De volta a Londres escrita por aflmmart


Capítulo 1
Capítulo Único




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(POV Pedro)

Após a nomeação do rei Caspian, Aslan pediu para conversar comigo e Susana a sós, e nos explicou as implicações se nós escolhêssemos permanecer em Nárnia. Claro que nossa vida em Londres era importante, mas ainda assim sinto que eu não pensaria duas vezes ao escolher. 

Pude observar de perto a decepção de Susana ao saber o preço por escolher ficar. Eu sabia que era sua vontade permanecer ao lado de Caspian, mas havia pessoas que seriam afetadas por nossa decisão e isso não era algo que se pode ignorar. 

— Estou perdida, sem saber o que fazer ou a onde ir. — Ela murmurou assim que Aslan se afastou. — Meu desejo é ficar, mas não poderia fazer isso com nossos pais. 

— Lúcia e Edmundo terão outra oportunidade, se entendi corretamente. Para nós é um adeus definitivo, e isso é difícil de digerir. — Continuamos caminhando pelos corredores vazios. — Sinto muito por você, sei o quanto você o ama. 

— Nunca senti algo assim, e tenho medo de abandoná-lo. — Sua fala era carregada de tristeza, então a abracei como a muito não fazia. — Iremos superar, de um jeito ou de outro Susana. 

— Assim espero. 

[...]

Após terminarmos o ano letivo meu pai recebeu uma oferta de trabalho nos Estados Unidos, mas a viagem era cara demais para que nós quatro fossemos juntos. Por isso optei por permanecer na Inglaterra e me dedicar com afinco para entrar em uma universidade. Susana por sua vez iria para fazer companhia a mamãe, pelo menos era isso que ela falava, mas eu sabia que ela só estava tentando ir para novos ares para esquecer Caspian definitivamente. 

Lúcia e Edmundo seriam obrigados a ficar com nossos tios para terminar o colégio, e teriam que aturar nosso tedioso e mimado primo, Eustáquio. Eu queria ser capaz de mantê-los comigo, mas com o salário que eu recebia trabalhando na biblioteca municipal só conseguia alugar um quarto em um pensionato para jovens. 

A separação não foi fácil, eu sentia falta dos três muito mais do que esperava, e tentava me dedicar ao máximo no meu estudo para que após a faculdade eu pudesse trazê-los para morar comigo. 

— Pedro, querido coma algo antes de sair. — Claire era a dona do pensionato e nos tratava como filhos. 

— Desculpe Claire, mas não posso me atrasar hoje. — Mesmo assim ela me esticou uma maçã. — Obrigada. 

— Tenha um bom dia. — Ela acenou na porta e eu retribui. 

O caminho era longo, mesmo de bicicleta, então eu tentava sempre sair o mais cedo possível para evitar qualquer atraso não planejado. Ao chegar deixei a bicicleta no mesmo lugar de sempre e me apressei a entrar, no entanto ao me aproximar correndo da porta esbarrei em uma moça. 

— Me desculpe. — Ela caiu no chão sentada e eu me abaixei para ajudá-la. — Sinto muito muito mesmo, deixe que eu pegue isso para você. 

— Tudo bem, não me machuquei. Imagino que esteja com pressa, pode deixar que levo isso. — Ela sorriu minimamente na minha direção e só então notei o quanto ela era bela. 

— Não, eu insisto. É o mínimo. A propósito sou o Pedro. — Estendi a mão para ajudá-la a se levantar. 

— Sou a Anna. 

Seguimos para dentro da biblioteca e coloquei seus livros em uma mesa. Pouco depois descobri que ela estudava para entrar na universidade assim como eu e dali em diante assunto não nos faltou. 

Dia após dia nos encontrávamos na biblioteca, ela sentava-se na mesma mesa para estudar e eu ficava rente ao balcão observando-a, já havia virado uma rotina que eu apreciava livremente. Trocamos contato e estava disposto a chamá-la para um encontro. 

— É hoje Claire, hoje crio coragem e chamo a Anna para sair. — Arrumei meu colete mais uma vez. 

— Ela seria uma tola se recusasse. Espero poder conhecer essa tão falada Anna. 

— Um dia quem sabe, terei sorte se ela aceitar apenas tomar um sorvete comigo. 

Se todos os dias eu saía com pressa, hoje estava ainda mais agitado. O caminho parecia duas vezes maior, tamanha era minha ansiedade, mas assim que avistei o enorme prédio de arquitetura renascentista da biblioteca sorri abertamente. Ela estava parada na entrada e também sorriu ao me ver, fui o mais rápido possível ao seu encontro. 

— Bom dia Anna. — Falei animado e ela riu da minha afobação. 

— Bom dia Pedro. 

— Aqui, deixe que eu leve isso para você. — Ela já não se dava o trabalho de recusar, sabia que eu insistiria até convencê-la. 

— Você parece bem animado hoje. — Ela comentou enquanto caminhamos pelo saguão.

— Estou sim. 

— Algum motivo especial? — Ela colocou as mãos para trás e parou na minha frente sorrindo. 

— Para ser honesto sim, tenho um pedido para te fazer. — Suas bochechas coraram deixando sua expressão ainda mais adorável. 

— Então faça. — Ela mordeu o lábio esperando. 

— Anna você aceitaria sair comigo para tomar um sorvete? — Meu estômago estremeceu inquieto. 

— Eu adoraria Pedro. — Não contive o sorriso e lhe dei meu braço para que pudesse segurar. 

Passei toda a manhã com um sorriso no rosto, o sim tão aguardado me fazia ficar inquieto de tanta felicidade. Perto do horário de almoço, o mesmo horário que ela sempre voltava para casa, me apressei até sua mesa. 

— Tenho uma hora de almoço, posso te acompanhar até em casa se quiser, é claro. 

— O que acha, se ao invés do sorvete fossemos almoçar? Tem um restaurante muito bom aqui na frente. — Ela me olhava com expectativas, estaria tão interessada quanto eu? Era difícil de acreditar. 

— Claro, acho uma excelente ideia. 

Durante nosso almoço ela contou mais sobre sua família e eu sobre a minha. Não pude deixar de imaginar que Anna teria adorado conhecer Nárnia, sua personalidade era uma mistura perfeita entre Lúcia e Susana. Sempre que pensava nas aventuras que vivi ao lado dos meus irmãos sentia muita saudade, e isso não passou despercebido por Anna. 

— Vejo que sente falta da sua família. 

— Sim, sempre fomos muito próximos e essa separação tem sido difícil. 

— Mas você contou que Lúcia e Edmundo moram em Londres ainda, mesmo assim é difícil vê-los?

— Com o internato e meu trabalho o tempo se torna escasso. Chega no final de semana e tento focar em meus estudos, preciso realmente alcançar meu objetivo. 

— Entendo. — Ela me olhava com compaixão. — Mas talvez apenas uma tarde não atrapalhe tanto assim. Para ser honesta eu adoraria conhecê-los. — Notei que suas mãos estavam inquietas sobre a mesa, e tomei a liberdade de esticar a minha para tocá-la. Felizmente ela não rejeitou meu toque. 

— Está mesmo falando sério? Isso seria ótimo. Tenho certeza que Lúcia e Edmundo iriam adorar te conhecer. 

— É só combinarmos então. 

[...]

Finalmente havia chego o domingo onde eu poderia apresentar Anna, agora oficialmente minha namorada, para Lúcia e Edmundo. O combinado era nos encontrarmos num parque próximo a casa dos meus tios, mas eu passaria na casa de Anna para buscá-la. 

— Boa tarde Pedro. — Ela me cumprimentou assim que me aproximei. Parei ao seu lado e acariciei seu rosto gentilmente antes de selar meus lábios rapidamente nos seus. Isso foi o suficiente para deixá-la rubra. 

— Boa tarde, como passou a noite? — Ela entrelaçou seu braço no meu e começamos a caminhar. 

— Muito bem, mas confesso que agora estou um pouquinho ansiosa. 

— Não precisa se preocupar, só um tolo não gostaria de você. 

— Você é sempre muito gentil Pedro. Estou feliz por estar aqui com você. — Seu sorriso sempre me deixava como um bobo, mas eu adorava aquela sensação. 

— Estou feliz por você ter aceitado sair comigo, tenho sorte em tê-la ao meu lado. 


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