Capítulo 7 – Pensamentos.

- AH, estou sim Edward – disse me sentindo uma idiota. Eu não podia sentir uma coisa dessas, eu não podia, ia contra o que eu era.  Eu nunca tive esse tipo de pensamento, acho que Edward não estava fazendo bem pra minha saúde mental... Se é que eu precisasse de saúde.

Se fosse humana estaria transpirando, arrepiada e outras reações nas quais nem quero imaginar...

- Você tá tão perdida consigo mesma – comentou Edward.

Apenas assenti com a cabeça, tentando colocar meus pensamentos no lugar certo, de onde não devia ter saído. Ainda bem que ninguém pode ler meus pensamentos, nem os outros anjos... Pelo menos isso, pois se acontecesse com certeza estaria punida, e nunca mais sairia do céu.

Edward ainda olhava pra mim, esperando eu dizer alguma coisa... Mas depois de tudo o que pensei, não falaria tão cedo. Era constrangedor descobrir o que eu pensava realmente do Edward hoje. Eu ainda quero sentir a textura da suas mãos nas minhas, deve ser melhor do que ir pro céu! Disso eu sim posso falar se é melhor ou não.

Pensando isso, soltei uma risadinha um pouco maliciosa. Droga!

- Você ainda tá pensando em mim? – perguntou Edward com suas bochechas ainda mais avermelhadas do que já de costume. Ele era tão branquinho. Senti um sorriso maroto... Se fosse humana, não agüentaria mais. Iria colar meus lábios nos dele, até perder o ar.

- Estou pensando em tudo – disse tentando mentir. E eu estou pecando! Que péssimo exemplo de anjo. Estou começando a me preocupar com o que anda passando pela minha cabeça, e com as minhas atitudes. Será que mesmo sendo anjo eu posso ficar doente?

Edward abaixou a cabeça.

Vi uma brisa passando por mim, e tocando em Edward, seus cabelos bagunçados voando no limite que tinha. Edward me surpreendia, porque nunca teve nenhuma namorada, nunca beijou uma garota. Mesmo sendo lindo do jeito que era, mesmo tendo um conteúdo brilhante dentro dele, sua aura era luminosa e pura. Como que as meninas hoje em dia não viam isso? Ele era romântico e sincero, doce e delicado. Ele era perfeito, apesar dos defeitos.

- Quer ir embora? – perguntou ele ainda de cabeça baixa.

- Porque eu iria querer? Aqui está aconchegante, me lembra um pouco do céu. Vamos ficar – disse.

- Ah – foi apenas o que soltou pelos seus lábios.

Pra cortar aquele constrangimento que tinha no momento, preferi dar uma leveza a mais no ambiente, se é que precisava;

- Vamos aproveitar o sol, aqui em Forks não é qualquer hora que se tem um dia tão iluminado como este não é? Sabia que seus olhos ficam mais claros no sol, e no escuro do quarto fica totalmente preto? Ele é mutável.

Logo quando terminei, vi sua cabeça movendo-se pra cima, e sua boca esboçando um sorriso tímido e apaixonante. Vi brilhos nos seus olhos, e ainda mais anormalmente claros do que já ficam no claro. Era uma cor distinta e nova pra mim. Mesmo que fizéssemos milhões de misturas de todas as tonalidades de verde e azul, jamais acharíamos uma cor tão deliciosamente provocante e instigante.

- Não sabia que ele mudava tanto assim – pronunciou-se.

- Pois é, até seu olho é bipolar – disse soltando uma risada, logo sendo acompanhada por uma canção afinada e maravilhosamente confortável.

Ficamos aproveitando a manhã naquela campina mágica. Parecia que estávamos ainda mais próximos do que já éramos, esses pequenos acontecimentos estavam aproximando-nos... Queria eu que fosse fisicamente também.

Travei meus pensamentos, não poderia entrar nessa trilha cheia de pecado e ardência.

Edward estava no seu quarto lendo um livro no qual sempre tive curiosidade de ler: “O Morro dos Ventos Uivantes”.

Ele suspirava feito um louco jovem apaixonado. Via seu peito descendo e subindo, sobre o casaco vermelho de lã... Não durou o dia todo o calor de manhã e forcei-o a agasalhar-se.

Seus pés inquietos, batendo sobre a cama, ele estava nervoso. Eu queria poder ajudá-lo ou saber o porquê, mas às vezes devemos ficar quietos. Eu intrometo-me demais em sua vida pessoal.

Mas era essa a minha função, apesar de poder ser inconveniente constantemente. Ele tinha momentos íntimos, com a família, consigo mesmo! Não posso privá-lo de viver sua vida normal, como se eu não existisse mais pra ele. Isso iria contra os meus princípios, mas eu ultimamente sinto que não consigo ficar distante dele por um curto e breve momento que seja... Sinto minha alma encurralada em um labirinto sem saída.

Ultimamente não sabia o que estava acontecendo comigo, ninguém iria entender. Eu estou estranha, estou com uma febre no meu fio de corpo, no meu espírito invisível. Enquanto Edward lia seu livro impaciente com algum conflito dentro de si, eu estava aqui com a minha nova discutição diária interna!

Tenho uma alma jovem, apesar de ser de décadas atrás. Meu sonho era me casar. Mas passar por todas as etapas. Ser cortejada, uma troca de olhares e desejos contidos e efervescentes. Queria ser pedida em casamento com o consentimento do meu pai. As famílias reunidas, respeito, amor e conservação. Que esse meu príncipe ou cavalheiro, fosse apenas meu, e que eu pudesse me entrar apenas a ele. Fazer meu corpo ser possuído apenas pelo o dele, trocar a sintonia de nossas almas... Marcar na nossa historia de amor, o que já estava marcada nos nossos corações desde que nos apaixonamos. Parece que vivi tudo isso. Mas é apenas uma viagem bem fantasiosa e iludida que criei dentro da minha mente.

Seria esse o meu futuro se não tivesse pagado aquela praga. Teria sido feliz. Como é sentir o prazer tão internamente? Sentir o olhar de amor sobre ti? Ser amada deve ser uma coisa que todas as mulheres deveriam ter o direito de viver. Queria-me ter tido a chance de me apaixonar, de viver esse romance tão intensamente como vivo às vezes nos meus pensamentos, bem guardadinho dentro de mim.

 Deus poderia nos conceder uma segunda chance. Ou seria pedir demais? Tomara que não...