Bater de Asas escrita por Yasmin


Capítulo 21
21. O Ritual


Notas iniciais do capítulo

Zack esta de volta com a solução, porém para isso teremos um ritual.



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Olho ara a rainha espantada, então me abaixo em reverência. Ela usa um vestido curto, com um espatilho que parecia ser uma armadura, botas de armadura até acima dos joelhos. Apesar de ser rainha, ela é bem jovem.

 

— Desculpe, se eu soubesse que a rainha viria, teria arrumado mais a casa e feito comida. Ela tampa a boca e ri delicadamente.

 

— Não se preocupe minha jovem, só vim devolver esse cavalheiro a sua casa.

 

Zack anda cada vez mais mudado, talvez para melhor, mais simpático, espero que ele tenha tratado bem a rainha nessa viagem. Ele ainda não soltou minha mão, esta gelado.

 

Olhei-lhe, ele está suando, então olho para rainha e ela entende a mensagem.

 

— Deixarei os pombinhos agora, cuida bem dele senhorita, ele passou por alguns bocados.

 

Ela faz uma reverência, Zack e eu fazemos o mesmo, ela estica suas asas de dragão que acabamos de descobrir que ela tem, e voou para sua casa.

 

Tomoe vem até nós com sua mala pronta para ir embora também.

 

— Bom minha missão foi cumprida nessa casa, voltarei ao meu povo.

 

Zack o olha pensativo e talvez com ciúmes do tempo que Tomoe passou comigo.

 

Juntos acenamos-lhe enquanto ele ia embora floresta adentro. Seguro mais forte a mão de Zack, ele me olha com um olhar sereno agora.

 

— Eu pensei que você não voltaria.

 

Digo olhando de perto.

 

— Eu pensei que você não me esperaria.

Ele termina de falar e me puxa para um beijo diferente do dia do baile que era um beijo de declaração. Agora é um repleto de saudade e paixão, ele teve medo de me perder e eu o mesmo.

 

Seguro o cabelo dele e ele a minha cintura, estamos quentes e não paramos um segundo para respirar. Após terminar estamos ofegantes nos olhando na varanda da nossa casa.

 

— Vamos para dentro, vou cuidar de você, você esta péssimo.

 

Entramos e fechamos a porta, Zack solta a minha mão, senta no sofá ao lado da janela e me chama.

 

— Já vou, vou só pegar o quite de primeiros socorros.

 

Digo indo em direção ao meu quarto, abaixo perto da minha cama, minha asa esbarra no copo em cima da cabeceira da cama, o derrubando na minha cabeça.

 

Escuto os passos rápidos dele vindo até o quarto.

 

Levanto com a mão na cabeça, nos olhamos e começamos a rir. O clima da casa finalmente voltou ao normal.

 

— Como você sobreviveu até hoje sozinha eu não sei.

 

Ele vem até mim e juntos recolhemos os cacos de vidro do chão, jogamos no lixo da cozinha.

 

— Não preciso de reparos, são apenas cicatrizes, vamos sentar na sala que preciso falar com você sobre a solução.

 

Vamos até à sala e logo que nos sentamos, a feição antes contente de Zack se fecha.

 

— É...

 

Ele para por um segundo para formular sua frase.

 

— Para arrumar o seu envenenamento, precisamos achar sua família.

 

Coloco a mão na boca, um enjoo repentino tomou conta de mim.

 

— Sei que nunca conversamos diretamente sobre nosso passado, eu ainda falei da minha família, mas você nunca me falou nada.

 

Ele fala sereno, tentando não forçar essa conversa, ele nunca forçou, mas parece que esse é o momento.

 

— A verdade é que eu já tive alguns fleches de memória quando acordei na floresta, sabia minha idade que era 18 e...

 

Lagrimas começam a rolar, Zack me puxa para seu colo e me abraça sem dizer nada.

 

— Na memória era tudo em fleches então apenas lembro de estar no chão, minhas asas feridas, braços aparecem no meu rosto e então a pessoa corre para longe, parecia ser uma mulher, ela voa para longe.

 

Paro por uns segundos limpando meu rosto, Zack passa a mão em meus cabelos, em silêncio sempre, sem me interromper um segundo.

 

— Lembro de acordar um tempo depois, me arrastar até um buraco, que logo em seguida descobri ser a casa de um casal de lobos.

 

Zack me olha assustado, talvez pensando que eu pudesse ter sido atacada.

 

— Não fui atacada, pelo contrário, a família composta pelos dois pais e dois filhotes indiretamente cuidaram de mim, ficaram lá comigo até eu melhorar.

 

Depois desse dia eu sempre que podia ajudava eles sempre que precisassem, mesmo não sendo mais eles após anos, eu ainda deixava comida lá.

 

Então escuta Zack puxar uma respiração forte.

 

— Então pequena, na minha investigação descobri que eles não estão extintos.

 

Levanto-me do seu colo o olhando agora mais atentamente.

 

— Só o sangue deles podem te curar e todas as pistas que segui, só tem uma direção que eles podem ter ido.

 

Então sinto meu peito queimar, levanto rapidamente abrindo os primeiros botões da gola da minha blusa.

Zack coloca a mão na linha escura que sobe meu pescoço. 

 

— Vamos fazer o ritual amanha para achar sua família, não temos muito tempo.

 

Fecho minha blusa pensando que talvez não vou durar mais que uma ou menos de duas semanas.

 

— Como é o ritual?

 

Pergunto curiosa, ele não pode demorar muito e espero que não envolva sacrifícios de animais, e conhecendo Zack, se houver ele não vai me contar.

 

— É um ritual de sangue, seu sangue encontrara o de sua família.

 

Ele fala baixo, mas não sei decifrar se é com raiva ou tristeza.

 

Coloco a mão no seu rosto, passando em suas cicatrizes, mesmo sem lhe perguntar começo a curar elas.

 

Ele segura minha mão rapidamente, mas sem força, e tira de seu rosto.

 

— Não quero que tira elas.

 

Ele solta minha mão.

 

— Elas... me fazem lembrar o motivo de eu ter merecido elas...

 

Ele fala baixo, olhando para o chão.

 

Levanto seu queixo, e seguro seu rosto novamente.

 

— Eu já te perdoei, porque você ainda não se perdoou?

 

Ele em silêncio fecha os olhos, e uma luz surge do seu rosto, então retiro todas as cicatrizes e espero que também tenha retirado o peso de seus ombros.

 

— Vamos fazer o ritual hoje?

 

Já era de tarde e acredito que eu não tenha muito tempo, e ainda tem a viagem para o local.

 

— Amanha, você precisa estar descansada e pronta para ele, e eu também...

 

Ele não esta me contando tudo, mas não quero forçar nada agora, ele deve estar cansado da viagem também.

 

— Vamos jantar e deitar, você precisa mais que eu.

 

Ele consente com a cabeça, então enquanto eu fazia arroz, ele arregaçou as mangas e começou a cortar a carne, oque me fez pensar que nesse momento parecia que moramos juntos a anos, se não fosse o caso de eu ser uma angelical e ele um infernal, apenas seriamos um casal normal.

 

Depois da comida pronta, jantamos rindo das histórias de Zack da viagem, que ele passou um dia no castelo se preparando porém, ele só me contou do primeiro dia, o resto ele não quis falar, então não forcei, também não sei se quero saber oque ele passou para me ajudar.

 

Após o jantar, lavamos a louça, e fomos dormir, Zack foi para o sofá como sempre, e eu não queria forçar ele a nada, apenas fui ao meu quarto e deitei na cama pensando no que passaria no dia seguinte.

 

Então quando estava quase adormecendo, sinto um peso deitar na cama nas minhas costas e tentar me abraçar.

 

— Poderia virar para mim, suas asas estão no caminho.

 

Ele diz sussurrando, ainda sonolenta, me viro para ele. Nos aproximamos para tentar caber nós dois, mas nossas asas ficaram para fora da cama, uso seu braço de travesseiro e sinto sua respiração no topo da minha cabeça.

 

— Precisamos de uma cama maior.

 

Falo baixo, mas não tive resposta, olho para cima seu rosto perto do meu apenas vejo seu rosto calmo e sereno dormindo como acredito que ele nunca esteve tão calmo assim, me ajeito e durmo escutando seu coração.

 

No dia seguinte acordo sentindo cheiro de café, passo a mão no rosto, o lado da cama dele ainda esta quente, o sol entra pela minha janela. Levanto e vou até à cozinha, Zack esta de bermuda de costas, com uma toalha no ombro, nunca imaginei ele assim.

 

— Bom dia, fazendo café matinal para mim?

 

Seguro suas asas o puxando para trás, como gosto de incomodar esse garoto. Ele tira a toalha do ombro, me segura pela cintura, me levantando e colocando em cima da bancada.

 

— Isso não é jeito de dar bom dia ao seu convidado, vai ficar aí até eu terminar.

 

As vezes sinto que somos apenas crianças brincando e sendo felizes, e hoje é um dia desses.

 

— E o mínimo que posso fazer é te alimentar já que vou passar um tempo na sua casa.

 

Ele diz revirando os ovos mexidos que ele esta fazendo.

 

— Nossa casa.

 

Digo sorrindo para ele, sinto confiança o bastante para ele ficar aqui quanto tempo ele quiser.

 

Ele me olha sorrindo.

— Vamos comer e encontrar a rainha no campo aberto, onde será o ritual.

 

É hoje o dia que descobrirei onde minha família esta, isso se ela estiver viva.

 

Fiquei vendo Zack preparar a comida, ou pelo menos tentar já que os ovos ficaram meio queimados, mas não falei nada a ele. Ele está se esforçando para me agradar.

 

Nos sentamos e comemos, depois lavei toda a louça já que ele que cozinhou.

 

— Vamos?

 

Ele diz vestindo sua camisa, passando suas asas com dificuldade pelos rasgos nas costas. Ele segura minha mão, fomos até a varanda e fechamos a casa, não sabemos quando voltaremos, e se voltaremos.

 

Voamos floresta adentro até o descampado onde encontrei Zack pela primeira vez, porém agora ele está florido.

A rainha está parada em um círculo desenhado no gramado sem flores. Meu coração acelera pensando no que vai acontecer.

 

— Bom dia pombinhos, espero que estejam preparados para oque vai acontecer.

 

Zack solta a minha mão e vai até à rainha, e segura uma adaga e um colar com um recipiente pequeno pendurado. Dou alguns passos para trás.

 

— Acredite, isso vai doer mais em mim que em você pequena.

 

Ando até a rainha e entro no círculo.

 

— Poderiam me explicar primeiro como vai acontecer?

 

A rainha concorda com a cabeça e sai do círculo.

 

— No passado os angelicais aparentemente fizeram um ritual para proteção deles.

 

Ela vai até Zack e segura o colar da mão dele.

 

— Onde caso o Angelical esteja em perigo de morte e ferido por alguém, o sangue dele se arrastara na direção da criatura com o sangue igual mais perto.

 

Coloco a mão em meu peito apreensiva e sento no chão do círculo, ela continua a falar.

 

— Então faremos o ritual com o colar, colocaremos seu sangue após você ser ferida dentro, assim ele apontara na direção de onde eles estão. E como só resta você, ele só apontara para onde eles fugiram.

 

Zack entra no círculo com a adaga na mão, não pensei que ele que faria isso, é tanta coisa para assimilar, mas meu tempo está a cada hora acabando, as linhas pretas já estão no meu pescoço.

— Zack você tem certeza que quer fazer isso?

 

Zack se ajoelha na minha frente com o resto serio que eu conhecia a um tempo.

 

— Estou em uma briga interna entre deixar alguém te machucar ou eu mesmo fazer isso.

 

Agora entendo, ele prefere ele mesmo fazer do que um estranho.

A rainha entra no círculo entregando a Zack o colar, ela vai em suas costas diz algo em seu ouvido e sai do círculo.

 

Zack fecha os olhos respirando fundo, não sei se é tomando coragem ou se centrando por conta do sangue que ira sair.

 

— Esta pronta? Quando eu cortar colocarei dentro do colar, e acabou ok?

 

Aceno com a cabeça sem saber o quanto ele vai cortar, e estico meu braço. Ele o segura com força, fazendo meu coração acelerar. Ele encosta a adaga e eu tento puxar, mas ele continua segurando firme, evitando olhar nos meus olhos.

 

— É o único jeito pequena... sinto muito.

 

Ondeio sentir dor, mas Zack passou um inferno para arrumar essa solução, não posso recuar agora.

 

Aceno com a cabeça e tampo minha boca. Então Zack respira fundo e faz um corte fundo no meu braço que ia do cotovelo ate quase o pulso. Não resisto e grito, ele solta a adaga e segura o colar embaixo do corte, coletando o sangue que precisava de um angelical em perigo de vida.

 

— Acabou...

 

Ele diz com a fala tremida, parece que ele esta sofrendo tanto quanto eu.

 

Ele fecha o fraco e puxa panos para estancar o sangramento que formou, então começo a sentir o cheiro de queimado que já fazia tempo que não sentia, mas ele continua concentrado em cuidar do meu braço.

 

— Hey eu continuo aqui, pode sair e se acalmar se quiser.

 

Digo-lhe com calma apesar de estar segurando por conta da dor. A rainha apenas observa de longe.

 

Zack levanta e sai do círculo e anda 100 metros até uma árvore próxima e começa a andar de um lado para o outro, talvez não tenha só sido o sangue o problema, e sim as emoções acumuladas dele. Quero ir até ele e o apoiar, mas chegar perto dele cheirando sangue não ajudaria.

 

Depois de um tempo ele volta, senta ao meu lado novamente e segura meu braço machucado com panos novos.

 

— Espero que funcione, nos livros não dizia o tempo.

 

Enquanto esperávamos algo acontecer, tirei os panos e me curei oque consegui, oque não foi muito, mas agora não precisa mais de sutura.

 

Então quando terminei de me curar, o fraco começou a brilhar, e rodou em volta do meu pescoço, apontando para as minhas costas, então Zack e eu nos levantamos empolgados, me virei para onde apontava que apenas era planície e montanhas até onde os olhos podiam ver. Zack me abraça e me da um beijo animado, a rainha aplaude de longe, a viagem horrível que os dois tiveram valeu apena.

 

— Os angelicais ainda estão vivos então.

 

Ela diz chegando perto da gente.

 

— Crianças daqui para frente a aventura é vossa, tenho um povo para cuidar.

 

Agradecemos e ela voou na direção da capital.

 

— Consegui...Diz Zack segurando minha mão, olhamos o horizonte e todo o caminho que percorreríamos e não sabíamos até aonde teríamos de andar, mas sabemos que nosso tempo está acabando.


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Notas finais do capítulo

O tempo esta acabando, será que chegaram a tempo? a família de Yasmin está viva?



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