Tired of Being Alone escrita por Minerva Lestrange


Capítulo 2
Era estranho como os traumas dele facilmente a alcançavam




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Apressada, Wanda terminou de fechar a mala e, com um feitiço simples, ajeitou seu colchão improvisado na sala, encostado à parede mais próxima da janela para não sofrer muito com a luminosidade logo pela manhã. Apertando os lábios, se voltou à pela janela notando que, àquela hora da madrugada, apenas a claridade do sol havia aparecido e o silêncio era cortado pelos latidos de cães da vizinhança ao longe. 

Certamente, todos estavam cansados demais das comemorações de Natal e, por isso, poderia sair da cidade sem muitos alardes. Sam entenderia a urgência e seria melhor não ter que se explicar muito para Sarah ou as crianças. Assim, prendeu os cabelos numa trança rápida, também se utilizando de um truque já habitual, e colocou a mochila nas costas. Não havia trazido muito porque não tinha muito consigo realmente. Depois de um tempo sendo apenas ela e Pietro, havia aprendido que bens materiais e apego superficial apenas atrasavam uma retirada rápida. 

Tentando não fazer qualquer ruído, se dirigiu rapidamente à porta quando algo a fez parar de maneira abrupta e se voltar à figura dormindo no sofá próximo ao corredor. Depois de duas noites dividindo a sala com Barnes, sabia, sentia, que tinha alguns pesadelos muito pesados. Wanda decidira não verificar mais à fundo e, por isso, não conhecia a natureza deles, mas em todas as vezes acordava exatamente no mesmo instante que ele, quase tão abruptamente quanto. 

Então, sem que ele percebesse, o observava retomar a própria respiração e pegar no sono novamente. Não conseguia entender porquê, mas era estranho que resquícios dos traumas dele a alcançassem sem qualquer tentativa de Wanda para tanto. Por entender como ficava naqueles momentos, sabia que, àquela hora, já dormia em paz, especialmente a julgar pela forma como parecia totalmente jogado naquela posição. 

Com um suspiro resignado, sem enxergar qualquer motivo pelo qual deveria realmente fazer aquilo, a não ser o sentimento angustiante que a movia naquele momento, se aproximou do sofá. 

— Barnes. - Sussurrou baixo, estreitando os olhos ao perceber a respiração pesada de quem dormia muito profundamente. Levou uma das mãos ao ombro dele e se abaixou ao lado do sofá, voltando a chamar. - James.

O soldado abriu os olhos de maneira repentina, franzindo imediatamente o cenho ao encontrá-la tão próxima.

— O que está fazendo? - Ele perguntou rouco e confuso, a encarando como se estivesse louca ao pedir com um gesto que fizesse silêncio até abaixar os olhos e começar a entender que estava completamente vestida e carregava uma mochila nas costas. - Onde está indo? 

— Recebi uma ligação de Strange. Estou ajudando ele com… - Meneou a cabeça vendo-o estreitar os olhos na semiescuridão da sala, não sabia se para enxergá-la melhor ou se para tentar compreender o que acontecia. - Algumas coisas. 

— Strange? - Ele estranhou e Wanda pediu para que falasse baixo novamente, no que Barnes sussurrou. - Dr. Strange? 

— Sim, é urgente. Eu tenho que ir. - Barnes levantou as sobrancelhas, assimilando o que contava sem sequer ter se levantado direito já que a ruiva estava há centímetros e não fazia qualquer menção de se afastar realmente. - Eu só… Estava pensando… Qual a sua tradição de natal? 

— O quê?

A confusão dele foi genuína e sabia que parecia estranho, uma vez que sua intenção era sair sem que ninguém notasse, mas sequer sabia explicar o que a levara a perder tempo com algo relativamente bobo como aquilo. 

— Eu te contei sobre a tradição natalina da minha família, é justo que eu saiba a sua também.

O soldado ainda a encarou por um instante, processando o que dizia até suspirar vencido e deixar a cabeça cair contra o travesseiro, meneando em resignação como se a achasse totalmente incorrigível, o que não seria de todo inaceitável. Então, o observou perder os olhos no teto por um instante, talvez procurando o que dizer, talvez tentando se lembrar.

De repente, percebeu que poderia se tratar de um assunto delicado para Barnes. Ele deixara a própria família quando era apenas um jovem indo a Guerra servir ao seu país como muitos outros, e nunca mais voltara - não porque estava morto; o que acontecera a ele fora pior do que a morte comum e até esperada de jovens soldados. 

— Minha mãe costumava fazer bengalas doces de Natal. Primeiro, apenas para minha irmã e eu… - Contou contou em tom baixo, parecendo distante ao fechar os olhos para recordar. - Depois, se tornou popular entre as outras crianças da vizinhança, inclusive Steve. Quando retomei minha memória e parte do controle da minha mente, encontrei o local onde eles foram sepultados e… Sempre que chega essa data, deixo um pacote de bengalas doces para eles. Alguém deve se apropriar, mas isso não importa, é o meu modo de lembrar como era a vida antes, então… Acho que essa é, realmente, uma tradição de família. 

Wanda desejou que Barnes a deixasse vasculhar sua mente e suas lembranças, pois seria interessante conhecer sua versão infantil e estava habituada demais a se utilizar do artifício para compreender o interior das pessoas que a rodeavam, mas, novamente, refreou o instinto escarlate. Ele confiara nela no dia anterior e, ainda que não se tratasse disso, deveria respeitar as pessoas, independente do que era capaz de fazer ou não - como Clint lhe dissera em mais de uma ocasião. 

Quando o soldado abriu os olhos para olhá-la novamente, a ruiva já tinha sobre a palma da mão aberta um pote de vidro transparente cheio de bengalas doces de Natal nas cores vermelho e branco. Barnes se sentou melhor no sofá, espantado pela “mágica” e Wanda apenas sorriu ao entregar o recipiente ao outro.

— Não sabemos o que pode acontecer até o próximo Natal, então… - Deu de ombros, juntando as mãos em ansiedade enquanto Barnes pegava uma das bengalas com desconfiança, avaliando totalmente incrédulo. - Seu presente. 

— Er… Obrigada, Wanda. 

Forçou um sorriso ao murmúrio, evitando dizer que o que sentia sobre o próximo Natal se parecia mais com um pressentimento ruim, de mau agouro, do que simples palpite e suspirou ao ouvir o celular vibrar mais uma vez. Strange, leu o nome na tela ao tirar do bolso, mas guardou sem atender.  

— É uma bela tradição de Natal a da sua família. 

Comentou antes de vê-lo levantar os olhos para analisá-la. Barnes estava sempre fazendo isso com todos ao redor, não era algo especificamente relacionado a Wanda, percebeu ao avaliar o comportamento em diversas ocasiões. 

— Você diria isso sobre qualquer tradição natalina que eu inventasse. - Sorriu, se colocando de pé e ajeitou a trança sobre os ombros. - Eles vão se perguntar porque sumiu sem avisar ninguém. 

Wanda suspirou, pensando em cada coisinha que deixara para Sam, Sarah, AJ e Cass, antes de terminar de se arrumar. Aquilo serviria para deixar claro que eram especiais, assim como o bilhete objetivo, mas grato deixado junto ao presente do Capitão.

— Vai ser melhor dizer que não me viu sair. - Ele concordou sem discussão e Wanda meneou a cabeça ao perceber que o pegara tão desprevenido que sequer sabia como reagir à realidade de seus poderes, à ela. - Nos vemos, James. 

Barnes franziu o cenho em estranhamento ao ouvir seu primeiro nome novamente, mas Wanda saiu para a alvorada da madrugada sem hesitações dessa vez, apertando o celular entre os dedos, pronta - mas temerosa - pela próxima parte da jornada.


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Notas finais do capítulo

E eu que esqueci completamente que não tinha terminado a história, mas aqui está, a parte "bônus" da fic de natal em janeiro kkkk

A quem leu e gostou dessa interação, dessa possibilidade (espero que sim!), deixe um comentário!

Até breve ♥



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