Parece Natal escrita por Deh


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Hello people ^^


Primeiramente, gostaria de desejar a tds um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo a tds vcs, que os bons sentimentos do Natal possam estar presentes em todos os dias do novo ano que se inicia, que o menino Jesus lhes proporcione o melhor dos natais e lhes proteja e guie nos próximos 356 dias do ano, Boas Festas meus queridos!

Eis, então aqui o meu singelo presente de Natal aos antigos, novos e futuros leitores, espero realmente que gostem *-*

P.S: Em itálico trata-se de flashbacks ;)



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A morena enche aquela horrível caneca com a bandeira americana de um bom café preto, enquanto ouve o tic-tac do relógio lhe alertar que a hora do jantar se aproxima, ao olhar pela janela da cozinha ela nota que o sol já está prestes a se pôr e suspira enquanto vê a neve cair e cobrir os vastos campos da fazenda.

Ao tomar o primeiro gole de café ela sente o líquido quente aquecer seu corpo do frio quase que insuportável do Wisconsin, por alguns segundos ela aprecia o cheiro dos biscoitos sendo assados e reza para que não os deixe queimar como no ano anterior, o sorriso é quase que instantâneo no rosto da mulher de olhos castanhos ao relembrar a ocasião em que jogou até mesmo o tabuleiro na lixeira e enquanto ainda sorri com as lembranças do Natal um aperto é sentido em seu peito ao constatar que é véspera de Natal e ele ainda não chegou, ela inala profundamente enquanto faz uma prece silenciosa por um milagre natalino e quase ri diante da situação, afinal de contas ela jamais se imaginou orando em sua vida, mas ele havia lhe mudado.

Agora Margaret Carter estava cozinhando em sua fazenda no interior do Wisconsin ouvindo música natalina e, foi inevitável que a britânica não se recordasse de como havia embarcado nessa aventura também na véspera de natal há tantos anos.

Está começando a parecer Natal

Onde quer que você vá

Veja as lojas de quinquilharias brilhando novamente

Com os docinhos natalinos e as ruas brilhando

 

Embora esteja com pressa, a agente Carter caminha pelas ruas de Sokovia calmamente, afinal de contas uma agente americana na Europa oriental deveria fazer o possível para passar desapercebida.

Inevitavelmente ela deixa seus olhos vagarem pelas vitrines das lojas já enfeitadas para o Natal, enquanto vez ou outra a morena checa se não está sendo seguida.

Quando enfim a britânica chega ao seu destino, seu estômago se contorce ao notar as viaturas da polícia local estacionadas em frente a casa amarela e alguns policiais isolando o perímetro, a morena inala profundamente enquanto se aproxima de um pequeno grupo de vizinhos curiosos e os ouve comentar.

—Erick parecia um homem tão bom, não acredito que tenha feito isso. –Uma senhora no auge de seus setenta anos disse.

—Onde estão as crianças? –Uma mulher ruiva na casa dos quarenta indagou.

—Ele matou a esposa e sumiu com os filhos. –Uma jovem no auge de seus vinte e poucos anos dizia horrorizada.

Poucos foram aqueles que conseguiram enganar Peggy Carter e saírem bem-sucedidos de sua empreitada, por isso a britânica não podia acreditar que o influente membro de um grupo radical havia conseguido lhe enganar, ela havia acredito nele, eles tinham um plano, ele reuniria informações o suficiente para o governo americano e eles dariam novas identidades para o homem e sua família.

A agente americana sabia que não existiam motivos para o homem assassinar sua esposa e desaparecer com as crianças, seus instintos não lhe engariam, ela estava há tempo demais no ramo para saber que haviam sido descobertos e uma caça a toupeira havia se iniciado. Deste modo, saindo com a mesma sutileza que chegou, a morena colocou as mãos dentro de seu sobretudo preto e continuou a andar até que estivesse longe o suficiente para relatar a situação ao seu superior. 

 

Está começando a parecer Natal

Brinquedos em todas as lojas

Mas a coisa mais bela que vejo é como será lindo

Na frente da sua porta

 

—Mamãe? –A garotinha de cabelos castanhos avermelhados retira a mulher de seu devaneio.

—Sim, meu amor? –A morena responde com outra pergunta enquanto analisa o rostinho da menina de seis anos.

—Por que o papai está demorando tanto? –A mais jovem questiona à mãe.

Com um sorriso singelo a mulher de olhos castanhos colocou a franja da menina, que já estava muito grande novamente, atrás de sua orelha enquanto pensava no que responder, vez que começava a temer o fato do marido não conseguir chegar a tempo para o Natal.

—Você sabe que seu pai te ama não sabe querida? –Ela indagou à filha e ao ver a menina responder ela prosseguiu –Seu pai tem um trabalho muito importante e isso pode dificultar com que ele chegue a tempo para o Natal.

Apesar de não gostar da resposta que recebeu, a garotinha assentiu em concordância, para a sorte da mulher de cabelos cor de chocolate a filha era tão compreensiva quanto o pai.

—Isso significa que ainda vamos comer comida congelada? –A menina de olhos esverdeados indagou com o nariz franzindo ligeiramente em desagrado.

Fazendo o possível para esconder o sorriso diante do questionamento da filha, a morena fingiu estar ofendida ao falar:

—Pensei que você tivesse dito que a lasanha estava boa.

A menina de cabelos castanhos avermelhados deu de ombros em uma atitude muito semelhante a mãe e respondeu simplesmente:

—Ainda assim não parece com a lasanha do papai.

Peggy sorriu ligeiramente, a filha definitivamente era a garotinha do papai.

—Sou obrigada a concordar com você amor. –A morena diz enquanto pega a filha em seu colo e caminha com ela até a sala de estar e só então constata um fato importante –Onde está seu irmão?

A garotinha suspira, mas antes que possa responder passos apressados são ouvidos descendo as escadas.

—Estou aqui mamãe! –O menino de cabelos loiros quase que platinados diz com um grosso sotaque britânico ao pular os dois últimos degraus da escada.

—Meu amor, quantas vezes eu já lhe disse para não correr dentro de casa? –A morena diz em sua voz severa enquanto se senta no sofá vermelho com a filha no colo.

—Muitas. –O menino diz desinteressado e apesar do sotaque ser muito semelhante ao seu é inevitável que ela não se lembre do marido.

—Quando o papai vai chegar? –O garotinho de olhos azuis acinzentados indaga, fazendo com que a mãe respire profundamente enquanto pensa das não tão raras ocasiões em que ouviu a mãe se queixar de ter casado com um soldado.

—Ele vai chegar quando tiver que chegar. –A mulher diz por fim suspirando sabendo que não verá o fim de tais questionamentos até que o homem de cabelos loiros adentrar pela porta e embora não seja religiosa, ela ora para que seja o mais rápido possível.

—Você está parecendo tio Nick. –A menininha respondeu antes de escorregar do colo da mãe e correr em direção ao toca discos do pai e colocar sua canção natalina favorita para tocar novamente, antes de se juntar ao irmão no chão e discutir o porquê meninas também podem brincar com bonecos de super-heróis. 

—Eu vou ficar com o capitão américa. –A menina de olhos esverdeados diz em um tom autoritário muito semelhante ao da mãe e faz com que a morena sinta falta do sotaque britânico que a filha está perdendo desde que entrou na escola.

—Não vai não. –O menino de olhos azuis acinzentados protestou instantaneamente.

—Vou sim, sou mais velha que você eu tenho o direito de escolher primeiro. –A garotinha diz como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

—Nós somos gêmeos, temos a mesma idade. –O garotinho disse em descontentamento.

—Vou sim, eu nasci primeiro e ele me lembra o papai. –A menina respondeu ao irmão.

—E o que isso tem a ver!? –O menino de cabelos loiros platinados disse quase que em frustração.

—Ora, eu sou a favorita do papai. –A menina apontou como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

—Mamãe... –O menino se levantou com as bochechas vermelhas por sua fúria mal contida e se dirigiu até a mãe com uma carranca.

—Querido... –A britânica diz puxando o filho para o colo e deu um beijo em sua bochecha antes de explicar –Seu pai e eu não temos preferidos, amamos os dois igualmente.

Abraçando então o filho em seu colo, a morena sente o cheiro do shampoo de camomila infantil nos cabelos do filho e sabe que está em casa.

Assim, com o filho no colo e a filha brincando no chão, ela se deixa envolver pela sensação calorosa de estar em casa enquanto aguardo por um milagre de natal ao som da música natalina preferida da filha.

 

Um par de botas e uma pistola que atira

É o que Barney e Ben desejam

Bonecas que falam e saem para passear

É o que querem Janice e Jen

E a mamãe e o papai não veem de as aulas voltarem

 

Ela está furiosa, ela não consegue acreditar que Nick Fury mandou um grupo de rangers do exército americano para lhe auxiliar nesta missão de rastreio ao seu informante, muito menos que seja o grupo em questão o famigerado Howling Commandos, o qual tem como líder seu ex-namorado americano.

Como uma agente secreta ela acha os soldados um grupo de homens brutos, desajeitados e sem perfil algum para o trabalho disfarçado, mesmo assim a contragosto ela se vê acompanhada do sargento James “Bucky” Barnes em uma boate numa noite fria as vésperas do Natal afim de tentar localizar seu informante.

Obviamente a companhia do sargento não é minimamente agradável, afinal de contas o homem de olhos claros havia tomado as dores do abando de seu amigo de infância e não facilitou em nada as coisas para a britânica.

Contudo, ainda eram profissionais o suficiente e naquela madrugada eles encontraram Erick prestes a cometer um atentado contra a embaixada americana que fazia um baile de natal, eles tentaram de toda forma convencê-lo a desistir, o sargento Barnes o tinha em sua mira e só aguardava a ordem do capitão para atirar, mas com Peggy entrando na frente do informante e ficando na mira de Bucky o capitão não podia dar a ordem e Peggy se aproveitou da oportunidade para questionar ao homem prestes a cometer um ato terrorista:

—Onde estão as crianças Erick?

O homem lamentou mais uma vez:

—Me desculpe Peggy, eu achei que podia sair disso.

—Eles os tem não é? Nós podemos recuperá-los! Podemos ajudar você. –A britânica suplicou, ela sabia muito bem que a tragédia na embaixada seria evitada a qualquer custo, mas ela queria salvar os membros restantes daquela família.

—Não dá, você não entende, eles estão com meus filhos e vão mata-los se eu não fizer o que mandarem, eles mataram minha esposa e armaram para mim agente Carter. –O homem de olhos verdes disse.

—Erick, não faça isso você vai morrer. –A morena tentou mais uma vez.

—É o preço que estou disposto a pagar pela vida dos meus filhos. –O homem disse firmemente e mais rápido do que Peggy previu ela estava sendo envolta pelos braços do capitão e indo ao solo de modo a ele amortecer a queda instantes antes do sargento Barnes apertar o gatilho.

A cena foi limpa com precisão, ninguém além deles sabia o que havia, Peggy caminhava com raiva pelas ruas de Sokovia na esperança de afastar-se do reforço que Fury lhe enviou, para então dar um jeito de localizar as crianças.

—Peggy espere. –O loiro disse ao agarrar seu braço e fazer com que ela se virasse para ele.

—Me solte Steve. –Ela falou com os olhos brilhando em pura raiva, pois estava bem ciente que a ordem havia sido dele, que ele não havia dado atenção às suas súplicas para contornar a situação e optou por fazer o que fazia de melhor “eliminar a ameaça”.

—Sinto muito Peggy, mas eu estava cumprindo ordens. –O homem de olhos azuis pesarosos disse ainda mantendo o aperto sobre o braço da morena.

—Seu trabalho está feito, então acredito que seja melhor você ir antes que eu chute sua bunda em plena via pública. –A britânica diz ameaçadoramente dando um passo à frente de modo a não chamar a atenção das pessoas na rua para eles, afinal ela ainda era uma agente secreta em missão, mas agora em uma missão pessoal.

—Fury me deu mais uma ordem. –O capitão falou fazendo com que a morena estreitasse os olhos –Ele acredita que você esteja demasiada envolvida com o caso e deu ordens claras de trazê-la de volta a qualquer custo.

Ela dá uma risada seca antes de dizer:

—Se você acha que vou embora com você antes de encontrar aquelas crianças você está muito enganado.

—Eu sei que não vai. –Ele disse encarando fixamente os olhos castanhos da morena e assim prosseguiu –E por isso vou com você.

Ela o encarou estupefata por alguns segundos, sua língua afiada não conseguia pronunciar qualquer que fosse a ofensa que ela pensava segundos antes, o sempre leal Steve Rogers, o soldado perfeito, estava claramente indo contra alguns tratados internacionais e embarcando com ela em uma caçada ilegal contra o tempo.

—Temos um trato? –Ele indaga trazendo a morena de volta a realidade e diante do ligeiro arquear de sobrancelhas da britânica o loiro acrescenta –Eu lhe ajudo a encontra-los e você volta conosco.

—Feito. –Ela diz e instantaneamente a mão que apertava seu braço pega sua mão e os dois caminham pelas ruas de Sokovia apressadamente enquanto a neve cai do céu e as luzes natalinas piscam os lembrando que já é Natal.    

 

Está começando a parecer Natal

Onde quer que você vá

Existe uma árvore no Grand Hotel, uma no parque também

Do tipo resistente, que não se importa com a neve

 

—Mamãe? –O menino loiro chama a mãe pela terceira vez e finalmente ela o percebe.

—Sim meu amor? –A mulher de cabelos chocolates diz enfim retornando ao presente.

—Eu lhe perguntei como você conheceu o papai. –O menino diz curiosamente com seu sotaque britânico semelhante ao da mãe.

—Por que essa pergunta? –Ela indagou o filho.

—Daisy estava contando para nós como os pais dela se conheceram. –A menina de cabelos castanhos avermelhados disse enfim se juntando a mãe no sofá enquanto encara o irmão com uma expressão nada amistosa afim de que ele saia do colo da mãe.

—Oh ela estava? –A britânica falou na esperança de ganhar tempo para formular uma resposta decente, já que não poderia dizer aos filhos que havia conhecido o pai em uma missão que deu terrivelmente errado e ele quase a matou pensando que ela fosse um membro da KGB.

—Sim, mas é tão chato. –A garotinha afirmou rolando os olhos e ao ver a mãe erguer a sobrancelha acrescentou –Tio Phil e tia Melinda se conheceram na faculdade, é chato.

A morena deu uma risadinha e então indagou:

—E o que seria emocionante para você querida?

A mais jovem deu de ombros.

—Seu pai e eu nos conhecemos em uma viagem ao exterior. –A britânica disse parcialmente a verdade.

—E vocês se apaixonaram? –O loiro platinado perguntou curioso.

—Oh não... –A morena disse rindo antes de prosseguir –Seu pai me confundiu com uma moça russa que ele tinha um encontro, demorei fazê-lo entender que eu não era sequer russa.

—É engraçado. –O menino concluiu.

—Melhor do que a história de Daisy. –A menina acrescentou.

—E foi assim que se apaixonaram? –O loirinho voltou a perguntar.

Com um sorriso de canto a britânica relembrou de toda a sua trajetória com o marido até que chegassem a esse momento.

—Não, viramos amigos naquela viagem, nos vimos mais algumas vezes e com o tempo eu percebi que gostava do seu pai, mas tínhamos empregos incompatíveis e terminamos um dia. –A mulher de olhos castanhos disse relembrando.

—Tio Bucky disse que uma vez o papai quase foi expulso do exército por sua causa. –A garotinha de olhos esverdeados comentou casualmente mal sabendo do peso de suas palavras.

—Seu tio fala demais. –Ela disse enquanto tentava equilibrar ambos os filhos em seu colo, o que já estava se tornando difícil devido ao fato de terem crescido demais.

—Mas é verdade? –Os gêmeos perguntaram lhe encarando em expectativa.

Era verdade, Steve e ela quase perderam os empregos, ela correu o risco de ser deportada e ele de ir preso, mas eles fariam tudo aquilo de novo, pois valeu a pena e a cada dia que viviam juntos, eles tinham a certeza que tomariam a mesma decisão que ameaçou suas carreiras e a levou à aposentadoria.

—Óbvio que não, não existe um soldado mais decente e um homem mais integro que seu pai. –Ela disse confiante enquanto ainda se podia ouvir a música natalina ao fundo.

 

Está começando a parecer Natal

Logo os sinos começarão a tocar

E o que os faz tocar é o seu canto de Natal

Bem de dentro do seu coração

 

Uma madrugada de ligações, o auxílio dos membros do Howling Commandos e, enfim, Steve e Peggy haviam encontrado os filhos de Erick em uma velha casa na fazenda há poucos quilômetros da cidade.

A operação de resgate foi rápida e limpa, assim enquanto os primeiros raios de sol da manhã de natal o casal não oficial embarcava no avião cada um com um bebê de oito meses.

—Vocês ficaram loucos! –Bucky não tardou em dizer assim que ambos revelaram que levariam as crianças para os Estados Unidos –Vocês vão a corte marcial por isso, pior você será exonerado Rogers, isso é burrice.

E pela primeira vez na vida, Steve Rogers brigou com seu melhor amigo.

A equipe do capitão Rogers não estava satisfeita com o embarque das crianças, mas respeitavam o líder o suficiente para nada mencionar e assim os pequenos chegaram em solo americano bem.

Naquele dia fizeram um pacto de nunca mencionarem o que aconteceu em Sokovia e todos saíram em direção as suas próprias casas, restando apenas Steve e Peggy pegando um táxi em direção ao apartamento que a morena dividia com sua melhor amiga.

Peggy havia garantido a Steve que lidaria com a situação e assim o fez, ela sabia que não poderia voltar ao campo como espiã, não tendo duas crianças que dependiam completamente dela, mas antes que pudesse entrar em contato com alguns de seus velhos conhecidos no MI6 e cobrar alguns favores, Nick Fury a encontrou e não ficou nada feliz ao constatar que uma de suas melhores agentes havia retornado do exterior com duas crianças que ele não fazia a mínima questão de saber a origem.

Assim, após uma série de discussões, ameaças de deportação e aposentadoria, a britânica e o afro-americano entraram em um acordo, ele lhe arranjaria duas certidões de nascimento perfeitamente válidas e ela continuaria na agência por mais um ano em campo, depois disso mais três anos no escritório e enfim ela estaria livre para a aposentadoria.

Nesse meio tempo, o bom soldado de cabelos loiros se viu retornando a frequentar o apartamento da morena com frequência sob o pretexto de visitar as crianças e vez ou outra ficava com os gêmeos para que a morena pudesse viajar e não se importava de ouvir os comentários maliciosos de Angie ou os alertas de Bucky.

Ao fim daquele primeiro ano, Steve e Peggy estavam morando juntos em uma pequena casa no subúrbio de New York, nesse mesmo ano Steve chegou em casa após três longas semanas no oriente médio e deparou-se com a namorada chorando como uma criança e ao lhe indagar ela lhe respondeu sorrindo:

—Wanda me chamou de mamãe.

Aquele havia sido um dos dias mais felizes da vida da morena, pois finalmente ela se sentia uma mãe de verdade e parou de ver os gêmeos como a promessa que havia feito aos pais deles de que tudo ficaria bem e os viu como seus próprios filhos.

Duas semanas depois, as quais Steve milagrosamente passou em casa, Pietro, após muito treinar com o pai, falou “mamãe” pela primeira vez e depois disso não calou nunca mais.

No segundo ano, as vésperas de Natal, Peggy estava sozinha em casa, já que Steve havia saído na companhia de Bucky e as crianças para algumas compras e ainda não haviam voltado, quando Angie apareceu vestindo um lindo vestido azul em sua casa e lhe obrigou a vestir o vestido branco na altura dos joelhos que ela havia levado. Saindo de casa praticamente raptada, Peggy Carter se viu parada a frente da porta do cartório com Steve em um lindo terno lhe esperando com um buque de rosas vermelhas, enquanto Bucky também de terno se posicionava ao seu lado com Wanda em seus braços e um Fury estranhamente bem vestido e ainda assim com sua cara de poucos amigos segurava um Pietro conversador nos braços. Naquele dia ela se tornou a senhora Rogers e nunca se arrependeu.

No terceiro ano, ela ficou preocupada ao descobrir que Pietro e Wanda seriam irmãos mais velhos, Steve ainda estava em campo e ela estava ansiosa aguardando seu retorno e temerosa de sua reação, afinal de contas ela não saberia como lidar com os gêmeos de quase três anos e um bebê, mas as vésperas do Natal seu peito já se enchia de esperanças ao pensar nas probabilidades do futuro, entretanto, diferentemente do que se tornaram habituados, naquela véspera de Natal poucas horas após ele ter retornado de uma missão ambos passaram no hospital, não porque ele havia se ferido, mas porque ela não conseguiu levar a gravidez em diante. Peggy ficou profundamente magoada e sua tristeza se seguiu por semanas até que Steve lhe fez voltar a viver quando praticamente a jogou dentro de um escritório de um terapeuta e após algumas sessões ela ainda lamentava pela perda de seu bebê, mas era grata por ter a oportunidade de viver uma vida minimamente normal ao lado do marido e dos dois filhos, ainda doía visitar as lembranças do Natal daquele ano, mas a presença dos gêmeos ajudava a acalentar seu coração.  

Já no quarto ano ela preparava-se para a aposentadoria enquanto o marido passava mais tempo viajando em missões do que em casa, ela passou algumas noites bebendo whisky sozinha pensando se realmente estava pronta para abandonar a carreira pela qual lutou tanto, mas bastava levar os filhos para a escolinha na manhã seguinte e suas duvidas eram ceifadas, ela nunca se imaginou sendo mãe, mas agora ela já não podia imaginar uma vida que não tivesse Pietro e Wanda, e até mesmo Steve, eles eram sua família e ela os amava acima de qualquer coisa. No fim ela acreditava que havia feito a coisa certa, era hora de deixar outros protegendo a nação e ela se encarregaria de proteger seus próprios filhos como uma boa mamãe ursa, assim ela nem mesmo chegou a chorar ao se despedir de Hill, Coulson, May e o novato Barton, que ela ainda não sabia em que colégio Coulson havia recolhido o jovem de cabelos cor de areia.

Por seu turno o quinto ano foi marcado pela mudança para o Wisconsin, ela realmente não conseguia acreditar que ela e Steve haviam dado ouvidos ao Coulson e se mudado para lá, onde o homem que começava a ter sérios problemas de calvície alegou ser um ótimo lugar para criar os filhos. Contudo, superando todas as expectativas ela havia se encantado por aquela fazenda de cavalos que haviam comprado, Pietro e Wanda adoravam passar as tardes correndo pelos campos enquanto ela cuidava do jardim e brincar na casa de árvore pela manhã quando ela estivesse no galinheiro colhendo os ovos, além disso a neve e o frio do Wisconsin lhe faziam lembrar da pequena propriedade rural que seus avós tinham na Inglaterra, ela estava com sua família em um local que por vezes lhe fazia lembrar de sua terra natal, Peggy estava em casa e ela grata por isso.

O ano atual havia sido marcado pela mudança surpreendente de velhos conhecidos para a cidade, ela não deixou de ficar intrigada ao ver May e Coulson na cidade, obvio que ela sabia que a agência mantia um escritório burocrático por lá as escondidas, mas ela prometeu a si mesma que nunca passaria nem mesmo em frente ao local. Os meses passaram e ela descobriu que May havia abandonado o campo, Coulson passava tanto tempo quanto Steve viajando a trabalho e assim ela se via reunindo a May para que os gêmeos pudessem brincar com a hiperativa Daisy Coulson, e assim enquanto as crianças se divertiam falando mil e uma coisas por minuto, Peggy apreendeu a apreciar a companhia ainda mais silenciosa do que o costume de Melinda May. A britânica também não demorou a descobrir que administrar a fazenda não era um trabalho tão fácil quanto Steve fez parecer no início, mas ela não demorou a se encantar com o ofício e se hora ou outra ela se encontrava dando uma lição a algum machista que achava que ela não entendia de cavalos, ela não acharia ruim, ela gostava de provar as pessoas que era mais do que capaz em desafiar os limites, afinal ela havia ido de uma garotinha britânica a uma habilidosa agente secreta américa, até se tornar a amorosa mãe de Pietro e Wanda e, ainda, a encantadora esposa de Steven, quem administrava o Haras SHIELD.

Peggy Carter nunca em sua vida havia se imaginado em uma casinha de cerquinha branca com um marido charmoso, dois filhos inteligentes demais para o seu próprio bem e um golden retriever, porém em todo dia de Ação de Graças e os outros trezentos e sessenta e quatro ou cinco dias do ano ela era grata por ter se casado com um homem tão honrado quanto Steven Grant Rogers, ser mãe da inteligente, porém língua afiada, Wanda Carter Rogers e do falante e sempre hiperativo Pietro Carter Rogers.   

 Peggy Carter havia desempenhado muitos papeis em sua vida até se encontrar sendo Margaret Carter, esposa, mãe e administradora de um Haras e a britânica adorava ter enfim se encontrado, embora para as pessoas mais importantes de sua vida ela segue sendo Peggy e mamãe.

 

 

Está começando a parecer Natal

Brinquedos em todas as lojas

Mas a coisa mais bela que vejo é como será lindo

Na frente da sua porta

 

O loiro não poderia ser mais grato por ter feito bons amigos ao longo dos anos, o que claro inclui o presunçoso Stark, que embora ele ainda não sabe como chegou a fazer amizade com o homem, ele é grato por ele ter lhe emprestado seu próprio jato particular para chegar em casa a tempo para o Natal.

Assim enquanto ainda está dentro de seu táxi o homem de olhos azuis não consegue evitar que seus olhos não percorram pelas luzes brilhando nas lojas e a neve caindo do céu, isso o faz lembrar daquela véspera tantos anos antes, que ele ainda não sabia, mas seria o primeiro Natal que passaria com a família, instantaneamente um sorriso brota nos lábios do loiro ao lembrar-se da morena e dos filhos que lhe esperam em casa, já não lhe parece Natal, é de fato Natal e ele está a caminho de casa.

Ele mal espera que o taxista estacione em frente à casa para abrir a porta e retirar sua bagagem que se limita a uma mala de rodinhas e uma mochila preta, ele agradece o motorista e lhe paga rapidamente, afinal de contas três meses e meio longe da família é tempo o suficiente.

Em que pese a pressa para ver sua família, o loiro caminha devagar até a porta de entrada e a abre com cuidado e a visão que tem dos filhos sentados no colo da esposa entretidos em uma conversa, quando enfim ela ergue os olhos e suas íris castanhas se encontram quase que magneticamente as suas azuis, afinal de contas ela só esperava o momento em que ele entraria pela porta, já que apesar de estar aposentada sua audição ainda era boa o suficiente para ouvir um carro estacionando do lado de fora da sua casa.

O sorriso de Peggy foi quase que instantâneo e então ele assentiu, a conhecendo há tempo suficiente para saber que ela queria dividir a alegria com os filhos.

—Crianças… acho que temos visita. –A britânica disse chamando a atenção dos filhos e quase que instantaneamente o capitão Rogers deixava sua bagagem no chão e se preparava para os dois furacões que corriam em sua direção.

—Papai! -Os gêmeos gritaram animados enquanto corriam em direção ao pai. 

—Pietro, Wanda, eu estava com tanta saudade de vocês. –O homem do Brooklyn disse enquanto erguia os filhos cada um em um braço.

—Também sentimos sua falta papai. –Os gêmeos falaram exagerando no sotaque britânico que haviam adquirido graças a influência da mãe, enquanto abraçavam o pescoço do pai.

—Trouxe presentes? –Pietro indagou enquanto o pai os colocava no chão.

—Você sabe que eu estava trabalhando não sabe? –Steve diz com um meio sorriso e o garoto de olhos azuis acinzentados dá de ombros.

—Vai cozinhar para nós esta noite não vai? –Wanda perguntou na esperança de se livrar do jantar congelado da mãe.

—Oh Wanda... –Steve diz rindo da menina de olhos esverdeados e só então notou um cheiro incomum e mais do que depressa indagou –Que cheiro é esse!?

Peggy então arregalou os olhos e saiu correndo em direção a cozinha deixando o marido trocando um olhar com os filhos.

—O que ela tentou cozinhar dessa vez? –O loiro questionou os filhos.

—Acho que foi biscoitos. –Pietro disse suspirando diante de mais um desastre culinário da mãe.

—Papai não pode ficar muito tempo fora de casa ou qualquer dia desses, mamãe vai incendiar a casa tentando cozinhar para nós. –Wanda diz seriamente enquanto encara o pai fixamente.

Em resposta Steven se limita a rir, afinal de contas Peggy Carter poderia executar muitas tarefas com o mais alto grau de destreza, mas cozinhar, mesmo depois de tantos anos ainda era uma atividade que ela não dominava.

—Bem... vamos ver se não precisamos chamar os bombeiros não é mesmo? –O capitão disse aos filhos antes de seguirem em direção a cozinha e encontrarem a britânica jogando até mesmo o tabuleiro na lixeira, pelo segundo ano consecutivo.

—Não quero ninguém falando um A. –A britânica diz fuzilando os três com um olhar nada amistoso.

—B. –Wanda falou.

—C. –Pietro disse logo em seguida.

—Banho, agora! –Peggy diz em um tom que não comporta discussão e logo os gêmeos saem correndo em direção as escadas, motivo pelo qual ela grita –Sem correria nas escadas.

—Missão difícil? –Steve perguntou enquanto se aproximava da esposa.

—É difícil ficar sem você Rogers. –Peggy diz se colocando na ponta dos pés na intenção de dar um selinho no marido, entretanto, seus planos são frustrados de uma maneira satisfatória ao ter o marido aprofundando o beijo.

Quando o oxigênio lhes é necessário, eles se afastam e mantêm suas testas coladas uma na outra, ela ainda permanece com os braços em volta do pescoço dele e ele ainda tem seus braços em torno da cintura dela.

—Eu senti sua falta Peggy. –O loiro confessa.

—Eu também senti sua falta Steve. –A morena afirma sincera.

Roubando um último beijo do marido a britânica se afasta dizendo:

—Vá tomar um banho, vou ajudar as crianças no banho.

—Devo esperar por sua ajuda? –Ela pergunta enquanto ostenta um sorriso malicioso.

Ela retribui o sorriso, entretanto, suas palavras o surpreendem:

—Não se quisermos chegar a tempo do jantar de natal na casa dos Coulsons.

Suspirando um pouco frustrado, o loiro faz o que a esposa pediu e quase duas horas depois, a família Rogers está saindo de casa na intenção de jantar na casa dos amigos de longa data.

O jantar é divertido, Pietro e Wanda se divertem bastante com Daisy, a comida de Coulson é bem mais agradável que a comida congelada de Peggy, algo que sua filha não hesita em dizer provocando uma risada dos presentes.

Ao finalmente chegarem em casa, os gêmeos já estão dormindo e assim cada pai pega um filho e os deixa no quarto que apesar de todas brigas ainda dividem.

Assim que Peggy fecha a porta, ela sente o marido enlaçar o braço em torno de sua cintura e começar a distribuir beijos pelo seu pescoço enquanto murmura:

—Você sabe a tortura que foi vê-la com esse vestido durante toda a noite?

Ela dá uma risadinha enquanto ainda se permite ser beijada por ele.

—Vou acabar com essa sua tortura em breve, mas antes temos que colocar os presentes embaixo da árvore.

Prontamente Steve se põe a auxiliar a esposa na tarefa de colocar todos os presentes embaixo da árvore de natal da família.

Deixando a esposa organizar os presentes, Steve se retira da sala de estar e logo retorna segurando duas taças de vinho italiano e ao ver isso Peggy o alfineta:

—Está planejando me embriagar capitão Rogers?

—Jamais agente Carter. –Ele diz enquanto lhe entrega uma taça e então ambos erguem em um brinde.

—Feliz Natal Peggy! –O loiro fala.

—Feliz Natal Steve e obrigada, por tudo. –A britânica diz enquanto lhe dirige um sorriso agradecido.

Ele toma um bom gole do vinho, antes de ter sua atenção atraída pelo toca-discos no canto da sala e assim com um pequeno sorriso no rosto ele se afasta em direção ao objeto e não demora para que Peggy ouça aquela canção natalina ecoar baixinho pela sala de estar.

A morena toma os últimos goles de sua bebida antes de então deixar a taça vazia em cima do móvel mais próximo já bem ciente da intenção do marido.

—A senhora Rogers me daria a honra dessa dança? –Steve perguntou galantemente enquanto estendia a mão.

—Essa e todas as futuras. –Peggy responde pegando a mão do marido.

Logo, o casal está dançando tranquilamente sob o som de It's Beginning To Look a Lot Like Christmas, a música natalina preferida de Wanda, enquanto volta a nevar do lado de fora, mas ele sequer prestam atenção a esse fato, muito menos as luzes da árvore de Natal que continuam a piscar causando um lindo efeito luminoso no ambiente, mas as atenções do casal ali se restringe apenas ao calor do corpo um do outro, ao brilho no olhar de cada um e ao amor que os cerca e os norteia.

Era uma vez, em um Natal há não muito tempo, eles se reuniram e seu maior presente é serem uma família em mais um Natal e nos muitos que virão pela frente.

 

 

Então, é Natal novamente

It's Beginning To Look a Lot Like Christmas – Michael Bublé


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Notas finais do capítulo

Então... mais um ano com um "especial" em uma categoria inédita concluído (com sucesso?). Já podemos chamar de tradição?

Deixem-me saber o que acharam :)

Aqueles que se dispuseram a ler até aqui, meu muito obrigada e nos encontramos por aí ♥



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