One Last Time escrita por isa


Capítulo 1
There's nothing lost, nothing won


Notas iniciais do capítulo

Essa é minha segunda e última contribuição para o Fevereiro Drastoria e eu confesso que me diverti muito escrevendo. É uma fanfic em universo alternativo (temos Hogwarts, mas acho que sem Lord das Trevas) que nasceu da minha mente fanfiqueira ao me perguntar “e se Draco fosse uma garota?”. Fiquei um bom tempo pensando em que nome ele teria e tudo mais.

Escolhi Hydra porque tinha o mesmo número de letras e preservava a sílaba “dra” e, consequentemente, o nome do ship. Como Draco, Hydra também é uma constelação e um ser mitológico. Fiquei satisfeita em conseguir manter essas similaridades e adorei escrever uma menina meio megera lidando pela primeira vez com sentimentos românticos. É uma fanfic curtinha e bem mais suave do que a primeira. Dedico à little alice, que foi quem me pilhou quando brinquei de escrever uma fanfic drastoria sáfica.

Espero que gostem (e deixo aqui de novo a recomendação da música que inspirou o título porque é uma delicinha)

Boa leitura!



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Hydra Malfoy havia recebido o nome de uma constelação e de um ser mitológico para nunca se esquecer da grandeza de seu nome ou da força de seu sangue. A única filha de Narcisa e Lucius fora criada para ser imponente, impassível e inabalável. Ela cumpria bem o papel, até perceber que como os grandes heróis, grandes monstros também possuem calcanhar de Aquiles.

O seu ponto fraco tinha nome, sobrenome e um cabelo castanho escuro cortado rente ao ombro que, por alguma razão misteriosa, fazia seu coração saltar batidas. Também era dois anos mais nova e atendia por irmã caçula da sua colega de quarto. Se fosse um jogo de erros, Hydra estava certa de que conseguiria encontrar e marcar “X” em mais de 7 pontos. O primeiro e maior de todos estava no fato de que em nenhum de seus planos ela esperava se apaixonar por alguém na escola (ou na vida); paixões pressupunham um estado de vulnerabilidade que ela considerava odioso. Seus pais não eram apaixonados um pelo outro e era por isso que as coisas funcionavam e tinham ordem.

Em seus quase dezoito anos de existência, Hydra já tinha sentido atração e vivido coisas casuais com garotos e garotas da sonserina, mas nada digno de nota. Esse era o segundo erro, aliás: Astoria Greengrass sequer pertencia à casa certa. Ela ostentava (com orgulho!) vestes azuis e bronze da corvinal. Hydra sentia calafrios só de pensar no emblema do pássaro em seu uniforme. Sim, combinava com os olhos argutos dela de algum modo, mas isso nunca deveria ser argumento suficiente.    

Em terceiro lugar, ela era irmã de Daphne, que por sua vez era melhor amiga de Pansy, que por sua vez nutria uma devoção sincera por Malfoy. Pansy Parkinson estava disposta a fazer quase tudo por Hydra e isso fazia bem ao ego de Malfoy. Ela não tinha certeza se estava disposta a abrir mão da bajulação gratuita por conta do drama adolescente que certamente seria armado caso o seu affair com Astoria fosse à público.

Um affair com uma menina de quinze anos! Parecia uma maldição imperdoável. Esse era o quarto ponto. Não eram idades tão distantes, é verdade, e ela detestava admitir, mesmo para si, que Astoria parecia bem mais centrada do que ela própria, que estava perdida em delírios de bullying e vingança contra aqueles insuportáveis da grifinória porque no fundo morria de medo de ter tempo o suficiente para se encarar. Não interessava se ela parecesse e até fosse mais madura. Havia uma hierarquia escolar e Hydra era uma veterana. Ela estava no topo da cadeia alimentar.

O que nos leva ao quinto erro. Aquele era o último ano de Hydra Malfoy. Astoria Greengrass ainda teria dois pela frente. Não que Malfoy estivesse pensando em futuro, mas como, pelas barbas de Merlin, aquilo poderia ir para frente de qualquer forma? Mesmo se cartas, visitas e força de vontade pudessem resolver essa questão, não havia chance alguma de prorrogar aquilo por muito tempo. Hydra estava certa de que seus pais não se importavam com sua vida afetiva-sexual-amorosa. Ela poderia fazer o que quisesse, pelo tempo que quisesse, mas eles esperavam um herdeiro no futuro. Ela era a única filha dos Malfoy e era sua responsabilidade dar continuidade à linhagem daqueles mui nobre sangue-puros.

Por fim, o sétimo ponto é que não havia chances de gostar de Astoria e não pensar. Pensar sobre ela, mas principalmente, sobre si. Sobre as nuances, sobre os significados, sobre quem ela era e, sete infernos, quem ela gostaria de ser. Não quem ela teria que ser, mas quem ela realmente gostaria de ser, e essa era uma dor pela qual Hydra não estava disposta a passar.  

Então não. Num geral, Hydra gostava de ganhar, mas aquele era um jogo perigoso demais e a única chance de vencer seria recuando. Ela sabia disso. Havia passado noites inteiras repetindo isso como um mantra. E tinha tanto a se fazer! Harry, Ron e Hermione para atormentar e ainda assim, ainda assim... Astoria no fundo brilhando como uma maldita vela que se recusava a apagar.

Sete erros. Sete erros e mais.

Ela respirou fundo e abriu a porta do dormitório. Greengrass já estava lá, é claro. Era conhecida pela sua pontualidade. Hydra havia pedido que ela fosse até o quarto para que elas pudessem conversar e por um fim àquela insanidade. Tinha planejado tudo para uma data e hora em que sonserinos estivessem envolvidos em mais uma festa proibida na sala comunal, de modo que elas teriam privacidade. Hydra sabia que não seria problema algum para Astoria acessar um espaço que tecnicamente era proibido para ela. Greengrass era sorrateira e inteligente o suficiente para isso. Tinha certeza que ela sequer contava com a ajuda de Daphne para a proeza.

Pensar nisso fez Hydra Malfoy sentir o coração comprimir. Havia ensaiado toda aquela balela sobre o término tantas vezes, as palavras estavam gravadas em sua mente. Ainda assim, bastou olhar para os olhos de Astoria para esquecer o encadeamento das frases, das ideias, do que quer fosse, enfim.

Uma última vez, foi o que implorou para si mesma, enquanto puxava Astoria pela mão com uma delicadeza que nem sabia possuir.

Uma última vez, repetiu para si mesma, aliviada.

Tudo bem vencer na noite seguinte.


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Notas finais do capítulo

Além de One Last Time, de LP, outra musica que escutei pra escrever essa oneshot foi essa: https://open.spotify.com/track/7CKz0xDkXuPdW3xEQ4NUS9?si=be47d60cc29c44d7

Se você chegou até aqui, espero que tenha gostado - ou da história ou das recomendações, haha. Se sim, me conta! Eu vou adorar saber. Um abraço!



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