Queridos Amigos escrita por Mithrandir127


Capítulo 19
Capitulo 19: Merida


Notas iniciais do capítulo

Bom dia, boa tarde, boa noite.
Eu queria me desculpar a todos por ter passado todo este tempo sem postar capítulos novos. O computador onde a história está salva acabou estragando. E fiquei sem poder usar, até que finalmente concertei nesta semana e estou voltando agora às postagens. Eu agradeço a todos que estão acompanhando. Espero que gostem deste capítulo. Muito obrigado!



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Era manhã, Merida estava com seus vastos cabelos cacheados soltos, usava um moletom cinzento, botas verdes e um volumoso casaco azul escuro com preto, a vestimenta estava aberta, de capuz abaixado.

Sua face ainda mantinha lembranças das feridas de outrora, mas só se olhasse bem de perto, pois sua beleza permanecia incólume, apesar de tudo.

Estava do lado de fora da casa, de pé na calçada, tirando a neve, sentia o frio do ambiente enquanto seu hálito virava vapor frio.

O céu acima de si estava novamente belo e branco, com algumas nuvens banhadas pelo dourado do sol, e alguns tons de rosa espalhados singelamente pelo mesmo.

De dentro da casa, Jack a observava, enquanto terminava de fazer sua refeição matinal. Ambos eram os únicos acordados.

A ruiva não o notava ali, sendo observada. Não o notou nem mesmo quando o platinado desceu as escadas ajeitando um casaco azul com tons de branco, pisando a madeira com botas brancas. Já que estava de costas para o mesmo.

Notou apenas quando sentiu uma bola de neve acerta-la pelas costas, decorando parte de seu cabelo e o dorso de seu casaco de branco.

Ela se voltou para o mesmo com os olhos arregalados, assustada, o viu sorrir. Não disse nada, apenas riu, largou a pá e imediatamente agarrou um pouco de neve, revidando o ataque.

O mesmo o acertaria no rosto, se não o tivesse coberto com o antebraço no último momento. Mas ao notar o ocorrido, sorriu e correu em direção à neve.

Uma breve guerra de bolas de neve se iniciou a ali mesmo. Os dois atirando-as um no outro sem parar, com cerca de três metros de distância, enquanto riam se divertindo.

Então, quando a cacheada ergueu o braço para atirar mais uma contra o russo, sentiu seu braço doer, gemeu e agarrou o braço dolorido.

O garoto, que também estava prestes a atirar outra remessa de sua artilharia enquanto sorria, parou, lembrando que a amiga não estava totalmente recuperada do que havia acontecido com Astrid e o assaltante na ponte.

Largou a bola de neve e caminhou até a mesma.

— Merida, você está bem...

Falou tentando faze-la ficar ereta, mas foi pego de surpresa, quando a escocesa o atacou com uma bola de neve à queima roupa em seu rosto antes mesmo que terminasse de falar.

— Ai! Que droga! Eu tenho que parar de cair nessa! É o truque mais manjado do mundo! – falou de olhos fechados, massageando a área do rosto atingida e vermelha.

Abriu os olhos, e viu a amiga se agachando com dificuldade, tentando pegar a pá do chão. Apesar da brincadeira, a celta realmente estava um pouco debilitada.

O eslavo então agarrou o cabo da pá. Merida o olhou surpresa com seus olhos azuis.

— Deixa que eu faço!

Ela sorriu.

— Obrigada Jack, mas tudo bem! Eu consigo fazer isso sozinha! Não quero ser abusada, nem inconveniente, é uma questão de honra!

Ele a olhou com amigável admiração, e largou a madeira.

Jack afastou-se, observando-a de costas, atrás dela sobre a calçada, viu que realmente conseguia trabalhar.

Após alguns instantes, quando a notou se aproximar, sorriu e disse: “Se quiser eu chamo o Soluço pra fazer carinho em você depois, vejo ele fazendo isso em você todo dia, isso parece ser o suficiente para reaver suas forças.”.

De repente, a ruiva se ergueu rapidamente, voltou-se para o mesmo, ruborizada, rangendo os dentes e elevou a pá pelo cabo como se fosse agredi-lo com ela.

Ao ver aquilo, o platinado recuou alguns passos correndo enquanto ria.

A cacheada o encarou com uma careta no rosto jovem, alvo e vermelho, depois deu as costas para o mesmo, voltando a tirar a neve.

Ainda de longe, ele sorriu para ela, e caminhou lentamente em sua direção, as mãos atrás das costas, brincando com os pés, erguendo-os bem alto quando dava os passos.

Parou ereto, com as mãos escondidas atrás de si, e calmamente perguntou: “Você está bem, Merida?”.

— Bem... – sem se virar, a escocesa respondeu, os olhos azuis baixos, e o rosto parcialmente ferido um tanto abatido – As feridas não doem mais tanto quanto doíam antes. Eu já posso me mexer sem gemer e não preciso ficar incomodando tanto o Soluço para fazer certas coisas. Pra mim já está de bom tamanho.

O russo a olhou com o rosto levemente sério no meio do frio, mas de repente, a celta se virou bruscamente, fazendo-o arregalar os olhos claros e saltar os ombros.

— Mas também! Eu sou Merida Dun Broch! É preciso muito mais do que os punhos delicados de uma loirinha mimada pra me derrubar! E aposto que ela vai levar muito mais tempo do que eu para se recuperar, já que eu quebrei o braço dela! – falou com um grande sorriso no rosto, a fina mão direita na cintura, segurando a pá de pé com a sua canhota, com o aço velho e gelado para cima – Mas e você? Como está? Suas costelas ainda estão doendo depois da sua brincadeirinha com o Hans?

Falou cutucando seu tronco magro, fazendo-o se encolher, enquanto se afastava.

— Eu estou bem! Muito melhor do que você, pode ter certeza! – disse o eslavo sorrindo, mas logo depois o mesmo se desfez.

Merida o olhava com uma face alegre, mas aquilo não era totalmente de verdade, então, seu rosto esmoreceu abruptamente.

— Eu não estava falando dos seus machucados – disse Jack.

A ruiva suspirou girando a pá, deixando a madeira da mesma para cima, batendo o outro lado dela na calçada dura com resquícios de branco.

— Eu sei! – respondeu suspirando, colocando-se de lado para o amigo.

Após alguns instantes em silêncio, ela decidiu responder, sem se virar, olhando o céu.

— Minha mãe não quer nem saber mais de mim. Antes era eu quem rejeitava as ligações dela, agora, ela tem rejeitado as minhas. Eu só queria me desculpar.

— Merida, você não precisa se desculpar com ninguém! Não tem do que se envergonhar! Se não tivesse sido ele, teria sido vocês duas! – respondeu aproximando-se da amiga, com o rosto sério.

— É mesmo?! Fala isso pra minha mãe!

— Ela vai entender isso! Cedo ou tarde, ela vai entender.

— Não é tão simples assim Jack! Uma coisa é a legitimidade dessa ou daquela ação, outra é o impacto psicológico que isso tem! Racionalmente, até mesmo religiosamente, eu sei que o que eu fiz não foi errado, mas o que eu sinto dentro de mim, não é exatamente isso... E olha que nem fui eu quem dei os golpes que tiraram a vida dele... Imagino como minha mãe deve estar se sentindo agora.

— Ela vai superar... O que não nos mata, nos torna mais fortes! – falou, com um leve tom de brincadeira, fazendo um sorriso fraco.

A cacheada conseguiu sorrir um pouco diante do arriscado gracejo, olhando-o brevemente.

Voltou-se para o alto e continuou: “De todas as coisas que eu já fiz com a minha mãe, essa com certeza foi a pior de todas elas... Mesmo agora, mal posso acreditar... Eu fiz minha mãe matar um homem!”.

— Um marginal! Um maníaco que esfaqueou sua mãe porque quis!

— Ainda era um ser humano!

— Só por fora! Não por dentro!

Ela fungou sorrindo.

— Agora eu entendo porque a maioria dos heróis que o Soluço tanto gosta não matam...

— É! Mas se o Batman matasse o Coringa, muitas vidas inocentes seriam poupadas! Mas não faz isso por egoísmo e mania de grandeza! “Não sou melhor do que meus inimigos se eu fizer isso” – mudou a voz quando fingiu – Qual é Merida! Para de se martirizar! Por falar nisso, o que acha que os santos diriam? Ou então os cavaleiros medievais? – a escocesa baixou o rosto sorrindo e voltando-se para o amigo platinado – Lyudmila Pavlichenko foi uma ucraniana que foi uma das melhores atiradoras de elite da Segunda Guerra Mundial! Atribuem à ela a morte de trezentos e nove alemães! Cerca de cem deles eram oficiais! Quando perguntaram à ela se ela não sentia culpa por tirar tantas vidas, ela disse que cada alemão que continuasse vivo mataria mulheres, crianças e velhos, e mortos eles eram inofensivos, por isso ao matar um deles ela estava salvando vidas! Quantas vidas vocês não salvaram acabando com aquele cara?! Você é uma heroína!

— Tá bom! Tá bom, Jack! Você venceu! Para de me bajular! Que até eu que gosto um pouquinho disso já estou desconfortável! – disse sorrindo e elevando a voz.

Seguiram calados por um instante, a escocesa estava com um belo sorriso no rosto, aquilo realmente a havia feito se sentir melhor.

O russo lentamente desfazia o olhar sério e o cenho franzido.

Aos poucos o clima ficou mais ameno e agradável, então, gradativamente começaram a rir.

Então, Jack perguntou: “Aí, que tal me acompanhar em uma viagem pra Moscou, na Rússia?”.

— O quê?! Fazer o que na Rússia?! – ergueu uma sobrancelha enquanto sorria.

— Passar um segundo Natal lá! Lá o Natal é comemorado no dia seis de Janeiro. Meu avô costuma fazer um mega evento de caridade distribuindo comida, bebida, cobertores, roupas e principalmente brinquedos! Eu não costumo ir e estou pensando em ir este ano. Então, topa?

A celta olhou-o por um instante, aparentava se sentir desconfortável com aquilo, seu corpo curvava-se um pouco para trás, dando um leve recuo, enquanto parte de seus dentes apareciam rangendo-se levemente.

— Eu não acho que pega bem eu sair em uma viagem à sua terra natal com você enquanto namoro o Soluço! Aliás, a Elsa sabe que você está convidando outra garota para viajar com você?

O platinado riu e respondeu: “Se ela sabe?! Eu estou bolando esse plano com ela já tem alguns dias! Estou tentando deixar minha casa vazia de novo pra ficarmos só nós dois aqui! Eu vou é te abandonar na Rússia e voltar pra cá pra garantir que nunca mais se intrometa!”.

Merida fez careta com a resposta.

O russo seguia a rir, logo depois respondeu: “Relaxa! Eu convidei o Soluço pra ir também! E já mandei mensagem pra Elsa, ela falou que vai passar o Natal aqui com a gente em Filótes no dia vinte e cinco e vai viajar comigo pra Rússia para passar o natal lá no dia seis, já que também têm negócios a tratar lá.”.

A ruiva ainda franzia o cenho alvo, suspeitando-o com seus olhos azuis, mas logo depois abrandou-se, e disse: “Convidou a Rapunzel também?”.

— Só falta ela!

Então, ficaram um tempo em silêncio, se olhando defronte, a uma certa distância, cercados pelo frio da manhã.

— Diz aí Jack, por que está realmente convidando a gente?! – falou com ar questionador.

Ele ficou em silêncio ao ouvir aquilo, e seu rosto ficou sério. A resposta era nítida em sua face, o eslavo não precisava dizer nada.

A cacheada sorriu com simpatia, balançando a cabeça.

— Obrigada! – disse alegre – Eu aceito o convite!

Jack sorriu, a escocesa deu as costas para o mesmo e voltou a trabalhar.

O platinado então a deixou ali, trabalhando, e voltou para dentro de casa.

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Cá está. Muito obrigado a todos! E novamente me desculpem pelo terrível transtorno.



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