Mensagens para Inverno escrita por theshadowOwl


Capítulo 3
Quimicarreguem parte 1


Notas iniciais do capítulo

Esse capitulo está dividido em duas partes por alguns bloqueios que tive.



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Era quinta-feira. Sam tinha acabado de sair da unica aula que tinha naquele dia, entrou no carro e puxou o celular para responder as mensagens.

      3 novas mensagens de Anna Portland

      - Ta sabendo de alguma festa na sexta-feira chamada "Quimicarreguem"?  09:48 

     - Que babaquice, todo Washingtoniano só pensa em festa?  09:48

      - Se você for eu vou kk 09:57

     Sam riu e respondeu algo como "por que não?" e completou com algo como "só se vive uma vez". Pensou em chamar Thiago e Lukas, mas pelo nome da festa imagina que seja uma festa para o pessoal da ciência. Ligou o carro e pegou a estrada rumo ao centro. Estava com fome porque acordou meio em cima da hora e acabou não fazendo o café da manhã, tomou um cappucino comprado na maquina da universidade, mas não foi o suficiente.

Passou por algumas lanchonetes antes de estacionar ao lado de uma em especifica que lhe chamara atenção: Café de la royauté. Era uma coffe shop em tons de vermelho vivo e branco. Passou pela porta que soou um sino e foi até o balcão, onde foi atendido. 

— Bom dia em que posso ajuda-lo?

— Bom dia, o que você tem de tortas?

— Temos morango, maracujá, Charllote...

    A atenção de Sam se desviou para a notificação no seu celular, era do instagram. Ele desbloqueou a tela e viu

   Nova mensagem de Lian Kendal para você.

   Sam parou e releu a mensagem de novo. Não sabia o porquê de ficar daquele jeito, extasiado. A atendente continuou a falar todo o cardápio, mas sua voz parecia baixa e longe demais. Sam rapidamente desbloqueou o celular: 

   1 Nova mensagem de Lian Kendal:

— Se eu fosse você eu escolhia le collier de la reine. 10:12

Sam não tinha entendido. Leu novamente até que escutou a atendente falar baixinho "Temos Le Collier de la reine que é uma torta com glace e canela..." Sam olhou pra ela, podia sentir que estava de olhos arregalados.

— Eu quero esse. O de canela.

— Claro, algo pra beber?

— Um café macchiato, por favor.

Apos ser atendido, Sam virou procurando entre as mesas o rosto familiar de Lian. Demorou alguns segundos mas o viu levando um café até a boca enquanto levantava levemente a mão para ser visto. Sam avisou para a atendente onde sentaria e foi andando até ele. Sentiu uma porção de sensações estranhas. De repente sua boca estava seca e ele se sentia levemente trêmulo. 

 - Fala alcoólatra - Lian falou com um sorriso tão branco que poderia cegar Sam.

— Fugitivo... Você por aqui? 

— Eu sou o dono - e riu. Sam parou e olhou para ele ainda sério, super inclinado a acreditar. O sorriso de Lian desapareceu por um instante e depois ele riu ainda mais - Eu to brincando, idiota.

— Sei lá sua mãe é quase dona do canal 12. 

— Ah qual foi, você fala como se não fosse filho de um dos casais mais importantes da política de Washington... - Lian pegou o café com uma das mãos levando até a boca e a outra arrumava p cabelo para trás. Ele tinha um jeito brincalhão e sexy de mandar frases rápidas e impactantes. Era isso que deixava Sam atrapalhado, ele o intimidava, e acabara de notar isso.

— Pera ai... Você leu meu fichário pelo e-mail da Axoon? - Sam era quem estava sorrindo agora e levemente inclinado pra frente, como se estivesse fechando-o numa parede sem rota de fuga.

Lian deu uma leve engasgada com o café. Pegou uns guardanapos e limpou a boca, olhou nos olhos de Sam, e ele viu que Lian estava começando a ficar vermelho como um pimentão, seus grandes olhos azuis ressaltaram nessa bicoloridade toda. 

— Eu só... - Lian estava visivelmente desconfortável - Eu procurei depois daquela festa. Você foi legal de conversar comigo. Além do mais, ninguém sabe que eu sou um Kendal ainda, então presumo que você não tenha contado a ninguém. 

— Ninguém sabe?- Lian negou com a cabeça

— Tem uns filhinhos de papai que já foram amigos meus, mas eles não querem ter meu nome em suas bocas. Seria admitir que tem saudades disso aqui. - Ele passou a mão entre o peito dando uma risadinha. Em qualquer outra ocasião Sam debocharia e reviraria os olhos para esse tipo de comentário, mas Lian fazia tudo parecer estupidamente aceitável.

— E como não puxaram teu fichário ainda? - Sam perguntou ainda incrédulo.

— Em alguns casos, quando você tem algum histórico que possa causar alvoroço entre os alunos, pode ser acordado um sigilo de informações. - Lian voltou a beber do café e comer da sua torta. 

Passado alguns minutos, a atendente chegou com a torta doce de canela que Lian tinha o recomendado, junto com um café macchiato. Ele agradeceu.

— Espero que goste - Lian comentou com um sorriso levemente maldoso. Sam deu de ombros e pegou um grande pedaço. A torta era de fato uma delicia, e tinha suas peculiaridades.

— O que é isso crocante na cobertura? - Sam perguntou com a boca ainda suja de glacê.

— Raspas calcificadas dos pentelhos do confeiteiro - 

Sam olhou pra ele de começo assustado e depois revirou os olhos - Você é mó idiotão hein - E pegou um guardanapo para limpar a boca.

— Eles chamam de Le Collier de la reine porque se você virar a torta de lado ela tem as mesmas cores do colar que a rainha Maria Antonieta usou durante vários anos. - 

— Interessante, como sabe disso tudo? - 

— Margot  tem apreço pela arte.

— Você chama sua mãe pelo nome?

— Temos um relacionamento complicado. Seus pais são políticos foderosos, não há uma discussão ou desavença entre vocês? 

Sam parou para refletir. Não. Eles sim passavam algum tempo longe de casa, ou quando estavam em casa as vezes estavam absortos nas telas do celular e notebook, resolvendo problemas políticos. Mas eles nunca deixaram Sam realmente de lado, teve apoio e carinho dos pais toda vez que precisou. Ele olhou para Sam e negou levemente a cabeça, com pouca indiferença.

— Sorte a sua, Margot e Price poderiam demorar uma semana para perceber que eu sumi... - Ele tomou um outro gole de sua xícara - Se perceberem...

Isso deixou Sam com um gosto amargo na boca. Estava começando a entender todos os trejeitos rebeldes de Lian. Como era costume de Sam fazer suas análises, era fácil ligar uma coisa com outra e tirar conclusões simples. Lian fugia dos próprios seguranças, é super inteligente e bonito mas não queria ser associado com o sobrenome da mãe. Por mais que tivesse um High Profile no Instagram, ele omitia os lugares onde ele ia, como por exemplo tomando café numa coffee shop de esquina. Era algum caso complicado de rejeição a própria família, talvez por ter sido deixado de lado por muito tempo. Sam ficou calado por um tempo e então pegou o celular e quase sem pensar falou:

— Temos uma festa da faculdade pra ir amanhã, é a Quimicarreguem.

— Você vai? pensei que ia flopar... Karen tinha me mandado o convite de manhã mas não fiz muita questão.

— Tem convite? Pensei que era só aparecer - Sam ergueu a sobrancelha em dúvida. Então Lian chegou muito perto de seu rosto, os olhos se encararam e logo o olhar de Lian desceu para o nariz, para a boca e voltou para os olhos de Sam, ele estava sorrindo com malícia.

— Somos a porra de uma Elite Sammuel... - ele falou suave.

Sam que estava em panico ainda pela proximidade que Lian tinha tomado mal conseguia raciocinar. 

— Você... Eu não tenho o convite... - 

Lian recuou meio abruptamente, puxou o celular e com meio minuto conseguiu um convite que chegou pela caixa de mensagem do instagram. Ela possuía o nome e sobrenome de Sam e um QR CODE para apresentar na entrada.

— Preciso de um convite pra levar Anna.

— Só entra quem cursar alguma coisa de biológicas na Aaxon - Lian falou como se fosse obvio.

— Anna é minha parceira de Sala, todas nossas aulas são juntas. Ela estuda com você também. - Sam explicou. Lian parecia meio desinteressado.

— Manda o sobrenome dela.

— Portland.

— Portland como o Dr Alber. M Portland?

— Não sei do que você está falando. - Sam não lembrava de Anna comentando nada sobre sua família, se existia mais algum cientista na família ou não.

— Pergunte pra ela se ela tem parentesco com ele. É meu tutor de pesquisas esse ano - Ele falou meio orgulhoso e depois olhou pra Sam e comentou: Você ainda não entrou pra nenhum projeto de pesquisa não é?

— Ainda não me decidi... - De fato era algo que Sam estava longe de ter uma certeza. Lian olhou as horas pelo celular e se levantou.

— Eu preciso ir, tenho treinamento de vôlei. Nos vemos amanhã? - Lian estava bonito demais, era difícil responder algo quando toda sua atenção está naquele rosto que parecia escupido.

— Sim. Obrigado pelas raspas calcificadas da rainha de num-sei-oquê.

— Respeita a cultura seu pseudonerd - Lian fingiu estar bravo e saiu sorrindo de canto. Parecia que ele levara toda a tensão que estava acumulada em Sam desde que ele o viu naquele coffee shop. 

 


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