DRAMIONE - ENQUANTO O ANO NÃO ACABAR escrita por MGarbino


Capítulo 8
Capítulo 8 - Sala Precisa




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DRACO

Sábado, 26 de setembro de 1996

— Estúpido, estúpido, estúpido...

Draco Malfoy repetia a palavra incessantemente enquanto jogava água fria em seu rosto.

O rapaz se encontrava debruçado sobre a pia do banheiro feminino esquecido no primeiro andar do castelo. Estava incrédulo por conta da conversa que tivera mais cedo com Hermione Granger. Estava incrédulo consigo mesmo. Não sabia o que havia dado em sua cabeça para que o rapaz fosse até a menina, em um local público, por livre e espontânea vontade puxar conversa com ela, e para piorar ainda a sua situação até mesmo a agradecera e a elogiara.

"Que merda está acontecendo comigo?", era só o que o rapaz conseguia pensar.

O bruxo contemplava seu reflexo sob o espelho, com estranheza. Não se reconhecia mais, não sabia mais quem era. Não era de agora que se sentia assim, na verdade desde que puseram uma marca em seu braço que ele não se sentia mais como si mesmo. Mas aquela sensação parecia que havia piorado mais ainda, e o garoto sentia como se houvessem múltiplas personalidades dentro de si brigando para saber quem assumiria o controle.

Para sua sorte, pelo menos, naquela semana que se passara havia conseguido respirar um pouco aliviado. Na noite de segunda-feira Severo Snape deu dicas de como o garoto poderia consertar o armário-sumidouro de modo mais eficiente, e na terça-feira quando o menino se preparou em frente ao armário para tentar transportar uma bolinha de gude, conseguiu obter algum sucesso, ao menos em parte, pois somente uma metade da bolinha foi levada, ficando a outra metade ainda no seu lado do armário. Não era exatamente o resultado que esperavam, mas já era algum sinal de que o menino estava tendo algum resultado. Sabiam que o conserto iria demorar, mas pelo menos o garoto conseguira mostrar algum sinal de que não era um total incompetente. Até o próximo teste sabia que ainda tinha algum tempo. E por isso naquela semana se permitira descansar mais, o que significava que não ficara até altas horas da madrugada enfurnado na Sala Precisa. Aproveitara mais algumas horinhas de sono.

Mas em compensação no tempo livre que tivera diversas vezes pegara seu pensamento divagando para a mesma pessoa: Hermione Granger.

— Mas que merda está acontecendo com você? - Draco Malfoy falava consigo mesmo através do espelho.

Durante a semana o menino várias vezes relembrava da risada da bruxa ao olhá-lo fumegando por conta das castanhas flamejantes, por algum motivo aquele sorriso ficara marcado em sua mente. Havia passado a gostar também do cheiro da garota, que lhe lembrava algo entre pergaminho novo e lavanda. E as vezes durante as refeições no salão principal havia dado pequenos olhares de relance para a mesa da Grifinória assim que notava que a menina se juntara aos colegas para comer.

Nesses momentos, quando percebia o que estava fazendo, ele mesmo se repreendia. Tentava lembrar-se de quem ela era, de que era uma sangue-ruim, alguém que deveria considerar inferior a si, sempre fora assim a sua vida inteira, por que seria diferente agora? Fora ensinado a menosprezar os trouxas e os de sangue-impuro, e Hermione não deveria ser exceção. No ápice de sua loucura, como pensava sobre o que estava sentindo, até mesmo se pegara duvidando de qual era o propósito disso tudo afinal, de tudo o que estava fazendo. Por que tinha que passar o precioso tempo de sua vida odiando e pensando em destruir outras pessoas? Isso era tão cansativo. Ódio e medo eram o que tinham dominado sua mente nos últimos meses. Ele se sentia cada vez mais caindo em um buraco escuro e sombrio do qual não estava gostando nem um pouco. Ele estava tão cansado.

Mas então a forte lembrança de a quem ele servia vinha a tona, e seu sangue gelava, pois se o Lorde das Trevas apenas sonhasse que o garoto tivera esses pensamentos, já seria o suficiente para que ele destruísse Draco Malfoy e toda a sua família. Às vezes Draco sentia tanto medo que ficava paranoico se sua marca não seria uma espécie de elo com o Lorde para que este pudesse ler sua mente.

E ele estava decidido a suprimir esses pensamentos, mas então a viu sozinha na quadra de quadribol e sua estúpida vontade de puxar assunto com Hermione Granger foi maior que seu bom senso, e quando percebeu estava ali ao lado da garota jogando conversa fora.

Era mesmo um tonto.

Ele não sabia o porquê daquilo tudo, o motivo por de repente estar gastando seu tempo pensando nela. Ele só sabia que deveria arranjar uma maneira de acabar com tudo isso, fosse como fosse.

Água pingava de seu cabelo, molhando seu suéter. Ele estava horrível. Suas olheiras estavam mais profundas, o rapaz perdera peso, as maçãs de seu rosto estavam mais salientes.

"Eu preciso voltar ao trabalho", pensou.

Naquele sábado Draco dissera aos amigos que estaria ocupado com alguns projetos pessoais e que por isso só os encontraria ao final do dia. O rapaz resolvera trabalhar um pouco no armário pela tarde, por desencargo de consciência, já que planejava tirar o domingo para si.

Endireitou sua postura, enxugou seu rosto com um papel toalha e seguiu em busca da porta para a Sala Precisa.

***

O jovem rapaz vagava a esmo pelos corredores do castelo, evitando chamar atenção para si. Quando chegou a um corredor vazio, ainda no primeiro andar, Draco se encostou ao lado de uma janela ornamentada por antigas gravuras que remetiam às quatro casas. Ficou ali parado, fingindo que contemplava a paisagem além da janela, e quando finalmente teve certeza de que o corredor ficara vazio andou só mais alguns passos, desejando mentalmente que o castelo lhe mostrasse a entrada para a Sala Precisa, pois precisava continuar com sua missão. Quando a porta se mostrou, ele olhou para os lados para verificar novamente que ninguém o observava ou até mesmo o seguira, e então por fim adentrou a sala. 

Suas narinas foram invadidas por cheiro de mofo e de coisa velha. Mesmo após vários dias desde que começara a frequentar o local ele ainda se surpreendia pela quantidade de objetos escondidos e esquecidos naquele lugar. A sala era enorme por dentro, mais parecia um labirinto por conta da quantidade de entulhos empilhados que formavam fileiras e mais fileiras de parafernálias. 

A primeira vez que Draco Malfoy soubera sobre a sala fora no quinto ano, quando a Armada de Dumbledore fora descoberta. Na época o menino não deu tanta importância ao local, e a sala se transformara de modo que desse espaço aos alunos infratores para que se reunissem ali. Mas quando sua tarefa de consertar o armário fora designada, o dono do armazém de quinquilharias explicara ao rapaz que ali na sala havia um armário que se conectava diretamente a um  outro igual que ele possuía na loja, mas que estava quebrado e por isso necessitava dos reparos do garoto. O velho, que um dia já fora aluno de Hogwarts, explicou como Draco Malfoy deveria fazer para encontrar a sala de modo rápido. E quando o sonserino conseguiu localizá-la pela primeira vez, conforme lhe fora passado, não deixou de ficar boquiaberto pela quantidade de objetos que haviam ali. Em seu primeiro dia passara mais tempo explorando o lugar do que dando atenção a sua tarefa. 

Mas naquele sábado não havia tempo para distrações. O menino passou pelas portas, absorvendo o cheiro de velho, e logo seguiu pelos becos que davam caminho para seu destino. Ele iria trabalhar um pouco e depois iria embora descansar.

Draco Malfoy caminhava decidido quando ouviu o barulho de algo se mexer. Gelou por um instante. 

"Não pode ser, alguém me seguiu", pensou preocupado.

Lentamente o rapaz levou a mão em direção as vestes, em busca de sua varinha. 

"Maldito, eu deveria ter verificado melhor antes de entrar. Merda, merda, merda... Snape vai me matar", ele agora caminhava devagar, tentando ao máximo não fazer barulho. 

O som agora ficara mais alto e ele tinha certeza que era uma pessoa, alguém também estava ali no labirinto de objetos. Ele foi andando em direção ao som, agora estava a um beco de distância. Prendia a respiração, sentindo suor começando a se acumular em sua testa apesar do frio. 

Mesmo sendo cuidadoso o rapaz pisou sem querer em algum objeto esquecido ali no chão, um barulho de crack pode ser ouvido.

— Quem... - uma voz começou, mas logo se calou.

Os batimentos de Malfoy agora estavam altos e acelerados. Decidira não esperar mais, se apressou ante a última parede de objetos que o separava da pessoa, contornando-a e preparando sua varinha. Antes mesmo que checasse quem era, o menino proferiu o feitiço:

— EXPELLIARMUS! - ele berrou.

A varinha de Hermione Granger saiu voando para longe. A menina saltou para trás, surpresa.

— Qual o seu problema... - ela começou.

— Você está me seguindo Granger? Hein? O que você faz aqui? - Draco Malfoy se adiantou, seu coração ainda acelerado. Ele estava visivelmente nervoso.

— Eu que pergunto por que você está me seguindo - a garota dizia irritada - você apareceu aqui do nada e ainda por cima me desarmou! - ela olhava para os lados em busca de sua varinha.

Malfoy ainda estava a postos, com sua varinha apontada para a bruxa. 

— Cadê os seus amigos? - Draco sibilou, estava suando.

— Do que você está falando? - Hermione se virou para encarar o rapaz, percebendo que ele ainda a mirava - Você está me deixando nervosa, será que dá pra abaixar sua varinha?

Draco apontou para ela por mais uns segundos, averiguando que de fato a menina estava sozinha. Deu um longo suspiro para se acalmar e baixou seu braço. 

— Você me assustou - ele disse, passando as costas da mão na testa para limpar o suor.

— Você que me assustou! Qual o seu problema? - Hermione gritou e depois voltou a examinar os cantos em busca de sua varinha.

Draco Malfoy notou que a menina estava vermelha, mas não vermelha de raiva. Seus olhos estavam inchados e avermelhados e sua boca estava pálida. Hermione Granger andara chorando. Talvez a menina estivesse escondida ali por conta própria e não porque fora atrás dele, aquilo acalmou um pouco seu nervosismo. 

— Vai ficar ai parado me encarando? Me ajude a achar a minha varinha! - ela disse entredentes. 

— Ah... - ele começava a ficar sem jeito agora que o nervosismo passava. 

Ele pensou na varinha de Hermione e manejou o feitiço:

— Accio - a varinha da menina atravessou o salão e pousou na mão do sonserino - aqui.

— Obrigada - ela bufou, revirando os olhos, tomando-a com brutalidade da mão dele. 

Draco estava desconfortável. Ele agira de modo imprudente. Agora ela tinha todos os motivos para desconfiar que ele estava armando algo só pela forma como se comportara. Ele precisava inventar alguma desculpa.

— Ah... Você está chorando? - ele disse.

— Não - ela se apressou em limpar os rastros de lágrima que ainda estavam em sua bochecha, virando o rosto para esconder o ato - eu não estou.  

— Então... meio que parece que você estava.

— Tanto faz - ela o encarou, sem mais rastros de lágrimas no rosto, mas seus olhos continuavam muito inchados - o que você faz aprontando aqui? Não precisava de todo esse estardalhaço.

— Eu? - ele engoliu em seco, pondo a cabeça para pensar em alguma desculpa convincente - eu... eu gosto de vir pra cá as vezes, ficar só sabe. As vezes o pessoal lá fora meio que me sufoca. Aí um dia eu encontrei essa sala e gosto de vir pra cá as vezes. 

Hermione Granger encarava atenta Draco Malfoy. As mãos do rapaz suavam diante da desculpa esfarrapada. Ele pedia por tudo o que era mais sagrado que ela acreditasse nele.

— Entendo. Eu meio que vim pra cá fazer o mesmo, ou melhor, a sala se mostrou para mim para que eu pudesse fugir do pessoal lá fora... Que dia... - ela revirou os olhos.

O alívio que o garoto sentia agora era quase palpável. Ele se segurou para não respirar aliviado em frente a menina. Aparentemente ela havia acreditado nele. 

"Maldita sala, eu achava que essa porcaria não abriria pra mais ninguém", ele pensou. A partir dali precisaria tomar cuidado redobrado sempre que pisasse no lugar.

— É... que dia - ele deu um sorrisinho amarelo - normalmente eu sempre fico só aqui, então por isso eu me assustei quando eu escutei o barulho de outra pessoa.

— Só não precisava ter me desarmado desse jeito, quase meu braço foi junto com a varinha - Hermione fez cara de irritação.

Draco Malfoy não conseguiu evitar de rir. 

— Oras Granger, achava que você fosse ter uns reflexos melhores. Foi muito fácil te desarmar.

— Não é justo, você me pegou de surpresa. Eu não estava esperando por isso - ela deu um empurrãozinho de leve no ombro do sonserino, fingindo estar irritada, mas os cantos de seus lábios estavam voltados para cima. 

— Então, digamos que quando você vai desarmar uma pessoa o mínimo é que ela não esteja esperando por isso - Ele deu um peteleco de brincadeira no nariz de Hermione Granger, mas logo tomou consciência de que havia tocado na menina e sentiu um rubor tomar conta de si. Ela apenas bufou e revirou os olhos de forma exagerada, sem parecer ligar muito para o gesto. 

De repente Draco Malfoy ficou ciente do quão próximo eles estavam do armário e teve medo de por alguma maneira a menina fazer a ligação entre os dois, apesar dos milhares de objetos que tinha por ali. Mas apenas duas paredes de entulhos os separavam do armário-sumidouro. Ele precisava dar um jeito de tirá-la de lá. 

— Tem uma janela ali do outro lado, e eu acho que vi uns lenços por lá, caso você queira - ele começou.

— Ah, não obrigada. Eu não preciso, já disse que não estava chorando. Na verdade eu acho que já vou indo - ela se virou, meio hesitante, pronta para ir embora. 

Draco Malfoy deveria ficar aliviado pela menina ir embora, até mesmo contente. Mas não foi o que ele sentiu, e se odiou por isso, queria ela longe do armário, mas não queria deixar de conversar com ela.

— Granger? 

— Sim? - ela parou, sem se virar para ele inteiramente.

— Mais cedo quando você disse que eu poderia conversar com você se quisesse... sabe... é... é até meio estranho falar isso sabe, mas se você quiser conversar também, sei lá, você pode desabafar - ele deu de ombros tentando parecer que não se importava muito, mas ele sabia que falhara pois sentia seu rosto queimando. 

— Ah... - ela sorriu - não é nada demais pra falar a verdade. É besteira. As vezes meus amigos me deixam louca, só isso.

Ele sentiu vontade de xingar Harry Potter e Rony Weasley, mas decidiu por não fazer isso. Não queria estragar a conversa com Hermione.

— Eu imagino, as vezes os meus me deixam louco também.

Um silêncio incômodo recaiu sobre os dois. Hermione continuava virada pela metade em direção ao rapaz, com as sobrancelhas franzidas, meio como se esperasse que ele dissesse mais algo, mas Draco não sábia o que dizer. Apesar de ter vontade de continuar conversando com a jovem, estava sem ideias de como continuar a conversa. Mas então se lembrou de algo que vira logo na entrada da sala, umas das primeiras coisas que chamou sua atenção assim que descobriu o lugar. 

— Quer ver um negócio? Acho que vai te animar. Me segue - ele se pôs a andar, fazendo gesto para que a menina o seguisse. 

Ela hesitou, franzindo as sobrancelhas, mas o seguiu.

Ele se lembrava que o que procurava estava perto da entrada, mas eram tantos entulhos que temeu não encontrar. Foi passando os olhos por todos os cantos, se abaixando para ver se não havia caído no chão.

— Certo... onde está? Onde está? -  ele atravessava as pilhas de objetos examinando todos os cantos.

 Enquanto isso Hermione havia parado, apenas observava o menino como se ele tivesse de alguma forma perdido o juízo. Malfoy se abaixou, mas então se lembrou de que era um bruxo.

— Mas que idiotice da minha parte. Accio! - exclamou. O objeto pousou em sua mão e ele o mostrou com orgulho para Hermione.

— Uma bolinha? - ela perguntou, meio desconfiada.

— Sim, mas não é qualquer bolinha.

O objeto que Draco tinha em mãos era uma pequena esfera transparente, a primeira vista não parecia grande coisa, pois era somente uma esfera transparente e oca.

— Certo... - disse Hermione começando a se afastar.

— Calma, você ainda não viu nada - ele sorriu para ela, sacou sua varinha e deu uma leve batidinha na esfera - Revelio!

Imediatamente a bolinha explodiu em cores. Luzes nas mais diversas cores emanavam do pequeno objeto, em todas as direções. A Sala Precisa foi totalmente preenchida por vários arco-íris. Todos os entulhos do lugar agora estavam banhados por aquelas luzes, inclusive os dois jovens. As luzes piscavam e mudavam de lugar, refletindo por todo o cômodo. 

Hermione estava boquiaberta diante a beleza das cores despejadas na sala. Logo em seguida começou a rir e Draco Malfoy a acompanhou, estava deslumbrado pela reação da menina e se sentia orgulhoso por conseguir extrair dela um sorriso tão bonito quanto aquele.

— É tão lindo - ela se aproximou, ainda sorrindo - o que é isso?

O arco-íris refletia nos olhos castanhos de Hermione e Draco não pode deixar de reparar, estava hipnotizado perante a beleza daqueles olhos.

— É uma esfera de arco-íris. É linda né? Mas é apenas brinquedos de criança. Quando eu era pequeno eu tinha uma, minha mãe usava ela pra me fazer calar a boca sempre que eu começava a chorar. Celare! - o rapaz deu uma leve batida com a varinha no objeto e ele parou de brilhar imediatamente - um dia desses eu encontrei ele por aqui e admito que eu fiquei um tempinho olhando pras cores que saiam dele. Esse brinquedinho me traz uma certa nostalgia. 

Hermione havia se aproximado ainda mais de Draco, de modo que ela pudesse analisar melhor a esfera. Ela estava um pouco perto demais e isso fez os batimentos dele acelerarem, ele estava bem ciente da aproximação dos dois naquele momento, e sendo sincero gostara da sensação de tê-la tão perto. O cheiro da menina era muito bom. Ela tinha cheiro de coisas limpas, o que condizia com sua aparência. Draco Malfoy gostava muito disso. 

— Você quer? Pode ficar - ele ofereceu à ela, se afastando um pouco assim que percebeu que estava quase cheirando o cabelo dela. 

Os olhos de Hermione ainda brilhavam, maravilhados. Ela dirigiu um sorrisinho tímido a ele.

— Obrigada, mas não posso aceitar. É lindo, mas  combina melhor com essa sala. Acho que as coisas que são deixadas aqui devem permanecer aqui. Assim no futuro outros alunos podem vir a encontrar essa bolinha e presenciar a beleza que é ver essa sala cheia de cores - sua voz tinha um tom sonhador. 

— Verdade, talvez seja melhor assim - Draco Malfoy fitava seus pés, tentando evitar que continuasse encarando os olhos da garota.

— Draco?

— Oi? - ele levantou a vista.

— Obrigada. Isso definitivamente me animou bastante, até mais que o normal do que se pode esperar de um brinquedo pra criança - ela sorriu, mas logo depois suspirou - eu vou indo, quero ver se acho algo para comer. Ainda não almocei.

— Ah claro, vai lá. De nada eu acho - ele coçou a nuca, tentando parecer desinteressado. 

A menina deu uma última olhada na esfera que o sonserino tinha nas mãos e começou a caminha em direção a porta. Mas deu uma última olhada para trás.

—  Sabe... Se algum dia você quiser parar com toda essa baboseira de arqui-inimigos e de que odeia os impuros e etecetera, e quiser conversar e procurar fazer novas amizades pode me chamar. Apesar dos pesares eu gosto de conversar com você, e sinto que você é uma pessoa boa lá no fundo, e não somente esse vilão que todo mundo diz que você é e que você por algum motivo tenta parecer a todo custo - a garota deu um último sorriso ao rapaz e seguiu seu caminho para fora da sala precisa.

Draco não disse nada diante dos últimos dizeres de Hermione, apenas a observou deixar a sala.

Mesmo depois que já se passara minutos desde que ela fora embora Draco Malfoy continuou parado naquela mesma posição, fitando a porta pela qual ela havia saído. As últimas palavras da jovem ainda ressoavam em sua mente. 

Naquele momento Draco Malfoy se odiava mais que nunca. Se odiava por tudo o que representava e por todas as responsabilidades que lhe foram designadas. Se odiava pelo simples fato de ser quem era. Mas se odiava mais ainda por ter se deixado permitir gostar de alguém como Hermione Granger, de quem ele sabia não ter culpa de ser quem era. Ele não sabia ao certo o quanto gostava dela, mas percebeu que a simples presença da menina o deixava mais leve e mais bem humorado. Ele queria que ela gostasse dele também e que até mesmo o quisesse como seu amigo. Draco Malfoy sentia uma vontade quase física de ser amigo dela. Sentia que queria compartilhar momentos, conversas, que queria vê-la sorrir e até mesmo ser o motivo de alguns desses sorrisos. 

E mais que nunca se odiou por isso. 


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