A Jornada da Fênix: O Ressurgir das Cinzas escrita por FoxFlameWarrior


Capítulo 5
Medicine Cat


Notas iniciais do capítulo

Hoje não tenho muitos avisos. Apenas que esse é um capítulo que me fez chorar enquanto escrevia e envolve a minha curandeira favorita de toda a saga. Ah, e mais uma coisa, o próximo capítulo acontecerá após uma quebra de tempo de três semanas, e aproximarei mais a Fênix do Pelo Gris. (Só amizade, hein!!!).
Bom, acho que é só isso. Boa leitura.



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       Fênix acordou em um sobressalto, respiração rápida e coração batendo mais veloz do que gostaria, por um momento ela não ouviu mais nada além das próprias batidas, tudo a sua volta se tornou embaçado por um minuto e cada som se tornava abafado.

       Não era a primeira vez que isso acontecia, Fênix já tinha pesadelos desde que se conhecia como filha de Flagelo, mas eles haviam cessado desde a primeira vez que dormiu no acampamento, então achou que nunca mais sofreria com isso, porém as lembranças voltaram com tudo e não a deixariam em paz tão cedo.

      Segundos depois, sua visão começou a voltar ao normal, sua cabeça parou de latejar, então todos os sons voltaram a agitar suas orelhas, logo Fênix percebeu que Estrela de Fogo estava sentado bem próximo a toca dos anciões, parecia estar ansioso, já que chacoalhava a ponta da cauda sem parar e respirava pesadamente.

       Fênix sabia que não estava mais treinando com ele, mas precisava falar com ele, mesmo que não acreditasse em nada do que dissesse, o mais importante seria tentar mais uma vez. Então se levantou, se espreguiçando, e trotou até ele, um tanto nervosa após ser julgada daquela maneira na noite anterior:

—Bom dia, Estrela de Fogo. (Falou casual, tentando esconder seu nervosismo).

—Estrela de Fogo: Oh... (Resmungou surpreso). Olá, Fênix. Estava esperando você acordar. (Falou antes de se levantar). Venha, tenho um anúncio a fazer.

—Fênix: Mas por que eu deveria participar? (Falou confusa).

—Estrela de Fogo: Tomei uma decisão final sobre o que discutimos ontem à noite.

       Fênix até quis perguntar sobre isso, ir mais a fundo, mas o líder se afastou mais rápido do que a jovem gostaria, era como se ele estivesse fugindo ou se apressando a acabar logo com isso, o que fazia sentido, afinal que tipo de líder deixaria que ficasse em suas terras um gato suspeito de ter feito parte de uma armadilha para matá-lo? Estrela de Fogo até podia sempre tentar ver o lado bom dos demais, mas não seria estúpido de permitir a prole de um antigo inimigo em seu acampamento, colocando em um possível risco a vida de seus colegas de clã e família.

      A jovem se dirigiu até a frente do círculo de gatos que se formava na clareira para ver Estrela de Fogo passando o olhar em cada canto acampamento, esperando que todos se acomodassem. Por mais que isso não fosse demorar, Fênix ansiava cada vez mais para saber logo da escolha do líder, e essa parecia uma espera sem fim, mesmo que já tivesse quase certeza sobre o que acabaria acontecendo a ela.

      Provavelmente o gato rubro ordenaria que ela fosse embora ou que seus guerreiros a matassem, por mais que ele não tivesse tendências de decidir por vontade própria a morte de um indivíduo, mas ela não conhecia muito bem Estrela de Fogo e nesse momento qualquer coisa seria possível.

       E foi aí que a gata negra percebeu que Garra de Amora Doce tinha mesmo razão, eles não tinham motivos para confiar logo de cara em uma estrangeira que dizia não querer fazer mal algum, assim como ela não tinha motivos para acreditar em gatos selvagens com um histórico de guerras e sangue que diziam só querer ajudar. Nada mais fez sentido, ela não estava pronta para viver sua vida ou fazer amigos, e talvez nunca v estivesse.

      Ser filha de um assassino já não a colocava em uma posição muito boa, considerando os pesadelos e maus pressentimentos, além de que gatos selvagens não gostavam muito de gatos de gente, segundo Pelo Gris.

      E por falar nele, Fênix até sentia falta dele, mas não teve coragem e nem tempo e reencontrá-lo, e agora talvez nunca mais tivesse, estes poderiam ser seus últimos momentos sentada na grama macia do acampamento, na segurança de um lugar que ela achou que poderia chamar de lar e na companhia de dois ou três gatos com quem ela conseguiu simpatizar.

       Sentiria falta disso tudo quando fosse expulsa, ou morta, mas, caso a segunda opção fosse seu destino, ela agradeceria, até porque Fênix era apenas uma filhote de oito luas e já havia sofrido e apanhado mais nesse meio tempo do que um guerreiro adulto em uma vida inteira. Suas diversas cicatrizes eram a prova disso.

       Por culpa de Flagelo tinha tantas marcas de ferimentos no corpo, parecia até uma velha e cansada guerreira que sobreviveu de um massacre feito por texugos e cães. Mas não podia culpá-lo, afinal era seu próprio pai, ele sabia o que era melhor para a filha, e se o melhor era que ela aprendesse a lidar com a dor de ferimentos, tanto físicos quanto psicológicos, então era isso o certe, não é?

       Fênix foi tirada de seu raciocínio quando a voz firme de Estrela de Fogo ecoou pelo acampamento, chamando a atenção de todos:

—Eu tomei uma decisão sobre o que fazer com esta jovem sentada a nossa frente, sei que todos acham que eu deveria me livrar dela, mas Estrela Azul não eliminou Estrela Tigrada quando foi descoberta a traição dele, porque o Clã do Trovão não é um assassino, além disso o código dos guerreiro diz claramente que qualquer filhote em perigo deve ser ajudado, independentemente de qual clã seja. (Miou mantendo seu tom de voz firme e alto).

—Pelagem de Poeira: Mas ela é da descendência de Flagelo e ainda tem a marca de um gata de gente. Além disso, ela tentou te matar. É um grande perigo mantê-la aqui, e se o problema é o que o código diz, então mande-a de volta para o ninho dos Duas Pernas que é o lugar dela. Ela estará segura lá. (Ergueu a voz do meio da multidão).

—Estrela de Fogo: Eu era um gato de gente também, Pelagem de Poeira, não se esqueça disso. Mas você está certo, Fênix é filha de Flagelo, no entanto ninguém escolhe os pais, não podemos culpá-la e nem castigá-la por isso. (Pausou para recuperar o folego). E não podemos provar que foi mesmo ela, afinal ela tem apenas algumas luas e não seria capaz de planejar algo dessa natureza. Posso ter desconfiado dela no começo, mas agora eu a considero inocente.

       Fênix se impressionou com a forma como Estrela de Fogo estava vendo as coisas, de repente, uma ponta de esperança a atingiu novamente, talvez tudo desse certo no final, quem sabe ela voltasse a ser aprendiz de Estrela de Fogo, quem sabe criasse uma família no Clã do Trovão. Só o que pedia era para que a dessem uma segunda chance.

—Estrela de Fogo: Fênix, eu decidi que pode ser parte do nosso clã, e dessa vez, eu a aceito como aprendiz de Poça de Folhas, e espero que ela te passe todo o conhecimento possível. (Disse seguido de alguns protestos). Então, sobre a aprovação do Clã das Estrelas, eu nomeio Fênix como aprendiz de curandeira. (Afirmou ignorando as reclamações).

       A gata negra se sentiu aliviada por ser aceita novamente, por mais que quisesse voltar a ser aprendiz de um guerreiro, mas sabia que Poça de Folhas não a julgaria como os outros, talvez fosse melhor assim, além disso, ser curandeira era um dos trabalhos mais importantes em um clã, e Fênix gostava da sensação de ser útil de verdade.

—Fênix: Obrigada, Estrela de Fogo. (Disse satisfeita).

—Estrela de Fogo: Acampamento liberado. (Disse antes de descer da pedra).

        Fênix foi bem cumprimentada por Pata de Cinzas, Voo de Esquilo, Poça de Folhas e, até mesmo, Garra de Amora Doce, enquanto seguia para a toca da curandeira, mas os demais a abominavam de várias formas e nomes, e Poça de Folhas a dizia para não se importar.

       Até que o representante tomou o controle da situação, mandando cada gato de volta para seus afazeres, deixando Fênix e sua nova mentora seguirem em paz para sua toca, onde a mais velha se dirigiu diretamente para a prateleira de ervas, enquanto a mais nova caminhava até o fundo da toca e sentou-se virada para a parede de cabeça baixa.

—Poça de Folhas: Hey, Fênix. (Falou enquanto trotava em sua direção). Eu sei que deve ser difícil para você depois de tanta coisa ter acontecido em tão pouco tempo. (Falou se sentando e enrolando sua cauda ao redor da mais nova). Mas não se preocupe, vamos superar isso juntas. (Disse otimista).

—Fênix: Mesmo que o Clã do Trovão não me aceite? (Questionou retoricamente). Eu só... só queria uma família que me amasse como eu sou. (Falou chorosa, ainda sem olhar para Poça de Folhas). Eu sempre vivi com dor, literalmente... eu... (Parou sem ter certeza se deveria contar sobre seu passado ou não). Eu nunca tinha chance de escapar do que... Flagelo queria fazer comigo. (Falou deixando seu rosto ser molhado por lágrimas teimosas).

—Poça de Folhas: Quer me contar o que aconteceu? (Perguntou após um suspiro).

—Fênix: Flagelo queria que eu aprendesse a suportar a dor de ferimentos e me aproveitar apenas do sangue que escorria deles. (Suspirou para não deixar o choro tomar conta de sua voz). Ele e Osso me batiam e abusavam de mim todos os dias, eu só queria que aquilo acabasse. Até a morte parecia ser uma opção melhor do que continuar vivendo naquele inferno. (Limpou as lágrimas com a cauda). Por isso tenho tantas cicatrizes, ter garras e dentes cortando sua pele todos os dias fazem isso com você. (Falou apontando com a ponta da cauda para uma das marcas de mordida que possuía nas costas).

        A gata negra queria continuar, desabafar era algo que nunca pôde fazer, e agora finalmente encontrara alguém que lhe escutaria com compaixão e que não lhe abominaria de algum modo. Poça de Folhas era a compreensão em carne e osso. No entanto, seu pranto foi mais forte, assim ela desabou em lágrimas, sendo confortada pela curandeira, a qual apoiou a cauda nas costas da mais nova e começou a dar-lhe lambidas calmas no flanco, passando por algumas de suas cicatrizes.

—Poça de Folhas: Sinto muito, Fênix. Não quero te forçar a falar, então não se preocupe em dar explicações ou algo assim. Eu já sei o bastante. (Falou calma e compassiva).

       A gatinha negra então fez algo que nunca teve a oportunidade fazer com sua mãe, até porque nunca a conheceu, aconchegou a cabeça contra o peito da mais velha e ronronou, bem como um pequeno filhote pedindo a proteção da mãe. Poça de Folhas correspondeu o ato, apoiando o queixo na cabeça da pequena e a cobrindo ainda mais com a cauda.

       Pela primeira vez na vida, Fênix se sentiu segura, amada, querida, em outras palavras, sentiu-se em casa. Poça de Folhas lhe passava a certeza de que tudo ficaria bem, de que a luz do outro dia brilharia para iluminar seu caminho, talvez esse fosse um dos propósitos de um curandeiro, dar esperança ao clã em tempos difíceis, mesmo que sem proferir uma só palavra.

—Fênix: Obrigada, Poça de Folhas. (Agradeceu após parar de chorar).

—Poça de Folhas: Sem problemas, jovem. (Falou antes de tocar o nariz sobre a cabeça mais nova). Vamos lá, vamos começar seu treino. (Disse sorrindo).

       Fênix concordou com um movimento de cabeça, Poça de Folhas a guiou até a prateleira, retirando algumas folhas dali e colocando-as a frente da jovem, para então deitar-se ao seu lado e explicar sobre o uso de cada erva. A mais velha falava com calma e paciência, realmente se parecia com Estrela de Fogo, parecia não ter pressa e sempre saber o que dizer, por isso era tão boa no que fazia, e Fênix queria ser assim algum dia, por isso se esforçaria ao máximo para merecer o respeito e a admiração dignos de um curandeiro.


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Notas finais do capítulo

Bom, não foi hoje que a Fênix caiu fora do Clã do Trovão, mas coitada, neh? Nem conseguiu dormir direito a noite por causa de todo esse problema que deu. Ai gente, amo a Poça de Folhas, a partir de agora as duas serão bem próximas, mesmo que eu explore mais a amizade da Fênix com a Pata de Cinzas do que com a Poça de Folhas.



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