Porto Seguro escrita por Polaris


Capítulo 1
Meu Porto Seguro | Único


Notas iniciais do capítulo

Este conto é uma homenagem ao meu casal favorito das HQs e filmes da marvel. Espero que gostem



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Queens- 24 de Dezembro, 21h00.

Cidade de Nova Iorque, lar dos Mets, do edifício Chrysler, das garotas de sexy and the city, e também morada dos criminosos mais insistentes de todo o mundo. Às vezes penso que deveríamos trocar o lema da cidade para "cidade onde os bandidos não tiram folga", por que nem mesmo na véspera de Natal eles dão trégua.

Estava balançando por entre os prédios da ilha de Manhattan, quase finalizando minha patrulha, quando um assalto em um banco próximo a Oscorp me obriga a dar meia volta.

— Sabe, será que eu não posso ter uma folguinha não? Não precisa ser muito, sei lá, talvez uns oitenta anos. Seria pedir demais? — Comento, apelando para qualquer divindade que possa me ouvir. Em resposta, sirenes soam ao fundo — Brincadeirinha, de volta ao trabalho.

As viaturas da polícia perseguem um carro-forte comandado por uma quadrilha que acelera pelas ruas, enquanto atiram para todos os lados, ignorando até mesmo os semáforos. O departamento de trânsito não vai ficar nem um pouco contente.

Sigo no encalço do veículo sem dificuldades, enquanto ouço os civis gritando meu nome e tirando fotos.

Já posso até ver a manchete do Clarim Diário de amanhã: "Homem Aranha causa engarrafamento e estraga o natal", ou algum título sensacionalista semelhante, já que o editor daquele jornal realmente me odeia. Ironicamente, sou eu quem venderá a foto que estampará a capa difamadora.

É meus amigos, bem vindos à patética vida de Peter Parker, o nerd pobretão que vende fotos do Homem-Aranha — que à propósito sou eu também, mas não espalhem por aí, beleza? — para a pessoa que mais o odeia, a troco de bala.

— Toc Toc, olá senhor criminoso — bato na janela do carro, chamando a atenção de um dos bandidos — Advinha quem é? Uma dica, usa vermelho e sabe quem foi bonzinho ou não durante o ano.

— Homem-Aranha! — Exclama surpreso.

— Não está vendo o gorro? — aponto para o gorrinho que coloquei por cima da máscara (vocês sabem, o espírito natalino) — Sou o Aranha-Noel, e como vocês não se comportaram esse ano, terei que prendê-los.

Ignorando minha apresentação elaborada, o homem tenta me socar algumas vezes, em vão. Ele muda a estratégia, usando sua metralhadora, enquanto seus comparsas disparam contra a polícia. Entre mais algumas provocações e socos, consigo distrai-los tempo o suficiente para que as viaturas façam um cerco em uma das ruas próximas.

O meliante, no entanto, não está disposto a desistir tão fácil assim e joga o carro na via oposta, trombando contra um veículo desavisado, que com o impacto, capota diversas vezes, me forçando a pará-lo antes que o acidente piore. Rapidamente, uso os lançadores de teia para freá-lo, puxando-o em minha direção.

O carro bate contra minhas costas — o que doí um bocado, obrigado por perguntar. Para minha sorte, o acidente foi contido e volto a seguir o carro-forte, mesmo com a fisgada que sinto nas costas.

Ossos do ofício — quebrados, na maior parte do tempo.

Após longos minutos de perseguição, o carro forte é contido e os bandidos tentam fugir correndo. Puxo os dois primeiros, desarmando e deixando-os pendurados de ponta cabeça em um poste. O terceiro ainda tenta fugir, mas assim como seus comparsas, prendo-o com minha teia. Em respeito a data festiva, deixo um recado amistoso do "amigão da vizinhança" para os policiais, desejando um Feliz Natal.

Com os criminosos devidamente rendidos, posso finalmente ir para casa, mas não sem antes tirar uma bela fotografia para o Clarim Diário. Quem sabe J. J. Jameson não foi agraciado com o espírito natalino e me paga um valor descente pela foto?

Sonhar não custa nada.

(...)

Enquanto volto a balançar pelas ruas, vejo vários casais apaixonados de mãos dadas, aproveitando a véspera de natal, nas frias, porém iluminadas ruas nova-iorquinas. O clima romântico é palpável. Imediatamente me lembro de Gwen.

Minha garota.

Desde o início, passamos por diversas dificuldades em nosso relacionamento. Ela perdeu o pai. Perdi meu tio Ben. Por muito pouco não a perdi para o duende verde. Terminamos e voltamos algumas vezes. Quase desisti do Homem-Aranha para estudar na Inglaterra com ela.

Foram os meses mais felizes da minha vida, admito. Um tempo onde não existiam vilões tentando me matar, não existia o peso de ser um super-herói sob minhas costas. Apenas eu, Peter Parker, me esforçando para dar orgulho para tia May e ser um bom namorado para Gwen.

Infelizmente, o senso de responsabilidade falou mais alto. Quando percebi o caos que Nova-Iorque havia se tornado com a ausência do Homem-Aranha, tomei uma das decisões mais difíceis de minha vida e — mesmo com um peso no coração — decidi voltar para o Queens após cinco meses, me afastando dela mais uma vez.

Mas encarei firme e forte, como um herói — na medida do possível, é claro. Para minha surpresa, Gwen não estava disposta a abrir mão de mim também e o destino nos uniu novamente.

E é por isso que mesmo com todos os altos e baixos, cinco anos depois, ainda estamos juntos. Gwen é quem sempre está comigo quando sinto que não tenho mais forças para continuar. Ela é única que sabe sobre minha vida dupla, minha maior companheira, meu raio de sol

Esse é nosso primeiro natal como um casal oficialmente e eu prometi-lhe que passaríamos juntos. Uma promessa que manterei a todo custo. Muito embora eu já esteja ligeiramente atrasado.

Droga de bandidos.

Discretamente, entro no nosso pequeno apartamento, comemorando internamente pela ausência de Gwen. Talvez eu não esteja tão atrasado quanto pensei.

Tiro parte do uniforme, revelando alguns hematomas, que até então não doíam tanto assim, provavelmente por efeito de meus poderes de aranha. É bem comum quebrar um ou dois ossos, após sair de uma briga com algum vilão aleatório. Para minha sorte, eu consigo me curar bem rápido. Um banho quente e estarei novinho em folha.

Cambaleio até o banheiro, assoviando, pois apesar de tudo, estou feliz. Mesmo com dificuldades, mesmo com todas as perdas, consigo me reerguer, eu sempre consigo. Talvez eu me mantenha forte por ser um herói e saiba sobre minha responsabilidade para com os cidadãos de Nova-Iorque, por que sou um símbolo, por saber que trago esperança para essas pessoas.

E é essa esperança que me motiva, em ser melhor, em poder fazer melhor.

No entanto, lá no fundo, tenho mais um motivo que me dá forças para levantar todas as manhãs e voltar para casa no fim do dia. É ela. Sempre foi ela.

Meu Porto Seguro. A única constante em meio ao caos e a incerteza da minha dupla.

Pelo corredor ouço um ruído vindo do banheiro, ponho a mão na maçaneta e abro a porta com um sorriso ao notar a presença de Gwen no cômodo. Linda, como sempre.

— Oi, Pete. Você está atrasado — acusa — Rhino decidiu atacar a cidade de novo?

— Só um assalto, nada fora do padrão — tranquilizo-a— O Homem-Aranha cuidou deles.

— Claro que cuidou, ele sempre cuida. Mas quem cuidou de você? — questiona preocupada, ao tocar meu peito com algumas escoriações leves, adquiridas durante a luta.

— Bom, eu soube que nesta casa tem uma médica, ela se encontra? — brinco ao me aproximar de seu rosto.

Gwen balança o rosto em negação e abre um sorriso, exibindo suas lindas covinhas. Sinto vontade de morder suas bochechas.

— Sou uma médica molecular especializada em pesquisas de laboratório e você sabe disto, Senhor Parker — intima, com o dedo em riste no meu peito.

Mesmo irritada com minha pequena provocação, sem dizer mais nada, Gwen pega um "kit" de primeiros socorros no armário e limpa meus ferimentos com delicadeza. Sinto a ardência do álcool entrando em contato com as feridas, mas não reclamo, afinal esse ritual é bem comum entre nós.

Com as feridas devidamente esterilizadas, ela finaliza o tratamento, passando a mão por meu pescoço, e em um gesto carinhoso, deposita um beijo casto em meu queixo. Ficamos em silêncio por um tempo, apenas apreciando a companhia um do outro, Gwen passa suas mãos delicadas por minhas costas em movimentos circulares, enquanto acarício sua nuca.

Após um tempo, seu olhar cruza com o meu e posso ouvir sua voz embargada em um sussurro, enquanto confidência:

— Às vezes temo por você, sabia? Embora eu ame o Homem-Aranha e me orgulhe muito de você por isso, uma parte egoísta de mim não quer que você corra tanto perigo.

— Gwen...

— Eu sei, eu sei... Grandes poderes trazem grandes responsabilidades. É o que seu tio dizia, não é? Acredito que isso se aplique a mim também — reflete — O que quero dizer com isso é que eu te amo, Peter. Muito. Eu te amo tanto, que sinto às vezes vontade de pôr você em um potinho só para que ninguém possa te machucar.

Sua declaração meiga me pega desprevenido. Claro, eu já havia dito várias vezes o quanto a amava, até mesmo realizei uma declaração elaborada na Ponte do Queensboro há alguns anos. Mas ouvir isso de sua boca com tanta ternura faz com que meu peito exploda em alegria.

Às vezes, sinto como se não a merecesse, principalmente pelos riscos que minha vida dupla trazem a todo momento. Não quero nem pensar no que faria caso algo acontecesse com ela.

— Eu sempre vou voltar para você, Gwen, sempre. Você é meu cavalo-marinho — Ela me olha confusa, sem entender o quis dizer, por isso complemento desajeitadamente: — Vi outro dia no canal de vida animal que os cavalos-marinhos ficam juntos para sempre. Tipo assim... Um cavalo-marinho encontra outro cavalo-marinho e aí... Dá tudo certo. É como eu me sinto com você.

— Tudo bem então! Sou seu cavalo-marinho — sorri cúmplice aceitando minha declaração não tão romântica assim.

Envolvo-o a em meus braços, deixando que seu perfume floral invada minhas narinas, enquanto distribuo alguns beijos por seu pescoço, fazendo-a rir e suspirar ao mesmo tempo.

Se eu pudesse, com certeza congelaria esse momento para sempre, são poucos os momentos em que posso ter paz e menos ainda são as oportunidades em que ficamos a sós. Mas como isso não é possível — ainda — me recordo sobre meus planos natalinos para nós e proponho ao pé de seu ouvido:

— Ainda é véspera de Natal. May está trabalhando e só veremos seus parentes durante o almoço de amanhã. O que acha de fazermos alguma coisa, só nós dois? Podemos andar pelas ruas e ir naquele lugar que vende a almondega Corena que você gosta.

— A proposta é tentadora — pondera — mas tome um banho antes, você está suado e sujo de sangue.

Sorrio malicioso com suas palavras.

— Só se você vier comigo. — Em um movimento rápido, tomo-a em meus braços e a carrego como uma noiva até a banheira cheia, entrando nela com roupa e tudo. O espaço é um pouco pequeno para duas pessoas, mas nenhum de nós parece se importar com isso.

Aproveito a proximidade e selo novamente nossas bocas em um beijo terno. Seus lábios têm gosto de café com um leve toque de chocolate, ela ama capuccino. Calafrios se espalham por todo meu corpo enquanto aprofundo o beijo, apoiando uma de minhas mãos em sua nuca, bagunçando seus cabelos, que até então estavam contidos por um coque.

Gwen, em resposta, acaracía meu rosto com delicadeza e posso ver um brilho em seus olhos azuis que contrasta perfeitamente com seu rosto corado, lábios inchados, deixando-me desconsertado com a imagem. Tão linda.

Não existem palavras para descrever o que sinto por ela. Sinto-me mais forte ao mesmo tempo que me sinto mais fraco. Eufórico, ao mesmo tempo que me sinto apavorado.

— Não era isso o que eu tinha em mente quando mandei você tomar banho, Pete — protesta, enquanto recupera o fôlego, com sua testa apoiada à minha.

— Decepcionada?

— De jeito nenhum. Eu só acho que não vamos conseguir ir a lugar algum se eu não sair daqui agora mesmo.

— Eu não me importo com uma ligeira mudança de planos, linda.

Gwen dá um tapinha leve em meu ombro, roubando mais um selinho e rebate:

— Você não tem jeito mesmo.

Voltamos a nos beijar, desta vez com mais intensidade. Seguro-a pela cintura, acomodando-a desajeitadamente entre minhas pernas no pequeno espaço da banheira, em seguida, ela entrelaça seus braços em meu pescoço, depositando mais alguns beijos na região. Passo uma das mãos por debaixo do fino — e molhado — tecido da camiseta de Gwen, sentindo o arrepio que meus toques lhe causam, pronto para tirar a peça, quando um clarão clama nossa atenção.

Pela janela, o céu se ilumina e podemos apreciar a queima de fogos, anunciando a chegada do Natal. Os fogos, em sua maioria vermelho, trazem brilho a noite, em um espetáculo de luzes e o clima natalino fica mais evidente quando Gwen apoia-se em meu peito para apreciar o "show". Fecho meus olhos e deposito um beijo casto ao topo de sua cabeça enquanto afago seus cabelos.

Sou tomado por uma sensação de calmaria que há muito não via. Me sinto em casa.

— Feliz Natal, Pete.

— Feliz Natal, Gwen— respondo, e neste momento percebo que não importa o quanto o mundo se desfaça, enquanto seus braços envolverem os meus, continuaremos nos sustentando, sem perder a esperança.

Por que Gwen Stacy é meu Porto Seguro, assim como eu sou o dela.

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Notas finais do capítulo

Olá, Peter! Digo, leitores!
Quem mais ai está animado com o novo filme do Aranha? Confesso que estou super Hypada, e por isso decidi rever os outros filmes do teioso que sempre foi um dos meus heróis favoritos e a inspiração veio forte pra uma fic do meu casal favorito das HQs, e que me faz sofrer horrores até hojepor isso surgiu a ideia da one-shot que é uma singela homenagem a esse casalsinho maravilindo e também ao spider-verse como vocês podem notar pelas inúmeras referências a todas as adptações do cabeça de teia nas telinhas (e hqs).
Esse conto ficou bem água com açúcar do jeitinho que eu amo.
Espero que tenham gostado, e se quiserem deixar um feedback, eu ficaria muito feliz e me ajuda muito a melhorar.

Boas Festas para vocês!!



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