Os dias seguintes Daryl ficou trabalhando com os Salvadores, estava sujo e machucado de novo. Por um lado isso era bom, ele saberia que eu facilitava as coisas para ele. Talvez aprendesse a confiar.
Acordei com as batidas na porta.

— Princesinha. - Negan abriu a porta sorrindo e encostou o ombro no batente. - Vamos a Alexandria. Saímos em 15 minutos. - Um Salvador entrou e deixou a bandeja de comida em cima da mesinha. - Te espero na rua.

— Ok. - Respondi esperando ele sair do quarto.
Saltei da cama e fui para o banheiro enquanto tirava a camiseta que dormia. A deixei no cesto da roupa suja, lavei meu rosto, fiz minha higiene depois retornei ao quarto.

Vesti um body preto com decote aberto e detalhes de fios cruzados no decote e uma calça jeans. Sentei na cama e comi rapidamente os biscoitos. Calcei uma bota flat cano longo preto.

Parei na frente do espelho e sorri. Amarrei meus cabelos em chiquinhas como sempre. Passei um batom um vermelho, coloquei o colete de couro com minha pistola no coldre. E peguei meu taco de baseball que não tinha arame.
Desci as escadas e encontrei todos esperando na frente dos carros, entrei sentando ao lado de Daryl que me lançou um olhar, sorri abertamente.

— Bom dia, Dixon. - Ele acenou com a cabeça e desviou o olhar.

Quando chegamos a Alexandria, descemos do carro e paramos atras de Negan.

Ele fez o showzinho de sempre e Rick nos deixou entrar, avancei com os Salvadores, Daryl ao meu lado me seguindo. Ouvi as ordens do meu pai e resolvi segui-las.

Deixei Daryl com Negan e Rick e avancei pelas casas, entrei na casa em que Rick apontou como sendo sua. Alguns salvadores entraram e começaram a tirar algumas coisas, subi as escadas e olhei nos quartos.

Um dos primeiros para a minha surpresa encontrei um bebe brincando no berço, agarrei ela que sorriu puxando meu cabelo com pontas azuis.

— Você gosta disso? - Perguntei sorrindo.

Embalei ela nos meus braços, sempre tive o dom de fazer qualquer bebe dormir. Era só embalar e cantarolar e eles se entregavam.

— Largue a minha irmã. - Lancei um olhar para o menino parado a porta.
Usava um tapa-olho e segurava uma arma.

— Você não quer atirar na filha de Negan, garoto.

— Quer testar? - Retrucou e eu sorri.

— Gosto de você. Pelo jeito não tem medo de perder vidas das suas se conseguir o alvo. - Deixei a menina no berço depois segui ate ele parando com o cano da arma contra meu peito. - Abaixe isso garoto, ou seu amiguinho nunca voltará para casa.

— Duvido que seu pai devolva Daryl.

— Você tem razão, mas eu posso querer devolve-lo. - Sorri. - Agora esconda a menina e essa arma, e eu fingirei que não vi nenhuma das duas. - Ele ficou me encarando confuso. - Prazer em conhece-lo, Grimes. Sou Luce.

— De Lucille? - Sorri.

— Gostei do tapa-olho. - Soprei um beijo para ele e sai para o corredor.

— Alguma coisa? - Um Salvador perguntou das escadas.

— Aqui esta limpo. Mas posso pegar os colchões dos outros quartos. - Assentiu e subiu para me ajudar.

Assim que fiquei sozinha no corredor abri a porta do quarto.

— Desça comigo. - Mandei e ele assentiu.

Descemos as escadas e paramos na frente da casa, o deixei na varanda e caminhei ate meu pai que estava falando bobagens perto de Rick e Daryl.

— Tudo feito. - Falei e Rick me encarou meio surpreso, meio confuso. - Podemos ir embora? Estou meio entediada. - Observei minhas unhas pintadas que estavam precisando de um corte.

— Você fica entediada facilmente, princesinha.

— Tal pai, tal filha. - Sorri abertamente e ele sorriu me encarando.

Ele mandou todos arrumarem as coisas que iriamos partir.

— Daryl pode ficar? - Rick perguntou com o olhar baixo.

— Infelizmente, não. - Sorri abertamente e passei a língua nos dentes. - Agora ele é meu. Meu brinquedinho. - Continuei sorrindo e Rick me encarou.

Havia ódio no seu olhar, mas eu não tinha medo. Era filha de um assassino cruel. Ninguém mais me assustava.

Pisquei para ele depois virei as costas e segui para o carro.

Tentei não pensar naquelas pessoas que não teriam um lugar confortável para dormir.

Daryl subiu comigo para o meu quarto, enquanto ele tomava banho e trocava de roupa, pedi que preparassem uma comida para nós. Almoçaríamos dentro do quarto. Deixei a comida dele em cima da cama e me sentei na cadeira perto da mesa.

Ele comeu em silencio enquanto eu fazia o mesmo.

— Judith estava na casa quando você entrou, por que não contou ao Negan? - Daryl perguntou quebrando o silencio.

Lancei um olhar a ele que me encarava, seus olhos azuis tentando me decifrar.

— Meu pai não mataria a garota.

— Ele ameaçou cortar o braço de Carl.

— O garoto do tapa-olho? - Assentiu. - Ele é filho do Rick não é? - Assentiu de novo.- Negan é um manipulador Daryl. Ele pode matar e ferir qualquer um do seu grupo e Rick obedecerá, por que pessoas como vocês sentem culpa se alguém que ama morre, ainda mais se o causador é você. Ele sempre faz isso. Todos os grupos que ele rende, ele matou uma pessoa, duas. Para mostrar que ele não tinha escrúpulos. Mas ele sabe que esta lidando com alguém diferente, no momento que ele ferir um filho do Rick, vocês se rebelam. Ele sabe que Rick é alguém forte, é diferente dos lideres dos outros grupos que servem a ele. Você não são um grupo, são uma família. É por isso que ele tem você aqui. Você é o incentivo para Rick trabalhar.

— Disse a ele que eu era de você. - Passei a língua nos dentes depois sorri.

— Sim. E é. Por enquanto.

— Não sou sua propriedade.

— No momento é. Ate eu decidir que não seja.

— Odeio você, vocês. - Jogou o prato longe, ele bateu na parede e quebrou.

— Você não é o primeiro e não será o ultimo, Dixon. Agora junte a sujeira e limpe. E se me ameaçar com um caco de vidro faço você engoli-los, um por um. - Ele riu antes de levantar.

Observei enquanto ele limpava e jogava os cacos de vidros no lixo.

— Esta bom assim, princesinha? - Debochou.

— Hum... Gosto quando me chama assim. Com esse sotaque fica sexy. - Ele ficou vermelho.

Então o caipira caçador mau humorado era envergonhado quando se tratava de intimidade. Sorri gostando disso.

— Não precisa ficar com vergonha Daryl. Somos um homem e uma mulher, temos desejos. - Tirei as botas depois levantei e tirei a calça ficando só de body.

Seus olhos passearam pelo meu corpo depois desviou o olhar. Sorri indo para o banheiro.

Não pensei que Daryl atacaria, mas ele atacou. Estava distraída entrando no box do banheiro quando ele invadiu o lugar e me agarrou pegando a arma e apontando para minha cabeça. Seu corpo estava grudado ao meu, seu braço contra o meu pescoço.

Lancei um olhar para o espelho na parede, era grande ao bastante para mostrar nós dois.

— Nossa Dixon, isso é sexy. - Sorri e ele olhou para o espelho.

Vi sua expressão mudar, mas logo voltou a si.

— Vou leva-la para baixo. Vou sair daqui. Negan não vai me impedir.

— Vai me arrastar na frente de todos nua?

— Pegue a toalha.

Segurei a toalha e girei acertando seu rosto, empurrei a porta que bateu, girei a chave da porta enquanto chutava Daryl para o lado do vaso, ele tropeçou e caiu no chão arrebentando o box de vidro, vidro e sangue se espalhou por tudo. Joguei a chave no ralo da piá.

— Se cortou muito?

— Não acredito que cai na sua conversa. Era para tê-la arrastado pelos cabelos nua mesmo. - Sorri.

— Eu teria gostado disso. Homem das cavernas.

Ele agarrou a arma com a mão boa e apontou para mim.

— Abra a porta.

— Joguei a chave no ralo. E para de apontar essa merda para mim. Aprenda uma coisa, se apontar uma arma é para atirar.

— Estou com vontade de fazer isso.

— Então faça. Quero ver sair daqui vivo.

— Não tenho medo de morrer. Minha família estará livre.

— Ela nunca vai ficar livre, Daryl. Cai na real. Pode me matar, Negan vai prende-lo e cada dia que ir visitar sua querida família, levará um pedaço do seu corpo como prova que você ainda esta vivo. Ele com certeza vai deixar os pedaços de presente para Rick.

Daryl continuou apontando a arma para mim, cruzei os braços e fiquei esperando. Ele puxou o gatilho, o barulho foi ensurdecedor.