Castando um Feitiço do Amor escrita por Joekull Frosti


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Toda fanfic fica melhor quando você lê à 1 da manhã, deitado na cama, ou às 6 da manhã, no ônibus, indo pro trabalho.

História inspirada pela fanfiction "White Scales", escrita por Toffyy, toopliss_chewtoy, toopliss_chewtoy_roleplays (toopliss_chewtoy) no site Ao3.

História escrita por mim para a "Hijack Week", evento que ocorre anualmente entre os fãs de Hiccup x Jack :)



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— Uau, esse lugar é enorme! – Jack disse, assim que eles chegaram. A primeira vez que ele e seus amigos falaram de ir à feira, eles viram no site que o lugar era grande, mas estar ali ao vivo... o lugar era gigantesco. Eles nem tinham entrado ainda, e já na frente do lugar havia pelo menos 100 pessoas, a maioria fantasiada.

— Bem, Jack, essa é a maior feira do país – foi a resposta de Tooth, sorrindo animada.

Eles haviam acabado de chegar na “Feira Mágica das Feiticeiras e dos Duendes”, como dizia o banner na fachada da feira. Se eles chamassem aquilo apenas de entrada não estariam fazendo jus ao verdadeiro tamanho o lugar. Para Jack, um avião poderia facilmente passar por aquela entrada, e o salão parecia um hangar de tão grande, tomado por dezenas e mais dezenas de tendas.

Ele tirou um mapa do bolso que indicava o nome e a localização de cada uma das tendas. – Vamos entrar logo, mal espero pra ver o que eles estão vendendo nessas barraquinhas – disse, sorrindo.

— E os meninos, eles não estão chegando?, Tooth perguntou, protegendo a visão com as mãos contra o sol forte e olhando em volta, como se eles fossem aparecer a qualquer minuto.

— Eles estão atrasados. Nick mandou mensagem no grupo, disse que o Aster atrasou com a fantasia de coelho. Ele, o Pitch e o Sanderson estão na casa do Aster, só esperando ele terminar de se arrumar.

— Só pra variar, atrasados como sempre – Tooth respondeu, um tom de reprovação em sua voz enquanto balançava negativamente a cabeça, mas sem parecer de fato aborrecida. – Bem, que bom que você se arrumou lá em casa comigo, senão eu estaria sozinha aqui agora.

— E por que você acha que eu quis me arrumar na sua casa? Queria chegar aqui o mais cedo possível, Jack respondeu, um sorriso maroto estampado em seu rosto.

Jack e Tooth estavam fantasiados a caráter para o evento, ambos como os seus personagens da campanha de RPG que os seis amigos jogavam juntos. Jack trajava uma bata azul marinho com detalhes brancos, desenhos que lembravam flocos de neve, e uma calça skinny marrom claro. Na cintura, sobre a bata, tinha um cinto dourado, feito de pequenas argolas de metal, com um punhal de madeira preso a ele. Nos pés, sapatos de camurça azuis, e uma capa marrom envolvendo os ombros. Na cabeça, um diadema prateado. Em seu rosto, orelhas pontudas e um sorriso travesso, como uma criança pronta para aprontar.

Já Tooth usava um vestido comprido lindo, inteiro coberto de lantejoulas coloridas, alpargatas turquesa nos pés e um par de asas transparentes das costas. Quando andava, seu vestido refletia parte da luz do sol, e ela causava a ilusão de um arco-íris se movimentando. Todos no grupo gastaram semanas fazendo suas fantasias, mas ninguém se dedicara tanto como ela. As pessoas em volta se admiravam com a roupa, e só na entrada do evento duas moças diferentes já tinham pedido para tirar fotos com ela. Jack não podia deixar de se maravilhar com a amiga, ela estava deslumbrante.

— Nesse caso, Tooth respondeu-lhe, um sorriso tão grande quanto o de Jack. – Vamos entrando!

 

~ ~ ~ ~ ~

 

A feira era imensa. Tooth e Jack passaram pelas mais variadas barracas que poderiam existir, a maioria de produtos artesanais, vendendo desde incensos e talismãs até sabonetes de ervas com o formato de dragões. Passeando ali dentro, entre centenas de outros fãs de fantasia, os dois pararam em uma barraca de bolsas e acessórios medievais. Jack se apaixonou por uma bolsa de ombro, que, segundo a vendedora, era “excelente para guardar os itens essenciais em uma jornada, feita do mais legítimo couro de dragão!”.  Ele logo a comprou, animado. A bolsa combinava perfeitamente com sua vestimenta, da mesma cor que a capa.

Depois, eles pararam numa tenda chamada de Burrinho Voador. O dono, Toninho, O Brabo, vendia cervejas e licores artesanais, “as poções mais potentes de toda a Alagaësia!”. Jack e Tooth pediram duas cervejas amanteigadas e engataram uma conversa com outro grupo de pessoas bebendo junto, rapidamente se enturmando. Antes de saírem, fizeram uma degustação de licores, e Tooth comprou um licor de zimbro com noz moscada e anis estrelado que tinha um perfume delicioso.

— Posso ter a honra de estrear sua bolsa nova e guardar a garrafa aí dentro, Jack?, ela perguntou, a garrafa embrulhada nas mãos.

— Claro, mas já aviso que se esquecer de pegar depois, ela fica pra mim – Jack respondeu com um ar falsamente sério no rosto, e os dois riram.

— Você quer ver o que agora?

Jack tirou o mapa no bolso e analisou os nomes que mais lhe interessavam – Olha, tem algumas barracas do lado de fora que a gente ainda não viu e que parecem legais.

— Você diz na entrada? Eu não vi nenhuma lá.

— Não, tem uma saída nos fundos que leva a um pátio aberto. Aqui diz que eles têm uma forja de verdade lá, eu quero muito ver isso.

— Vamos lá ver, então – Tooth disse, animada.

Andando por alguns corredores, eles chegaram à parte de trás da construção. Um par enorme de portas duplas se abria para a área externa, de onde vinha o som de metal colidindo contra metal. Os dois amigos se entreolharam, entusiasmados com o som, já imaginando um ferreiro alto e forte com seu martelo acertando uma bigorna.

Saindo para o pátio, havia algumas barracas iguais às demais, mas uma grande construção de madeira se destacava entre elas, maior que qualquer outra. Ela estava à esquerda deles, metade dela tinha uma cobertura, e a outra metade era exposta ao céu aberto. Pendurada, havia uma placa de madeira com o nome da tenda: Cavaleiros de Dragão. Nela, havia três dragões pintados, dois grandes e largos, um verde metálico e outro amarelo mostarda, e um menor, preto. Mesmo à distância, eles podiam ver o brilho vermelho da forja e a fumaça saindo, apesar do grande público envolta do lugar. Eles se aproximaram, apertando-se entre as pessoas para terem uma boa visão do trabalho que estava sendo feito.

Os ferreiros ali dentro não decepcionavam. Na verdade, eles eram exatamente como todo mundo imaginava um ferreiro. Dois homens imensos trabalhavam com típicas armas medievais europeias, ambos muito altos e largos. Enquanto um deles inseria uma espada na fornalha escaldante, o outro enfiava um machado incandescente dentro de um líquido preto, fazendo com que fosse emitido um chiado alto acompanhado de fumaça. Eles facilmente se passariam por deuses, como Marte ou Vulcano.

Jack estava admirado com o seu trabalho. O homem com o machado em mãos era bronco, parecia sólido como uma rocha, com a postura encurvada pelo trabalho. Ele tinha um grande bigode loiro e usava um capacete com chifres metálicos enormes. Jack sabia que aquilo era nada mais que ornamental, é claro, não seria prático em uma luta de verdade, mas assim mesmo adorou a inspiração viking nisso. Já o outro tinha uma enorme barba vermelha trançada, postura reta e ombros largos.

— Nossa, esses caras são demais!, Jack disse em voz alta, animado, superando o barulho de uma bigorna.

— Sim, e um deles até que é bem bonitinho – Tooth emendou, um tom sugestivo na voz.

Jack franziu o cenho e arregalou os olhos, se virando para encará-la. Ferozes? Sim. Viris? Com certeza. Musculosos, berserkers, gigantes... Jack teria aceitado qualquer um desses adjetivos. Agora, “bonitinho”? Ele sabia que o gosto de sua amiga para homens era questionável, mas isso fora preocupante.

— Qual deles é o “bonitinho”? Aquele ali que é maior que o nosso carro, ou o outro do tamanho de um urso? Não sabia que você era afim de um daddy... – Jack adicionou, em tom de zombaria.

— Ah, Jack, eles não! – Ela disse com reprovação. –Estou falando do garoto trabalhando na bigorna – ela disse, apontando com a cabeça.

Jack se virou na direção que ela indicava, e então ele viu.

Sentado junto à bigorna, estava um garoto aparentemente da mesma idade que eles. Cabelos castanhos desgrenhados, seu olhar estava focado na espada brasil à sua frente. Ele martelava a espada em cima da bigorna, dando forma a ela, o rosto suado de calor e trabalho. Sua pele branca era respingada de pintas e bronzeada, talvez das chamas da fornalha. Fazendo o movimento repetitivo, os músculos dos seus braços ficavam ressaltados.

O queixo de Jack caiu. Caraca, ele pensou, que cara gostoso. Ele era bem mais que só bonitinho. Seu rosto era suave e seu corpo magro, o que contrastava com o trabalho pesado, criando uma dualidade entre delicadeza e rusticidade. Vê-lo trabalhando era como ver um quadro ganhar vida. Jack jamais vira alguém que achasse tão atraente, assim, de primeira.

O foco de Jack ficou apenas nele. O trabalho devia ser muito exaustivo, mas o jovem continuava como se fosse algo simples, eventualmente levantando para reaquecer a lâmina ou mergulhar no líquido escuro. Jack poderia passar o dia inteiro admirando-o.

Tooth não precisou de cinco segundos para sentir a vibe gay que seu amigo estava emanando. Jack parecia que tinha esquecido a boca aberta, encarando o menino.

— Admirando a paisagem? – Ela disse rindo, com malícia na voz.

Jack piscou duas vezes, como quem saindo de um transe, e olhou para ela.

— Oi?, ele disse. Alguns segundos se passaram até ele entender o que sua amiga dissera, e suas orelhas ficaram vermelhas como o fogo da forja. Jack podia sentir suas orelhas queimando enquanto ela ria da sua cara.

— Vai lá conversar com o garoto – Ela sugeriu, incentivando-o. Ela sabia que, apesar de ser um cara extrovertido, ele ficava bastante tímido quando se interessava por alguém. – Pergunta se ele quer ajuda para dar algumas marteladas, ela adicionou, piscando.

As bochechas de Jack coraram violentamente com o tom sugestivo, e ele logo virou o rosto para longe dela, decidido a encarar outro ferreiro e ignorar o jovem bonito.

Tooth somente riu. Depois de alguns minutos, ela comentou que estava com fome, e sugeriu que eles fossem para alguma tenda que vendesse comida. Jack assentiu, com certa decepção por não ter conseguido trocar nem um olhar com o outro jovem, e eles foram.

Passearam por mais algum tempo pela feira, vendo novas tendas, mas a mente de Jack constantemente navegava de volta para a ferraria. Ele queria muito passar lá de novo para ver aquele garoto. Só de pensar nele e se imaginar conversando, Jack podia sentir seu coração martelando no peito.

— Jack, já são treze horas, o concurso de fantasias já deve estar começando – Tooth disse, animada.

Todo ano, era feito um concurso de quem tinha a melhor fantasia, original e cosplay. As pessoas subiam ao palco e aquele que recebesse mais aplausos era declarado o vencedor, com direito a uma coroa de louros e a um título.

Eles seguiram para um grande palco, um enorme grupo de pessoas já em volta dele. O tablado era largo e razoavelmente fundo, quase do tamanho de um palco de teatro. No fundo, havia um par de tronos negros imponentes, com duas figuras neles sentadas. Ao lado de um deles, havia outra pessoa, de pé. Na frente, uma moça vestida como a Feiticeira Branca.

— Olá, sejam todos bem-vindos à Feira Mágica das Feiticeiras e dos Duendes!, anunciou a Feiticeira Branca com o microfone em uma mão e sua lança gelada na outra.

As pessoas todas aplaudiram e gritaram, agitadas. Essa era, para muitos, a melhor parte da feira.

— Fico muito feliz de ser sua anfitriã na 23ª Edição do evento. Anualmente, fazemos três concursos: a Titulação de Cavaleiros e Amazonas, seguida pela Coroação da Feiticeira e do Duende e, ao final, o Melhor Cosplay.

Primeiro, teremos o desfile da Cavalaria, onde vocês escolherão a campeã ou campeão que será declarado amazona ou cavaleiro. Depois, há o Concurso da Realeza para a escolha da feiticeira e do duende que sentarão no trono real. Lembrando que não há restrições quanto ao gênero da realeza, um feiticeiro ou uma duende também podem concorrer. E por último, mas não menos importante, teremos o concurso de cosplays, do qual eu fui a campeã ano passado!

Todos aplaudiram, alguns assobiando com os dedos.

— Agora, vamos às regras! A escolha dos campeões é simples: eu chamarei todos aqueles que quiserem disputar ao palco, e vocês devem desfilar para a plebe – disse ela, apontando para a plateia – e para as Vossas Majestades – direcionando a lança para as figuras nos tronos. – Ao final, aquele que receber a maior ovação será declarado cavaleiro ou amazona!

A plateia bateu palmas e gritou, erguendo os braços no ar. Tooth e Jack se entreolharam em entusiasmados. Eles mal podiam esperar para ver as fantasias que viriam a seguir.

— Uma pena que os outros ainda não chegaram, vão perder a melhor parte – Jack falou alto para Tooth, tentando superar os gritos do povo, se referindo aos seus amigos.

Movendo os braços, a Feiticeira Branca pediu que as palmas diminuíssem para que ela pudesse ser ouvida.

— Agora, peço a todos vocês uma salva de palmas às Vossas Altezas do ano passado, Sua Majestade, A Feiticeira Caturra, e Sua Majestade, A Duende Leonora das Fadas, e à amazona do ano passado, a Guerreira Cinzenta!

Todos berraram e aplaudiram. As duas figuras sentadas nos tronos se ergueram e, de mãos dadas, caminharam para a frente do palco, guardadas pela guerreira. Jack nunca tinha visto fantasias tão bem feitas na sua vida. Aquelas fantasias eram muito bem feitas. Elas usavam próteses nos rostos e maquiagem, tudo para caracterizar suas personagens. Aquela seria uma competição de alto nível, sem dúvida.

Após se apresentaram a público, as três voltaram para o fundo do tablado, e a Feiticeira Branca chamou ao palco os concorrentes à cavalaria. Várias pessoas subiram. Pernas de sátiro, cabeças de touro, draconianos, tieflings e anões estavam entre as raças concorrentes, todos portando lanças, arcos ou mesmo bastões. Contudo, um chamou a atenção assim que subiu. Alguém com uma armadura inteiramente negra, com uma cauda e um par de asas de dragão. Essa pessoa era chamativa porque era possível ouvir o som a armadura. Era metálico, metal contra metal. Aquela armadura parecia ser cem por centro real.

Alguns dos outros competidores não conseguiram esconder suas caras de derrota, porém a maioria manteve uma expressão confiante no rosto. Aquele alguém seria competição dura, mas não seria o único.

A Feiticeira Branca anotou seus nomes e, um a um, chamou-os para desfilar no palco. Um a um, cada um deles andou até o centro e fez manobras para o público, alguns simulando atirar com suas flechas, outros fingindo atirar feitiços contra adversários invisíveis. Depois de um minuto de atuação, cada um se virava e andava até as rainhas, se ajoelhando antes de voltar para o canto do palco.

No quinto nome, ela anunciou: Apresentando-se agora, Henry Spantosicus Strondus Terceiro!

Ainda que aplaudindo com o público, Jack abafou uma risada. Que nome besta.

Foi então que o cavaleiro negro andou para frente. Sua armadura era deslumbrante, negra e reluzente como uma obsidiana. Enquanto andava, ela fazia um som metálico e, pelos movimentos aparentemente limitados que ele fazia, ela definitivamente era real. Devia ter custado uma fortuna. Ele era um draconiano provavelmente, com uma grande cauda escamosa e um par de asas coriáceas saindo da armadura, acompanhando seus movimentos como se fossem de fato extensões do seu corpo. Quando chegou no centro do palco, ele desembainhou sua espada e apertou um botão na bainha.

O queixo de Jack caiu aberto pela segunda vez no dia, junto de metade das pessoas em volta. Assim que ele apertou aquele botão, sua espada entrou em chamas, labaredas percorrendo toda a extensão da lâmina. A arma parecia uma língua de fogo viva. As pessoas urravam extasiadas, e o cavaleiro fez uma demonstração de uma série de golpes, usando a espada contra inimigos invisíveis. A lâmina parecia viva na sua mão, e seus movimentos era rápidos e precisos, mais rápidos do que Jack achara possível pelo peso de uma armadura. Essa pessoa parecia um guerreiro de verdade.

Depois de um minuto ou dois de exibição, ele apagou sua espada e voltou a embainhá-la. Se curvou para o público, recebendo mais uma salva de palmas, e se voltou às rainhas ao fundo do palco. A guerreira de pé ao lado delas tentava sustentar um olhar neutro, mas deixava escapar uma expressão de contentamento, enquanto que as rainhas ambas pareciam muito impressionadas.

Ao se aproximar, o cavaleiro negro fez seu último truque. Ajoelhando-se, ele abriu seu par de asas coriáceas. Com o som de ar se deslocando rapidamente, elas se abriram. Duas asas enormes e negras como as de um dragão se abriram para o público, escondendo as rainhas de vista na sua sombra descomunal.

A multidão foi à loucura. Nem Tooth, nem Jack tinham visto algo tão incrível. Ele parecia quase saído de um livro de tão real.

Após a sua apresentação, a maioria dos demais concorrentes parecia abatida. Suas fantasias continuavam ótimas, é claro, mas nada se comparava com o que o “Henry”, conforme ele se apresentara, havia feito. Após as demais apresentações e uma ligeira avaliação das ovações, a Feiticeira Branca declarou a vitória.

— É com imenso prazer que proclamo campeão entre os campeões deste ano, Henry Spantosicus Strondus Terceiro!

Todos aplaudiram e gritaram. As três figuras ao fundo do palco se aproximaram para o centro, assim como o vitorioso. A Feiticeira rainha se virou para sua guerreira, que lhe ofereceu sua própria espada, e depois se voltou para Henry.

— Tire seu elmo, jovem mestre, e ajoelhe-se.

Ele assim fez, revelando seu rosto pela primeira vez. Escamas negras foram pintadas nas laterais do seu rosto e no pescoço, emoldurando-o. Ele usava lentes escleras verdes e de pupila vertical, dando-lhe um aspecto selvagem. O homem parecia um dragão selvagem, e Jack sentiu uma pontada se excitação vendo-o. Todos aqueles movimentos com a arma e mais o rosto pintado com a fantasia completa, era tudo muito atraente, aquilo despertava algo primitivo dentro dele.

— Jack, – Tooth gritou, se virando animada para ele – é o garoto da oficina de ferragem!

Mais uma vez, a boca de Jack abriu, chocado. Talvez ele só devesse deixa-la assim até o final do evento. Era verdade, era mesmo o garoto ferreiro. Jack já o tinha achado lindo antes, mas agora? Seu coração batia com força contra o peito, quase escapando, chegava a machucar. Ele precisava urgentemente conhecer esse menino, antes que a adrenalina no seu corpo o matasse.

Henry se ajoelhou, e a Feiticeira rainha falou, em alto e bom tom para ser ouvida por todos, com a espada sobre o ombro dele:

            Nesta, nomeio vossa mercê Lorde Henry Spantosicus Strondus Terceiro, Cavaleiro das Perversas e dos Feios, membro da Corte das Almas Perdidas deste Reino das Bruxas e dos Duendes. Erga-se, cavaleiro, que vossos feitos sejam de horrendos prodígios!

Ao se erguer, a Feiticeira Branca lhe pôs uma coroa de louros sobre a cabeça, e a guerreira se ajoelhou a sua frente, passando seu cargo adiante. Foi falado ao microfone que, dali a um ano, ele seria convocado para o próximo evento, quando seria a sua vez de passar o cargo adiante.

Depois disso, foram feitas as próximas apresentações, com novos vitoriosos, porém Jack já não conseguia mais prestar atenção. Tudo o que ele via era o cavaleiro no fundo do palco. Ao final, todos os escolhidos tiraram fotos solos e em grupo, destinadas ao site do evento, e deixaram o palco.

— Vamos, Jack – Tooth disse, animada. – Quero conhecer esse tal de Lorde Henry.

Jack gemeu, num tom de insegurança. Ele podia sentir suas orelhas quentes e as bochechas pegando fogo. De repente, ele esqueceu onde estava a sua voz.

Tooth, revirando os olhos, gentilmente pegou no seu antebraço e o puxou até a escada do lado do palco, onde o outro garoto estava. Havia várias pessoas envolta dele, tirando fotos e apertando sua mão. Eles esperaram alguns minutos até o grupo se diluir, encostados na parede ao lado do palco, e Tooth se apresentou.

— Oi, muito prazer! Parabéns pela apresentação, você foi incrível – ela disse, um sorriso alegre e genuíno no rosto.

— Obrigado – o garoto respondeu, sorridente.

— Eh, uhm hum, parabéns pela coroação, você foi foda – Jack falou, tossindo um pouco para fazer sua voz voltar. Infelizmente, ela soou esganiçada, e ele sentiu o estômago enrolando. Péssima primeira impressão, ele pensou.

O outro garoto se voltou para ele. Seus olhos vagaram pelo rosto de Jack, admirando cada detalhe, dos cabelos brancos bagunçados às orelhas élficas pontiagudas. Ele tinha uma queda por fantasias de orelhas pontudas. Continuando a avaliar seu rosto, ele alcançou os olhos, de uma cor que ele nunca vira. Azuis como gelo, mas emanando um calor acalentador que combinava com o sorriso.

Que cara lindo!, ele pensou.

— O- obrigado – ele disse, recuperando o fôlego. Sua respiração parecia ter parado, mas ele só percebera agora. Ele estendeu sua mão para Jack, e os dois fizeram um aperto de mãos em um movimento meio desajeitado, sem desviarem o olhar.

Tooth olhou de um para o outro, rindo internamente. Seu trabalho ali estava feito. Ela sacou o celular do bolso para dar espaço para eles, vendo suas notificações. Fingindo estar distraída, foi se sentar na escada do palco.

— Ah, sério, eu nunca vi uma fantasia tão linda – Jack falou, coçando sua nuca e olhando para o lado. Puxar assunto parecia inexplicavelmente difícil.

— Obrigado, seu elogio significa muito pra mim, eu gastei meses fazendo ela – O outro respondeu, corado.

Jack arregalou os olhos, surpreso, e voltou a olhar com atenção para o traje. Ele mesmo fizera aquilo? Era um trabalho incrível. Vendo de perto, o traje tinha ainda mais detalhes. Havia mesmo marcas de desgaste, com tiras de couro meio gastas entre outras novas, mas todas as placas de metal estavam reluzentes. Ele provavelmente retocara a pintura antes do evento.

— Nossa, que fantástico, você é um ferreiro muito bom mesmo! – “Esse cara é lindo E talentoso”, Jack pensou. Pouco a pouco recuperando seu senso de humor, Jack se curvou exageradamente, fazendo um grande manejo com a mão, e adicionou – Parabéns pelo título, Lorde Henry. Espero grandes feitos de vós mercê.

— Hahaha, muito obrigado, – o outro riu, vendo o sorriso de Jack. –, mas Henry soa muito sério, pode me chamar de Soluço. Eu sei, é um apelido idiota, mas me deram quando eu era pequeno e meio que pegou. Pode me chamar de Henry também, se preferir.

— OK, então, Soluço. Prazer, sou o Jack – ele respondeu. Era um apelido fofo, não parecia combinar com o cara sexy à sua frente, mas Jack preferiu chamá-lo assim. Era mais fácil de ignorar o quão gostoso ele era com um apelido engraçado.

Jack voltou a observar a armadura do outro. Ela era mesmo muito bem feita, cada placa metálica refletindo a luz do teto.

— Se quiser, pode tocar – Soluço disse, interrompendo os seus pensamentos. Ele devia estar encarando para o outro fazer a oferta.

— Obrigado – Jack falou, engolindo em seco. Ele estendeu seu braço e passou a mão pelo braço estendido do outro. O metal era gelado ao toque, liso. Jack passou sua mão por ele, sem sentir nenhuma imperfeição. Soluço havia feito um trabalho excelente. – Nossa, como é duro.

Soluço sentiu suas bochechas esquentarem. Aquele garoto era lindo, e ele comentar sobre sua armadura ser dura enquanto a esfregava lhe causou um formigamento inferior. Graças a todos os deuses, sua armadura cobria sua virilha.

Jack se arrependeu assim que abriu a boca, morrendo de vergonha. Era óbvio que aquilo tinha soado estranho.

— Digo, o metal, como é duro. Claro, né, é um metal. Toda essa roupa deve ser muito pesada – Ele respondeu, vermelho.

— É um pouco, na verdade. O que mais pesa são as asas, eu preciso ficar um pouco curvado pra frente, senão perco o equilíbrio.

— Aquela hora que você abriu elas foi, uau, foda demais! Como você fez tudo isso? – Jack perguntou, os olhos brilhando como uma criança.

Soluço riu.

— Fala disso? – Soluço falou, e suas asas abriram. De perto, elas eram ainda maiores.

Jack ficou impressionado, e passou a mão por uma delas, sentindo sua textura. Ela talvez fosse feita de outro material do que couro, mas a textura era a mesma.

— Legal, né? – Soluço disse ao seu lado.

Jack se aproximou para tocar nas asas. Os dois estavam bem próximos, menos de um metro entre si. Com Jack de costas para a parede, Soluço criou um pequeno espaço privado apenas para os dois quando abriu suas asas, protegendo-os de outras pessoas.

Eles se encararam, sem desviar o olhar. Soluço tinha um olhar selvagem, quase felino, duas fendas verticais fixadas em Jack. Jack se sentia como uma presa sob o seu olhar, mas o sustentou. Coberto pela sombra das asas de Soluço, ele se encontrava protegido, os dois em um espaço íntimo seu. Criando coragem, Jack se aproximou, pondo uma mão sobre o tórax do outro.

— Você tem olhos verdes lindos, Soluço – Jack sussurrou, um leve sorriso no rosto.

— E você tem olhos azuis lindos como o céu, meu príncipe – Soluço devolveu o elogio, a voz baixa e rouca, passando um braço pelas costas de Jack.

— Como sabe que meu personagem é um príncipe?

— Somente alguém da realeza poderia ser assim tão lindo – ele falou, um sussurro no ouvido de Jack. Jack sentia as pernas derretendo com o elogio. – Depois, você está usando uma coroa – Ele complementou, fazendo o outro rir de leve.

— Oh, isso? É um diadema.

— Fica lindo em você – Esfregando sua mão com um carinho nas costas de Jack, Soluço perguntou – Será que eu poderia te convidar para dar uma volta pela feira depois?

— Eu adoraria – Jack respondeu, sorrindo feliz, mas descrente. Ele não podia acreditar que um cara lindo desses tinha chamado ele para sair.

— Legal, só preciso passar na minha tenda primeiro e me livrar disso. – disse ele, se referindo à fantasia. – Você não tem noção de como é quente. Quer vir junto?

— Claro, vamos. Só vou falar com minha amiga primeiro.

Antes de Soluço fechar suas asas de novo e soltar o outro do seu abraço, Jack esticou o pescoço e lhe deu um selinho na bochecha. Soluço ficou vermelho como um tomate, e Jack decidiu que aquela cor ficava perfeita nele. Asas fechadas, Jack se afastou de Soluço e se voltou para Tooth, que o encarava com um olhar quase obsceno.

— Olha só, eu me viro por um minuto e vocês já estão se enturmando – Ela disse com um tom de voz divertido. Jack nem tentou disfarçar o vermelho do rosto, ela sabia ler todas as suas emoções.

— Ele me chamou para “dar um volta”. Você vai ficar muito chateada se eu for com ele?

— Claro que não, aproveita. Os meninos mandaram mensagem faz alguns minutos dizendo que já chegaram. Eu vou lá na tenda-taverna encontrar eles e a gente vai beber umas cervejas amanteigadas, mas você pode acompanhar Lorde Henry até a ferraria.

— Na verdade é Soluço.

— Awn, que fofo, vocês já têm apelidos de casal? – Ela disse, provocando.

Jack sentiu as orelhas fumegando.

— Desculpa, não quero estragar o clima entre vocês – Ela disse, em tom apaziguador. – Vai lá se divertir. Aproveita e estreia aquela garrafa na sua bolsa, depois compro mais uma.

— Obrigado!

Jack e Tooth se abraçaram, e cada um seguiu para um direção diferente.

Jack e Soluço foram até a forja, conversando todo o caminho. Ele falaram sobre suas fantasias. Soluço contou como foi trabalhoso forjar cada uma das peças de metal, enquanto Jack falava da campanha em que ele participava como um príncipe semielfo. No final, puxar assunto foi ficando mais fácil.

Chegando na forja, Soluço entrou e foi para os fundos junto do ferreiro com o bigode louro, provavelmente para ajudar a tirar sua armadura. Ele ficou por lá por uns 15 minutos. Quando saiu, usava apenas uma camiseta lisa verde e uma calça marrom. As únicas peças que restavam da sua armadura eram uma cota de malha sobre a camiseta, a espada na algibeira e a coroa de louros que ele ganhara.

— Gostei da cota de malha, fica bem em você – Jack disse, admirando-o. De fato, ele ficava lindo com ela, parecia um cavaleiro.

— Obrigado, meu pai quem fez. Uso pra fazer propaganda da ferraria.

— Caramba, seu pai é um artesão incrível, os aros dessa cota são tão pequenos! – Jack disse, admirando-a de perto. Curioso, ele também perguntou – Vocês trabalham nisso como um hobby?

— Oh, não, é trabalho integral – Soluço respondeu enquanto eles caminhavam sem uma direção específica. – Nós recebemos muitos pedidos do país inteiro. Você não tem noção de quantas pessoas querem armas, armaduras ou ferraduras artesanais. Fazem bastante sucessos nas feiras.

— Imagino, você faz uma excelente propaganda com a sua armadura. Fica lindo nela – Jack disse, ganhando confiança.

Soluço ficou corado, mas respondeu à altura:

— Não tão lindo quanto você com suas orelhas de elfo.

Foi a vez de Jack corar.

Os dois continuaram com sua conversa amigável, trocando alguns flertes, mas verdadeiramente querendo saber mais um do outro. No final, eles tinham várias coisas em comum. Ambos curtiam jogos de RPG, os dois gostavam de livros de fantasia medieval, e sua estação favorita era o inverno. Para Soluço, a forja na sua casa parecia um coração durante o frio do inverno, um lugar quente no meio do gelo. Para Jack, o inverno era perfeito para fazer guerras de bolas de neve. Prioridades.

Eles sentaram em um banco desocupado próximos da sombra de uma árvore, apenas alguns raios de sol passando por entre suas folhas. Jack pegou sua bolsa e tirou o licor de dentro dela.

— Você bebe? – Ele disse, oferecendo a garrafa.

— Claro.

Jack abriu a garrafa e deu um grande primeiro gole. A bebida tinha um perfume saboroso, mas o gosto era muito forte. Ele fez uma careta e a ofereceu.

— Espero que não se importe que coloquei a boca no bocal – Jack falou, estendendo a garrafa para Soluço.

Soluço sorriu e bebeu algum gole. Um pouco escorreu para seu queixo, mas ele lambeu os lábios e logo limpou o queixo com as costas da mão.

— Sabe, isso conta como um beijo indireto – ele disse, fingindo um tom sério na voz – É basicamente como se eu tivesse te beijado agora.

— Oh, não! – Disse Jack, fazendo um teatro – Nosso primeiro beijo, gasto assim, com uma garrafa. Que sacrilégio! O que falaremos para nossos netos, Soluço?

O outro riu alto, uma risada contagiante, daquelas que fazem os outros rirem juntos. Jack riu com ele, se divertindo. Ele queria ouvir Soluço rindo mais vezes.

— Bem, não é porque o primeiro beijo foi ruim que o segundo tenha que ser também. – A voz de Soluço tinha uma entonação convidativa, e Jack estampou um sorriso bobo no rosto. Soluço estava apaixonado por aquele sorriso, não queria deixar de vê-lo nunca.

— E o que você tem em mente? Será que dessa vez você bebe direto da garrafa e eu bebo depois?

Soluço riu de novo, aproximando-se dele. Os dois mantiveram seus olhares conectados, admirando-se mutuamente. Jack estendeu nervosamente sua mão até o outro, que a pegou e entrelaçou seus dedos. Chegando mais perto, Soluço ficou frente a frente com Jack, seus narizes quase se tocando, e pôs gentilmente um selinho em seus lábios.

— Sabe, - ele sussurrou, a voz suave junto à boca de Jack – eu já tinha te achado bonito antes, mas de perto você é ainda mais lindo.

Jack entrelaçou seus braços em torno do pescoço dele, acariciando a sua nuca com uma das mãos.

— Digo o mesmo, Sir Henry.

Os dois sorriram, e Jack beijou-o de novo, dessa vez abrindo sua boca e permitindo a passagem da sua língua. Foi um beijo calmo, descobrindo o outro. Soluço tinha lábios macios, bastante mordíveis na opinião de Jack, e um sabor viciante. Já Soluço adorava como Jack era dominante do beijo, ele o beijaria a tarde toda. Foi um beijo longo e gentil, Jack com uma mão na nuca de Soluço, e o outro acariciando seus dedos entrelaçados. Um príncipe e seu cavaleiro, beijando-se sob a sombra de uma árvore frondosa em um dia de sol. Um transeunte que os observasse veria um lindo quadro renascentista ganhando vida.

Eles se separaram, arfando. Definitivamente o melhor primeiro (ou seria segundo?) beijo de suas vidas.

— Você pode sempre contar comigo, Sua Alteza – disse Soluço, entrando no personagem de cavaleiro. – Estarei sempre aqui para você.

— Obrigado, Lorde Henry, me sinto seguro com vossa presença – Jack disse, a voz quase um ronronado.

— Não se preocupe, jovem príncipe élfico, eu serei seu cavaleiro jurado – e, esticando o pescoço, cobriu o rosto de Jack com beijos suaves.

Soluço deu outro gole do licor, e colocou cuidadosamente a garrafa no chão. Mexendo num dos bolsos da calça, ele tirou um embrulho dela, pequeno, de papel azul.

— E- eu sei que acabamos de nos conhecer, nem sequer tenho seu zap ainda, – Soluço tentou parecer casual, mas deu uma gaguejada na primeira palavra. Jack achou aquilo muito fofo. – mas gostaria de te dar isso.

Os olhos de Jack se iluminaram – O que é?

— É um presente, abre.

Jack pegou o embrulho das mãos do outro e o abriu, tomando o cuidado de não rasgar o papel. Ao abri-lo, havia um floco de neve.

— É um pingente – Soluço falou. – Às vezes eu fico entediado e gosto de entalhar na madeira. Enfim, eu fiz esse floco de neve e pintei de branco um dia desses, e depois vi sua roupa com os desenhos de floco de neve, e achei que você poderia gostar – Ele falou tudo em um segundo, muito nervoso. Coçando sua nuca e olhando para o lado, o rosto vermelho, ele esperava não estar sendo muito afobado dando um presente logo de cara.

Jack se esqueceu de como falar. Aquele presente era lindo, o outro havia acertado em cheio. Ele pegou-o do embrulho e prendeu ao pescoço. Combinava perfeitamente com sua fantasia. Voltando-se para Soluço, ele apertou sua mão, chamando sua atenção. O outro o olhou nos olhos que o observavam com pupilas dilatadas.

— Esse é o presente mais lindo que eu já ganhei – ele disse, e beijou Soluço, apaixonado.

— Fico feliz que tenha gostado – Soluço falou entre beijos. – Então, tudo bem se eu pegar seu número?

— Hahaha, claro – Jack disse, sorrindo. – Mas já aviso que vou querer outro presente entalhado no próximo encontro.

 Soluço riu, antes de responder – Pode deixar, eu tenho outras coisas entalhadas na minha oficina. Que tal um cajado com gelo pintado nele? Acho que combinaria com seu personagem.

Jack sorriu radiante, e assim os dois passaram toda a sua tarde.

No final, Soluço precisou voltar para a tenda, para arrumar tudo, e Jack foi encontrar seus amigos para ir para casa. Não sem antes trocarem alguns beijos de despedidos, claro. Durante todo o caminho da volta, Jack foi apertando o colar contra o peito. Ele mal podia esperar para ver Soluço de novo.


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Notas finais do capítulo

Bem, minha primeira fic :D

Vou dizer que foi bem daora escrever.

Sinta-se livre para deixar um comentário, se der vontade. ^-^



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