Sonho Renascido escrita por Janus


Capítulo 20
Capítulo 20




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- Se não ficar quieto, vai descobrir porque ninjas médicos as vezes nocauteiam os pacientes para poderem trabalhar!

Umito a olhou um pouco assustado mas parou de se remexer. Porque esses shinobis tinham essa mania de serem teimosos e falar que estava tudo bem? O garoto fora cortado de um lado a outro, e tinha o braço quebrado também.

- Me perdoe, hokage-sama...

- Para com isso! – disse em tom de critica – você fez o seu trabalho, mas se arriscou demais, como eu temia.

E como ele tinha se arriscado. Apesar de seu desejo de ficar no time onde estava Minato, resolveu ficar no time de Anko temendo que Umito acabasse se arriscando demais. E estava certa. Ao menos ele ficou parado quando tinha lhe pedido enquanto era “seqüestrada” pelos atacantes misteriosos, mas se arriscou como se sua vida nada significasse quando foram resgatá-la. Chamou a atenção de dois oponentes enquanto o resto do time ia salvá-la, e Anko interpretou bem o seu papel, apesar de ter duvidas a respeito. Só esperava que não contasse tudo a eles antes do dia seguinte.

- Pronto! – disse ela depois de quase quarenta minutos o tratando – seu braço vai precisar de mais cuidados, e provavelmente ficará afastado por uma semana ou mais. E... obrigada por me proteger...

Olhou para o resto de time e sorriu de forma tímida. Miyoko estava exultante pelo que tinha conseguido. Salvaram a hokage. E não deixava de ser verdade. Os shinobis que personificaram os atacantes conseguiram manter o nível de dificuldade em uma missão de tipo B, e aqueles gennins realmente a surpreenderam. Provavelmente surpreenderam até a sensei deles.

- Umito – começou ela de forma pausada – sei que seu sonho é aprender minhas técnicas, e também sei que minha discípula concordou em lhe ensinar caso se tornasse um chunnin e tivesse potencial para isso.

Ele a olhou de forma curiosa, mas aguardou ela continuar.

- Mas pode demorar para você se tornar um chunnin, e seria injusto esperar tanto tempo apenas para saber se tem a capacidade para poder aprender – ela lhe deu um fraco sorriso – vou pedir para Moegi-chan lhe aplicar alguns testes. É melhor saber agora se pode ou não fazer o que deseja.

- Obrigado, hokage-sama!

Ele parecia a felicidade em pessoa, como se tivesse recebido um grande presente. Ela ficou de pé e olhou para o céu estrelado, imaginando como os outros times se saíram. A avaliação que tinha decidido fazer era extremamente exigente, mas tinha se inspirado em seu próprio time quando foi fazer uma missão classe C e a mesma subiu de nível assustadoramente. Ela não queria que aqueles gennins passassem por isso sem terem capacidade para sobreviver. Assim, apesar de saber que estava sendo muito mais exigente do que jamais tinha sido, decidiu fazer aquilo. Não ia aceitar um outro time recém formado perder todos os integrantes na primeira missão que se deparasse com algo inesperado. Isso acabou acontecendo na aldeia da Areia, e Gaara ficou muito tempo afetado por isso.

- Miyoko-chan – chamou ela – como se sente? Sua perna ainda está dolorida?

- Isso é a menor das minhas preocupações! Ai – ela estava exultante – deixa só eu contar isso para Ayame! Ela vai se morder de inveja, tenho certeza.

- Não te aconselho a fazer isso – ela sorriu levemente – hoje você deu sorte, e não negue isso. Da próxima vez ela é quem pode ter uma boa história para esfregar na sua cara.

- Mas duvido que ela tenha uma agora – ela pôs as mãos na cintura de forma desafiadora – ora bolas.... na academia eu sempre estava na frente de todos com as coisas que meu irmão me ensinou, e foi só ela pegar aquele sensei dos girinos e já ficou toda exibida porque pode ficar fazendo clones...

Sensei dos girinos? Pelo que conhecia Ayame, Anko ia acabar com o apelido de sensei das minhocas por essa... E provavelmente iria querer matar a menina por causa disto...

Caminhou um pouco até Anko que estava sentada ao lado de Outa. Ela comia seu dango e Outa também tinha um na mão. Puxa... ela estava mesmo feliz com ele, mas não sabia exatamente o porque...

- E então? – começou ela sorridente – o que achou dos meus alunos?

- Eles ainda estão vivos, o que é um bom sinal, embora eu ache que isto foi mais obra sua chamando Miara e colocando os três na boca dela.

- Achei que ela ia me engolir – comentou Outa ainda demonstrando medo pela lembrança.

- Come o seu dangô ai – ela desmanchou seu cabelo com as mãos – já disse para se acostumarem com ela. Além disso vocês tem péssimo gosto, ela ia sentir enjôos se os engolissem.

Sakura e Outa olharam para ela, tentando saber se era uma brincadeira ou não. Anko apenas riu da expressão de ambos e pegou um dangô de sua mochila e jogou para a hokage. Ela realmente estava muito satisfeita.

- Duvido que possa reprovar meus gennins agora – comentou ela enfiando uma das bolas na boca. O que quer dizer que Kiba ou Konohamaru é que terão alguma má noticia. Meus gennins nocautearam um dos seus seqüestradores, uma pena que os outros dois o levaram com eles.

E para isso, Umito quase se feriu gravemente, pensou ela enquanto mordicava o doce nas mãos. Bom, estava tudo acabado agora. Amanhã teria uma conversa com os três times e tomaria a sua decisão.

- Acha que já pode andar, Outa-kun?

Ele ficou de pé e apesar de mancar, parecia não demonstrar dor.

- Acho que sim, hokage-sama.

- Não posso fazer muitos por ossos feridos – disse tocando a perna dele e avaliando seu estado – mas felizmente sua perna não está quebrada. Mas vai doer por alguns dias. Acho melhor voltarmos agora.

Anko olhou para ela demonstrando estar um pouco chateada. Ela devia estar querendo ainda ouvir a prosa dos alunos. Verdade que eles não teriam conseguido nada sem ela, mas em uma missão real, caso tal coisa ocorresse, ficariam da dependência do sensei que era muito mais experiente e habilidoso que eles para concluírem ou sobreviverem a missão. Anko fez seu papel muito bem assumindo a frente da luta contra os três oponentes enquanto os gennins tentavam se aproximar para libertá-la. E como tinham planejado, ela demonstrou dificuldade e tentou coordenar como usar os alunos sem tentar protegê-los o tempo todo. Mas eles escaparam do controle quando se empolgaram e aproveitaram a situação de distraírem os inimigos enquanto Anko a soltava. Foi nesse período em que Umito e Outa se feriram. Sabia que tinha dado ordens explicitas para que os gennins pudessem ser feridos de forma dolorosa mas sem gravidade letal caso tentassem idiotices heróicas, e não se sentia culpada por isso. Mas imaginava o que poderia ter ocorrido com Minato. Acreditava que ele obedeceria Konohamaru, ou até ela própria sendo personificada por Moegi, e assim deveria ter se dado bem. Sua maior preocupação com o time seis era com Ayame e Haruka. Mais com Ayame que era bem impulsiva.

Até que para sua surpresa, Miyoko foi mais prudente. Bateu palmas para chamar a atenção dela que ainda estava toda exultante conversando com Umito – quem diria que esses dois acabariam se dando bem? Só brigavam mesmo quando ela criticava a hokage – chamando sua atenção para que pudessem partir. Ela ajudou ele a se levantar e acabou de forma inesperada pegando o braço de Outa e o colocou nas suas costas, praticamente o obrigando a usá-la para apoio para andar.

- Não é preciso, Miyoko-chan – disse ele envergonhado.

- Se machucar mais esta perna vai demorar para nosso time fazer missões de novo – disse ela de forma incisiva para ele – e depois desta missão nossa, eu quero é me aprimorar mais!

Seguiram saltando pelas arvores rumo a aldeia. Mesmo com Outa com dificuldades, com o apoio da colega ele estava se movimentando bem. Levariam pouco mais de uma hora para retornarem, o que lhe daria tempo de um bom sono antes de encarar o dia seguinte. Pelo menos sem Shizune por lá não haveria papelada adicional para ela tratar, e de qualquer forma só iria anunciar sua avaliação a tarde, após conversar com Moegi e Shizune. Mas ela já desconfiava de qual seria o resultado. Tinha acompanhado o empenho daqueles gennins, suas disputas internas, o choque de personalidades e o aprendizado para trabalharem em equipe. E mesmo tendo trapaceado cuidando para que Minato, Ayame e Haruka ficassem no mesmo time, ficou surpresa que no fim isto não desequilibrou os outros.

Pelo nível de aprendizado deles, cada um iria ficar em um time pela seleção normal de Iruka, mas como ela temia que Minato acabasse desenvolvendo as habilidades do pai e com isso atraísse a atenção para si de pessoas que ainda procuravam pela Kyuubi, cuidou para que as amigas ficassem com ele, acreditando que com entrosamento inicial já estabelecido o time iria se desenvolver mais facilmente. Mas ela também esperava que se tornasse um time acima da média por isso.

- Hokage-sama – chamou Umito que se mantinha ao seu lado conforme pulavam pelas árvores.

- Sim? – ele parecia um pouco receoso com algo. Estaria com medo de não ter habilidade necessária para se tornar discípulo de Moegi um dia?

- Bom... sei que é preciso ter habilidades de ninja médico para desenvolver as técnicas criadas por Tsunade-sama, e apesar de eu irei me esforçar para obter isso, queria que não se preocupasse caso eu possa fazê-lo. É que... depois de ver Anko-sensei lutando, eu...

- Se falar isso para ela, você nem vai conseguir fazer o teste – ela quase riu – mas vou ser franca com você, Umito. Não me parece que você tenha o controle de chakra preciso que seja necessário. Mas só podemos ter certeza após alguns testes.

Ele ficou um pouco corado e não disse mais nada. Mas Sakura ficou satisfeita de que Umito já tinha um segundo interesse. Mas logo em seguida ficou preocupada. Se Umito fosse se dedicar a isso como estava disposto a ser se discípulo inicialmente, em alguns anos iria ter outra pessoa com o jeito de ser de Anko?  Tomara que ele não se tornasse um novo Rock Lee idolatrando tanto seu sensei a ponto de imitá-lo.

Duas pessoas como Anko iria matar Shizune do coração. Mas ela podia acabar ganhando o dobro de dangôs para ser persuadida a não dar uma punição ou outra...

Quando chegaram na aldeia, Outa e Umito foram direto para o hospital. Iriam ficar em observação e Umito teria seu braço engessado. Ela foi para sua casa e surpresa viu que Shizune ainda não tinha voltado. Elas moravam na mesma casa de dois andares – uma dedicação dela pela mestra de ambas, que pediu para que auxiliasse Sakura enquanto esta fosse hokage em seu testamento. Já tinha perguntado se ela não queria morar sozinha, agora que não precisava de tanta dedicação da parte dela, mas a mesma tinha dito que iria dedicar a ela a mesma atenção que dedicou a Tsunade enquanto em vida. Até que não era ruim, só algumas vezes em que ela a acordava mais cedo do que gostaria, ou quando dava suas escapadas para paquerar um pouco.

- Boa noite, Udon-kun – disse ela enquanto entrava pela porta para o aparente vazio. Enquanto fechava a porta, ouviu um murmúrio.

- Como sempre sabe onde estou?

- Quem disse que eu sei? – ela riu.

Um ANBU removeu sua cobertura e olhou para ela maneando a cabeça. Era um daquelas ANBUs que estavam ao seu lado no cemitério quando Shikamaru tinha sido chamado até ali. Era um dos dois guardas pessoais da hokage, e um daqueles com quem já tinha saído para passear, inclusive até paquerando ele algumas vezes. Mas pararam os encontros quando ele foi escalado para ser seu protetor pessoal.

- Agora eu sei – ela comentou – como foram as coisas aqui?

- Tranqüilas, espero que não tenha dado muito trabalho a minha colega.

- Até que foi relaxante apenas ver e atuar pouco. Mas se eu algum dia fizer isso de novo, diga para ela apertar menos os meus pulsos – ela olhou para eles – demorou uma hora para a marca das cordas saírem.

- Não seria um seqüestro se ela fosse gentil.

- Gracinha. Boa noite, Udon-kun.

- Boa noite – disse ele desaparecendo em seguida.

Ela fechou a porta e subiu as escadas até o andar superior, tirando a roupa pelo caminho.

- Ele não é novo para mim, apenas cinco anos de diferença – murmurou ela enquanto deixava as roupas sujas e um pouco danificadas num cesto dentro do banheiro.

- Mas ele é meu protetor agora e não vamos confundir as coisas – murmurou novamente, como se completasse o pensamento anterior. Ela abriu o chuveiro e esperou a água esquentar um pouco. Tomou um longo banho e foi deitar-se em seguida. Já estava dormindo quando Shizune voltou.

 

-x-

 

Estava com uma dor de cabeça daquelas quando acordou, e sentia o corpo dolorido. Ia matar o Iruka por aquilo. Personificar Sakura até que tinha sido fácil, difícil foi agüentar observar os gennins sofrendo para a libertar. Não fosse Ringo ter feito a loucura de começar a bloquear pontos de chakra nos inimigos, era possível que aquele time tivesse fracassado. Mas tinha que reconhecer que tinha sido uma estratégia genial. Enquanto os colegas os distraiam, ele entrava no meio da luta atingindo-os em pontos de chakra os bloqueando, logo impedindo que pudessem fazer jutsus. Kiba atuou bem no seu papel a soltando e depois ambos ajudaram os gennins a derrotarem os bandidos da história. Mas Ringo se machucou muito. Quando perceberam o que ele fazia, se concentraram nele e o puseram a nocaute. Felizmente ele já tinha feito o seu trabalho.

Mas não era por isso que estava com o corpo dolorido ou estava com dor de cabeça. Era devido a Iruka – um dos oponentes que a hokage selecionou para representar o seqüestro a convidou para saírem uma vez que ainda era um pouco cedo, e ela acabou aceitando. Quando viu a hora, não acreditou que ficou três horas dançando com ele. Voltou correndo e Sakura já estava dormindo tranqüila em sua cama.

Foi sonolenta até o quarto de Sakura e ela já tinha saído. Uma das raras vezes em que acordou mais tarde que o normal. Pelo menos poderia se cuidar sem se sentir pressionada a colocar a hokage em seu escritório daquela vez. Reconhecia que as vezes ficava encantada ao vê-la e se recordar de sua mestra sentada ali tomando decisões – mas não era fetiche coisa nenhuma!

Era melhor ir até o hospital e verificar se havia algum registro de que algo tinha acontecido com os outros times. Apesar de ter sido contra, tinha de admitir que tal nível de simulação era necessário para o que ela pretendia: Ter a certeza de que os times podiam sobreviver a um evento destes. Já tinha se esquecido da tragédia de quatro anos antes, quando todo um time de gennins da Areia morreu em uma missão que saiu do controle. Mas Sakura se lembrou disso e uma vez que tinha todo o direito de rejeitar um dos times, resolveu aplicar uma avaliação tão perigosa quanto inesperada.

Chegou ao hospital um pouco mais tarde, quase duas horas depois de ter acordado. Talvez Sakura até já estivesse se perguntando onde estava sua “sombra”, mas ela queria aproveitar o tempo para que o remédio contra dor de cabeça fizesse efeito e já levar alguns dados para ela. Depois do almoço ela daria sua decisão final sobre quem estaria aprovado ou não. Sua discípula dedicada já devia estar com ela relatando tudo.

Seguiu até a sala de registros de atendimentos e verificou o que já tinha imaginado. Umito e Outa foram atendidos, sendo que Umito teve o braço engessado e Outa recebera um tratamento para um alesão suave no osso da perna. Miyoko apenas foi examinada e dispensada em seguida. Procurou um pouco mais e achou o registro de Ringo. Muitas escoriações e lesões leves – apesar de ter tratado dele, não quis curá-lo totalmente, apenas fez o que faria em uma situação real, retirou-o de perigo imediato curando as lesões letais e reduziu as outras para ferimentos leves. Os outros dois colegas dele não tiveram problemas. Perfeito!

Mas acabou não achando nada do time seis.Voltou a rever todas as fichas de atendimento do dia anterior e nada! Que estranho. Será que todos ficaram ilesos? Achou um pouco difícil, ainda mais com o time Moegi com ordens expressas de fazer o necessário para os gennins serem subjugados durante a primeira parte da simulação, que seria a de capturar a hokage.

Foi até a recepção perguntar sobre aquilo e para a sua surpresa, os três estavam no hospital naquele momento fazendo exames completos. Mas não era nada grave, apenas uma solicitação de Moegi para isso. Ela foi até o arquivo e pegou a requisição que ela fez e a leu atentamente. Ela queria um exame completo de capacidade de chakra e de identificação de origem em todos.

Identificação de origem? Mas... Moegi ou ela própria, e até mesmo Sakura eram as únicas que podiam fazer tal exame em Minato. Será que ela tinha se esquecido? Foi até a recepção de novo e confirmou que Moegi não estava lá, e os gennins estavam sendo examinados por enfermeiras do hospital. Que idiotice a de Moegi. Ela devia ter esquecido que tinham que manter a ascendência Hyuuga de Minato em total segredo. Quase correndo ela foi até as salas de exame e invadiu cada uma delas tentando localizá-los. Achou-os na quarta sala, e para seu desespero já tinha uma enfermeira examinando os olhos de Minato com uma lanterna.

- Que incrível – murmurava a enfermeira movendo a lanterna para os olhos dele e retirando em seguida, ficando fascinada com o efeito de reflexo perolisado que estes tinham – nunca fizeram este exame em você?

- A Sakura-neechan faz isso todo ano – disse ele ficando incomodado com aquela lanterna indo e vindo para seus olhos – mas nunca achou nada de errado.

As duas amigas dele estavam sentadas em uma maca em frente a ele, e também olhavam aquilo com sorrisos de afeição. Elas já tinham percebido isto ha muito tempo no colega, especialmente quando o Sol batia diretamente em seus olhos. Mas apenas consideraram como mais um item interessante no rapaz que a cada dia em que seus hormônios trabalhavam ficava mais e mais bonito para elas.

- Wakana – chamou ela entrando na sala assustando a enfermeira – eu assumo o exame deles.

- S-sempai? – ela a olhou surpresa – eu... precisa ver isso, os olhos dele tem a característica...

- Eu sei – ela colocou a mão em seu ombro a fazendo se calar – mas isso é algo que a hokage ordenou que não deve ser comentado – murmurou ela em seu ouvido.

- Eu... entendo – disse ela a observando e entregando a lanterna em seguida – já... já fiz os exames nas outras duas. E estava terminando com ele também. Voce... quer terminar tudo?

- Sim – disse ela sendo gentil.

Observou a enfermeira sair e enquanto olhava para Minato sorridente para demonstrar que não havia nada de errado, pensou em que tipo de sermão ia aplicar na Moegi. Ela não devia ter pedido um exame daquele tipo em Minato sem estar presente.

- Algum problema? – perguntou ele a olhando curioso.

- Não – ela acendeu a lanterna e fixou esta nos seus olhos – eu apenas queria saber como foi o seu passeio com a hokage ontem.

- Não era a hokage – disse Ayame.

- Ayame-chan! – gritou Haruka para ela que se afastou para proteger os tímpanos.

- Qual o problema? Shizune também estava no meio disto, lembra do que Moegi-san nos contou?

Ela quase deixou a lanterna cair. Eles descobriram sobre a simulação?

- Ela também disse para não falarmos nada até depois da hokage tomar sua decisão.

- Ayame-chan – disse ela lentamente sem se virar para as duas que estavam nas suas costas – não sei o que houve, mas sugiro que fique quieta a respeito por enquanto. Se a discípula da hokage lhe pediu isso, então atenda sem questionar.

Ayame cruzou os braços e ficou emburrada, deixando Shizune com várias perguntas em sua cabeça. Mas teriam de esperar no momento. Pegou a ficha de exames de Minato e viu que quase tudo já tinha sido feito, apenas o exame de rotina na área ocular estava faltando. Geralmente deixavam para o final para este não afetar outros exames, caso a pessoa possuísse algum tipo de capacidade ocular. Apesar de Minato ter nascido com olhos aparentemente normais, estes estavam na verdade mascarados pelo genótipo dos genes do pai. Ele tinha nascido com olhos albinos, mas estes estavam cobertos por íris como as pessoas normais. Só um exame de pupilas ou com aquela luz da lanterna que usava agora poderiam revelar isto.

Um exame profundo feito por Tsunade revelou que ele não poderia usar o byakugan, porque a parte dos olhos que permitia isto estava imobilizada pelos nervos que controlavam a íris azulada dele. De uma certa forma ajudou a mantê-lo oculto no orfanato – uma criança com olhos de Hyuuga seria facilmente adotada pelo clã – mas também o proibiu de usar a habilidade da mãe, pelo menos por enquanto. Havia a chance remota das íris poderem se abrir totalmente deixando a habilidade livre para ser usada.

- Bom, é isso – ela desligou a lanterna – e olhou para Minato curiosa – está vendo manchas?

- Não – disse ele – nunca vejo elas, mesmo olhando para o Sol.

Pelo menos isso ele tinha herdado. Não podia ser cegado momentaneamente por clarões de luz. Mas lógico que nada podia ver se olhasse para a luz diretamente.

- Então acabou. Não se esqueçam de aparecerem a tarde no escritório da hokage.

- Acha que vamos nos atrasar? – Haruka ria – que nada. Vem Shiromaru, vamos brincar um pouco.

Quase se assustando, ela viu a cadela sair de debaixo da maca em que tinha examinado Minato e seguir a parceira pela porta. Os amigos dela foram em seguida. Suspirando de alivio, ela pegou as fichas das outras duas e começou a ler os exames. E logo começou a ficar preocupada com o resultado de Ayame. Ela tinha uma quantidade de chakra só superada pela de Minato! Verificou outros exames e notou que haviam outras semelhanças, como resistência dos músculos e formação óssea. Esse tipo de coisa era vista normalmente em clãs... Ayame era uma Uzumaki?!

Pior que a enfermeira viu aquilo. O que Moegi tinha na cabeça para não fazer o exame pessoalmente? Bom, no caso de chakra realmente seria impossível fazer sem outra pessoa saber, devido a forma como o exame tinha de ser feito. Talvez ela apenas estivesse curiosa com algo que Ayame tinha feito no dia anterior e nunca pensou naquela possibilidade, ou se pensou não imaginou que podia ser tão evidente. A única certeza que podia ter com aqueles exames era a de que eles não poderiam ser irmãos. Não havia semelhança o suficiente para isso entre eles, mesmo para meio-irmãos – ainda bem, se houvesse a chance de Naruto ter feito alguma coisa antes de amar Hinata, esta ficaria maluca.

Dobrou as folhas dos exames e foi direto para o prédio da hokage. Entrou na sala sem cerimônia e viu Sakura e sua discípula ali conversando provavelmente sobre como tinha sido a atuação do time seis com ela.

- Ver você atrasada é muito raro – Sakura sorria – Iruka-sensei deu trabalho ontem?

- Eu adoraria poder falar de assuntos mais simples hoje – disse ela se aproximando e colocando o resultado dos exames sobre sua mesa.

- Mais papeis? – Sakura a olhou torto.

- São os exames que Moegi-chan pediu para o time seis fazer. E me deixe já acrescentar que ela devia ter feito pessoalmente, quase que uma enfermeira descobriu sobre os olhos de Minato.

Ela ficou branca quando ouviu aquilo e murmurou levemente um “me esqueci”. Sakura a olhou e apertou os lábios, mas nada disse.

- Quase? – disse ela a olhando.

- Na verdade, ela viu o efeito pérola da luz nos olhos dele. Precisei dizer que tinha sido uma ordem sua para que isto não fosse revelado.

- Desculpe-me, mestra – disse Moegi juntando as mãos – eu realmente me esqueci disto.

- Vão descobrir mais cedo ou mais tarde - murmurou ela cruzando os braços – bom, você já viu os exames, notou alguma coisa?

Sakura tinha pegado os exames de Minato e de Ayame um em cada mão e os lia atentamente, virando os olhos de um para outro, comparando os resultados.

- Notei que Ayame-chan e Minato-kun podem pertencer ao mesmo clã...

- Eu sabia – disse Moegi batendo o pé no chão – aquele safado do Naruto...

- Não me parece que sejam meio-irmãos – disse Sakura lendo os exames ainda.

- Não? Não existe outro Uzumaki aqui na aldeia. Imaginei que pela quantidade de chakra esta possibilidade podia existir, ainda mais com a afinidade dela e de Minato-kun para fazerem clones.

- Na verdade, já existiu – disse ela colocando as folhas na mesa e deitando o queixo sobre seus dedos entrelaçados ao mesmo tempo em que apoiava os cotovelos na mesa – Tsunade-sama era neta de uma Uzumaki.

- Como? – perguntou Shizune incrédula. Ela nunca tinha ouvido sobre isso.

- Tenho acesso a todos os segredos da aldeia como hokage – disse ela apertando os lábios – incluindo sobre os primeiros jinchuurikis. A primeira a ter Kyuubi selada dentro de si foi Uzumaki Mito, esposa do primeiro hokage e avó dela. Nada sei sobre quantos filhos ela teve, mas não é impossível Ayame-chan ser uma Uzumaki também. Considerando que seu chakra é por volta de oitenta por cento do de Minato, ela me parece ser de uma geração posterior a ele. Não acho improvável que um dos filhos de Mito-sama tenha tido alguma aventura e ter tido filhos que nunca se tornaram shinobis. Ayame pode ser um de seus descendentes. Outra possibilidade é outro Uzumaki ter chegado a aldeia depois que a terra de origem deles foi destruída pela guerra. Além disso, é possivel que não seja alguém deste clã, e simplesmente nasceu com esta quantidade de chakra.

Shizune ficou pensativa. Se Ayame podia ser uma descendente de Uzumakis, talvez explicasse aquela personalidade forte que tinha, parecida com a de Tsunade e de Naruto. Sempre achou que era algo de família aquela forma de agir de Naruto, e agora com estas informações, começou a ter mais certeza. Mas ficou pensando se a personalidade de Hinata teria sido forte o bastante para acalmar o filho. Ele sempre foi arteiro, mas não propriamente impulsivo ou cabeça quente.

- Pelo menos agora sabemos como foi que ela fez tamanha quantidade de clones – disse Moegi.

- Como? Há sim, Ayame-chan comentou algo que ficou evidente que eles descobriram que você estava personificando a Sakura-chan.

- Eles quase mataram Isaki-chan. Tive que deter Minato-kun. Como seria impossível explicar o porque de fazer isso, me revelei para eles. Ayame-chan fez dezenas de clones e deixou Satoki sem ação. E Minato transtornado pelo gengutsu de Isaki-chan estava quase fora de si.

Shizune ouviu atentamente sobre como tinha sido a sua simulação do seqüestro da hokage, e ficou impressionada de como apenas gennins conseguiram surpreender chuunins experientes do time de Moegi. Depois disto ela relatou tudo o que houve com o time de Kiba para Sakura e esta apenas ouviu sem dizer nada. Mas ao fim do relato ela abriu a ultima gaveta de sua mesa e na hora Shizune percebeu o que iria fazer. Mas não a podia realmente criticar. Ela colocou dois pequenos copos sobre a mesa e os encheu. Depois disto pos a pequena garrafa diretamente na boca.

- Mestra!

- Juro que esses times ainda vão fazer eu desejar encher a cara de verdade. Há sim, Moegi-chan, enquanto Umito está se recuperando do braço quebrado, quero que o teste para avaliar sua capacidade de controlar chakra, prometi isso a ele. Se ele não conseguir, Anko vai ficar muito feliz.

Shizune franziu o cenho, mas a simples menção do nome de Anko foi o bastante para ela pegar um dos copos pequenos e o entornar de uma só vez. Moegi acabou fazendo isso em seguida, talvez antecipando ter de aturar o desesperado garoto que queria ser discípulo dela. 

Foram almoçar um pouco depois, e conversaram mais sobre como os times se saíram durante aquela avaliação, e Shizune percebeu o porque dela ter pego aquela garrafa de saquê. Com exceção do time seis que superou e muito o que esperavam, os outros dois ficaram muito equilibrados na ação. Sakura não tinha quase nada para definir qual deles iria ser rejeitado. Se fosse para ser extremamente fria, seria o time de Anko que teve dois gennins muito feridos, ao passo que no time de Kiba apenas Ringo ficou assim.

Duas horas depois ela já estava em sua posição costumeira ao lado da hokage e Moegi estava do outro quando os três times entraram na sala. Estava um pouco apertado ali, mas ela seria breve.

Os gennins estavam a frente dos respectivos senseis, e já podia notar que estavam cheios de ansiedade.

- Acredito que os senseis de vocês já explicaram o que realmente ocorreu ontem, e vou enfatizar o fato de que não foi um teste, mas uma simulação. Foi algo que poderia tê-los matado dependendo de como agissem. Sei que estão todos com os nervos a flor da pele porque hoje irei decidir quais times irão continuar.

Sakura fez uma pausa e observou todos eles. Estavam em silencio, e mesmo Kiba que parecia para Shizune muito confiante na véspera, agora estava nervoso. Os três times se portaram muito bem, não podiam negar. Enfrentaram uma situação extremamente crítica e conseguiram superá-la. No caso do time seis, nem houve tempo do sensei atuar devido a Moegi precisar parar com tudo. Decerto eles acabariam sendo derrotados, mas Isaki teria no mínimo ficado gravemente ferida.

- Bem, fui forçada a tomar uma decisão que não esperava. É verdade que temos vaga confortável para dois times, mas também é verdade que no momento estou com alguns times ocupados com tarefas para o senhor feudal, assim tenho até respaldo para a minha decisão. Se bem que mesmo que não tivesse, não posso deixar de admitir que seria um erro reprovar qualquer um destes times.

Os gennins começaram a abrir as bocas, e os senseis pareciam aliviados.

- É isso mesmo que ouviram. Os três times vão continuar. E FIQUE LONGE DE MIM KONOHAMARU! – gritou ela quando ele ameaçou se aproximar para abraçá-la.

As crianças gritaram, e Sakura deve ter ficado arrependida por não ter dado a mesma ordem para Anko, pois esta a agarrou e lhe beijou a bochecha de alegria. Logo depois ela bateu forte na mesa chamando a atenção de todos.

- Já chega! – ela estava autoritária de novo, o que deixou os gennins novamente com aquela impressão de que tinham abusado na frente dela de novo – por duas semanas vocês estão livres para descansarem ou treinarem com seus senseis. Depois disto vão começar a fazer missões C. Verdadeiras missões C. Lembrem-se do que houve ontem. Não foi uma simulação ao acaso, foi algo que pode realmente acontecer. Estejam preparados. Dispensados.

Assim que eles saíram Sakura encostou-se na cadeira e olhou para cima.

- Ainda bem que são só três times... – murmurou ela.

- Pode ter mais no ano que vem...

- Não me lembre disto, Shizune-sempai!

Shizune riu. Pelo menos isso estava decidido agora.

- Mestra... – começou Moegi – que tal darmos um passeio lá naquelas termas?

Sakura sorriu, e mesmo Shizune já estava apreciando a idéia. Seria bom relaxar depois do dia de ontem.


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