Gasoline escrita por Minerva Lestrange


Capítulo 3
I'm just tryin' to feel my heartbeat beat (beat)




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I'm just tryin' to feel my heartbeat beat (beat)

Deitado no chão duro de tacos numa tentativa de se concentrar mais no desconforto do que nos pensamentos delirantes inundados por gritos, pedidos de socorro e interminável frio, tinha as mãos fortemente entrelaçadas sobre a testa e os olhos permanentemente fechados. 

Havia se cansado de encarar a lua e a própria derrota no espelho. Só queria que a noite terminasse, mas a vontade, às vezes, iria para além daquilo. Jamais seria suficiente que apenas aquela noite acabasse, pois sempre viriam outras noites, outros pesadelos misturados às lembranças malditas.

Suspirou, abrindo e fechando as mãos em punhos, testando a própria força e o próprio instinto, quando ouviu os passos conhecidos lentamente atravessando o corredor e, logo em seguida, o bater na porta cortar o silêncio pesado do apartamento de forma perturbadora. Se colocou imediatamente de pé, a boca repentinamente seca e os dedos trêmulos ao se fecharem na maçaneta arredondada para abrir a porta. 

Cabelos ruivos, olhos analisadores firmemente presos nele por inteiro, nada de medo - como de costume. Antes, não conseguia compreender como ela poderia não ter qualquer receio de estar com ele naqueles momentos. Depois de um tempo, notara que não poderia oferecer qualquer perigo real a alguém como ela, então seu próprio receio também se fora.

Num impulso, alcançou a borda do longo casaco que vestia e a puxou para dentro, sem encontrar resistência ou surpresa, num único movimento fechando a porta e a apoiando contra a superfície dura, silenciosamente apreciando o ritmo da respiração contra seu rosto ao apoiar a testa contra a dela.

Desde o primeiro instante, era mais fácil assim - como se a mulher, pequena e às vezes sensível demais aos sentimentos alheios, fosse ser um alicerce em que pudesse se escorar para reencontrar a si mesmo. Desde o primeiro instante, ela parecia saber que deveria ser assim. Subindo as mãos pelos braços finos e cobertos, suspirou ao ultrapassar a gola do casaco e escorregar os dedos pela pele quente do colo e do pescoço, contornando a garganta para sentir a nuca quente sob suas digitais e os batimentos alheios em detrimento dos seus. 

Observou deliberadamente quando ela fechou os olhos ao apertar um pouco mais, - notando o sangue correr mais rápido na artéria sob seus dedos -, e inspirou pesadamente, umedecendo os próprios lábios, nenhum resquício de medo na forma como fincou os dedos confiantemente no tecido de sua camiseta. Então, deslizou os lábios até o ouvido dela, tremulamente se acomodando no espaço perfumado por um instante, antes de sussurrar. 

— Estou tão… Tão vazio, Wanda.

I've fallen into emptiness


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