Sonho Renascido escrita por Janus


Capítulo 2
Capítulo 2




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 Andava com as mãos nos bolsos e a cabeça baixa. Não gostava de cemitérios. Mas tinha se disposto a ir ali naquele dia. Estava em missão quando ocorreu o aniversário da morte dele, ou melhor, da morte de todos eles e não pode fazer a já rotineira visita anual.

 Sua irmã mais velha, seu colega de time, seus amigos. E até um dos inimigos estavam ali. O grande cão branco seguia ao seu lado em completo silencio, respeitando o local e os seus sentimentos.

 Parou em frente ao centro do cemitério, onde ficava uma grande escultura estilizada. Já fazia anos que não visitava cada tumulo em separado. Preferia ficar ali e olhar em direção onde estavam. Onde estavam repousando nos últimos quatorze anos.

 - Oi amigos, oi Hana-neechan – disse com um certo tremor na voz – não pude vir antes porque estava em missão. Mas não esqueci de vocês. Nunca esquecerei. Não tenho muitas novidades para contar desde a ultima vez, exceto que.. – olhou para os lados e apurou os sentidos, para ter certeza de que ninguém estava por perto – exceto que o filho de Naruto se formou este ano. E é claro que eu gostaria de ser o sensei dele. Mas depois de conversar com Shikamaru eu acabei mudando de idéia. Só que talvez seja tarde demais. Bom, se eu for escolhido o sensei dele, farei o melhor possível. Mas vou evitar de tentar me concentrar apenas nele, mas no time em si. Puxa, nem sei se sou o sensei e já estou fazendo promessas...

 Ficou levemente corado e olhou para o céu nublado. Akamaru estava sentado ao seu lado em completo silencio. Lembrava-se da dor quando houve a contagem dos corpos. Do desespero em ver que sua irmã era um deles, e da tristeza quando soube que Shino também tinha morrido tentando proteger Kurenai-sensei.

 Apenas o fato de que os causadores daquilo foram mortos lhe deram conforto na época. A época em que os mortos foram enterrados. Chorou como todos naquele dia, e assim como muitos ele prestou respeitos a Naruto, um dos grandes heróis da luta. Ele, Kakashi e Sakura derrotaram Sasuke e Tobi. Mas apenas Sakura sobreviveu. Hinata fora a única a não participar da batalha. Meses depois soube do porque, e concordou com sua decisão. Ela tinha algo muito precioso para proteger na época, tinha mesmo que ficar afastada.

 - Naruto – olhou na direção da lápide dele e sentiu estranhamente um odor de ramen. Seria possível? Bom, sempre sentia cheiro de cigarro vindo do tumulo de Asuma, portanto não devia achar aquilo estranho – em todos estes anos eu tentei entender o porque de seu desejo de que Sasuke fosse enterrado aqui neste cemitério, e acho que finalmente percebi o motivo. Você prometeu que o traria de volta, e desta forma cumpriu sua promessa. Só espero que este cheiro que estou sentindo não seja de ramen, ou vou começar a acreditar em fantasmas.

 Akamaru latiu duas vezes, concordando com ele.

 - Hana-neechan – desviou o olhar para onde sua irmã estava enterrada e abaixou a cabeça – ainda me sinto culpado por não estar ao seu lado quando teve de lutar sozinha. Sei que digo isso todos os anos, mas não sei o que mais dizer. Talvez a mamãe esteja certa. Sou um tolo sentimental que deveria aproveitar a vida e arrumar uma nova namorada. Talvez eu tenha sorte e desta vez ela não fuja. Pelo menos A Ino se casou finalmente, já estava achando que ia ficar igual a nossa hokage, uma eterna titia. Certo, sei que não devo fazer pouco caso de nossa hokage rosada. Ela surpreendeu todo mundo mostrando que sabe o que faz. Claro que com Shikamuru a ajudando isso não devia ser surpresa.

 Fechou os olhos e respirou fundo antes de prosseguir.

 - Shino... este é mais um ano que não pode dizer que esqueci que você existe – ele sorriu – mas se estivesse vivo diria que só me lembrei de você porque estava morto. Desculpe a piada, mas não resisti. Queria ter visto como foi a sua luta para salvar a vida de nossa sensei. Enfrentar um bijuu não deve ser fácil. Sei que os membros de seu clã devem ter dito, mas quero falar também. Sua irmã mais nova formou-se genin também. Não sei se vai estar no mesmo time de Minato ainda, mas até que a idéia seria interessante. E pode me agradecer por ela ser talvez a única genin formada que não aprendeu aquele jutsu erótico do Konohamaru-kun. Ou pode me condenar por isso, já que as outras cinco aprenderam.

 Olhou para trás, onde ficavam mais lapides dos que morreram. A de Kakashi estava com sua bandana limpa e colocada de lado, exatamente como ele a deixava na cabeça. Em todos esses anos nunca se interessou em saber quem cuidava dela, mas apostava que seria Sakura. Não tinha muito a dizer a ele, exceto que agradecia por ter ajudado a terminar com aquela loucura. Mais atrás estavam Rock Lee, Tenten e o sensei deles. Assim como Sakura, Neji foi o único sobrevivente de seu time. Tinham lutado contra o grupo de Sasuke e os venceram. Mas o sacrifício foi grande.

 Haviam flores no tumulo de Tenten, provavelmente postas por Neji. Não sabia o que dizer para eles, exceto um comentário ocasional sobre o que ocorreu no ultimo ano.

 - Me desculpem – ele se sentou diante da escultura no cemitério e levou as mãos ao rosto, tentando se controlar – todo ano eu volto aqui para visitá-los e simplesmente fico apenas pensando na saudade que sinto daqueles dias. Na tristeza que sinto porque não estão vivos, e depois me condeno por não pensar nas dezenas de outros que morreram também.

 Akamaru lambeu o seu rosto, tentando lhe dar algum conforto. Ele sorriu com o gesto e acariciou o pescoço dele.

 - Naquele dia nós juramos dar nossas vidas pela aldeia – dizia ele mais convicto – e pelas crianças que ainda iriam nascer. Ainda me lembro daquilo. Lembro-me das palavras de Shikamaru nos incentivando. Todos sabíamos que podíamos morrer e aceitamos aquilo. Mas nenhum de nos pensou em como seria se sobrevivêssemos.

 Olhou para baixo com um fraco sorriso nos lábios.

 - Agora eu sei. Viver pode ser mais difícil que morrer, especialmente quando muitos dos amigos não conseguiram isso. Mas sei que não tenho o direito de me sentir solitário ou com a culpa de ter sobrevivido. Kabuto nunca mais foi visto em todos estes anos e sabemos que ele ainda está por ai, pronto para voltar e trazer a maldição de Orochimaru sobre nós novamente. Enquanto vocês se sacrificavam em suas batalhas, todos os outros.. eu inclusive estávamos ocupados com ele e seu bando de mortos-vivos. E eu espero que aquilo que Tsunade-sama fez tenha funcionado. Eu detestaria que ele pudesse usar aquele jutsu com qualquer um de vocês. Especialmente com você, Shino.

 Ele ficou um longo tempo em silencio depois disto. Fez uma prece silenciosa e lentamente saiu do cemitério rumo a sua casa, sempre acompanhado pelo fiel amigo Akamaru. Muitos foram os que morreram naquele dia em que Sasuke veio destruir a aldeia. Mas os inimigos foram derrotados, e com isso a guerra tinha sido vencida. No seu entender, cumpriram com a missão. Mas depois de vários anos se recuperando e aceitando o fato, se perguntava se tinha sido apenas mais uma guerra, e se outra estaria por vir. Como tinha dito, Kabuto ainda estava por ai, e ele era de uma forma assustadora, muito pior que Orochimaru. Era bem mais frio e calculista, tanto que quando percebeu o rumo da batalha simplesmente sorriu e desapareceu, dizendo que seu objetivo ali não poderia ser alcançado, mas que não ia desistir.

 Ele parou de andar pouco antes da saída e apertou os lábios. Respirou fundo e deu meia volta, seguindo para um outro tumulo em especial. Não era de um dos que morreram na guerra. Esta tinha morrido anos depois.

 - Quase sempre eu me esqueço da senhora, hokage-sama – dizia para o tumulo que tinha como destaque o mesmo sinal que ela carregara em vida na testa – me desculpe. Eu não sei se a sua discípula ainda mantém algum ANBU investigando, mas o fato é que ainda não sabemos quem a queria morta. Acho que Sakura-sama deve te contar mais detalhes com certeza, mas eu não poderia visitar todos os outros e esquecer da senhora. Mas eu tenho uma critica. Eu esperava que ela fizesse como o terceiro hokage, que fizesse um discurso para os novos genins, mas não o fez. E eu acho isso errado. Ela poderia reuni-los aqui como nós fomos reunidos e contar sobre... sobre tudo. Bom, é só o que eu queria dizer. Vejo vocês no ano que vem, ou talvez mais cedo.

 Deu uma olhada geral no cemitério e sorriu. Depois disso seguiu para a sua casa.

 

-x-

 

 - Para de me agarrar ou te arranco a cabeça! – gritava ela tentando afastá-lo de si.

 A cena lembrava aos presentes da impetuosidade do antigo loiro hiperativo da aldeia. Assim que ele soube que tinha sido selecionado para ser o sensei do grupo seis, o mesmo pulou por sobre a mesa e agarrou a hokage, dizendo “obrigado Sakura-neechan” sem parar. As vezes dizia um “não vai se arrepender” em complemento. Mas esses mesmos presentes reconheciam que se fosse Naruto a fazer isso no lugar de Konohamaru ela já o teria feito atravessar o teto com um soco.

 - Ah, já chega! – ela fechou o punho e moveu-o em velocidade assassina para o seu rosto, parando-o a milímetros do seu olho direito. Se o tivesse atingido, com certeza estaria em coma.

 Ele percebeu que tinha passado da conta e a soltou devagar. Murmurando desculpas e reassumindo sua posição diante da mesa onde a hokage e os outros estavam. Shizune o olhava maneando a cabeça e com um sorriso irônico.

 - Pelo menos ainda estou com meus dentes...  – disse ele rindo.

 - Sei que está contente, mas eu ainda não terminei de falar – disse a hokage tornando-se a sentar e ajeitando o cabelo que ele tinha bagunçado – oito times foram formados, mas você sabe que o numero de vagas é limitado para os novos genins.

 Ele ficou sério. Não tinha se tocado disto. Quando ele se formou, haviam vagas para apenas doze genins do grupo formado. Vinte e quatro tiveram de voltar para a academia, e destes, apenas mais dois conseguiram se tornar shinobis depois. Os outros tiveram que encontrar outra coisa para fazer.

 - E...? – incitou ele, sabendo o que ela ia dizer.

 Ela cruzou as mãos por baixo do queixo, e assumiu uma expressão mais séria.

 - Apenas dois destes times irão continuar. E para fazer justiça, eu irei decidir quem está apto e quem não está. E acho que sabe o porque disso.

 Claro que ele sabia. Ela temia que ele acabasse apadrinhando o filho de Naruto e com isso seu julgamento ficasse turvo.

 - Mas... para fazer isso, você teria que definir qual seria a prova de aptidão para todos.

 - Bom saber que está atento – ela sorriu – Sua primeira missão será a de deixá-los preparados para tudo. Não serão apenas eles a serem julgados, suas capacidades como sensei também estão sendo. Não vou dizer nada sobre como ou quando os julgarei, mas você está livre para os informar que ainda não estão salvos de voltarem para uma sala de aula.

 Ele engoliu em seco, mas nada disse. Sakura estava agindo de forma muito fria naquele momento.

 - Independente disto, você deve avaliar se eles estão prontos. E é melhor ser realista – ela o fulminou com o olhar – se perceber que não estão preparados, é você quem os deve rejeitar antes de mim.

 Ficou pensando se ela não estava sendo dura demais dada a situação. Normalmente o jounin sensei decidia sobre isso. Mas nesse caso ela queria tomar a decisão. E tinha certeza que era devido a ele ser um dos senseis. Bem, não por ser um deles, mas por conhecer a ascendência de Minato.

 Pior que tinha que concordar com ela.

 - Estas são as fichas de seus genins – ela fez um movimento de mão e a três fichas foram girando na sua direção. Ele as agarrou sem dificuldade e começou a lê-las.

 Logo em seguida arregalou os olhos. Haruka e Ayame estavam no mesmo time que Minato? Quem foi o insano que os reuniu?

 - Este... – ele fazia uma careta – time está balanceado?

 - Todos eles já aprenderam uma coisa ou outra contigo – Sakura cruzou os braços e sorriu cinicamente – especialmente as meninas. De uma certa forma, já são seus alunos – ela socou a mesa com força bastante para esta rachar – mas pare de espalhar este jutsu erótico entre as crianças da academia!

 - M-mas... – ele estava vermelho – só ensinei para a Miyoko! E ainda assim foi para ela parar de me perseguir para isso.

 - E ela o ensinou para todas as outras – Sakura o olhava sério.

 - Mas deve reconhecer que ele é excelente para se aprimorarem no jutsu de transformação... – ele calou-se ao perceber uma veia latejando na testa dela.

 - Dê graças a Deus por isso não ter se espalhado no orfanato. Se mais alguém fizer esse jutsu na aldeia, eu vou torná-lo proibido!

 - Não está exagerando?

 - Sabe quantas crianças andaram roubando doces e outras coisas usando isso para distrair os comerciantes?

 - Então reconhece que ele é eficiente...

 - KONOHAMARU! – gritou ela com tanta força que a sala inteira vibrou.

 - Você sabe quem me ensinou... - ele colocou as fichas no rosto, para esconder a cara de sem jeito que fazia. Nunca tinha imaginado que aquela brincadeira poderia causar tantos problemas.

 - Não quero mais desculpas. Quando só você fazia isso era até aceitável. Mas uma epidemia é outra coisa! Se um dos genins fizer isso em publico de novo, todo o time volta para a academia. Estamos entendidos?

 - Eu... me diga uma coisa.. essa raiva toda é porque agora são as meninas que gostam de fazer isso?

 Ela arreganhou os dentes e pressionou os punhos. Pelo jeito tinha acertado direto na ferida

 - Desculpa! – apressou-se em dizer antes que ficasse ameaçado de morte – vou dizer a elas.

 - Ótimo. Sei que tem as fichas e talvez até conheça todos eles, mas quero ressaltar algumas coisas. Todos são órfãos da quarta guerra – ela ficou claramente sentida quando tinha dito aquilo – creio que já sabe de alguns detalhes sobre Minato-kun. Mas quero que seja cuidadoso com as outras duas. Ayame é uma menina problemática mais capeta que muitos meninos. Costuma ser impaciente e age sem pensar.

 - Me lembra alguém...

 - Realmente ela o lembra sim – disse Iruka que tinha permanecido quieto até então – poderia ser filha dele. Ou a sua.. – ele o olhou com um sorriso enigmático.

 - Juro que não aprontei nada – se apressou em dizer – pelo menos nada para ter uma filha desta idade – e tornou a olhar a ficha dela. Percebeu que ela tinha se produzido para àquela foto. Seus olhos verdes estavam bem realçados. Ela era um pouco vaidosa também.

 - Como? – Sakura perguntou com os olhos arregalados.

 - Estou brincando – disse ele – ainda sou... deixa para lá...

 - Bom, isso é com Moegi-chan e você – ela se apressou em dizer – Haruka é mais controlada para agir, mas é cabeça quente também.

 - Como a nossa hokage? – olhou com cinismo para ela.

 Ela o olhou sem expressão alguma, e ele acreditou que tinha passado de vez da conta. Sakura tinha paciência, e por muitas vezes ele fez brincadeiras que a deixavam gritando para todos os lados. Mas naquele momento parecia que a hokage tinha atingido o seu limite.

 - Não – respondeu ela – eu ainda sou mais cabeça quente que ela. Lembre-se disso se quiser manter os seus dentes. Mas ela tem potencial para se tornar uma ninja médica, embora eu duvide que tenha interesse ou dedicação para tanto. Fora serem órfãos, não possuem nada de especial. São como eu quando me tornei ninja. Sem histórico, clã ou habilidade excepcional.

 Ele sorriu. Sabia que isso não se aplicava a Minato, mas também sabia o porque dela falar aquilo. Não devia ensinar as técnicas de Naruto ao filho. Pelo menos não diretamente.

 - Seus genins irão aguardá-lo na sala de aula doze da academia, as duas da tarde de hoje. Não se atrase – ela sorriu antes de completar – não muito...

 - Pode deixar. E.. obrigado por me dar essa chance, hokage-sama.

 Ela se levantou e contornou a mesa lentamente para se aproximar dele.

 - Estou dando a chance para Minato, Konohamaru – murmurou em seu ouvido – a chance dele poder tentar ser o que o pai foi. Mas lembre-se de que ele não tem um bijuu para acelerar sua recuperação de ferimentos.

 - Vou me lembrar – murmurou de volta.

 - E Konohamaru-kun – disse ela agora em voz alta – também quero que você os teste para avaliar se os aprovaria ou não.

 - Farei isso.

 - Então está dispensado. Ainda tenho que conversar com mais cinco escolhidos para serem os senseis dos outros times.

 Ele girou sobre os calcanhares e saiu da sala da hokage. Tinha prometido no tumulo de Naruto que caso pudesse ser o sensei de seu filho, cuidaria para que este aprendesse suas técnicas, caso fosse possível. Mas agora percebia que o mesmo teria que sofrer um pouco para desenvolvê-las. Não poderia simplesmente ensiná-lo sem causar suspeitas. Ia pedir algumas dicas para Moegi-chan a respeito disso.

 

-x-

 

 Abriu a porta da classe e as viu ali. Haruka e Ayame. As duas que o torturaram no dia anterior. Primeiro achou uma maravilha estar em um time com duas lindas meninas, agora se arrependia de serem elas. Tinha sido só uma brincadeira. Bom, talvez cruel para com meninas, mas eram ninjas, deviam estar preparadas. Colocar uma barata no cabelo delas não devia tê-las deixado com o pavor que ficaram.

 Talvez tenha exagerado, mas elas também exageraram na vingança.

 - Ora, ora – começou Haruka – se não é nosso colega nojento de time.

 Olhou de cara amarrada para a morena, pensando se devia dizer algo ou não.

 - Quer mais alguns carinhos afetuosos? – incitou Ayame. Seus cabelos negros davam uma ótima combinação com seus olhos verde claros. Sempre a achou linda, especialmente por ser um pouco mais alta que a maioria das meninas e ter um corpo proporcional a isso. Mas depois do dia anterior, qualquer interesse amoroso ou de simples amizade tinham sido assassinados por um bom tempo.

 - Vocês são muito cruéis! – retrucou ele fazendo bico – eram só umas baratinhas.

  - Cruéis? Preferia que tivéssemos machucado nossas mãos de tanto bater nessa sua cabeça dura? – Haruka estava raivosa.

 - Isso eu poderia lidar. Mas o que fizeram...

 Ficou quieto ao ver que ambas seguravam o riso. Tinha que concordar que tinha sido uma vingança totalmente inesperada. Mas acima de tudo não acreditava que elas sabiam fazer aquele jutsu!

 - Como aprenderam a fazer aquilo? – ele estava curioso.

 - Olha Minato-kun – Ayama levou as mãos a nuca e ficou balançando-se na cadeira – Konohamaru-san ensinou isso para a Miyoko depois dela insistir muito, e ela ensinou para as amigas... as vezes fazemos uma competição para ver quem faz o jutsu mais pervertido. Mas foi a primeira vez que o usamos em uma situação real. Mas você também sabe fazer isso, não sabe?

 - Minha versão não é nojenta!

 - Para as meninas, garanto que é – dizia Haruka – mas chega disso. Você aprontou conosco e aprontamos de volta. É assim que vai ser, portanto se comporte. Nosso sensei deve chegar logo. Estou louca para saber quem vai ser.

 - Não tenho tanta pressa – bufou ele dando um salto e sentando-se na mesa ao lado de Ayame – falei com Taku-kun quando vinha para cá e ele estava apavorado. Disse que ainda temos que ser aprovados por esse sensei ou voltamos para a academia.

 - O que? – berrou Ayame pondo-se de pé – isso não é justo!

 - Foi o que ele me disse – retrucou não dando importância a reação dela – ele tinha acabado de conhecer o sensei dele e...

 Ficaram em silencio quando a porta foi aberta, e surpresos ao verem quem era.

 - Olá crianças – disse Konohamaru fechando a porta devagar – acho que estavam me esperando.

 - O Senhor é o nosso sensei?

 - É... – ele coçou a nuca – sou sim, Haruka-chan.

 - Ele não vai fazer isso com a gente – disse Ayame ficando relaxada na cadeira de novo.

 - Fazer o que? – perguntou o sensei curioso.

 - Nos reprovar para voltarmos para a academia. – respondeu ela – quer ver o ultimo jutsu erótico que eu aprimorei? – ela dizia de forma malandra – é uma versão especial para os meninos...

 - Se fizer isso – ele estava sério. Tanto que Minato ficou incomodado – você e os outros dois voltam para a academia.

 - O que? – gritou ela.

 - Exatamente o que você ouviu. Não nego que não achei divertido essas brincadeiras que andaram aprontando, mas a hokage-sama está cheia disso e anunciou que a próxima ou próximo – olhou para Minato que sentiu o sangue gelar nas veias – que fizer isso, todo o time é reprovado. Não era bem como eu queria me apresentar mas é melhor deixar isso claro desde o começo. Vocês são genins agora. É hora de deixar essas brincadeiras de criança para trás.

 Os três ficaram quietos. Primeiro pensaram que ele estava brincando, mas viram que o assunto era sério.

 - Ótimo, agora que tenho a atenção de vocês, que história é essa de reprová-los?

 - Bem... – Minato começou hesitante – conversei com um colega meu antes de chegar aqui e ele já tinha conhecido o sensei dele. E este tinha dito que ainda precisavam ser aprovados pelo sensei. Se não fossem, voltariam para a academia.

 Ele ficou olhando os três com os braços cruzados, aparentemente avaliando-os.

 - É verdade – disse por fim – e eu vou fazer o mesmo. Entendam, não pensem que basta se formar e já são genins. Vocês apenas mostraram que são capazes disto, nada mais. Mas para se tornarem verdadeiros  ninjas, precisam mostrar que possuem não só potencial, mas que vão querer isso. Não é algo que possam desistir depois que começaram, há muita responsabilidade nisto. E para este ano... – ele fez uma pausa vendo que todos estavam prestando atenção – apenas dois dos oito times formados irão continuar após a aprovação dos senseis e... – ele sorriu, mostrando uma certa satisfação – da própria hokage. Ou seja, dos vinte a quatro aprovados, dezoito vão voltar para a academia. No mínimo, pois nada impede que ninguém seja aprovado.

 Ayame estava de boca aberta, ao passo que Haruka olhava para o chão, sentindo-se arrasada. Minato olhava para a frente mas não via nada, apenas fitava o vazio.

 - Mas não se preocupem com isso agora – continuou ele – é a hokage quem decide isso no final. Mas ela não tem poder de aprovar quem o sensei rejeitar, lembrem-se disto. E eu vou ser muito rígido na minha decisão. Com certeza os outros senseis irão ter como primeira prioridade testar seus pupilos de inicio. Mas quero fazer diferente com vocês. Primeiro quero ver se a vontade que tiveram em aprender o jutsu erótico se estende a outros jutsus muito mais difíceis.

 - Vai nos ensinar jutsus? – perguntou Minato saindo do torpor em que estava.

 - Sou o sensei de vocês, não? – ele riu – porque não ia ensiná-los? Mas isso não quer dizer que possam aprender. Jutsus são como namoradas – olhou para as meninas que olharam feio para ele – ou namorados. Alguns fazem pares com o praticante, outros não.

 - Quero aprender jutsus de raiton – disparou Haruka que tinha ficado quieta até então.

 - Não se apressem crianças – algumas coisas vocês simplesmente não podem aprender. Jutsus elementares só podem ser aprendidos de acordo com a afinidade de seu chakra, mas é cedo para isso agora. Hoje eu vim apenas me apresentar a vocês e dizer o que vamos fazer a partir de agora. Quero que usem o resto do dia para prepararem o seu equipamento para amanhã. Tomem – ele entregou uma folha com alguns textos estranhos para cada um – com isso vocês podem passar no arsenal e pegar kunais, shurikens e outras coisas. Se quiserem pedir dicas para os amigos, estejam a vontade. Mesmo as pessoas do arsenal podem dar informações úteis. Mas vocês acabaram de se formar, acho que ainda têm na memória algumas dicas que aprenderam.

 - Devemos nos preparar para fazer exatamente o que?

 - Ayame-chan – ele sorriu para ela – devem se preparar como se fossem fazer uma missão, ou seja, para tudo! Encontrem-me amanhã cedo no campo de treinamento nove.

 Sem dizer mais nada, ele saiu da sala com um sorriso.

 - Não foi bem como eu esperava – disse Minato olhando o papel na mão.

 - E o que esperava? Um aperto de mão ou um cafuné na cabeça por ter sido aprovado? – perguntou Haruka ainda claramente abalada com o que tinha acontecido.

 - Eu esperava isso – disse Ayame irritada – fiquei ralando nesta academia por anos, agüentando insultos, humilhações para mostrar uma habilidade diante da classe, e até umas cantadas mal feitas no ultimo ano apenas para chegar aqui e ser mandada de volta?

 - Cantadas? – perguntou Minato a olhando.

 - Está com ciúmes, fofinho? – olhou para ele com uma expressão safada – você não é de se jogar fora, mas não tem jeito com as meninas – ela ficou séria de repente – se bem com uma menina ninja você até que... vamos deixar isso para lá – ela maneou a cabeça – vamos ao arsenal para pegar nossas coisas.

 - E onde ele fica?

 Tanto Minato quanto Ayame olharam para a morena com os olhos arregalados, a deixando muito envergonhada.

 - Gente... eu nem sabia que tínhamos um arsenal...

 - Disseram na ultima aula – disse Minato – duas quadras do prédio da hokage, do lado do escritório da ANBU.

 - Obrigada – disse ela ficando mais vermelha do que Hinata jamais ficou na vida.


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Notas finais do capítulo

O Segundo capítulo saiu rápido porque uma parte já estava pronta. Mas não quer dizer que o terceiro virá depressa. Sei que acabei matando muita gente, mas é preciso lembrar que foi uma guerra, e isso acontece em guerras.