Capítulo 21 – Da mesma forma

— Vocês podem mesmo ficar com elas pra nós? Você vai trabalhar hoje, mãe.

— Querida, é só meio turno, não vou ficar tão cansada assim. E consegui dar conta de vocês quatro juntos ao memos tempo quando seu pai ou avós não estavam pra ajudar. E temos May. Nós duas podemos fazer isso. Vão aproveitar a noite, não se preocupem com nada – Helen dizia enquanto verificava o berço triplo que tinha em seu próprio quarto, igual ao que Peter e Gwen tinham no deles, May também mantendo um em seu apartamento.

— Você sabe que eu e Peter só voltamos amanhã.

— Eu sei. E isso é ótimo. Casais ainda precisam ter uma vida depois que tem filhos. Manter a conexão, lembrar da fase de namoro, conversar, se reencontrarem juntos, isso é muito importante.

Gwen sorriu, feliz por saber que ela pensava em seu pai quando falava essas coisas.

— E seja o que forem fazer durante a noite, lembre-se de ir com calma. Mesmo depois da quarentena de recuperação, seu corpo precisa de tempo.

— Nós sabemos. Ele tem tido tanto cuidado comigo que às vezes chega a parecer algo absurdo.

Helen riu.

— Você e papai ainda encontraram tempo pra isso depois de nós? É por isso que sumiam de vez em quando ou nos deixavam com a vovó?

— Sim.

As duas trocaram um sorriso.

— Se ele estivesse aqui agora, acha que ainda seria assim? Acha que ele aceitaria meu casamento e estaria aqui com a gente?

Helen ficou em silêncio por um tempo ao ser pega de surpresa com tais questões.

— Eu acho que sim. E acho que em algum momento ele acabaria aceitando Peter. Fosse porque fosse que ele o achava perigoso pra você, também não era estarmos associados a um policial como família? Essa é uma das coisas que falo que ele costumava esquecer com suas paranoias de nos proteger de tudo. E de qualquer forma, eu tenho absoluta certeza que ele se derreteria completamente com Destiny, Hope e Emma. E por estranho que a vida que temos agora pudesse parecer pra ele, eu creio que ele não teria dúvidas em vir conosco depois de tudo que você passou.

Gwen assentiu.

— Vão ao show hoje, divirtam-se como se ainda tivessem dezessete anos. O coração não tem idade, Gwen. Isso é uma das coisas boas de ser uma mãe jovem, é como viver duas eras em uma. Ainda não parece que você cresceu, mas suas responsabilidades e seus filhos, quando já os tem, estão lá pra lembrar do quanto você evoluiu, e você pode se sentir feliz e forte ao mesmo tempo.

— Obrigada, mãe.

Helen retribuiu o sorriso da filha, apertando-a num abraço.

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May olhou para o sobrinho, que já há alguns minutos a observava com um sorriso enquanto brincava com Emma no colo depois de dar mamadeira a ela. Destiny e Hope estavam brincando uma com a outra deitadas na cama de May, murmurando sons incompreensíveis que pareciam uma tentativa de conversa.

— Eu sei que você está feliz com o dia de hoje e tudo mais. Mas esse sorriso parece ser de algo a parte – falou para Peter.

— É que... Eu acho que nunca vi a senhora tão feliz como agora. Dá pra ver isso de longe. Eu queria que tio Ben estivesse aqui.

May terminou de arrumar a bolsa das meninas para levarem para o apartamento dos Stacy, onde ficariam durante a noite esperando a volta dos meninos e cuidando das bebês, e olhou para Peter com um sorriso.

— Querido, não adianta muito ficarmos querendo imaginar isso, embora seja bom. Eu acho que Ben está tão radiante quanto todos nós, onde ele estiver. Por algum motivo a vida fez com que as coisas fossem como são. Vamos aproveitar o que temos. Passamos por tanta coisa, e você me deu três netas de uma vez! Como eu estaria menos que radiante?

Ele riu.

— Então vocês só voltam amanhã?

— Só.

— Tudo certo com a reserva do hotel?

— Sim.

— Cuide de Gwen. Eu sei que vocês se recuperam de tudo numa velocidade absurda, mas vão com calma.

— A senhora sabe que nem precisa me pedir isso.

— Eu sei... Foi só um conselho automático. Não custa lembrar.

Peter sorriu e se levantou de onde estava sentado com Emma para beijar a bochecha da mãe adotiva.

— Melhor mãe – ele sussurrou, vendo os olhos da tia brilharem e um sorriso surgir no rosto dela quando o abraçou e beijou seus cabelos.

******

Horas depois, Peter, Gwen, Philip, Howard e Simon estavam junto com a multidão que gritava em expectativa quando as cinco Spice Girls entraram no palco cantando If You Can’t Dance, iniciando o show de forma parecida ao que tinham feito em Istanbul, em 1997. Sem parar a performance, elas passaram outras músicas uma atrás da outra quando a primeira terminou, incluindo Say You Will Be There, uma das favoritas de Gwen, o que quase a levou a lágrimas de felicidade. Todas dançavam juntas e revezavam o canto entre elas quando não estavam cantando ao mesmo tempo, deixando o show perfeitamente harmônico e agradável.

Da área lateral das mesas, onde eles estavam, Peter observou as pessoas espalhadas pela pista, que se dividiam entre adolescentes, adultos, alguns mais jovens que outros, e até algumas crianças sentadas nos ombros de seus pais ou tutores. Ele sorriu com a empolgação da esposa quando Gwen se juntou momentaneamente a sua observação, e localizou um grupo de jovens adolescentes com cosplays das cantoras.

— Você é a melhor. Nem precisa do cosplay pra se parecer com sua Spice Girl favorita, o destino já cuidou disso.

Gwen riu e o beijou, tão feliz que ele não saberia descrever a sensação se o perguntassem.

— Obrigada. Por me trazer aqui. Eu ainda viria sozinha ou com os meninos de qualquer jeito. Mas significa muito você aqui comigo.

— Sempre, querida. E depois de assistir tantos clipes com você, eu comecei a gostar delas também. E depois do quão legais elas foram com a gente, você tinha que cumprir a punição de Mel B por Emma ser sua favorita.

Gwen gargalhou e depois sorriu, enlaçando-o pelo pescoço e o beijando. A atenção dos dois foi desviada quando a música parou depois de Stop, e as cantoras finalmente falaram com a plateia, lhes dando boa noite e fazendo algumas colocações sobre o show.

— Todos falam de como raramente aparecemos juntas e que queriam ir a um show, então hoje estamos aqui – Baby Spice brincou, recebendo risos e gritos felizes do público – Agradecemos muito a presença de todos, e estamos tão felizes por conhecer fãs novos e reencontrar outros – falou olhando na exata direção de onde Peter e Gwen estavam, e piscando um dos olhos com um sorriso.

Sorriram de volta enquanto as cantoras sorridentes sustentavam o olhar para os dois, mas logo se voltaram novamente para o restante dos presentes.

— Mana... – Simon começou – Isso foi pra você! – Ele exclamou baixo, sabendo que Gwen não desejava chamar atenção dessa forma.

— Temos a irmã mais inteligente e mais famosa de Oxford – Philip brincou.

— Você devia gravar vídeos cover, Gwen. Você canta bem e é a cópia de Emma, só que mais jovem.

Ela riu do comentário de Howard.

— Só vocês pra terem umas ideias dessas.

— Ele não estava tão errado quanto a mais famosa de Oxford— Peter sussurrou em seu ouvido quando voltaram a prestar atenção no show – Eles só não sabem disso, e nem porque. Aranha Fantasma – disse mais baixo ainda, vendo Gwen sorrir e rir discretamente enquanto ele a abraçava pelas costas.

— Eu tenho que dizer o quanto estamos felizes hoje. Fazemos isso há tanto tempo – Ginger Spice tomou a palavra – E foram vocês, até os que não estão aqui agora, que nos ajudaram a chegar onde estamos. Vocês são os responsáveis por esse show.

Aplausos e gritos de comoção vieram em resposta até Scary Spice começar a falar.

— Sim, nós sabemos que vocês esperaram muito por essa noite, e ela vai ser especial. Nós fazemos cada performance como se fosse a última, para que todos assistam como se fosse a última, pra que um pouco desse momento fique pra sempre com vocês, assim como sempre fica conosco.

— Sim, vocês fazem parte de nós, como nós fazemos de vocês – Sporty Spice disse, sendo tão retribuída pelos expectadores quanto suas amigas.

— E pra mostrar o quanto nossa conexão é boa, por que vocês não dão um palpite de qual acham que será a próxima música – Posh Spice perguntou, sorrindo ao ver a animação de todos e conversas começarem entre os que assistiam.

— Vamos dar uma dica – Emma falou – Desde que começamos já consegui ver vários casais apaixonados aqui. E aposto que eles adorariam vir para a frente da pista dançar abraçados agora.

O casal e os irmãos Stacy observaram enquanto alguns fãs gritavam sugestões da plateia.

— Deve ser 2 Become 1 – Gwen falou – Combina com o que ela disse.

— Enquanto nós damos uma pequena pausa, e vocês pensam, convidamos os que desejarem a virem pra frente da pista dançar – Emma voltou a falar enquanto seguia as demais, que acenaram e sumiram numa das laterais do palco.

Peter aproveitou que os três garotos Stacy se afastaram um pouco para observar o lugar em volta e falar empolgados sobre a noite, e beijou os cabelos dourados da esposa, começando a falar ainda aspirando o perfume dos fios macios.

— Ei, moça. Não consegui parar de olhar você a noite toda. Aceita dançar comigo? – Peter brincou com um sorriso, libertando Gwen do abraço para ficar de frente para ela.

— Me desculpe – ela dramatizou, entrando na brincadeira dele – Eu sou casada. Tenho até filhos.

— Oh, é sério?! Que grosseria a minha. E que coincidência, porque eu também sou casado, com um anjo, e temos três meninas adoráveis.

Gwen riu, não aguentando mais conter sua felicidade, e o puxou para um beijo breve.

— Eu quero dançar com você – ela disse, enlaçando-o pelo pescoço.

Peter sorriu, como na noite em que ele a convidou para ir com ele ao último baile do colégio, muitos anos atrás. Gwen não precisava de um convite, e Peter sabia que não era necessário chama-la, era uma definição para os dois que iriam juntos muito antes disso. Mas ele quis fazê-lo ainda assim, até lhe deu rosas e fez o pedido na frente de sua mãe, ganhando vários pontos com Helen nesse dia, apesar do quanto ele a machucou no dia da cerimônia oficial de encerramento. Mas onde estavam agora, finalmente conseguiam ver essa dor como algo pequeno.

— Então vamos?

— Sim – ela retribuiu o sorriso – Meninos, nós vamos dançar na pista.

— Certo – Simon respondeu – Vamos ficar aqui mesmo. Dançando um com o outro – o louro brincou, fazendo os cinco gargalharem.

— Philip podia ter trazido aquela garota com quem ele tá num clima – Howard falou.

— Ah, eu ainda nem sei se ela gosta das Spice Girls, ela não falou nada sobre esse show hoje.

— Você perguntou? – Gwen quis saber.

— Não. Começamos a cursar uma matéria juntos tem pouco tempo. Você imagina o quão estranho seria a primeira coisa que você pergunta a alguém ser algo tão aleatório?

Gwen riu.

— Do que tá rindo?

— Nada. Só acho que você gostou muito dela pra ter esse cuidado todo. Tá indo bem, irmãozinho. Convide-a da próxima vez que fizermos algo assim.

Philip só sorriu timidamente e assentiu enquanto os três acenavam para o casal, que fez seu caminho entre as mesas para encontrar a descida para outro ponto da casa de shows. No caminho passaram pela loja onde já haviam comprado alguns itens na entrada, e pelo bar, onde algumas pessoas comiam, bebiam e conversavam, e se forçaram ao longo da multidão de fãs até conseguirem chegar à frente do palco, onde vários casais de mãos dadas ou abraçados conversavam, aguardando o retorno das Spice Girls.

— Aposto que você acertou a música – Peter disse quando, parecendo em sincronia com o universo, o som de 2 Become 1 chegou aos ouvidos de todos, e as cantoras retornaram ao palco, vestindo roupas diferentes – É, você acertou – ele sorriu.

— Aposto que muitos de vocês pensaram nessa música, não foi? – Mel B perguntou sorridente – Então essa é pros nossos fãs apaixonados, sejam amores novos ou antigos.

As cinco se posicionaram e começaram a cantar, até sentando na beirada do palco e apertando as mãos de alguns fãs de vez em quando, Emma Button aproveitando outra chance para lançar um sorriso a Gwen e Peter, que sorriam de volta enquanto dançavam bem a sua frente.

— Que saudade daquele baile agora.

— Eu também – Gwen respondeu o encarando profundamente enquanto dançavam abraçados.

Peter sorriu e se aproximou de seu ouvido.

— Sabe... Quando chegarmos ao hotel mais tarde, podíamos fazer exatamente o que essa música sugere.

Gwen riu.

— Calma, Garoto Inseto. E não é isso mesmo que vai acabar acontecendo? – Gwen sussurrou de volta, ambos conseguindo se ouvir apenas por seus sentidos aprimorados, e felizes que mais ninguém fosse capaz de captar sua conversa pessoal.

Ele apenas sorriu antes de beijá-la.

O show prosseguiu com mais canções, trocas de roupa, conversas das cantoras com a plateia, e gritos de emoção e alegria dos presentes, com uma energia tão contagiante que eles sequer quiseram retornar à ala das mesas, mas Gwen ligou para os irmãos no celular mesmo assim, a fim de verificar que estava tudo bem. Os três se juntaram a eles na pista pouco depois, no entanto, ao se encontrarem com amigos do colégio e faculdade. A certa distância, Peter e Gwen viram Philip falando com uma garota de cabelos castanhos num tom de mel, ambos parecendo felizes.

— Ela é linda – Gwen comentou sorridente, feliz pelo irmão.

— A família Stacy parece ter talento pra escolher parceiros tão bonitos quanto eles – Peter brincou.

Gwen riu e o beijou.

Cerca de meia hora depois o show se encerrou com Wannabe, a famosa música que explodira em sucesso tempos atrás e era amada até então.

— Nós nunca vamos esquecer dessa noite, foi tão emocionante vive-la com vocês – Emma falava enquanto a música ainda tocava e todas elas se despediam, acenavam e mandavam beijos para os fãs.

                Momentos mais tarde o local começou a se esvaziar enquanto pessoas iam embora, outras seguiam para a loja ou o bar, outras procuravam os banheiros, e grupos de amigos ainda conversavam onde estavam. Peter e Gwen só iriam embora depois de ter certeza que seus irmãos estavam indo para casa, e um avisaria ao outro pelo telefone que tinham chegado a seus destinos. Estavam seguindo para perto da roda de amigos dos meninos quando um dos funcionários do palco chamou a atenção dos dois.

                - Ei, moça... Rapaz. Gwen e Peter, são vocês?

                Peter assentiu.

                - Vocês gostariam de vir aos bastidores? Me pediram pra chamá-los.

                - Sério? – Gwen perguntou incrédula.

                - Há mais alguém com vocês?

                - Meus três irmãos.

                - Eles podem vir também, mas sejam discretos.

                - Pode deixar – Peter prometeu, virando-se para chamar Simon, Philip e Howard com um gesto.

                - Desculpem atrapalhar a conversa – Gwen falou.

                - Tudo bem, eles já vão – Philip disse enquanto acenavam para os amigos que iam embora.

                - Ela é linda – Gwen falou, ao que ele apenas sorriu – Depois você conta mais. Mas agora, estamos sendo chamados nos bastidores.

                - Sério?! – Simon e Howard exclamaram juntos.

                - Shh! Sejam discretos – Gwen pediu, enquanto os cinco seguiam o homem que os havia chamado para uma entrada lateral do palco.

                Passaram por um portão muito bem escondido, e escadas que os levaram para um corredor cheio de salas e pessoas indo e vindo, até o homem parar na porta de um camarim e bater.

                - Eles estão aqui.

                - Ótimo! – Ouviram Emma dizer – Estamos prontas, deixe-os entrar.

                O homem assentiu e abriu a porta para eles passarem. O camarim tinha um bom tamanho, acomodando perfeitamente várias pessoas ao mesmo tempo. As cantoras agora vestiam roupas mais discretas e comuns, apesar de continuarem com as maquiagens e penteados do show. Elas sorriram e exclamaram de alegria ao vê-los. Emma imediatamente agarrou Gwen num abraço, o que quase a fez chorar.

                - Como estão as meninas, Gwen? – Victoria perguntou.

                - Ótimas! Crescendo fortes e perfeitas. Ficaram com as avós hoje.

                - Espero que elas tenham a chance de ver um dos nossos shows assim que crescerem o suficiente – Mel C falou – Ou que pelo menos sejam nossas fãs como a mãe.

                Todos concordaram e Peter pegou o celular para mostrar a foto que tinham tirado mais cedo naquele dia. Ele e Gwen sentados sorridentes no sofá de casa, segurando as três bebês, que também sorriam, vestidas com os bodies que haviam ganhado de presente das cantoras quatro meses atrás e lacinhos combinando no cabelo. As cinco olharam boquiabertas por um tempo, e seus olhos brilharam de comoção.

                - Que coisa mais fofa!! – Mel B falou.

                - Agora fiquei ansiosa pra elas crescerem, aprenderem a falar e cantar, e nos conhecermos – Geri brincou, ouvindo as amigas rirem – É sério! – Ela riu junto.

                - É bom rever vocês também, meninos – Mel B falou enquanto os abraçava – Vocês são tão bonitos. A família inteira é assim?

                Os garotos riram.

                - Peter continuava sendo o marido mais fofo do planeta? – Emma perguntou a Gwen com um sorriso.

                - Sempre! E quando acho que já vi tudo disso, ele se supera.

                Peter riu.

                - É porque você me ama. Não tem como não me achar fofo.

                Eles conversaram e tiraram fotos enquanto possível, prometendo postar algumas nas redes sociais para compartilharem e falarem sobre o show. A dado momento, Danny e Mil também apareceram com alguns membros da equipe da revista, para tirar mais algumas fotos e conversar rapidamente com o grupo.

                - Onde vocês estavam? – Peter perguntou – Achei que tinham desistido de vir.

                - Mudando de lugar o tempo todo pra tirar fotos – Mil respondeu – Em cima do palco, nos camarotes pra fotografar a pista inteira...

                - Passei por você e Gwen quando estavam dançando e vocês não me notaram, mas eu não podia interromper aquilo – Danny disse.

                Quando a equipe de edição se foi, Gwen realmente se emocionou quando as cinco cantoras lhe deram um abraço mortal e até tiraram uma foto assim. Mas agora o casal estava seguindo para o hotel, enquanto Philip, Howard e Simon seguiam para casa, já tendo todos eles falado com Helen e May para avisá-las.

                - Cansada?

                - Não. Meio triste.

                - Triste? Depois da noite incrível que tivemos?

                - Aquela depressão pós evento emocionante. Você já deve ter sentido.

                - Ah, sim. Eu senti depois das nossas duas formaturas.

                - Eu também.

                - Mas, bem... Eu cumpri minha promessa. Você gostou de hoje?

                Ele sentiu que tinha vencido quando ela riu em seu ombro e ergueu o rosto para vê-lo, com um brilho de emoção no olhar e um sorriso sincero, que chegava a seus lindos olhos verdes amendoados. E nossa, Peter queria muito que quando as trigêmeas crescessem seus olhos continuassem assim, ele amava isso em Gwen.

— Eu te amo. Obrigada – a loura falou ao beijá-lo suavemente.

Os dois sorriram no beijo, sendo interrompidos pela parada do táxi em que estavam.

— Chegamos, tenham uma boa noite – o Homem falou enquanto Peter lhe pagava e os dois se encaminhavam para a entrada do lugar.

                Fazendo rapidamente o check-in, subiram de elevador para o segundo andar, onde haviam feito a reserva, e deixaram suas coisas em cima da mesa com duas cadeiras num canto do quarto. Era bonito e bem arrumado, com paredes em tons aconchegantes de marrom e bege, uma cama king size, poltronas, uma TV presa à parede em frente à cama, e ainda uma cozinha improvisada no lado oposto à porta, com um pequeno refrigerador, micro-ondas e armário. Uma porta mais afastada devia pertencer ao banheiro, e as janelas, com cortinas, davam vista para a rua e a entrada do hotel.

Peter trancou a porta e ligou para tia May, deixando-a segura de que já estavam no hotel, confirmando que os meninos já estavam em casa, e que as bebês estavam bem. Gwen ria enquanto ouvia as vozes empolgadas dos irmãos falando sobre o show com Helen, numa tentativa de sussurrarem para não acordar as sobrinhas. Ao fim da chamada, fecharam as cortinas, lhes dando a segurança e privacidade necessárias para se livrarem do excesso de roupas, logo estando apenas em suas roupas íntimas, enquanto exploravam o quarto e o banheiro, felizes em encontrar uma banheira grande o suficiente para os dois ficarem confortáveis juntos.

— Você quer tomar banho agora?

— Não faz sentido – Gwen respondeu.

— Por que?

— Porque um cara que me convidou pra dançar no show sugeriu que faríamos outra coisa quando chegássemos aqui. A menos que queira tomar banho enquanto isso – ela brincou enlaçando o pescoço dele.

Peter sorriu.

— Não... Não agora. Eu quero que você fique o mais confortável possível. Podemos fazer nossa avaliação da banheira depois – respondeu a pegando no colo de surpresa.

Gwen riu enquanto Peter a carregava de volta ao quarto, não demorando muito para os dois estarem entrelaçados no colchão, o que restava de suas roupas jogado ao lado da cama.

— Eu fiquei me perguntando... – Gwen murmurou, tentando se concentrar nas palavras enquanto Peter beijava seu pescoço – Se alguma coisa ia mudar depois que as meninas chegassem. Se ainda pareceríamos nós. Se alguma coisa em mim ia ficar muito diferente.

Peter se afastou, apoiando-se nos cotovelos para olhá-la, seus olhos parecendo buscar compreensão.

— Mudança...? No seu corpo? Ou em você? Porque se algo mudou só foi pra melhor, meu amor. Você continua incrivelmente linda, acho que até mais – ele disse afagando suavemente a curva de seu quadril – E com um coração ainda mais bonito. Tem algo diferente no seu olhar às vezes, que eu não sei o que é, mas que me faz ter certeza de que agora você é uma pessoa ainda mais forte, e mais encantadora.

— Sério?

— Muito – Peter respondeu a beijando nos lábios com tanto carinho que ela simplesmente não tinha como duvidar dele – Eu te amo tanto – murmurou beijando a bochecha da amada – Que eu tenho medo de te machucar agora, que nem da primeira vez que fizemos isso. Eu sei que foram quatro meses, e que você já se curou completamente, mas...

Gwen sorriu, afagando o rosto dele com uma das mãos e sentindo a maior segurança do mundo com seus olhos castanhos olhando para ela. A cor mais escura era tão confortante, e junto ao amor incontestável de Peter por ela, era como receber um abraço apertado com apenas um olhar.

— Você é tão bom pra mim. Eu tenho tanta sorte por você me amar.

O olhar de Peter fez algo quebrar em seu coração, de uma forma boa. Ele sorriu e virou o rosto para beijar a palma da mão dela. Céus, como ele era fofo!!

— Eu tô bem, e merecemos ter esse momento – garantiu a ele.

Os dois tinham tido seus momentos sozinhos ao longo dos últimos meses, após respeitarem a quarentena de recuperação, embora Gwen já estivesse curada muito antes disso, mas nunca indo longe demais, quase como se estivessem no início de um namoro de novo, eles conversavam e cuidavam um do outro enquanto descobriam como o corpo dela estava reagindo após o parto. Gwen tinha registrado esses momentos como alguns dos mais doces de sua vida, e conseguido mais uma comprovação do quanto seu marido conseguia ser fofinho e amoroso.

— Sabe... A chegada das meninas foi como... Acordar. Foi como finalmente perceber que não somos mais aqueles adolescentes inconsequentes.

— No parto? Ou antes?

— Antes... Quando minha barriga começou a aparecer, e cada vez que eu me emocionava com isso. Claro que não foi só isso que senti, mas eu não sabia colocar em palavras.

— Agora que você falou... Eu senti a mesma coisa. E mais forte da primeira vez que segurei Destiny. Mas isso não é ruim.

— Não – Gwen concordou.

— Somos melhores agora. Ao menos eu quero acreditar que sim.

— Nós somos – Gwen disse com um aceno de cabeça para reforçar seu ponto – Até dobramos a proteção da cidade.

Peter riu, encantando com a maneira como suas conversas fluíam naturalmente, mesmo num momento tão íntimo como esse, não importando o quanto os anos passassem.

— E melhores nisso também – ele sussurrou quando voltou a se aproximar e beijou o ponto entre seu ombro e seu pescoço outra vez, ouvindo Gwen suspirar e enredar os dedos em seu cabelo para mantê-lo ali o quanto possível.

— Eu concordo – ela respondeu – Então que tal continuarmos?

Peter acenou positivamente, ainda com o rosto enterrado em seu pescoço.

— Você vai manter a proteção?

— Sim – ele respondeu ao se erguer para vê-la.

— Estou tomando pílula de novo, você lembra?

— Eu sei. Mas não custa garantir, por enquanto. Eu amo tanto nossas meninas. Mas acho que é melhor nos preocuparmos só com elas agora.

Gwen emitiu um risinho, concordando enquanto acariciava o rosto do marido com as mãos.

— Você acha que termos tido três de uma única vez tem algo a ver com nossas mutações?

— Eu não sei... Não encontramos nada que indique isso nas análises que fizemos em nós mesmos – Peter respondeu – Talvez a vida quisesse nos compensar por tudo que passamos com um presente maior.

Gwen abriu um sorriso enorme, amando a maneira doce como ele enxergava isso.

— Eu gosto dessa hipótese.

— Eu também. Mas não quero correr o risco de nada dando trabalho ao seu corpo agora – ele falou, beijando-a suavemente em seguida – Me diz se eu te machucar.

Gwen assentiu quando seu garoto aranha a abraçou protetoramente, e ela envolveu os braços em suas costas também, enquanto os dois se uniam com cuidado.

— Dói? – Peter murmurou em seu ouvido ao senti-la respirar mais fundo, apertar o abraço, e grudar as mãos em suas costas quando ativou os micro pelos de aranha em suas palmas.

                - Não – Gwen sussurrou de volta – É que parece mais intenso depois de tanto tempo.

                Peter assentiu, dando um beijo demorado em sua testa.

                - Eu te amo, querida – ele disse baixinho.

                - Eu te amo, Garoto Inseto. Você não sabe o quanto.

                Peter sorriu, e voltou a unir seus lábios.