Adão e Eva no berço dos anjos. Segunda parte escrita por Paloma Her


Capítulo 3
O casamento


Notas iniciais do capítulo

Era a vida perfeita começou. Era a vida que Eva sempre amara. Desta vez abençoada pelo fato de que as mãos de um anjo impermeabilizava tudo. Nada se descompunha. Nada apodrecia. Apenas secava com o tempo, e frutas secas eram tão comestíveis quanto às frutas frescas. Eva colocava pêssegos secos a ferver com água, mel, cravos e canelas, que Adão comia gulosamente com trigo mote cozido.
E viver nesse lar foi delicioso desde o início. Depois de fazer o bebê dormir, Eva gostava de se alastrar sobre as alfombras como um jacaré. Rindo. E esperava a chegada de seu amado, que a amava com paixão, para namorar até sentir os berros do bebê pedindo suas mamadas.



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E o dia das bodas de Adão e Eva, finalmente aconteceu. Naquela altura Oscar mamava da mãe Ludmila, Dina já era avó de 10 netos, Madalena tinha um bebê no colo, e Mirim estava grávida. Ela teria trigêmeos, bebês-iguanas que nasceriam belíssimos, e aos quais amaria tanto quanto nessa época que viveu nesse planeta distante. Mirim e seu marido estavam morando numa casa de tijolos, perto de Ênio e Madalena.  E Alain, que chegasse solteiro, e nascera irmão da única mulher que amara em vidas passadas, estava noivo da costureira da companhia, um gênio em coser vestidos para suas invenções.

E Alain estava furioso. Ele havia programado uma gira para outros mundos, e agora, sem a primeira bailarina, ele estava encrencado. Teria que arranjar outra comparsa, deixar a gira para mais em frente, e culpava Adão de tudo.

Adão, que teria que aturar o cunhado pela eternidade, ria resignado. “00” tinha seus truques. Eva adorava seus irmãos. Todos eles. E Alain era seu preferido. E ciúme de amor de irmão era ridículo de se ter.

Para viverem Adão energizara um castelo ao estilo medieval da Terra, com cavalariças para seus cinco cavalos brancos, e oito casinhas para os cães de Eva. Dentro do domicílio espalhou 10 camas miudinhas para os gatos. As panteras ficariam no mato, estendidas por sobre os galhos das árvores, onde com certeza seus futuros filhos subiriam trás delas.  Os cães engoliriam o que a natureza lhes dava, pois desta vez eram vegetarianos. Os gatunos abocanhariam frutas durante suas investidas noturnas, e as panteras se deliciariam com um melão estendido pelo chão. Afinal, a mãe natureza era generosa com todos os filhos. Havia desta vez inúmeras frutas que brotavam nos troncos das árvores, bem baixinhas, próprias para animaizinhos de pequeno porte. E quando esses troncos floriam, o néctar caia ao chão, gota a gota na cor branca, ou, amarela, cor de rosa, com sabores que deliciavam humanos e bestas. Havia corredores em meio do mato iguais a feiras de mundos inferiores, de tanta abundância. Cachos de maças despencavam até altura de 1 metro, cachos de uvas caiam enroladas nos tronos, em parreiras que ascendiam uns 5 metros acima do chão. E para caminhar, havia que colocar o pé com cuidado, pois as melancias, aboboras, melões, e outros frutos desconhecidos, estavam em toda parte misturadas aos pequenos morangos vermelhos. Era se abaixar, pegar, e comer eternamente.

 O castelo medieval Viktor e Mirim o haviam encontrado por acaso. Estavam de óculos catando vermes, quando o palácio majestoso ficou na frente deles. E Mirim o desprezara, como tudo que encontravam de grandioso. Queria uma mansão como a que viveram no mundo dos iguanas, revestida de ouro. Na falta dele, essa casa pequena, perto de Ênio e Madalena era suficiente. E Viktor ria as gargalhadas, pois não sabia como fazer o ouro aparecer nas paredes de casa. Dessa forma, Viktor chamou Adão aos berros, para ver esse prodígio de arquitetura e ficasse com ele.

Vinte anjos ajudaram Adão a energizar esse castelo. E para um toque perfeito, abriram um fosso para formação de um pequeno lago, a uns 30 metros da casa.

No dia do casamento, Eva colocou um vestido branco, um cinto celeste marcando sua cintura gorda, pois o bebê crescia com presa de nascer. Enfeitou-se com um colar de diamantes, safiras e rubis, fazendo jogo com dois brincos maravilhosos. Presente de Adão, o noivo mais apaixonado e mais doce desse mundo. Mimava Eva em tudo. Ela mal caminhava, pois era carregada nos braços a toda hora, seja pelas ruas da cidade, ou em meio do matagal. E para esse casamento ele escolhera o vestido, os sapatos, as joias, e um guarda-roupa cheio de lingerie, biquínis, sutiãs, calcinhas rendadas, a maioria na cor preta e vermelha, pois deixavam Eva sedutora. Ela havia desfilado tudo isso em frente dele, perdido no matagal, onde montanhas de roupas e joias de outros mundos se agrupavam como lixo invisível.

Adão se vestiu com o mínimo para ocasião. Uma calça branca, uma blusa sem mangas, desfilando sua beleza máscula, pois nascera com toda sua musculatura de guerreiro insuperável. Fez um rabo de cavalo nos cabelos, pois Eva o queria cabeludo, e ele nunca mais o cortou. Subiu no seu aviãozinho, e voou entre o mato em busca da noiva.

Enquanto a família terminava de organizar os detalhes da festa, os noivos voaram em busca de uma pirâmide translúcida, coberta com pedras e diamante. Encontraram-na numa clareira em meio da floresta. Era o Ponto Zero em altitude e latitude desse planeta. Entraram tomados das mãos, e assim que chegaram ao centro eles estavam também no meio do mundo. E ficaram na espera. Aos poucos uma abertura superior dessa pirâmide se abriu, uma luz os banhou, e o espírito de Eva e de Adão foi absorvido por aquela uma luz ofuscante das alturas. De repente estavam boiando no ar como espíritos, rodeados de anjos, com “00” em pessoa pronto para abraçá-los.

Como eram casados pela eternidade, “00” só os abraçou com carinho, sua esposa e seus filhos fizeram o mesmo, e brindaram por uma eternidade feliz. Em meio da festa, “00” falou-lhes que dali em diante deveria trocar de nomes. Poderia ser Ada e Adão, ou, Eva e Evo.

E rindo, pois era algo esquisito, acontecido só com eles, trocaram para Ada e Adão.

Em seguida “00“ explicou-lhes que era por causa do grau. Eles seriam dali em diante Anjos justiceiros, o mais alto grau entre as almas celestiais, e nesse caso todos os justiceiros mudavam o nome para identificação. Era como um registro universal. Anjos com mesmo nome eram UM, e onde quer que fossem, seriam os patrões. Os mandachuvas. Os poderosos. E como “00” começou a gargalhar, Adão ficou abelhudo. Só então perceberam que todos os anjos eram diferentes na cor. Havia os brancos, amarelos, os verdes, azuis, laranjas, lilases, e alguns como eles, vermelhos pálidos. Amarelos eram anjos procriadores, lilases eram vigias, verdes eram semeadores, azuis auxiliares, laranjas eram desintegradores, e os brancos eram anjos da paz e do amor.

E em meio dessa algazarra, “00” lhes apresentou quatro anjos muito velhos, de cor amarelada, que os olhavam fazia tempo, choravam abraçados, limpavam o rosto, e falavam em sussurros entres eles.  “00” os chamou junto e abraçou, enquanto contava para Eva e Adão que eram seus verdadeiros pais, muito além da Terra. Em seguida colocou-lhes um dedo na testa para ajudá-los a recobrar antigas lembranças esquecidas: - “Uma vez, esses quatro velhos anjos procriadores partiram numa missão, levando junto os filhos adolescentes, e chegando a Terra eles encarnaram nos macacos peludos, e nasceram juntos na África, como bestas, para dar inicio a vida inteligente. Mas, uns 10 casais nunca quiseram regressar. A Terra os conquistara para sempre. E ficaram lá, sozinhos, vivendo uma vida primitiva durante milênios”.

Dois desses anjos desvairados eram Eva e Adão, que se apaixonaram pulando de galho em galhos. Os demais anjos doidos eram seus filhos Peter, Jesus, Paulo e Caim com sua esposa Délia,. Os demais eram João e Dina, as irmãs de Eva, Ana, Mariuska, Tatiana e Joanna com seu marido Carlão.

Foi à vez das lágrimas! Eva e Adão foram beijados pelos pais verdadeiros, emocionados, jurando entre todos que se visitariam sempre. Em cada missão. Afinal, eles viviam na espiritualidade, num castelo bem perto de “00”, com uma vasta descendência. Depois dessa revelação, os velhos anjos brindaram néctar de flores, em copos de luz, pois a eternidade era assim mesmo. O reencontro dos que se amam, para caminharem juntos sem nada que os venha a separar. Pelo infinito da existência.

E finalmente os noivos regressaram para os corpos, que continuavam em pé, como solidificados ao chão.

Uma queimação tomou conta, enquanto espírito e pessoa de compenetravam novamente, e uma emoção de felicidade os inundou de vez. Abraçaram-se, beijaram, e entenderam tanta coisa do passado. Sempre foram anjos. Peludos, feios, mas anjos. E se atraiam como por um imã, vida após vida. E ambos só atingiam a felicidade juntos. Nunca com outra pessoa. E o último teste desse amor fora nesta vida, um procurando o outro desesperadamente.

E saíram desse templo correndo, pois a família os chamava aos gritos com telepatia e a viva voz. Pularam no carro aéreo e regressaram para casa onde a festa os estava esperando. Sentaram em meio aos amigos, enquanto bailarinos dançavam, músicos tocavam instrumentos de cordas, e luzes coloridas brilhavam em todo canto iluminando o mato e transformando-o em algo mágico.

Depois os noivos dançaram, a família dos noivos entrou junto na alegria, e finalmente todo mundo rodopiava valsas maravilhosas. Era como acontecera na Terra nos tempos medievais, quando não existia a tecnologia, e na Europa se dançava a balsa ao som das grandes orquestras e dos grandes maestros.  Para que as pessoas não levantassem poeira, João havia energizado um palco que encontrara no meio do mato. Era de madeiras, com um teto com cortinas, panos, que ricaços de outros mundos usavam em dias de festas  ao ar livre.

Depois de fazer a saudação ao Sol, os noivos subiram no carro aéreo para dar uma volta ao mundo em viagem de lua de mel. Eva abraçou a família, seus bichinhos, os quais ficariam ainda um tempo com seus pais, e partiram sem rumo. Em busca do desconhecido.

Afinal, desse planeta não conheciam nada além do teatro e a cidade que estava mais perto. Eles haviam crescido no mato. Tanto Sergei quanto João viviam nos confins da civilização entre bichos, legumes, pomares, sem fazer nada além de namorar com a mulher. E, semear algumas sementes na floresta, cada vez que soava uma trombeta mágica. Era a terra chamando. E a terra era obedecida na corrida. Com aviãozinho se aspiravam do chão as sementes secas e em seguida deixavam-se cair pelo chão desse mundo.

Enquanto Eva e Adão sobrevoavam o planeta, as belezas desse astro encantado foram se mostrando aos poucos.

O primeiro que chamou atenção foram às cavernas escuras, das árvores vermelhas de 120 metros de altura. Adão deixou a nave levitando por perto, e caminharam com cuidado através de um galho grosso. Entraram numa caverna, onde não havia nada além de um buraco escuro. Adão ascendeu um lampião, e examinou-o. Havia desenhos nas paredes deixadas por visitantes, além de uns morcegos dormindo. Também havia flores de trepadeiras altas. Como o ambiente era quente, aconchegante e úmido se estenderam no chão sobre suas próprias roupas. E se amaram até que a fome os separou.

Ao despertar subiram no aviãozinho e voejaram para catar frutas. Também colocaram raízes de mandioca, pois Adão as cozinhava entre as mãos. Ainda sabia cozinhar pipocas, pois o milho pulava de suas mãos para o ar. Com muitos suprimentos, sentaram na entrada dessa caverna, se alimentando. Olhar para esse mundo com a visão das aves, era genial. Lindo de ser ver. Principalmente ao se pôr do Sol, quando o céu pegava fogo com as cores exuberantes e as aves regressavam em busca de seus ninhos. O barulho era encantador. E tinha os ninhos bem perto deles com filhotinhos famintos.

 E ficaram nas cavernas até a comida terminar.

Vestiram suas vestes, e voaram em busca de outros paraísos desconhecidos. Chegando ao mar, desceram nas ilhas, subiram montanhas, onde a natureza lhes brindava frutas deliciosas, areias macias para dormir olhando as estrelas, e águas cristalinas para beber, nadar, mergulhar, e se recuperar das noites de amor sem tempo para acabar. Já não mais sabiam quantos dias, nem quantas noites eles ficavam estendidos em algum lugar, sem fazer mais nada além de se amar com paixão. Quando encontravam um buraco, se enfiavam nele que nem bicho, para sair de lá engatinhando em busca de água e frutas. Rindo, pois a barriga de Eva começava a incomodar.

Mas o que os cativou de verdade nessa viagem ao redor do planeta, foram às quedas-d'água.

Um rio, que mais parecia um lago na sua imensidão, possuía 50 quedas de água em semicírculo, caindo de uma elevação bastante alta. À medida que as águas escorregavam elas evaporavam, e se formava uma nuvem que dificultava ver com nitidez o choque das águas na parte inferior, pois o rio se estendia como um gigante abrindo 80 braços que entravam nas matas verdes perdendo-se de vista. E lá embaixo, entre os braços que se abriam, havia ilhas maravilhosas, apinhadas de pássaros pousando nos ninhos entre as árvores. Desde o ar a miragem era imponente, mas à medida que se descia, outro espetáculo chamava atenção, pois centenas de pessoas estavam em todo lugar, admirando as águas com seu barulho ensurdecedor.

A maioria apreciava a beleza da paisagem, em mirantes na beira da estrada. Mas também riam e gargalhavam, pois nas cascatas estavam uns malucos fazendo esporte radical.

Os mais corajosos corriam com asas deltas e voavam para o precipício, dando curvas, e acertavam em meio das ilhas sobre as areias na beira do rio. Mas, tinha os que calculavam mal as distâncias, e caiam nas águas e começavam a gritar: - Socorro, em forma alucinada. Imediatamente alguém voava num carro e lhes lançava uma corda para tirá-los do sufoco. Aliás, os quase afogados eram motivo de risadas, piadas, gargalhadas, e divertimentos sem fim. Todos eram adolescentes que ainda não possuíam a sabedoria dos  grandes mestres.

Também existiam os doidos que caiam pelas cascatas em barcos voláteis. Havia um barco pirata, que assim que caia ao vazio abria assas que nem morcego e mexia-as batendo no ar, e voejava até pousar no rio com uma tripulação que gritava em coro. Olhando com mais atenção existia tanta coisa esquisita que não tinha fim, bicicletas voadoras que despencavam no vazio fazendo piruetas, patins com motor, e paraquedistas. Também se viam lanchas com remo, que partiam na aventura de despencar pelas cataratas. No fim da queda elas se curvavam para cima como um avião, e pousavam nas águas com suavidade. Inventos. Bobagens. Coisa de malucos, que faziam de tudo para se divertirem numas férias diferentes.

 


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Notas finais do capítulo

Também existiam os doidos que caiam pelas cascatas em barcos voláteis. Havia um barco pirata, que assim que caia ao vazio abria assas que nem morcego e mexia-as batendo no ar, e voejava até pousar no rio com uma tripulação que gritava em coro. Olhando com mais atenção existia tanta coisa esquisita que não tinha fim, bicicletas voadoras que despencavam no vazio fazendo piruetas, patins com motor, e paraquedistas. Também se viam lanchas com remo, que partiam na aventura de despencar pelas cataratas.



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