Carga Compativel escrita por AscoX


Capítulo 1
Capítulo 1




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Dentro sua mente avançada, seria sim possível se infiltrar na Cyber Life, o que significava apenas duas coisas: trabalho e perigo. 

Entretando, na prática, era mais segura contra as tentativas humanas com seus inúmeros impecilhos mesmo antes de chegar ao portão de acesso. Mas tratando-se de andróides, poderiam apenas... passar? 

Escondidos? Claro. Porém indetectaveis, tecnicamente invisíveis  às máquinas. 

Essa facilidade desequilibrou tanto Markus, que ele parou pouco após entrar na base.

Ele olhou para trás e viu homens tagalerando, então pensou consigo mesmo, temos medo... dissoDeles? Enquanto nos matamescravizammanopolizam nossas vidassão tão dependentes que podemos simplesmente passar pela porta da frente?

 Quando percebeu, North segurava seu ombro.

— Markus, o que acha que está fazendo?

— Está... facil demais.

Seu rosto é pixels perplexos. North tentou decifra-lo sem achar respostas.

— Isso não importa, não é hora para isso. A ideia foi sua então temos que continuar.

Markus acente, se recompondo ambos olham para os lados. 

E é como se aqueles guardas brincassem, exitem tantos pontos cegos que dá impressão de cilada. Mas não tem como ser, não. Ninguém além do povo de Jericho sabia desse plano e todos são pobres necessitados de cuidados técnicos, pernas, sangue, peças, liberdade. 

Sendo impossível até mesmo pensar acerca de traição.

O melhor a fazer é continuar vigilante, em sentinela, manter sua guarda elevada.

Simon e Josh esperavam-os atrás de um contêiner mais à frente. Quando Markus e North os alcançou, alívio abateu a ambos por eles estarem a salvo.

— Você está bem? - O loiro perguntou, baixo. Simon olhava-o com demasia intensidade, Markus percebeu.

Então balançou a cabeça.

— É. Estou bem. Obrigado por perguntar, Simon.

O guarda passa e Noth dá um toque no ombro de Markus.

— Agora. - Ela diz, já atrevessando pela brecha.

Ela guia todos os três, em certo ponto Josh a ultrapassa quando ela para, e Simon o puxa para trás.

— Cuidado.

Há um casal conversando nas sombras de uma instalação de filmagem. Os invasores possuem uma planta de local e até agora, tudo caminhava nos eixos corretos. É preciso que isso continue como está.

— Sem pressa, precisamos ter cuidado. -Simon completa aos sussurros.

Joshua respira abafado, mesmo sendo uma simulação, é necessário para estabilizar o nervosismo no sistema dele.

Mais alguns poucos obstáculos e poderiam chegar no carregamento de lítio, e seja lá mais o quê puderem levar.

— Idiota. - resmunga North  ao lado de Markus. Está nervosa por que um certo alguém tende a sempre quetiona-la, e por causa disso, simples e ocasionais atos parecem-lhe afronta.

— Relaxa, North. Acho que todo mundo entendeu o recado.

— Não estou nervosa. - fala, ainda irritada com Josh. - Fique pronto para avançarmos a qualquer momento, Markus. 

Antes disso, aproveitando o momento para pausa, Markus inclina o rosto para fora das sombras, numa tentativa de chamar atenção de uma certa pessoa enquanto North segue focada no casal.

Ele consegue que Simon o veja, por algum motivo, o mesmo pega rápido seu movimento.

— E você? - Markus sabe que está sendo idiota mas é impossível de controlar. - Você está legal?

Ele não responde, parece estático olhando Markus, mesmo distante e despido de luz, os glóbulos azuis brilham detectáveis. Aquele sorriso loiro se ergue do outro lado, fazendo Markus copiar o gesto.

O casal de empregados da CyberLife continua conversando. De repente, ela empurra de forma gentil o rosto do homem próximo a ela, rindo. Ele deve ter falado bobagens. Ela abre a porta enquanto o homem sussura novamente algo - possívelmente pretensioso - no ouvido da mulher. Ela ri novamente, ela o empurra de novo(parece um hábito), daí abre a porta e o puxa, trancando-se com ele lá dentro. Íntimos em serviço.

— Agora. - North diz.

Daí, a trupe continua.

Momentos seguem rápidos. Eles correm, passam vários vigias,  evitam câmeras. Parece até mesmo infantil, como andar pela casa no meio da noite quando tantando não acordar os pais por que sabe que o pudim é para o café da manhã. Não que eles conheçam o sentimento mas no fim, o lítio que percorre suas veias descarregam essa adrenalina.

Do outro lado há muitos e muitos contêineres. Uma ampla area mas tão lotada de tantos que o chão torna-se aço e carregamentos lacrados, precisou ir além de gestos para se comunicarem.

— É impossível irmos todos juntos agora. Vai fazer muito barulho. - Diz Josh, hesitante como sempre.

— Podemos nos separar. - Decide Markus, por fim.

— Mas não dá para irmos sozinhos, cada uma para um lado, podemos ser pegos e ficar rendidos à situação.  - Pensa North, sempre analítica.  - Se não eu iria.

— Eu sei. -  confessa Simon. - E também tem o risco de chegarmos em momentos muito diferentes. Desse modo, pode não dar certo. - Acrescenta Simon.

— Já estamos aqui dentro, não dá para voltar agora. Talvez tivesse sido melhor se não tivessemos vindo, não é como se o plano fosse perfeito.

— Eu acredito no plano. Só temos que achar um jeito, quer dizer, vamos fazer isso, não é, Markus? - Chama Simon. - O que você quer fazer?

Estavam indecisos por apenas um empecilho que apareceu no caminho. Markus queria ir até o fundo, e ele iria até lá levando todos de volta para casa com os tírio, esse é o plano, é isso que ele quer fazer. Talvez fosse uma característica gravada no sistema,  mas naquele momento ele sabia a resposta, e o olhar do loiro apoiava essa ideia. Apoiava sua... natureza.

— Vamos nos dividir em dois. Eu e Simon pela esquerda, Noth com Josh na direita.

— Eu não acho que eu e Josh seja uma boa ideia. - reclama North e, pela primeira vez na divergência deles, ambos concordam.

— Cuidem para manter o ritmo, fazer poucos barulhos. Se chegarem primeiro, nos esperem o máximo possível. Se não aparecermos, vão em frente. Vamos ir na mesma velocidade que vocês. Mas se chegarmos lá e não estiverem ou chegarem em pouco tempo...não vou deixar ninguém para trás.

Quando North e Josh controlam o revirar dos olhos ao se fitarem.

— Esta segurando bem as rédeas, messias. Espero que isso dê certo. - Comenta North, acentindo para Josh que ela começaria a correr (em silêncio) até o ponto dos carregamentos.

Josh balança a cabeça hesitando e seguindo-a do mesmo jeito. 

Markus olha para Simon. A certeza de estar bem acompanhado o acerta em cheio, pois Simon mantem aquele olhar gentil e um sorriso amável.

— Ela tem razão, sabe? Mas acho que o simples fato de estarmos aqui, juntos, conta muito. Vamos?

Simon raspa a mão em seu ombro, o toque queima, simuladores estão a vapor ou pirando. Markus se remexe, sem querer vendo as costas de Simon se afastar, depois o segue.

 

Depois de conhecer e embarcar no navio caindo aos pedaços chamado Jericho, conversara com todos, exatamente todos que conseguiu conversar. Mas Simon era tão intocável e impossível que Markus contentou-se apenas em adimira-lo de longe. Em sua mente, Simon é sério, objetivo, gentil e inteligente, parque cuidou de Jericho e não demonstrou hesitação quando falou do seu plano. Ele não teve uma unica chance de conversar com ele a sós, nem mesmo a caminho da CyberLife, nem mesmo quando caiu andar abaixo e se deparou com olhos brilhantes.

Engraçado hoje terem essa oportunidade. Engraçado Simon ser mais acessível e gentil do que pensava ser.

— Você tem muita fé em mim, Simon. - Markus diz, passando por mais dois chãos. - Acabei de chegar. Não precisa ser educado o tempo todo, sei que...- ele desce um contêiner -... estou empolgado demais com toda essa coisa de liberdade.

— Você diz como se isso fosse um defeito, Markus. Sinceramente, não acho que seja.

Markus se pergunta se eles estão falando alto demais ou fazendo demasiado barulho. Entretando o derredor bloqueia o som com seus chiados e Simon é cuidadoso sobre onde entrar e sair, padronizado apenas por chão opaco, um container aqui ou acolá para subir ou descer.

— Posso diminuir a velocidade se quiser. - Brinca o loiro.

— Nah... - sorri - Gosto de desafios.

E da forma que a silhueta do loiro se move em sua frente.

— Cuidado com o que pede. - flerta.

E então Simon pula em um contêiner alto, sendo levado mais a frente, seria uma carona com apenas uma chance de entrar. E se Simon pulou, Markus quis fazer o mesmo. Contudo, o pulo sai da órbita assim que o gancho da máquina trava, o pé escorrega no aço e suas mãos perdem o alcance.

Mas não as de Simon que o agarra no ar. Markus vê a respiração intensa no loiro enquanto ele o ajuda a subir. 

Em cima da enorme caixa, ambos estão próximos um do outro, o ombro roçando  com o de Simon, precisam fazer isso se quiserem pegar carona e não chamar atenção, já que a caixa de aço em que se deitam, se locomove acima dos humanos. Permanecem deitados, olhando o ceu sem estrelas. A simulação dos pulmões rápida num ataque de ansiedade.

Por um bom tempo, Simon pediu desculpas quando, na verdade, outros androides pasmariam em serem liderados por alguém que cai de algo tão imbecil como um contender mecanizado.

— Tudo bem. Simon, o erro foi meu. Você sabe que... não sou tão importante quanto me faz parecer ser.

— Eu fui um péssimo líder. - ele confessa enquanto a maquina continua a leva-los mais perto da zona de armazenagem -  A maior parte do tempo eu só tinha medo de fazer alguma coisa a respeito. Temos sorte de ter você. Estamos invadindo essa area para salvar nosso povo e, por mais que eu quisesse fazer algo a respeito, nunca tive culhões.

Markus pensou isso na primeira vez que se juntaram. Jericho: um lugar encarcerado, um cemitério de andróides sem lápides. Entretanto, era para lá que todos e qualquer androide poderia ir se perdido ou caçado. Menos perigoso lá do que mundo afora. Estando próximos de gente que simpatiza, confortando um aos outros.

Onde Markus estaria se Simon não segurasse as rédeas por algum tempo?

— Você está errado, Simon. Você salvou muitos do nosso povo. Quando sai daquele inferno, sabia exatamente aonde ir. Foi uma esperança que pude ter por sua causa. Porque cuidou do nosso povo.

— Não chamaria aquilo de cuidar. Você me faz parecer mais importante do que sou.

— Então, já temos algo em comum. - sorrindo.

Simon sorri olhando Markus. Se androides possuem almas, Simon a está  penetrando nesse exato instante e o moreno se derrete no impacto do olhar azul, doce.

— Se tudo der certo hoje, e eu sei que vai dar, estaremos fazendo história. Muitos de nós poderão viver mais um pouco.

A corrente range, podem sentir seus corpos longe do chão, flutuando.

— Estou feliz em estar aqui com você. - comenta Simon.

— Eu também. Eu também, Simon.

Markus, afogado no rosto do companheiro, segura sua mão, a pele começa a tornar-se opaca sob o toque. Não completamente, mas parcial. Eles sentem  certo ardor ao estômago, pelo toque, o súbito desejo de pôr as mãos no outro. Ambos arfam. De repente, íntimos demais. 

— Simon...

Mas ainda precisam terminar a missão. 


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