Problem Girl - Seth Clearwater escrita por belovedfreedom


Capítulo 4
2| Chantagem




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Na delegacia a garota aguardava impaciente, na sala de espera dos policiais, enquanto sua mãe conversava com o delegado.

Enquanto espera, Meg resolve ligar para seu melhor amigo e sócio nos negócios, que tinha escondido, para lhe dar notícias. Alejandro González, ou como Meg chama-o Alex, é um mexicano que havia se mudado de Mérida, capital de Lucatã – México, para Los Angeles há quase dois anos.

“E aí princesa? Conseguiu se livrar do policial?”

— Não, Coração! Estou na delegacia, acredita que o idiota está apaixonado? — a garota diz indignada que causa um riso no amigo.

“Já te disse, princesa, que nem sempre se pode resolver seus problemas com sedução e sexo!” o amigo fala com a voz séria, que a faz revirar os olhos.

— Às vezes o dinheiro resolve também. Não é porque você resolveu dar uma de puritano, que tenho que matar minha vida sexual. — a garota solta com raiva e se arrepende na mesma hora que, do outro lado a ligação fica muda, ouvindo só o respirar pesado. — Ai droga! Me desculpa coração, me perdoa, eu não disse por mal. Sei que não é fácil para você, me perdoa? Alex?!

A garota fala desesperada com os olhos cheios de lágrimas, a única pessoa que ela não suportaria magoar era seu melhor amigo que ela considerava um irmão.

“Eu sei, Meg! E é claro que perdoo, sei que não faz por mal… mais poxa, isso me magoa! Não o que disse, me magoa ver que você não se dá o devido valor! Garota você é uma jóia preciosa, não precisa ficar seduzindo ninguém para ter o que quer! Olha só o conhecimento que você tem sobre carros, sabe pilotar como nenhum outro e só tem dezessete anos. Não estou dizendo para sair por aí e dizer ‘vou me apaixonar’, porque sei que é contra e repudia o amor. Mas espero sinceramente que se abra para alguém e que se deixe apaixonar e ser feliz! Você merece isso, princesa.” O amigo fala e Meg não consegue segurar as lágrimas, já era o segundo hoje que ela ouvia falar sobre essa droga de amor, que na opinião dela, era inútil e só trazia sofrimento. Então, por que se arriscar?!

— Você me conhece… — começa limpando as lágrimas. — Sabe que amo o jogo da sedução e o sexo sem compromisso, não acredito que um dia eu vá me apaixonar. Não sou o tipo de garota que sonha encontrar o príncipe encantado e viver 'o feliz para sempre'. Credo! Imagina o sexo com uma pessoa só para o resto da vida?! Uma vida previsível, monótona e rotineira não faz meu estilo, sabe disso!

“E que tipo de garota você seria então?” o amigo questiona.

— Eu seria mais como a chapeuzinho que foi esperta o suficiente de não procurar um príncipe e ficou se divertindo com o lobo mau na floresta! — Meg fala em tom malicioso tirando boas risadas do amigo enquanto as mulheres que estavam na mesma sala que Meg a olha de olhos arregalados e chocadas com a fala da garota.

“Então seu cara ideal seria um cara… mau?” o amigo arrisca.

— Não um cara mau, mas na cama… selvagem como um animal! — Ela fala sem constrangimento algum e ainda repreende as mulheres com o olhar por elas estarem bisbilhotando na conversa alheia.

“Então agora fica mais fácil de você procurar por alguém que pode vir a se interessar, já sabendo qual é o seu tipo de homem ideal.” O amigo diz esperançoso.

— Lamento tirar sua esperança, coração, pois creio ser meio impossível! Todos os caras que já me deitei não despertaram nenhum tipo de interesse em mim, foi só coisa do momento. Não digo que foi ruim porque alguns eram simplesmente maravilhosos na cama, mas não o suficiente para eu lembrar o nome deles que dirá me apaixonar. — a garota responde sincera.

Meg vê a mãe saindo, com uma cara nada boa, da sala do delegado.

— Minha mãe está vindo, preciso desligar, depois te mando notícias. — diz sussurrando e desliga sem dar a chance do amigo se despedir.

— Ah mocinha! Você está muito encrencada. — Charlotte comenta em tom baixo para que somente a filha escutasse com a raiva bem perceptível na voz.

O caminho da delegacia até a casa foi em completo silêncio. Meg estava apreensiva, nunca vira a mãe tão nervosa daquele jeito. É claro que ela já havia passado raiva em sua mãe outras vezes, mas ela nunca havia ficado como agora. Parecia que ela podia ver a fumaça do fogo que queimava os neurônios da mãe.

Já Charlotte se questionava, se era mesmo o certo a se fazer a mandar morar como o pai, que ela não via há quase nove anos, como combinaram.

Ela havia ligado para Billy e os dois conversaram com o delegado qual a melhor opção que tinha para livrar a filha mais uma vez da cadeia sem escândalos para não prejudicar sua empresa. Ele os aconselhou a afastar a garota de Los Angeles, pois em poucos meses ela fará dezoito anos e seria melhor a afastar de toda essa bagunça que ela está envolvida. O Delegado comentou sobre as suspeitas do policial, da garota estar envolvida nas corridas ilegais.

Margaret Evans Black tinha uma ficha extensa na polícia, em que ela estava por fora de tudo. Ela havia tirado a filha duas vezes da delegacia, uma por desacato a um policial e outra por uma briga na boate que a filha frequentava. Então como ela tinha doze, agora treze, passagens pela polícia? Quem havia tirado de lá as outras dez vezes?

— Me espera na sala, precisamos conversar. — Charlotte fala assim que estaciona o carro na garagem de casa. A garota apenas assente e sai em silêncio.

Charlotte respira fundo procurando se acalmar, não podia falar com a filha nervosa do jeito que estava. Ela sabia que Meg não reagiria bem à notícia, então precisava ter calma. Pegando sua bolsa, ela sai do carro entrando em casa e encontrando a filha em pé no canto da sala observando algo pela janela com o olhar distante. Tirando um papel da bolsa ela se aproxima chamando a atenção da filha.

— Sabe, quando a diretora do seu colégio me ligou hoje eu não achei que descobriria que minha filha está prestes a ser expulsa, por brigas e tentar seduzir o professor. — ela fala chamando a atenção da filha.

— A diretora Jones te ligou? — questiona surpresa.

— Então, é verdade! Você realmente trocou meu celular na sua ficha se passando por mim ao telefone. Eu não sei como isso ainda me surpreende!

— Mãe, eu…

— Eu sinceramente achei que esse dia não poderia piorar, mas logo quando saí do colégio, eu recebi outra ligação.

— Mãe… — ela começa e Charlotte ergue a mão em sinal para ela ficar quieta.

— Eu fiquei várias horas discutindo a melhor opção para você continuar no colégio, você já foi expulsa de dois colégios. Dois. Por brigas, falta de disciplina, manipulação das suas notas seduzindo professores. Eu sempre disse a mim mesma que isso era só uma fase e que logo passaria, mas depois de te buscar na delegacia mais uma vez começo achar que eu preciso de ajuda com você.

— O que você quer dizer com isso?

— Quero que me explique como você tem treze passagens na polícia? — Charlotte fala irritada ignorando a pergunta, mostrando a cópia da ficha da menina.

— Já que está com a cópia me diz você? Foram tantas vezes que eu nem me lembro! — responde sarcástica e acrescentando mentalmente “Teria mais se eu não tivesse resolvido sozinha!”. Ela sabia estar encrencada mais não abaixaria a cabeça, afinal, parte dela ser assim é culpa de Charlotte e de Billy.

— Olha a maneira como fala comigo, menina! Tudo bem, vamos lá! Cinco por desacato a alguma autoridade, quatro por briga, três por embriaguez? — ela para e olha a filha indignada.

— Eu não estava dirigindo, não sou burra! — defendeu-se.

— Mais não tem vinte e um anos para beber bebida alcoólica. — rebate, e volta a atenção a ficha. — Ah minha nossa! — Ela alterna o olhar da ficha para a filha várias vezes antes de continuar. — Uma por importunação ofensiva ao pudor. Aqui diz que pegaram você em plena luz do dia fazendo sexo dentro do carro, próximo à praia, onde qualquer um que estava passando pudesse ver.

— Aí já diz que alguém provavelmente não gostou do que viu, mas confesso que foi bem excitante! — a garota responde provocativa.

— Não estou acreditando no que estou ouvindo! — a mãe diz incrédula com a ousadia da filha. — Posso saber quem te tirou da cadeia?

— A vovó! Ah desculpe, dona Amélia. Por que nem chamar ela de vó eu posso ‘Ah eu sou muito jovem para ser chamada de avó’. — a garota responde fazendo uma imitação perfeita da mulher em questão, Charlotte teve que segurar a risada diante da imitação da filha.

— Sua avó te tirou justamente desse? — questionou confusa.

— Bem… como eles não me liberaram como das outras vezes após um telefonema seu e depois da fiança paga eu não tive escolha a não ser ligar para ela, já que você estava ocupada demais com suas viagens de negócio. — ela fala de modo acusatório.

— Mas eu não liguei as outras vezes, quem ligou e quem pagou a fiança? Somei o valor das fianças pagas deu setenta e quatro mil dólares. Onde arrumou o dinheiro? — fala a mulher se irritando com o tom da filha.

— A resposta da primeira pergunta é simples: a Laura ligou se passando por você a meu pedido. Mas não foi favor não, odeio pedir favores aos outros, é lógico que eu a paguei para fazer isso. — explicou.

— Está me dizendo que subornou minha secretária para mentir por você e omitir a verdade para mim? — indagou a mulher que a cada resposta estava ficando convencida que a melhor coisa a se fazer era a mandar para viver com pai, talvez assim ela pararia de agir dessa forma.

— Isso. — respondeu simples. — Agora o dinheiro era meu mesmo, não peguei com ninguém.

— Seu? — questionou

— Lembra quando me deu meu carro no meu aniversário de dezesseis anos? — pergunta e a mãe afirma. — Você me disse estar me dando esse carro ‘caríssimo’ — ela enfatiza fazendo aspas com a mão. — Devido à minha insistência e que não pagaria nada relacionado ao carro e que era para eu arrumar um emprego para o manter. Foi isso que fiz! Arrumei um trabalho.

— Onde? Nunca a vi indo trabalhar! Quanto está ganhando nesse trabalho? E quanto tempo está trabalhando? — a mulher atropela a filha de perguntas.

— Não tem lugar e nem valor fixo, mas eu tiro em uma semana o que você tira no mês. —  Meg diz deixando a mãe confusa. — Entrei no ramo logo após meu aniversário de dezesseis anos.

— Oh merda! — a mãe diz levando a mão boca. — Margaret você está se prostituindo?

Credo, lógico que não mãe! É essa a imagem que você tem de mim? — indagou com raiva.

— Desculpe, mas o que queria que pensasse? Você não tem lugar e renda fixa. E ainda não acredito que foi pega fazendo sexo em local público dentro de um carro. E de quem era o carro? Por que no seu, eu sei que só entra o Alex nele, não me fala que… vocês estão… juntos?

— Não, claro que não mãe! Alex é meu melhor amigo, eu o vejo só como um irmão. Foi um cara que conheci quando estava fazendo caminhada na praia, e o carro dele estava ali perto, mas não chegamos a terminar nada graças ao idiota do policial. Aliás, nesse dia foi três queixas que levei, uma por desacato, outra por socar o policial e a outra por atentado ao pudor. — explica enquanto Charlotte a olhava cada vez mais descrente com a postura da filha.

— Eu ainda não estou acreditando, onde foi que errei meu Deus! — a mulher diz desacreditada.

— Quer que eu te fale onde? Talvez quem sabe quase dezoito anos atrás fazendo sexo num banheiro de um bar com um cara CASADO! —  fala debochada aumentando o tom de voz gradativamente — Quando pretendia me contar que eu fui feita na merda de um banheiro?

— C-Como? Como descobriu isso? — Charlotte gagueja diante da revelação.

— Dona Amélia. E ainda tive que ouvir que o fruto podre não cai longe da árvore, e que se eu engravidasse teria que assumir meu lugar naquela empresa idiota para criar responsabilidade de criar uma criança. — a garota solta uma risada irônica. — E sabe o que é mais engraçado? Eu me lembro quando tinha cinco anos e você disse que foi embora daqui justamente para não ficar igual a ela e não ter que trabalhar nessa empresa. Entretanto, agora… é justamente lá que você está trabalhando. E adivinha mamãe? Você não passa de uma cópia fiel de dona Amélia.

Charlotte estava chocada com tudo que a garota dissera. Ela nunca quis ser igual à mãe e Meg tinha razão ela estava agindo igual Amélia apesar de jurar não seguir os passos da mãe. Em que momento ela havia se tornado uma viciada em trabalho e deixara de lado a filha?! Ela não sabia dizer, as últimas lembranças que tinha de lazer com a filha era quando Meg tinha seis anos.

— E digo mais mamãe, nem pense em um dia me obrigar a trabalhar naquela empresa! Porque se um dia o fizer, eu jogo fogo nela sem nem pensar duas vezes. — ameaça a garota.

Charlotte estava incrédula com a audácia da filha, ela temia ter perdido o controle da filha e não queria que ela seguisse um caminho ruim. Talvez Billy esteja certo em pedir para a mandar para viver com ele na reserva, lá era uma comunidade indígena bem pacífica. Quem sabe não era disso que Meg precisava? ela se questionou mentalmente. Mas ela ainda precisava descobrir desse tal trabalho e tentar descobrir se sua filha estava envolvida mesmo com corridas ilegais.

— Meg... essa história com o seu pai não foi bem assim. Eu não sabia que ele era casado, nos encontramos em um bar. Esse bar era como se fosse uma boate hoje, tinha a pista de dança e lugar onde servia bebidas e drinks. Eu havia bebido um pouco e... — ela começa a explicação sendo interrompida pela filha.

— Pode parar, eu não quero saber dos detalhes da minha mãe bêbada se esfregando no meu pai a ponto de se excitarem o bastante, para não conseguir esperar chegar nem em um motel e ir transar no banheiro, xexelento, de um bar. — a garota fala com uma cara de nojo e a Charlotte fica sem reação, pois foi exatamente assim que aconteceu.

— Tá, ok. — a mais velha diz tentando assimilar o que acabara de ouvir. — Não sou eu que tenho que dar explicações aqui.

— Ah claro que não. — murmura.

— Agora me explica, o que você faz nesse seu trabalho? Quero saber em que confusão você está metida. — questiona a mãe.

— Você nunca se preocupou. Por quê iria começar agora? — a garota enfrenta a mãe com raiva.

— Billy tem razão, talvez... morar um tempo com ele vai lhe fazer bem! — a mulher solta exausta se sentando na poltrona que tinha ali ao lado.

— Espera... O quê? Você falou com o velho? — Meg diz surpresa e indignada. — Não! Nem morta eu vou morar com aquele velho!

— Você sempre me pediu isso! Não estou entendendo?

— É mais quando eu tinha cinco anos, mãe! Dá onde foi que tirou essa ideia ridícula de me mandar morar com o velho?

— Billy que ofereceu, após conversamos com o delegado.

— Ah, mais aquele velho desgraçado não perde por esperar. — Meg diz com ódio se lembrando da promessa que fez quando tinha nove anos, se alguém a forçasse a voltar aquele lugar.

“Ah, papai! Vai se arrepender de sugerir que eu morasse aí! Ah, se vai.” Pensou.

— Respeite o ve... quero dizer, o Billy. Ele ainda é seu pai! — Charlotte a repreende. — Nós achamos a ideia do delegado de te afastar de Los Angeles por um tempo, realmente boa. Ainda mais depois das suspeitas do policial sobre você participar de corridas ilegais.

— Que linguarudo de uma figa!

— Então, você participa mesmo de corridas ilegais? — Ela questiona com medo da resposta da filha.

— Você quer a verdade? — pergunta e a mãe só afirma com a cabeça. — Eu participo de corridas por dinheiro e já ganhei muito dinheiro nesses dezoito meses em que participo. Tanto que abri uma oficina junto com Alex, de sócios. — Meg diz com um ar superior na voz.

— Ai-meu-Deus! — Charlotte diz pausadamente e começa a abanar o papel da ficha de Meg que está em suas mãos, procurando um ar que parecia lhe faltar. — Agora mais do que nunca você vai morar com seu pai!

— Não vou mesmo! Estou quase ficando maior de idade, depois disso eu posso me mandar daqui e você não precisa nunca mais ver a minha cara! Já que parece que você foge de mim igual o diabo foge da cruz.

— Você vai sim, morar com seu pai! É isso ou ficar presa. O que prefere? — a mulher se levanta a questionando.

— Ficar presa!

— Estou falando sério, Meg! Você foi pega por suspeita de participar de rachas, o delegado me disse que eles estão investigando a fundo as corridas e se for pega depois que tiver feito dezoito anos, não há fiança no mundo que te tire de lá. — Charlotte diz colocando as cartas na mesa deixando Meg um pouco abalada com a informação.

— Não tem como me obrigar! — ela diz em negativa, quando um barulho de motor que é bem conhecido por ela chega aos seus ouvidos.

— Ah, não é?! — a mãe questiona com um sorriso diabólico no rosto, que deixa Meg desconfiada. — Se você não for morar com seu pai, seu amado “bebê” vai pro ferro velho virar sucata!

— Você não faria isso. Faria?! — Meg pergunta com medo da ameaça da mãe.

— Quer pagar pra ver? — desafia a mãe.

— Ele é meu carro!

— Mas que por acaso está no meu nome e foi eu quem pagou. Portanto, ou vai morar com seu pai, ou seu carro vira sucata!

— Tudo bem, você venceu! Eu vou morar com o velho. — Meg diz emburrada e a Charlotte sorri vitoriosa enquanto a campainha toca. — Mas... com uma condição.

O sorriso no rosto da mãe some instantaneamente.

— Qual? — Charlotte questiona indo abrir a porta.


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