A luz adentrava o quarto. Sasuke abriu os olhos. Ao seu lado, a mulher da sua vida, aquela garota frágil que ele tanto amava. Ela o estava encarando, com aquelas orbes verdes que tanto o encantavam.

            - Bom dia, querido! – disse, naquele doce tom habitual – O que acha de darmos uma volta de moto mais tarde?

            Ao se prepararem para sair, algum tempo depois, perceberam que só havia um capacete.

            - Não tem problema, é só uma voltinha. – Ela o garantiu, com um sorriso. – Você usa o capacete. Não quero estragar o penteado.

            Depois de algum tempo, chegaram a uma enorme ladeira. Quando estava descendo e tentou frear, Sasuke percebeu que a moto estava sem freio. Tarde demais. Tudo o que viu foram vultos da destruição.

            Arregalando os olhos, assustado, acordou. Fora apenas um sonho. Parecera-lhe tão real...

            Olhou em volta. A luz que passava pela janela iluminava o quarto todo. Ao seu lado, Sakura o encarava.

            - Bom dia, querido! O que acha de darmos uma volta de moto mais tarde?

            De imediato, nada passou-lhe pela cabeça. Concordou com a namorada mesmo quando viram que faltava um capacete.

            - Não tem problema, é só uma voltinha. Você usa o capacete. Não quero estragar o penteado.

            No mesmo instante, lembrou-se. Achava que o que tinha que ser feito deveria ser feito naquela hora. Se dar aquela volta faria a amada tão feliz, tudo bem. Mas, por precaução, avisou-lhe:

            - Não, tudo bem. Se quer ir, vamos. Mas não admitirei que vá sem capacete. Use-o e não se preocupe comigo. Eu vou sem.

            O casal então perambulou por vários lugares, ela de capacete, agarrada à cintura do amado, ele, de cabeça desprotegida, porém, carregando uma consciência limpa sobre a segurança da garota que tanto amava. Sem querer – e invariavelmente -, chegaram ao topo da ladeira.

            Enquanto desciam, ele tentava frear, vendo o carro que vinha da direção oposta, quando deu uma última olhada para trás, visualizando aquelas orbes verdes por entre a viseira. Era como se aqueles olhos sorrissem. E aquilo encheu seu coração do mais doce e puro amor. Ele sabia que poderia fazer tudo por ela. E o amor é exatamente assim: as pessoas sentem como se estivessem enchendo-se de algo puro, bom, que as vai tornando seres humanos cada vez melhores. E então, de súbito, percebem amar tanto outro ser, que sentem-se capazes de fazer qualquer coisa, sentem-se capazes até de voar. A paixão é um pouco diferente: nós, humanos, tão incapazes, quando apaixonados, desejamos pular de um prédio implorando para criar asas. Mas isso é tolice. O amor é diferente; o amor nos dá a vontade de voar, e, então, mesmo sem asas, sabemos ser capazes disso. O amor é puro, é bom, é encorajador. Qualquer um que possa amar pode tornar-se um herói. Sasuke amou Sakura. E tornou-se seu herói. Para sempre.

            - Eu te amo, querida. Essa é minha última prova de amor.

            A moto colidiu com o carro. Nada aconteceu ao motorista do veículo, mas Sasuke morreu na hora. No dia seguinte, todos os jornais anunciaram o acidente em que aquele casal se envolveu, com destaque para a garota que salvou-se apenas por estar usando capacete. Essa mesma garota, ao acordar no hospital, algumas horas depois, chorou, sentindo seu coração encher-se da mais pura solidão. Estava salva. Mas o que será que isso lhe custara? Essa pergunta a atormentava, mas, internamente, ouvia a voz de Sasuke repetindo sem parar “Essa é minha última prova de amor”. Isso era tudo que importava. Ele a amava. Mesmo agora. E para sempre ela o amaria, da mesma maneira...