O muro que nos separa escrita por Urabe Kurosaki


Capítulo 2
The Wall Between Us


Notas iniciais do capítulo

Segundo capítulo, onde a canção tema deles combina (o nome do capitulo) perfeitamente com a situação ♥
Aliás, como eu disse, eu estava analisando de uma outra maneira quando escrevi. Pra mim, é claro que o coração peludo é a Mari, não ele hahaah
Mas teorizo de que ele, no fundo - beeeem no fundo- da alma dele percebe que ela não é só uma amiga... Mas quer fingir o contrário, pois ele fez a sua decisão. Por isso disse que ele endureceu o coração. Só pra dizer hahaah
Desfrutem o final



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Mas ainda

Quando penso nela

Me sinto infiel

Eu quero fugir no meio da noite

Para ver minha joaninha

Meu coração está em um duelo

Eu não entendo o que eu quero

Não posso me apaixonar

De onde vem esse sentimento misterioso?

Meu coração está em um duelo—The wall between us

 

 

Em meio de papo vai, papo vem na varanda dos Dupain Cheng em outra tarde, comíamos as maravilhas da padaria.

Acho que preferimos nem mesmo mencionar... Seja lá  o que havia acontecido no outro dia. Até aquele momento, não comentamos nada...

—Marinette…Eu só posso dizer que esses croissants são o escape de qualquer problema de tão bons…

Ela começou a rir

—E não é? Quem pensa em problemas com um bom doce de padaria tradicional?    

Lembrei que ela havia dito que continuava tentando conquistar o tal garoto que ela amava. Ela não havia falado mais nada, e bateu a curiosidade

—E então, falando em problemas… como vai sua investida no tal garoto?

Ela deu um longo suspiro

—Ah... Na mesma.

—Serio?

Ela pensou uns instantes

—Sabe, eu fico totalmente travada com ele... Eu já comentei isso. Eu chego nele... Consigo ser amiga... Mas não dizer o que tá no meu coração 

—Sei...

—Sabe, eu já até ameacei deixar uma mensagem na caixa de mensagens do celular dele.  

—Oh, sério?! E como foi?

—Ah... não deixei a mensagem. Eu fui treinar... Mas sempre saía algo muito bobo. Quase que eu banquei a doida e gravei "Oi gatinho. Sabe, eu te chamaria pra sair, mas acontece que eu tenho uma grande queda por você então só consigo conversar normalmente por essa porcaria de celular, mas que tal um encontro?"

Depois de dizer isso da forma mais engraçada que eu podia imaginar,  ela pareceu constrangida -um pouco- com a minha cara.

Depois de um instante de silêncio e provavelmente nós dois com cara de paisagem, os dois estavam rindo -gargalhando.

—Eu acho que entendo....

—Mas sua questão é o contrário,  não é? Você diz que é espontâneo demais?

Eu me centrei em falar disso

—Olha... sim. Acho que não sei bem como agir com tudo que sinto. Como se sempre quisesse explodir e gritar aos quatro ventos... Isso se ela deixasse…

Percebi um leve rubor nas bochechas dela enquanto ela fazia uma cara de "entendo"

Ri mais um pouco

—Mas sei que isso é bobagem... Ainda tenho a impressão de que há algo que está nos separando... - não pude evitar que eu mesmo ficasse meio cabisbaixo -Ela tem estado tão estressada, com tantas responsabilidades e eu acho que nem sei mais o que é a proximidade que nós tínhamos antes… Logo no começo

Ela se calou... Pareceu surpresa ao ouvir. E abaixou a cabeça e falou seriamente 

—Não diga isso... Sei que às vezes isso acontece com quem a gente gosta... Mas não tem como apagar aquilo que vocês já passaram. Tenho certeza de que é assim que ela pensa. Já venceram muita coisa juntos. Nada apagaria isso. Vocês são parceiros.

Não soube bem no que acreditar... Pois era ela quem dizia, não a própria Ladybug... E ações diziam muito mais do que palavras.

Mas senti que ela seriamente acreditava nisso…

Eu podia acreditar também…

Talvez

—Sabe... Eu posso dizer que é ótimo te ver da forma que nos vemos... Eu posso me abrir com você de uma forma que nunca me abri com ele. Me sinto tão confortável que converso sobre tudo. Sou honesta. Você não me julga.

Eu voltei a sorrir depois de ouvir isso.

Caramba. Legal saber que podíamos, realmente,  ser confidentes,  amigos...

—Me dá uma boa sensação,  também,  conhecer outra face sua.

Ela me olhou, estranhando. 

Epa… Tinha falado demais

—Digo, é que você deu a entender que não se abria assim com ele. É isso. Fico feliz que eu posso te ouvir.

Ela sorriu e ficou um tanto cabisbaixa de novo.

—Mas eu sei muito bem o seu sentimento de que ela está separada de você por um muro...

Ouvi com atenção,  achei curioso ela citar isso

—Acontece comigo. Não só de travar... Mas alguma coisa sempre me atrapalha quando tento dizer o que sinto. Mesmo se não for o fato de eu gaguejar. Mas já tentei dar presentes pra ele. Uma vez eu troquei o presente na hora de entregar. E muitas vezes não consegui assinar.

Nossa. Ela não conseguia assinar...? 

Que curioso. 

Eu recebi muitos presentes que não estavam assinados...

Eu e Marinette estávamos olhando o banner de frente a casa dela.

Era minha foto no anuncio, com a echarpe que havia ganhado do meu pai no meu aniversário anterior.

E então ela solta...

— Olha o cachecol que eu fiz no aniversário dele, por exemplo...

Como?

Paralisei por um instante. Precisei ouvir novamente...

— Mari, o que você disse?

Ela me olhou meio surpresa com o meu provável espanto estampado no rosto.

— Ah! É que, aquele cachecol... Eu fiz. Eu tinha acabado de conhecer ele. Mas não consegui entregar pessoalmente no seu último aniversário. Deixei na caixa de correio com um bilhete... Mas, de alguma forma, ele chegou no dia seguinte pensando que era do pai dele.

 

Certo... Isso foi um choque…

—Ah… Eu nem tinha falado, né…? É muito estranho eu estar apaixonada pelo maior modelo de Paris? -ela riu consigo mesma, meio sem graça - Pois é… Mas acredite… É bem real…

Não sei se o mais chocante foi saber que tal garoto era eu, o que era legal... Ou a parte que era ruim na história:... meu pai não tinha me dado aquele presente.

Eu tentei digerir as duas revelações…

Agora tudo fazia sentido… EU era o “botão de ouro”… Estava pasmo… E lisonjeado… E feliz… 

— Eh... sei... Compreendo... Mas porque não contou a verdade pra ele?

Ela parou por uns momentos antes de responder. 

— Eu não sei... Acho que quando vi o rosto alegre dele pensando que era do pai... Não tive coragem. Achei melhor assim.

 

Eu acho... que raramente me emociono assim. Mas tive mesmo que conter o que estava sentindo ali. Ao menos em partes... O engraçado é que o cachecol era lindo, bem feito... Mas acho que essa atitude devia ser o presente melhor presente que já recebi.

Mas eu não pude deixar de fazer algo naquela hora.

Me levantei e cheguei mais perto.

 

Como isso teria acontecido? 

O bilhete teria caido? Se perdido? Pq não estava assinado?

Algum funcionário pegou quando ela levou na minha casa?

Não... Se meu pai usou como presente dele, então não deve ter sido nenhum acidente.

Inclusive, talvez uma única pessoa possa ter feito isso...

Detestava dizer, mas... 

Nathalie?...

Eu estava, ao mesmo tempo que feliz, bem chateado...

Tentei tanto dar desculpas pelo comportamento do meu pai... Isso pra mim mesmo...

Mas acho que não podia ficar nessa pra sempre.

Mas eu pensaria nisso depois.

 

E então eu abracei...

Não tinha muito o que dizer... Só queria agradecer 

Senti ela meio tensa ao primeiro contato

Acho que ela pode ter tentado por várias vezes se aproximar de mim, mas eu tinha um certo...coração duro. Não percebi, me distraí, não vi. Cada hora uma coisa.

Sei que tinha muito mais o que agradecer

—Você.. É uma pessoa maravilhosa, sabe? É uma pena que ele... não soube... -menti, mas não tinha muito o que fazer - Mas isso vale bem mais do que o presente em si. Sei que ele ficaria muito agradecido... profundamente. - busquei falar de forma mais casual - Isso se ele soubesse, claro.

Ficamos em silêncio um pouco.

Acho que ela não esperava  isso, essa explosão emocional...

Eu só me toquei depois de um tempo

Tive que me recompor. E me afastei devagar.

— Desculpa...! Isso... Deve ter sido meio esquisito, repentino...

—Eh... Não, tudo bem, não reclamo

—É que essa atitude... foi... muito bonita - Eu tinha ficado a menos de um pé de distância, via seus traços

O pôr do sol ia ao longe ficando mais laranja.

A luz batia no rosto dela. As bochechas estavam bem vermelhas, e acabei percebendo a evidência das suas sardas. Uma... combinação bonita...

E os olhos azuis cintilavam com a luz. Vi com um tanto mais de atenção os traços com um "quê" oriental. E o cabelo escuro fazia o contraste mais bonito que já vi com a pele clara...

Eu, desde que conheci a Marinette, podia defini-la de muitas formas: bonita, inteligente, gentil, prestativa... 

Mas isso eram... somente adjetivos.

Ela... parecia uma pintura.

 

— Você é bonita

Na verdade, eu falava do rosto... Mas de tudo mais, também.... Por dentro também.

Acho que enquanto eu olhava pra Ladybug, decidi que ela era a garota dos meus sonhos. Decidi firmemente. E talvez isso tenha me atrapalhado de enxergar uma coisa...

Havia algum tempo que eu estava apaixonado pela Marinette. 

Eu podia fingir que não, podia esconder... Mas isso agora, esse sentimento, não havia surgido de repente, claramente estava bem escondidinho, oculto.

Ela não parecia só uma amiga pra mim

Respirei fundo

—Posso... Fazer uma coisa? Você me permite?

Eu falava baixo. Talvez quase suspirando. Mas agora ela estava quase tão perto como eu queria.

Meu Pai... acho que eu amava essa garota, de verdade 

Ela  abriu e fechou a boca algumas vezes. E respondeu

—...Pode

Segurei o rosto dela...

 

Eu não sabia mais, com certeza o que era certo ou errado ali. 

Mas já disseram que eu seguia meu coração, sempre. E... como dizer o contrário? 

Eu sabia o que estava em meu coração. Não que fizesse muito sentido... Mas COMO eu poderia continuar resistindo...? Algo me unia a ela...

Segurei, enfim, o rosto dela e vi que eu tinha permissão 

Quando eu beijei ela... meu corpo estremeceu inteiro. Foi uma aproximação um tanto sem jeito. Sem avançar muito, apenas encostando, apenas conhecendo e aproveitando o calor dela. Ela tinha lábios macios... 

Era tão estranho como pareceu CERTO estar ali. Como se fosse exatamente o que era pra acontecer, na hora que devia acontecer. 

Eu não sabia o que faria, pois, até hoje, não houve uma garota que me fizesse esquecer minha Lady... O que eu devia fazer se o normal seria me sentir “traindo” ela? Eu saberia, de fato, seguir em frente? 

Eu não tinha ideia.

E sabia que, com minha princesa nos meus braços, no momento mais perfeito que eu podia imaginar... Eu não me importava com pensar demais.

Não segurando a cintura da Mari, a abraçando e sentindo sua mão nos meus cabelos.

Sabia que eu já havia beijado a Ladybug. Ao menos, duas vezes isso aconteceu, e eu não tinha ideia de como havia sido. Mas... aquele momento era tão perfeito que era impossível querer pensar em outra pessoa, em outro cheiro, lábios... Não enquanto eu me senti sorrindo enquanto a beijava

Senti um sabor de baunilha... E era maravilhoso...

Havia ouvido algo sobre uma cegueira saindo dos olhos, como se fossem escamas

Era assim que eu me sentia nesses últimos tempos: como se escamas que me tiravam a visão, enfim, tivessem saíssem.

—_____________________*MARINETTE*__________________________________

Eu estava besta de como tudo tinha resultado nisso...

Eu não podia acreditar que eu não havia conseguido resistir mais…

Eu devia ser forte… 

E nem acreditar em como nada daquilo, de fato parecia errado.

Não quando eu tinha que reconhecer as qualidades do meu Chat. Quando elas pareciam tanto aquilo que fez o Adrien roubar meu coração. Parecia que estava tudo ali... Mas de uma forma diferente. 

E o “pior” era... que eu não me importava mais em compará-los. Eu não fazia mais essa questão. Eu não precisava mais buscar um no outro, pensando em um superior ao outro. 

Ao menos não era no Adrien que eu pensava agora... Mas nele. E acho que eu estava impactada.

Me sentindo mais arrepiada do nunca, e sem nem sentir minhas pernas no chão mais com aquele beijo, eu não pensava em comparações.

Talvez exatamente isso fizesse parte da minha força… Me deixar ser vulnerável, dividir o que havia dentro de mim e me envolver com quem era meu parceiro, que estava do meu lado e apoiava… Talvez meu parceiro pra vida toda

Eu me deixava levar.

Estava flutuando naqueles braços e naquele cabelo macio. Eu me sentia nas nuvens… Meu coração batia rápido e eu sentia que ele ia pular do peito! Me sentia leve e feliz e queria ficar ali…

Eu não precisava de ensaios… Aquilo não era planejado nem calculado, mas era eu me abrindo e mostrando meu coração pra ele, e não precisava ter vergonha de mostrar quem eu era...

O simples estava ótimo...

Eu mostrava, simplesmente, eu mesma, e olhava simplesmente, pra ele.

E isso era melhor do que eu podia imaginar

 

 

Eu acho que eu nunca consegui me envolver com ninguém. E isso... pois eu acho que eu sempre quis encontrar a Ladybug nas garotas que se aproximavam. Tentei com a Kagami, e não deu certo. Meus olhos sempre buscavam ela, não outra. Mas com você eu não precisei ficar procurando ela. Eu vi você 

Eu via a Marinette


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem



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