o Jin não precisa saber — falou o moreno, recebendo uma careta do loiro, que negou e reforçou a rejeição com palavras.

— Desculpe, mas não acho certo de que deveria estar me fazendo um convite desses — Jimin curvou-se em respeito, mesmo ele não merecendo, o loiro ainda era educado demais, gentil demais — eu preciso ir, Jungkook está me esperando em casa.

E assim o garoto sumiu das vistas dele, encontrando Jin parado atrás da pilastra com dois copos de suco na mão.

— Você merece alguém melhor, hyung — Jimin falou para o amigo, que sorriu como se não houvesse escutado nada do que aconteceu nos últimos trinta segundos.

— Já está indo, Minnie? Nem vai jantar conosco — falou o castanho com lágrimas nos olhos.

— Desculpe Jin, mas eu preciso mesmo ir — Jimin disse com um suspiro, sabia da tendência do seu amigo a se envolver com pessoas podres de romantismo, podres de alma — Jungkook está doente, eu só vim porque você insistiu muito.

— Tudo bem, nos vemos na faculdade — Jin deu um beijo na bochecha do amigo, que se retirou imediatamente da residência.

Ele poderia tê-lo confrontado naquele momento, procurado todas as satisfações que fizeram seu amado namorado dar em cima do seu amigo. Mas Seokjin fez o oposto disso, ele simplesmente ignorou, porque achava que ignorar faria aquele homem ficar consigo, o faria amá-lo e mudar por ele. Pobre alma, ele sabia que aquilo era tudo ilusão, mas continuou insistindo, e todos os outros sinais vieram depois, e como sempre, ele fingiu não os ver, como na noite antes do casamento.

— Estou lhe dizendo Jin — Yoongi dizia com muita firmeza — esse homem não presta para você.

— Yoon, você está vendo coisas onde não tem — Jin suspirou pela milésima vez naquele dia, estava cansado daquela conversa.

— Sou eu que estou vendo coisas? Jin, tem provas nas suas mãos, todas que podem lhe afirmar o cafajeste que aquele cara é — Yoongi praticamente gritou, não que tivesse a intenção, mas estava cansado da cegueira do amigo para com a vida que estava levando.

— Eu quero que saia da minha casa — Jin bufou irritado, apontando para a porta — não vou te deixar vir à minha casa como bem-quiser e falar mal do meu noivo.

Yoongi riu desacreditado, ele já tinha visto aquela cena e foi quando Jimin tentou avisá-lo de que o namorado dele estava às escondidas com algumas garotas do campus, e o castanho, mais uma vez, havia destruído uma amizade por conta daquele homem desprezível que tinha em sua vida.

— Quando você estiver no fundo do poço, sem a porcaria do seu dinheiro e do seu namorado, aí você vai lembrar das pessoas que tentaram te tirar dessa vida — ditou o platinado e logo foi arrastado por seu namorado Hoseok, que apenas assistia a tudo em completo silêncio.

Yoongi foi embora naquele dia e não voltou mais, assim como Jimin, e Jin pela segunda vez estava sendo deixado por causa daquele romance. Mas ele não se importou com as pessoas que deixaram sua vida, ele apenas deixou todos os males de lado e foi em frente, casou-se com o homem que amava, com o homem que dizia amá-lo. Os avisos não pararam por aí. Todas as noites, após o horário de trabalho, seu marido apresentava sinais incomuns, como marcas de batom na blusa, chupões no pescoço e por todo o corpo. Às vezes, ele nem dormia em casa.

Jin mantinha os olhos fechados, porque se aquele homem dissesse que o amava, era tudo o que ele precisava, era tudo que importava. Mesmo que não precisasse disso, ele permanecia submetido àquela situação. Todavia, nem todos haviam desistido de salvá-lo, ainda tinha alguém que talvez ele ouvisse, era a sua última esperança.

O homem bateu na porta, sendo recebido pelo agora loiro que sorriu alegremente, mas sem aquela magia que tinha há muito tempo.

— Joonie — abraçou rapidamente o homem à sua frente e se afastou. Seu marido não gostava quando ele era carinhoso demais com os outros.

— Ei Jinnie — o homem de covinhas no rosto lhe dava aquele belo sorriso.

— Não sabia que havia voltado dos Estados Unidos — Seokjin falou, se escorando na porta e cruzando os braços.

— Como não? — franziu o cenho confuso — falei com os meninos ontem.

— Ah — havia desgosto na fala de Jin — eu não falo mais com eles.

Namjoon e Jin eram amigos de infância que haviam ido para a mesma faculdade cinco anos atrás e o mais alto havia ido para os Estados Unidos, em um programa de intercâmbio. Eles tinham a mesma roda de amigos, até porque eles faziam parte de uma sociedade da classe alta, onde seus pais, os figurões de Seul, se conheciam o suficiente para unir todo aquele grupo.

— Não vai me convidar para entrar? É assim que recebe seus amigos agora? — Namjoon sorriu doce, mesmo com o tom de indireta em sua fala.

— Eu não tenho amigos, Kim, e meu marido não gosta quando recebo homens em nossa casa — Jin falou, direcionando uma carranca a Nam, que pareceu entender tudo. Yoongi e Jimin bem haviam dito sobre aquele grande parasita na vida do Kim mais velho.

— Então não me considera mais seu amigo? Ou seu marido interesseiro prefere deixar todos nós longe? – Namjoon retrucou com desgosto, agora visivelmente irritado, recebendo um revirar de olhos como resposta – eu soube que ele assumiu até suas ações na empresa Jin, seu pai está decepcionado, como nunca esteve na vida.

— Meu pai nunca se orgulhou de nada em mim, nem me aceita verdadeiramente, devido à minha sexualidade.

Namjoon riu com desdém, agora tudo estava claro como água, aquele homem não havia só o tirado dos amigos, da empresa, também o estava afastando da sua família.

— Consegue ouvir o que está dizendo? — Namjoon perguntou para o outro, que respirou fundo em sinal de impaciência. — Jin, seu pai foi o primeiro a te aceitar, dizendo que já sabia que você sempre foi gay, inclusive ele até convenceu meu pai de casar nós dois, você não se lembra disso?

Jin engoliu em seco e se afastou da porta a fim de fechá-la.

— Namjoon, vá embora, por favor.

— Eu não vou desistir de te tirar desse canalha.

— E eu não vou deixar o meu marido porque vocês não o aceitam, porque todos vocês são a merda de uns hipócritas, você foi embora e agora volta aqui se achando na razão de falar mal do único homem que se dispõe a cuidar de mim? Pelo amor de Deus, Namjoon.

Namjoon prendeu os lábios um no outro e assentiu incrédulo, seus amigos tinham razão. Jin estava envenenado, escondido por baixo de uma máscara que aquele homem havia colocado sobre ele. Estava o afogando no fundo dos seus olhos, só para não enxergar a verdade que se instalava em sua vida. Ele foi completamente cego, por um amor que não valia a pena, por um homem que vivia de mentiras.

Mas nem toda mentira e nem toda maldade ficam escondidas por muito tempo, porque um dia, todos nós quebramos as nossas amarras, todos nós abrimos os olhos e vemos com clareza as nossas escolhas. E Jin estava a quebrando naquele momento, enquanto encarava o homem à sua frente e empurrava as malas em sua direção.

— Eu quero que vá embora — ditou, o agora moreno.

— Eu te dei tudo e é assim que você me trata? Só por uma decisão que tomei? Eu dediquei todos esses sete anos da minha vida a você.

Jin riu desacreditado, mal podia acreditar que estava mesmo ouvindo aquelas palavras.

— Você me tirou tudo, Josh, você me tirou os meus amigos, as ações que eram minhas, a minha liberdade, a minha família, até o Namjoon, eu afastei por sua causa.

— Aquele maldito Namjoon — o homem à sua frente riu — então é por causa dele, não é? O que foi, ele te fodeu melhor do que eu? Ou ele te ilude melhor?

— Josh, vai embora da minha casa, por favor — Jin repetiu firme, não queria mais ouvir nenhuma palavra proferida por aquele homem.

— Eu não vou embora Seokjin, eu vou ficar aqui, bem onde você está e você vai me obedecer — o homem se aproximou dele e puxou seus cabelos, fazendo seu rosto levantar um pouco, lhe arrancando um gemido de dor — se você acha que vai me deixar por aqueles merdinhas que você chama de amigos, está enganado, você me deve demais, eu fiz tanto por você e não vai ser agora que você vai me deixar.

— Você não fez nada por mim — Jin teve forças suficientes para se soltar da mão do homem e o empurrar alguns passos para trás — você tirou tudo de mim.

— E para quem você vai correr? Para o seu papai, que diz que você é um gay sujo, que se casou com um americano? Para o seu amiguinho bailarino que disse que você não presta? Ou para aquele produtorzinho de merda, que acha que um relacionamento a três é normal? Talvez para o Namjoon, que na primeira oportunidade voltou aos Estados Unidos, por que não quer aguentar você?

As lágrimas já nem tinham mais controle nos olhos de Jin, por anos ele suportou aquilo. Por anos, aquele homem à sua frente lhe introduziu ideias e convicções que não faziam sentido. Por anos ele lhe tirou tudo, mas ele não podia mais lhe tomar nada, porque aquele Jin não era o mesmo. Aquele era um alguém diferente, alguém que entendia a verdadeira pessoa que se escondia nas sombras da sua vida, lhe dizendo o que fazer, como fazer e de que jeito agir.

— Você não me engana mais, Josh — Seokjin teve forças para sorrir, mesmo com lágrimas ainda rolando pelo rosto — saia da minha casa.

— Você o ouviu, saia — fora a voz de Jimin que soara agora, vinda do arco do corredor, mostrando o baixinho de cabelos loiros.

— Oh, então o pequeno príncipe foi trouxa o suficiente para retornar à casa do homem que disse que você não passa de uma puta barata?

— Não que eu acredite nas suas mentiras, mas sim, eu retornei à casa do homem que eu conheci quando ainda era um garoto — Jimin citou entredentes — o mesmo que chorou várias noites no meu colo depois de voltar da psicóloga que eu mesmo o levei.

Por essa ele não podia esperar, desde quando Jin fazia terapia? Desde quando ele estava se desvencilhando de seu feitiço?

— É isso aí, então eu sugiro que agora você saia daqui — Jimin sorriu falso – a propósito, suas roupas têm muitos furos, um para cada mentira que você implantou na cabeça do meu hyung.

— Jinnie, você vai mesmo acreditar nesse nojento? — o homem apelou.

— Vá embora da minha casa, Josh — Jin citou novamente, com uma careta de tédio.

— Você ouviu Josh, vá embora — mais uma voz, dessa vez acompanhada de mais quatro corpos atrás do dono.

— O famoso Namjoon — Josh riu de escárnio — eu deveria saber, deve estar comendo o Jin direitinho, com um bom sexo você consegue tudo dele, até o que você menos imagina.

— Eu sugiro que você deixe de ladainha e se retire logo — Jungkook falou impaciente — ao contrário dos meus amigos, eu não sou tão pacífico assim.

Jimin sorriu discretamente, aquele era o CEO Jeon falando, como se estivesse em uma negociação. E deu certo, o homem pegou suas malas e se encaminhou para a porta, mas não sem antes virar para Jin uma última vez.

— Você foi o mais fácil de todos — sorriu e deixou a casa.

Jin encarava a porta em silêncio, assim como seus amigos se mantinham. Namjoon se aproximou dele e o aconchegou, tendo o mais velho escorado completamente no mais novo. Era como se aquilo pudesse lhe arrancar todas as dores, todas as mentiras que teve por uma vida inteira, e por mais que não pudesse, Jin se sentia grato, porque aqueles homens em sua sala te libertaram das amarras daquele amor falso.


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