Home escrita por Seriously


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Oi, oi, pessoal! Voltei com oooutra oneshot!
Essa foi inspirada pelo especial de 20 anos de HP da HBO. Fiquei super nostálgica e um dos momentos me deu a ideia para escrever essa história!
Ela é curtinha porque é pra ser apenas um recorte de pensamento durante um momento de uma noite da vida em família do Harry.
Espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/805375/chapter/1

— Mamãe, o bolo já tá pronto? – James pergunta incessantemente.

É aniversário de cinco anos do meu primeiro filho. O pequeno está ao lado de sua mãe e olha para cima para poder encará-la. Gina usa um vestido confortável amarelo e um avental enquanto bate o bolo de aniversário para o filho. Os cabelos ruivos não são mais compridos como antes e estão arrumados em um rabo de cavalo baixo.

— Ainda não, filho! Tenha paciência ou não vou deixar você lamber a tigela depois – repreende.

James faz uma cara de assustado como se aquele fosse um castigo muito cruel e vem até mim.

— Papai, posso brincar com o Al?

Eu estou sentado à mesa com Albus em meu colo e observo Lily no berço em um canto. É extremamente complicado ficar de olho em tantas crianças pequenas ao mesmo tempo. Especialmente quando uma delas é James Sirius, que nunca para quieto. Albus olha curiosamente para o irmão, que tem o mesmo cabelo escuro indomável que eu.

— Jay! – Albus balbucia e bate suas pequenas palmas.

— Fala pro Jay, filho. Você quer brincar com ele?

— Quelo!

— Então olha! – James sorri, pega seus dois bonecos de ação de super-heróis trouxas e começa a narrar uma história.

Dali alguns minutos, Gina aparece com a tigela com o resto da massa de bolo que ela havia acabado de colocar na assadeira e entrega a James, que é completamente distraído da sua brincadeira. Pego um dos bonecos e entrego a Albus, o qual começa a mexer com ele. Gina lava a louça com um gesto da varinha e vai checar como Lily está. Ela está abraçada a seu bicho de pelúcia favorito, um mini-pufe que ganhou de sua avó. Em momentos como esse, não posso me sentir melhor. Meu coração se sente definitivamente em casa. Em um lar.

Ah, como essa palavra mudou de significado ao longo dos anos... Ainda me lembro da minha despedida do meu primeiro ano em Hogwarts quando disse para Ron e Mione enquanto subíamos no expresso: eu não estou indo para casa... Não mesmo. Tudo começou quando Hagrid apareceu naquela cabana em meio ao mar à qual meus tios me levaram para fugir das cartas de Hogwarts. Quem diria que tudo aquilo chegaria ao ponto de hoje?

Quando estava com meus tios, nunca me senti em casa. Duda me perseguia sempre que podia. Quebrara meus óculos inúmeras vezes. Eu ficava sempre com as sobras das coisas de Duda. Caramba, tia Petúnia tingia as roupas velhas dele para me dar. Acho que se tivessem me dado as roupas de Hagrid teriam me servido melhor. Sorrio com o pensamento. Tudo bem, talvez isso seja um exagero! Mesmo assim, sempre fui renegado àquele armário embaixo da escada na rua dos Alfeneiros, número 4. Então um dia Hagrid simplesmente aparece em nossa porta. Não me lembro de ver meus tios e meu primo tão assustados antes disso!

Hagrid, amigo e companheiro, me acolheu, me deu as primeiras orientações e esteve comigo durante todo meu tempo em Hogwarts.

Hogwarts.

Essa foi minha segunda casa. Digo segunda, pois, apesar de não ter memórias, um dia eu tive um lar antes dos Dursley. Um lar em que está a origem de tudo o que passei. Mas isso foi há muito tempo... Voltando à escola, ainda lembro dos chás que eu, Ron e Hermione tomávamos na cabana de Hagrid dos seus biscoitos duros feito pedra que comíamos! Foi também em Hogwarts, ou melhor, no caminho para lá, que conheci os Weasley e Hermione e serei eternamente grato por isso. Fatídico dia em que os encontrei na plataforma 9 ¾ e, em seguida, na cabine da locomotiva vermelha que nos levava para a escola. Ron parecia irritar até o último fio de cabelo de Hermione. Tivemos um começo conturbado, mas, depois daquele dia do trasgo, tudo pareceu se encaixar e nos tornamos inseparáveis! Não que Ron tenha parado de cometer deslizes, mas éramos amigos.

Além disso, conheci Albus Dumbledore. Com seus óculos em meia-lua, foi meu grande mentor e um dos homens mais poderosos e corajosos que conheci. Ele me guiou pelo caminho da luz ao longo dos anos embora nem sempre tenha sido fácil. Naquele ano, também entrei para o time de quadribol. Descobri que meu pai tinha sido apanhador e eu era o apanhador mais jovem do século. Mas aqui não era o mais importante. O que valia a pena era a sensação de estar em cima da vassoura e estar junto com meus amigos em campo!

Hoje é aniversário do meu filho e parece que foi ontem que passei meu aniversário de 12 anos sozinho, achando que meus amigos tinham se esquecido de mim por conta de Dobby, que interceptara minhas cartas, para três dias depois, Fred, George e Ron apareceram em seu Ford Anglia voador para me levarem para a Toca. Ah, a Toca... Ali também encontrei um lar. Molly e Arthur me acolheram como seu próprio filho. Tantas coisas se passaram. Jogávamos quadribol, desgnomizávamos o jardim. Fomos até na Copa Mundial de Quadribol! O verão da copa. Um dos últimos em que me senti tranquilo. Tudo estava prestes a mudar com o retorno de Voldemort. Foi o primeiro e último verão em que vi Cedrico Diggory. Senti vontade de chorar com a lembrança. Tantas vidas foram perdidas desde então.

Interrompendo meus pensamentos, Gina me chama:

— Amor, vamos cantar parabéns? – ela segura o bolo de James em suas mãos. Com auxílio de magia, ela tinha feito uma caprichosa decoração de quadribol.

Eu assento e me levanto com Albus. Ela coloca o bolo na mesa e pega Lily. Tento dispersar o pensamento anterior. Hoje é dia de celebrarmos a vida. Uma vida que só é possível porque estamos em paz novamente!

— A câmera! Quase nos esquecemos! – eu digo.

Deixo o pequeno Al em sua cadeirinha e vou para nossa sala de estar. Sobre a mesa de centro, está a nossa câmera bruxa. Eu a pego e levo para a cozinha, onde a ajeito sobre a bancada.

— Digam “x”! – falo para as crianças. Configuro o temporizador, pego Al e me junto à minha família.

O flash ofusca nossa visão por um segundo. Retorno para a câmera e coloco para gravar. James não consegue parar de se mexer. “Quero soprar a velinha logo!”, ele repetia inúmeras vezes. Em alguns momentos, ele passou o dedo no prato discretamente (pelo menos ele tentava ser discreto) para comer a cobertura que Gina havia feito. Gina tentava repreendê-lo, mas ele é impossível! O tio dele, George, com certeza, ficará orgulhoso quando ele entrar em Hogwarts.

Nós cantamos parabéns e comemos o bolo. Foi por momentos como esse que sonhei. Olhei para Gina, que imitava um avião com o garfo com bolo para Albus, o qual eu deixei novamente na cadeirinha depois da foto. James está todo lambuzado com o recheio do bolo. Estou com Lily no colo. Ela brinca com seu mini-pufe. Os cabelos ruivos iguais aos da mãe. Os olhos, uma mistura de castanho com verde. Foi por isso que me mantive firme. Gina foi uma das pessoas que me manteve firme, junto com sua família, Hermione, Lupin, Sirius... Ainda sinto falta deles. Queria que tivessem vivido para ver essa cena. Sirius também ficaria orgulhoso de James. Com certeza ia torná-lo ainda mais travesso! É engraçado pensar nisso. Mas, embora eles não estejam aqui fisicamente, aqueles que amamos nunca nos deixam realmente. Todos estiveram comigo até o fim e continuarão por muito tempo.

Eles estiveram comigo mesmo quando não havia lar nenhum. Éramos eu, Hermione e Ron mudando de acampamento a cada poucos dias. Sempre encobrindo nossos rastros. Eu abandonei as casas que encontrei ao longo do caminho. Eles abandonaram as deles. E éramos apenas jovens de 17 anos. Enquanto isso, os alunos de Hogwarts organizavam sua própria resistência. Lee Jordan montou o Potterwatch e me lembro de quando Neville me contou que a Armada de Dumbledore havia sido reativada por ele, Gina e Luna. Eles não mediram esforços para organizar a própria luta e demonstrar apoio. Até mesmo Dobby demonstrou sua coragem no meio desse trajeto esteve ao nosso lado.

— Papai, papai, podemos ver as estrelas? O céu tá tão bonito hoje! – James me pede.

Olho para Gina antes de responder. Ela assente e já pega Albus no colo.

— Claro, filho – dou um sorriso tenro.

Embrulho Lily em meus braços e me levanto. Hoje, tenho minha própria família, com o amor da minha vida e meus melhores amigos também são parte da minha família. Cada segundo que olho para minhas crianças e para Gina, deparo-me com minha nova e atual casa. O meu lar. O meu lugar. Eu realmente estou em casa. Atravessamos a porta de vidro que leva para nosso jardim. Nós andamos até o meio do gramado. O céu está muito estrelado. Quase não há luzes da cidade acesas, o que contribui bastante. É possível identificar várias constelações e até um pouco do braço da Via Láctea. A luz que vem das estrelas e da lua é suficiente para iluminar nosso jardim.

De repente, um risco branco atravessa rápido o céu.

— Olha, mamãe! Olha, papai! Uma estrela cadente! – James aponta animado para o céu.

— Estela – Albus balbucia ao ouvir o irmão.

— Sim, Al! Uma estrela cadente!

— Faça um pedido, querido – Gina diz para James enquanto acaricia seu cabelo.

Eu abraço Gina pela cintura, aproximando-a. Ainda temos os olhos fixos no céu.

— Eu já fiz o meu! Papai, faz um também!

Penso um pouco antes de responder.

— Vou deixar essa estrela inteirinha para você, filho. É seu aniversário. Vai ser um dos seus presentes.

James sorri com a resposta. Ele continua empolgado falando das estrelas.

A verdade é que eu já tenho tudo que queria. Eu estou em casa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam?
A frase que meu inspirou foi o quote em itálico no começo "eu não estou indo para casa... Não mesmo" e depois foram surgindo outros quotes que eu inseri! Fiz questão de fazer uma menção ao Hagrid e ao Dobby!
Tentei fazer numa pegada meio "fluxo de consciência" e espero que tenha ficado bom. Também foi uma história completamente escrita no impulso, hahahah. Foi simplesmente fluindo. E espero que tenha tocado vocês ♥
Enfim, espero que tenham gostado e vou adorar ler as opiniões de vocês!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Home" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.