Bater de Asas escrita por Yasmin


Capítulo 1
1. Onde Tudo Começou


Notas iniciais do capítulo

Quem sou eu, onde vivo, mas não sei de onde vim.

*Música do capítulo: Roslyn—Bon Iver*



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&. Escutar a musica para melhor experiência .&

 Moro em uma floresta isolada, onde a divido apenas com alguns animais. Não vi muitas florestas durante minha vida, pelo menos, não que eu lembre, mas com certeza a que moro é a mais bela, há inúmeras árvores de todos os tipos, espécies e tamanhos, algumas consideradas mágicas por abrigar pequenos seres que brilham.

Minha casa fica quase na beirada da floresta, próximo dela há um lindo campo com grama alta, e no meio deste existe uma árvore solitária. Após o campo tem uma montanha na qual nunca fui, não sei explicar a razão, apenas nunca gostei de lá.

Esta parte da floresta parece estar sempre iluminada, mesmo durante a noite, está sempre brilhando por conta dos vaga-lumes. Os humanos falam que são fadas, mas não sei ao certo, apenas aprecio, e às vezes, em noites de tédio elas vêm visitar a janela do meu quarto. 

Após caçar um coelho, volto para minha casa na árvore, ela não possui escadas para subir, e quase envolve a enorme árvore que a sustenta. Toda feita de madeira e pintada de branco por dentro, enquanto que por fora é quase toda coberta de vinhedos e flores. Voo até a varanda, abro a porta e adentro a cozinha, logo na entrada, esta possui uma claraboia no teto para entrada de luz. Caminho até ela e coloco o coelho na geladeira, na esquerda tem uma "sala" com dois sofás e um pufe.

— Já está anoitecendo, preciso me arrumar para dormir. Digo para mim mesma, uma forma de me sentir menos solitária aqui.

No centro da casa há um enorme tronco da árvore e encostado nele uma pequena mesa com duas cadeiras para caso um dia receba uma visita. Atrás deste tronco está o meu quarto, com uma cama que pode ser fechada pelo tecido de seda graças às 4 hastes que tem nela. Na direita um enorme espelho de chão e logo à frente da minha cama, uma enorme janela onde algumas vinhas invadem e o sol bate todas as manhãs.

Caminho até o banheiro para limpar meu rosto e acabo vendo meu reflexo no espelho. Minha asa direita estava suja, então a limpo. Por ser uma "Alada" que é como os humanos e outras criaturas chamam, tenho asas brancas como a neve que quase arrastam no chão, fora isso tenho aparência humana, cabelos claros, olhos verdes, uma estatura baixa e uma paixão por leitura e escrita.

Percebo um ferimento no joelho, encosto minhas mãos no local e uma luz branca sai delas, em alguns segundos o ferimento desapareceu. Sinto uma tontura logo em seguida e acabo segurando minha cabeça com a mão, sempre que uso minha habilidade, acabo ficando mais fraca por um tempo.

Volto ao meu quarto, e em cima da minha cama está o livro onde escrevo sobre as raças e espécies que observo na floresta, cidade, oceano e onde encontrar coisas novas e interessantes para tirar um pouco de tédio e aprender mais, nele tenho desenhos e descrições simples. Também o transformei em uma espécie de diário, onde registro tudo o que me acontece, caso eu perca a memória novamente, dessa forma consigo recordar, porque infelizmente só lembro de acordar com 18 anos nessa floresta, e flashes de alguém da minha família tentar me levantar e depois fugir correndo.

Agora com 20 anos não procuro mais sobre meu passado, por conta do que me contaram das lendas de minha raça, que os caçaram para usar seu sangue em poções de cura. Os boatos dizem que nosso sangue é curativo, mas já testei e sei que é mentira. Porém, no desespero, os humanos buscando salvar quem amavam, começaram a nos caçar. O que me faz pensar, se estão todos mortos ou escondidos, por que eu fiquei? Onde estão? Será que restou alguém vivo?

Lembro-me de no primeiro ano ter voado até a cidade em busca de respostas, lá conheci pessoas boas que me ajudaram e ainda ajudam, mas infelizmente encontrei algumas que tentaram me matar ou vender. Deram a incrível dica de que caso quisesse viver bem, deveria viver longe das cidades e pessoas, então, aqui estou, há anos vivendo nessa pequena e aconchegante casa longe de todos, no meio de uma floresta isolada.

Após guardar meu livro de memórias, caminho até a janela do quarto, empurro os pendões de flores para fora e a fecho. Em volta da minha casa há muitas Glicínias com suas flores que duram praticamente o ano todo, o que me causa um pouco de alergia devido ao pólen, mas o amo junto de seus mistérios.

 Já era tarde e ainda não peguei no sono, estava sentada na cama observando a janela, esperando o sono chegar, sentindo o cheiro da grama molhada. Mas acabo ouvindo o som de patas correndo apressadas pela terra fofa da floresta.

Parecem lobos correndo embaixo de casa, estão muito agitados, provavelmente caçando, não quero um animal morto aqui, melhor ir ver o que tanto procuram.

Caminhei até a porta da varanda e voei até o chão, avistando os lobos correndo para o meio da floresta, observei o chão, estava repleto de rastros de sangue, pareciam ser de um dos lobos, acabei ficando preocupada já que esses animais, apesar de não sermos amigos, nunca tentaram me atacar e mantinham os caçadores longe, às vezes até divido minha caça com já que a floresta nem minha é, gostava de ajudar.

Lembrei que para não ser mordida deveria fazer amizade com os lobos, por isso busquei um pedaço de carne na casa e trago meu arco com algumas flechas para caso algo maior apareça no caminho, e assim caminhei floresta adentro em busca do quase amigo ferido. Os latidos e grunhidos pararam, por favor, que não seja um urso, ou pior, um caçador, se eu precisar fugir não poderei voar por causa das copas das árvores que nessa região são muito densas...

Os ouço correndo até a clareira, um local entre minha floresta e a montanha que era de pastagem alta, com apenas uma árvore no meio.

— TEM UM LOBO CAÍDO ALI.

Observei um lobo caído embaixo da árvore solitária, corri no campo aberto até o animal por impulso, onde havia apenas grama, estava repleto de sangue com um enorme ferimento nas costas.

— Nossa, amigo o que fez isso com você?

Coloquei minhas mãos em cima do ferimento, o lobo tentou morder, mas estava fraco demais. Um brilho cobriu as costas do animal, e quando a luz cessou, restou apenas uma cicatriz...Uma cicatriz que notei não ser de mordida, e sim de uma lâmina.

Em pânico, com medo de caçadores, olhei para todos os lados do campo aberto, a grama durante a noite se mexia lentamente com o vento, ouvi passos rápidos, e quando olhei eram do lobo que corria na direção da floresta, sem olhar para trás, com medo de algo ou alguém.

Rapidamente olhei em volta para ver quem seria o causador do ferimento, algumas folhas da árvore caíram na minha cabeça e ouço o balançar dos galhos da solitária árvore, onde agora me encontrava. Avistei uma sombra escura abaixada nos galhos com seus olhos azuis brilhantes, olhando diretamente para mim.

— Quem ou o que é aquilo?

Com rápidos reflexos pego o arco e miro para a sombra, nem pensei, apenas disparei, a flecha parecia muito lenta, ou a sombra era muito rápida, porque conseguiu desviar da flecha e pular direto no solo. Ao notar que as flechas não adiantaram, estiquei minhas asas e as bati o mais rápido que consegui na direção do céu, buscando desesperadamente minha casa, em meio a floresta...

A única última coisa que ouço é o bater de asas bem atrás de mim, mal consegui me virar para observar o que era, e minha última lembrança era uma sombra escura sobre mim, parecia "Alada" como eu, logo depois, a escuridão assumiu minha mente.

*Lembrando vocês leitores de curtir e comentar :D*

 


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Notas finais do capítulo

Quem ou oque era aquilo? é uma pessoa? mas tinha asas... alguém da minha espécie?



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