A Jornada da Fênix: O Ressurgir das Cinzas escrita por FoxFlameWarrior


Capítulo 15
Attack


Notas iniciais do capítulo

Eu estava morrendo de ansiedade para postar esse capítulo e não aguentaria esperar até terça, por tanto, aqui estou. Esse aqui sim foi o cap. que eu me emocionei em definitivo. Chorei demais quando fui revisar.
Preparem seus lenços. Boa leitura.



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     As estações se passaram, Pata de Carvão e Pata da Noite já estavam quase prontas para serem nomeadas guerreiras, a aprendiz de olhos roxos já tinha criado uma forte amizade com Pé de Seixo, seu mentor, e Estrela de Leopardo, que já considerava a jovem quase como uma filha.

     Tudo parecia bem, depois de já ter ido à várias assembleias e já ter encarado seus ex-colegas de clã muitas vezes, não se sentia mais tão insegura quanto a eles, agora a sua casa era o Clã do Rio, mesmo que dissesse a si mesma que era só uma espiã, não podia negar que realmente amava o lugar que vivia no momento e que se sentia amada também.

      O dia de sua nomeação chegou, ela e Pata da Noite estavam sentadas juntas a frente da toca da líder, onde ocorreria o evento. Estrela de Leopardo saiu de sua toca e começou:

—Essas aprendizes treinaram com seus mentores por muitas luas, e se esforçaram para entender o código dos guerreiros. A partir da aprovação do Clã das Estrelas, eu torno essas aprendizes em guerreiras, Pata da Noite será chamada de Céu da Noite, e Pata de Carvão será Pelagem de Carvão. (Anunciou com orgulho).

       Os olhos de Céu da Noite brilharam de emoção ao receber seu nome de guerreira, sua mentora, Pele Cintilante, sorria com muita satisfação e Pé de Seixo não estava muito atrás, só sua expressão já indicava o quão orgulhoso estava de sua pupila.

—Estrela de Leopardo: Além disso, hoje, no sol a pino, invadiremos o território do Clã do Trovão novamente, estamos necessitados de presas em nosso território e eu não vou deixar vocês morrerem de fome sendo que podemos tomar o rio e os peixes só para nós.

       Miados de aprovação ecoaram pelo acampamento, até mesmo Céu da Noite gritou concordando, apenas Pelagem de Carvão manteve as orelhas baixas e não demonstrou muito entusiasmo.

—Estrela de Leopardo: Acampamento liberado! (Falou saltando da pedra).

       Pelagem de Carvão e Céu da Noite saíram do acampamento, corriam ombro a ombro, sabendo que não precisariam mais saírem escondidas ou de seu mentores para irem pra floresta, agora eram guerreiras e podiam sair sozinhas o quanto quisessem.

        Ambas chegaram bem longe na floresta, correram tanto quanto suas patas poderiam aguentar, as duas ofegantes olhavam animadas uma pra outra, parecia que estavam prontas pra mais uma daquelas brincadeiras de lutar que faziam quando eram aprendizes. Até que a gata de olhos azuis começou:

—Estou ansiosa para partirmos para a batalha, nunca participei de uma antes, mas estou sempre pronta para a ação, até porque você estará lá comigo.

—Pelagem de Carvão: Eu já estive em uma batalha antes, não é tão divertido quanto parece, é difícil ver seus companheiros de clã caídos no chão, feridos ou mortos. (Falou se deitando na grama).

—Céu da Noite: Você acha que podemos morrer? (Falou se desanimando).

        Pelagem de Carvão percebeu que a amiga perdera o ânimo, enrolou sua cauda na de Céu da Noite como forma de consolo, enquanto ela se deitava também, ambas mantinham os olhos fechados e orelhas baixas, como se estivessem cochilando ou apenas relaxando. Céu da Noite deitou a cabeça no flanco da amiga e aconchegou o corpo sob o dela.

—Pelagem de Carvão: Infelizmente sim, muitos de nós podem morrer. Mas não fique assim, o Clã do Rio depende de guerreiros fortes para continuar existindo, e nós estamos entre esses guerreiros, certo?

—Céu da Noite: Sim. Nós podemos lidar com isso. (Falou erguendo a cabeça).

—Pelagem de Carvão: É assim que se fala.

[...]

         Ambas voltaram ao acampamento, Estrela de Leopardo estava sentada em frente a sua toca com os guerreiros que levaria ao ataque ao seu redor. A líder faz um aceno de cauda para que elas se aproximem.

—Estrela de Leopardo: Que bom que voltaram, quero vocês comigo hoje quando formos atacar. Não levaremos muitos guerreiros hoje, apenas iremos pegar algumas presas e sairemos rápido, quero evitar um combate dessa vez.

—Céu da Noite: Não se preocupe, Estrela de Leopardo, conseguiremos alimentar nosso clã independentemente do que tivermos que enfrentar.

—Estrela de Leopardo: Espero que sim, mas, por enquanto, descansem. Precisarão de forças para o quer que nos espere do outro lado. (Falou se retirando).

        As recém nomeadas partiram para a toca dos guerreiros, Céu da Noite estava determinada a fazer o possível, e talvez até o impossível, para ajudar seu clã, já Pelagem de Carvão apenas se limitava a admirar tamanha dedicação da companheira, sabia que seu trabalho era proteger o Clã do Rio agora, mas o Clã do Trovão ainda lhe soava como seu verdadeiro lar. Não sabia mais em qual deles devia depositar sua lealdade.

        A guerreira de olhos azuis se deitou em ninho e convidou sua amiga a se juntar a ela com um aceno de cabeça acompanhado de um sorriso, Pelagem de Carvão não hesitou em aceitar o pedido, pois se tinha uma coisa que não trocaria por nada nesta vida, com certeza era Céu da Noite, sua melhor e mais confiável amiga do Clã do Rio.

        A jovem de olhos roxos sentia falta de Coração de Cinzas, normalmente era ela quem a dava apoio e se mantinha ao seu lado o tempo todo, até a ensinou alguns movimentos de luta mesmo sabendo que ela não precisaria, mas a guerreira cinza azulada insistia que era apenas por precaução, mais uma coisa que ficou sem fazer muito sentido na mente de Pelagem de Carvão.

        A gata de olhos roxos virou a cabeça para olhar para sua colega, que já dormia, estava com a cauda totalmente colada em seu corpo, escondendo suas patas, e as orelhas meio apontadas para baixo, até parecia um filhote recém-nascido. Pelagem de Carvão não pôde deixar de achar essa cena muito fofa, mas era exatamente o fato de Céu da Noite estar dormindo que a deixou aliviada, até porque era isso mesmo que ela queria.

       Sentindo que era a sua chance, Pelagem de Carvão saiu do acampamento e correu rumo ao território do Clã do Trovão, na esperança de chegar lá antes de Estrela de Leopardo chamar os guerreiros para a invasão, Pelagem de Carvão faria a parte dela, então tinha que fazer tudo bem rápido para não ser descoberta.

        Correr pela floresta foi fácil, mas atravessar o rio foi um desafio, a correnteza estava forte, por mais que suas habilidades de natação não fossem ruins, Pelagem de Carvão teve dificuldades para manter a cabeça acima do nível da água e não se afogar.

        Já estava do outro lado da fronteira, atenta aos cheiros e sons, e por já ter sido aprendiz de Estrela de Fogo e Poça de Folhas, conhecia vários caminhos que podia seguir para chegar ao acampamento mais rápido, o problema seria se trombasse com algo indesejado.

        Corria pela floresta com toda a força, estava quase no acampamento do Clã do Trovão, até que acabou esbarrando em alguém e caindo para trás, ergueu o olhar e viu que era uma patrulha do Clã do Trovão, nela estavam Nariz de Baga, Chama de Leão e Coração de Cinzas.

—Pelagem de Carvão: Pessoal, vocês tem que voltar pro acampamento rápido, o Clã do Rio vai invadir o território do Clã do Trovão no sol a pino! (Afirmou ofegante).

—Nariz de Baga: E por que acreditaríamos em você, traidora?

—Pelagem de Carvão: Você acredita em mim, não é, Coração de Cinzas? (Questionou esperançosa).

        A guerreira cinza azulada manteve os olhos fixados no chão por um momento, raciocinou por um segundo e logo falou:

—Vamos avisar Estrela de Fogo, ele decidirá o que fazer. (Falou aos seus companheiros de patrulha). E você deve voltar ao seu território agora, desculpe, mas, querendo ou não, estamos uma contra a outra desde que escolheu se juntar ao Clã do Rio. (Falou em tom seco para a guerreira negra).

—Pelagem de Carvão: Certo. (Falou num tom triste enquanto se virava para refazer o caminho de onde veio).

[...]

       Já de volta ao acampamento do Clã do Rio, Pelagem de Carvão pensava na tamanha sorte que teve por ter voltado a tempo, dessa vez tivera tempo de avisar, mas também sentia uma ponta de culpa por estar colocando seu clã atual em desvantagem, já que precisavam de presas o quanto antes, além disso, ela mesma poderia morrer pela falta de alimento.

       Não sabia mais se sua lealdade estava no Clã do Rio ou ao Clã do Trovão, seu coração estava dividido, e depois do tratamento que recebeu de seus ex-colegas de clã, não sabia se poderia ainda chamá-los de família.

        Ainda estava permitindo que suas pernas descansassem quando Estrela de Leopardo chegou ao seu lado, claro que a líder estranharia o fato de Pelagem de Carvão estar ofegante, meio molhada, com as patas meio tremendo e estar jogada do lado de fora do berçário como um pedaço de presa morta.

—Estrela de Leopardo: Você está bem, Pelagem de Carvão?

—Pelagem de Carvão: Sim. Por que a pergunta? (Falou se fazendo de inocente).

—Estrela de Leopardo: Pra começar, pela situação do seu pelo. (Falou apontado com a cauda). E você parece sem fôlego.

—Pelagem de Carvão: Eu fui até o rio para beber água e acabei caindo, demorei um pouco para conseguir voltar pra terra firme. (Falou ofegante).

        A líder não pareceu ter se convencido muito com a resposta dada, mas deu de ombros e se retirou após convocar a guerreira negra para se juntar ao grupo da invasão.

        A patrulha de invasão era composta por Estrela de Leopardo, Pé de Bruma, Pelagem de Carvão, Pé de Seixo, Pele Cintilante, Céu da Noite, Pelo de Pinheiro e Pata de Tordo. Os oito gatos trotavam juntos rumo a ponte dos Duas Pernas, já que Estrela de Leopardo achou melhor não arriscar atravessar o rio neste momento.

       Pelagem de Carvão esperava que seu aviso ao Clã do Trovão tivesse adiantado de alguma coisa, além disso, ela mesma faria o que pudesse para que não houvesse tanto sucesso nessa caçada, poderia fingir que tinha perdido uma presa ou dar um alarme para fugirem mesmo não havendo nenhum gato do Clã do Trovão por perto, ou algo assim.

        Todos torciam para que nenhum Duas Pernas estivesse passando, seria só mais um problema para eles. Faziam o mínimo de barulho possível, cada movimento deveria ser minimante calculado, seus passos deviam ser leves. A última coisa que queriam era que fossem pegos.

—Estrela de Leopardo: Pelo de Pinheiro, Pata de Tordo e Pé de Bruma ficarão de vigia, o resto de nós irá se concentrar nas presas, mas caso encontrem qualquer cheiro estranho no ar, deem o alarme e sairemos o mais rápido possível. Nada de usar a força bruta hoje. (Explicou após atravessarem a ponte).

         As duas guerreiras e o aprendiz se posicionaram para ficar vigiando, ouvidos atentos e narizes erguidos, Pelagem de Carvão torcia para que Estrela de Fogo enviasse pelo menos uma patrulha para aquela região, não dava para ter certeza de que viriam mesmo após seu aviso, mas o que queria afinal?

         Eles estavam certos, ela traíra o Clã do Trovão, além disso, por que não se juntar definitivamente ao Clã do Rio? Eles a tratavam bem, a aceitaram como uma irmã, sua vida mudara completamente para melhor, claro que poderia ter tido tudo isso se tivesse ficado junto com Poça de Folhas no acampamento naquele dia, mas se fizesse, nunca teria conhecido Céu da Noite e nunca teria entendido que os outros clãs não eram os vilões da história, eram apenas outros grupos de gatos com bocas para alimentar e que só estavam lutando para sobreviver.

         Onde estava se metendo? Já tinha abandonado e decepcionado Estrela de Fogo e seus gatos, não podia cometer o mesmo erro duas vezes, não era justo com Estrela de Leopardo, que apesar de arrogante e séria, era uma boa líder e tratava Pelagem de Carvão muito bem. Não podia fazer aquilo, precisava avisá-los da besteira que havia feito, tinha que tirá-los de lá, eles poderiam morrer, ela mesma poderia morrer.

—Pé de Bruma: Gatos do Clã do Trovão! (Gritou de repente).

         A patrulha da líder sarapintada começou a fugir para a ponte, mas foram barrados por Nariz de Baga e Chama de Leão, teriam tentado uma rota diferente se outros cinco gatos não os tivessem encurralado pelo outro lado. Não haviam mais opções, teriam que lutar, e dessa vez a guerreira negra estaria realmente defendendo o Clã do Rio, já era hora de largar esse plano de filhote de espionar outro território, era hora de crescer, era a hora de escolher o seu lado definitivo.

         Em um tique taque de coração, a batalha começou, Pelo de Pinheiro e seu aprendiz lutavam lado a lado, com a mais velha enfrentando Cauda de Castanha e o menor confrontando Folha de Azevinho. Pelagem de Carvão viu quando Nariz de Baga derrubou Pele Cintilante, e se apressou em correr em sua direção e derrubá-lo, mantendo-se sob o corpo do mais claro e pressionando sua garganta com uma pata, a fim de mantê-lo com a cabeça colada no chão.

          Se limitou em dar uma patada na cara para desestabilizá-lo ainda mais, o que contribuiu para que um arranhão surgisse no rosto dele e algumas gotas de sangue fossem espirradas no rosto da jovem. Deixando-o caído no chão, Pelagem de Carvão saiu de cima dele e partiu para coma de outro gato do Clã do Trovão que entrou em seu campo de visão, este estava atacando Pé de Bruma, quando o empurrou para longe pôde reconhecer os olhos azuis e pelo cinza azulado escuro, era Coração de Cinzas.

         A representante se levantou e se colocou ao lado da gata negra, essa seria uma luta de duas contra uma, seria injusto, até que Chama de Leão saltou ao lado da gata azulada, agora sim essa seria uma briga interessante. A azulada do Clã do Rio se lançou contra o guerreiro dourado, enquanto a guerreira negra andava em círculos com Coração de Cinzas. As duas mantendo as garras expostas, sem fazer menção de desistirem dessa luta, ambas queriam isso, queriam brigar, seria como nos tempos em que uma animada Pata de Cinzas treinava uma Fênix insegura, mas dessa vez elas tentariam mesmo se matar.

—Coração de Cinzas: Achei que estivesse do nosso lado. (Falou séria).

—Pelagem de Carvão: Eu também achava, mas encontrei meu lugar. (Respondeu no mesmo tom).

—Coração de Cinzas: Deve estar orgulhosa de si mesma. (Falou irônica). Traiu o Clã do Trovão, se juntou ao Clã do Rio, disse que nos ajudaria, mas está lutando contra nós. Como ainda tem coragem de dar as caras por aqui?

—Pelagem de Carvão: Existe alguma parte de você que pode ficar feliz por mim? Eu encontrei a minha verdadeira casa! (Falou seca). Eu ficaria feliz por você.

—Coração de Cinzas: Não somos mais filhotes, Fênix! Vamos ver o que sabe fazer. (Falou arisca antes de avançar contra a outra).

        A azulada saltou sobre a outra, a qual ergueu ambas as patas dianteiras do chão e as usou para agarrar Coração de Cinzas no momento em que se colidiram, fazendo com que rolassem pela grama grudadas uma na outra.

       Quando pararam, a gata do Clã do Trovão ficou por cima e bateu com as garras no rosto da gata negra, a outra pata acertou o ombro, logo moveu sua boca para a garganta de Pelagem de Carvão, com as presas da outra já em contato com sua pele, sentiu seu sangue jorrar de dentro do seu corpo e viu quando ele foi salpicado na grama.

        A gata negra empurrou a azulada com as pernas trazeiras e ficou por cima dela, mantendo a guerreira de olhos azuis com a barriga colada no chão, segurando a cabeça dela contra a grama com uma pata. Ainda sentia seu corpo sofrer sangramento, mas não se importou, mordeu a parte de trás do pescoço da guerreira azul acinzentada, fazendo-a urrar de dor.

        Por um momento, Pelagem de Carvão teve um flashback, imagens passaram a aparecer um sua mente, fazendo-a parar de pressionar os dentes no coro da guerreira azulada, então tudo a sua volta pareceu evaporar, os gritos de Coração de Cinzas se tornaram abafados. Essa era uma lembrança marcante para a guerreira negra.

Flashback on

—Pata de Cinzas: Vamos, Fênix. (Falou ofegante). Por que você é tão devagar?

—Fênix: Subir em uma árvore não é tão fácil, sabia? (Falou se agarrando em um galho).

—Pata de Cinzas: Você está quase lá. Não olhe pra baixo. (Falou incentivando).

       A aprendiz negra se equilibrou nas patas trazeiras em cima do galho em que estava e apoiou as dianteiras no tronco da árvore, fez menção de pular para cima, mas se desequilibrou e pisou fora do galho. Por pouco não caiu, pois Pata de Cinzas agarrou a amiga pelo cangote e a puxou para cima, o que não foi difícil já que a gata de coleira era a metade do tamanho da mais velha.

—Fênix: O que é tão importante pra que você tenha me arrastado até aqui? (Falou se recuperando do susto).

—Pata de Cinzas: Olha. (Falou apontando com a cauda).

         Fênix teve que fechar os olhos por conta da claridade que atingiu seu rosto, os abriu devagar, e avistou uma linda vista do sol se pondo, as árvores estavam com uma coloração meio avermelhada por causa da luz emitida, mas brilhavam como as estrelas, refletindo a luz através das folhas que cobriam a parte de cima de suas copas. E o horizonte possuía um céu azul escuro mesclado com dourado, laranja fogo e vermelho, as nuvens eram meio amarelas, fazendo destaques nas partes que já estavam escuras. Era lindo de se ver.

—Pata de Cinzas: É lindo, não é? (Disse sorrindo e com o olhar fixo para frente).

—Fênix: É espetacular. (Falou maravilhada).

—Pata de Cinzas: Fênix. (Chamou se virando para a amiga). Eu quero que saiba que eu sempre estarei do seu lado, você é como uma irmã pra mim, então, não importa o cenário, eu vou te proteger. (Falou calma). Eu amo você, irmãzinha.

          A aprendiz de coleira sentiu os olhos marejarem, nunca sentiu-se tão segura, e nem teve palavras para agradecer, só o que conseguiu foi colar a cabeça contra o peito da amiga e deixar que suas lágrimas de alegria e emoção molhassem seu pelo. Pata de Cinzas nada mais disse, mas Fênix pôde sentir que a amiga deu uma leve risada por causa da vibração que sentiu na garganta dela.

         Fênix devia tudo a Pata de Cinzas, ela era seu porto seguro, uma guerreira, uma irmã, uma companhia na qual a gata negra sentia firmeza, confiança e segurança. Ela então prometeu a si mesma que sempre ficaria ao lado da amiga, assim como esta havia prometido agora, sua alma e lealdade sempre pertenceriam a Pata de Cinzas, a irmã de coração de Fênix.

Flashback off

        O que estava fazendo? No que estava pensando? Mataria mesmo a própria irmã? A única que demonstrou compaixão para com Pelagem de Carvão? Não! Podia até estar com o Clã do Rio agora, mas Coração de Cinzas sairia viva daquela batalha a todo custo, a guerreira negra garantiria isso, nem que fosse a última coisa que fizesse.

—Coração de Cinzas: O que está esperando? Me mata! (Falou ofegando cansada e com dor).

        Pelagem de Carvão retirou os dentes de dentro da pele de Coração de Cinzas, ouviu quando ela gemeu um pouco por causa do sangue que escorria e a ardência dos ferimentos, inclinou a cabeça para perto da orelha dela, mas a manteve presa o tempo todo.

—Pelagem de Carvão: Eu nunca mataria a minha irmã. (Sussurrou). Fuja daqui e leve sua patrulha, ou outro gato te matará por mim. (Continuou no mesmo tom). Eu te amo, irmãzinha. (Falou com uma ou duas lágrimas teimosas saindo de seus olhos).

        Coração de Cinzas travou por um momento, seu coração acelerou, se lembrou daquelas palavras no mesmo momento em que foram captadas por seus ouvidos. Queria falar alguma coisa, qualquer coisa, um “obrigado” ou algo assim, até abriu a boca para falar, mas deixou as palavras morrerem em sua boca.

        A guerreira negra soltou a azulada, que saiu correndo da forma que podia, emitindo um miado agudo e alto para seus colegas do Clã do Trovão. Pelagem de Carvão correu para junto de seus companheiros de clã, Estrela de Leopardo fez menção de perseguir a patrulha inimiga, mas a gata de olhos roxos se moveu para frente da líder e lhe lançou um olhar de desaprovação, também negando rapidamente com a cabeça.

        A sarapintada suspirou, não tiveram tempo de caçar nada, apenas perderam mais forças e ganharam mais ferimentos, não fora como planejado, foi muito pior na verdade. Mas o fracasso não poderia derrubá-los, ainda tinham um clã para alimentar.

        Vendo que a líder ainda se recuperava de tudo o que acabara de acontecer de uma forma tensa, Pelagem de Carvão tentou confortá-la dando-lhe algumas lambidas em um dos ferimentos dela, o qual estava aberto no flanco da gata pintada e apresentava sangramento fraco. A gata negra sinalizou com a cabeça para seus companheiros para que a seguissem, se nem Estrela de Leopardo e nem Pé de Bruma estavam em condições de levar sua patrulha para casa, então Pelagem de Carvão faria.


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Notas finais do capítulo

Tem alguém vivo aí? Gente, sem brincadeira, esse ep. foi só lágrimas. Pelagem de Carvão terá muitos conflitos internos daqui pra frente.
Obrigada por terem lido.



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