A Second Chance To Love You escrita por ThuannyBRibeiroo


Capítulo 1
Capítulo único: Uma Segunda Chance


Notas iniciais do capítulo

Olá, novo e antigo leitor!
Para os que já leram a fic, descobri uma divergência na postagem da fic aqui pelo Nyah! e já foi consertado esse erro!
Para os novos, espero que gostem e tenham uma boa leitura!
Thu



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/804899/chapter/1

São 2:00 da manhã em Forks e eu estou sozinho. Acabei de chegar para meu turno no hospital. Estou meio perdido nos meus pensamentos, como sempre fico quando o hospital tá sem muito movimento. Eu pego um pouco desse tempo para sentar e respirar um pouquinho do ar gelado daqui. O hospital fica acima do nível das estradas que passam por aqui. Dessa parte do hospital eu consigo ver a estrada expressa em direção a Port Angeles e a outra que vai em direção às outras cidades, como Seattle. Pela via expressa, vejo alguns estabelecimentos e residências. Alguns carros passavam, em velocidades distintas em direção a seus destinos. Um pouco mais além, posso enxergar o lugar onde a minha vida mudou completamente. A Forks High School.

Dei um sorriso. Toda vez que eu venho até aqui e vejo a escola, volto a ter 17 anos e me lembro de todas as coisas e acontecimentos que vivi naquela instituição. Me lembro da formatura, das aulas, dos meus irmãos, do refeitório... e das festas.

E era aí que eu sempre parava de me lembrar… por que a única festa que eu fui foi o baile de primavera. Ao olhar pro ginásio, me vem à cabeça o papel crepom desbotado pelo excesso de uso, os pisca-piscas iluminando, mesmo que levemente, os casais que dançavam músicas lentas no meio da pista de dança…

E aí eu me lembrava do meu par. Meu primeiro e único amor…

Chega, Edward. Me deixe ir. Por favor…

— É, Edward… Chega— Abaixei a cabeça e trinquei os dentes. Não queria ser tomado por aquela onda de dor de novo. Ela sempre me levava para lugares profundos e me fazia eu me sentir…

Vazio. Como se meu coração tivesse sido levado pra bem longe de mim.

Respirei fundo dessa vez e tentei sair dessa dor sozinho.

Mas foi o som da ambulância chegando que me salvou dessa vez.

Ajeitei o jaleco branco que tinha bordado em seu bolso direito a frase "Dr. Edward Cullen - Clínico-geral e Cirurgião " e fui até a recepção, ao invés de ir até a entrada leste, onde chegam os pacientes nas ambulâncias.

Tanya, a enfermeira ruiva que faz parte da equipe desse turno, estava encostada no balcão.

— Tanya, o que aconteceu? — perguntei.

— Um acidente em plena terça. Três carros e uma moto. Um motorista perdeu completamente o controle e trocou de pista, batendo nos carros que estavam na via inversa.— Tanya respondeu, me conduzindo até o corredor de entrada e saída de ambulâncias.

— Droga. Muitos feridos?

— Na verdade, o motorista desse carro que perdeu o controle morreu lá mesmo. Estava sozinho. O outro carro conseguiu frear e ninguém se machucou gravemente. O cara da moto só se arranhou.— Disse ela.

— E o outro carro?

— Edward, seu pai não quer que você se meta nesse caso dessa vez. Ele disse que foi grave demais e que você pode…

— Quê? Tá me dizendo que meu pai acha que eu sou incapaz de fazer meu trabalho?

— Você acabou de se formar e já fez bastante coisa. Ele acredita que você precisa ir com calma…

— Mas e se eu não quiser ir com calma? Eu quero pegar esse paciente! Meu pai está cheio de pacientes marcados pela manhã e eu acabei de chegar!

Tanya suspirou.

— Eu vou avisar a ele que você quer fazer parte disso— Ela colocou a mão no meu ombro. — Mas, por favor… Seja forte, tá?

Assenti e ela foi para a ala emergencial.

Ela me disse pra ser forte.

Mas por quê?

Agora são 3:05 da manhã e eu já estava organizando o que eu iria fazer.

Alice, minha irmã e neurologista, disse pra mim a mesma coisa que Tanya disse pra mim há algum tempo atrás, mas pelo menos ela concordou em me ajudar nessa.

— Acho que papai sabe de algo que poderia assustar você. Por isso que ele não quer que você se envolva nisso.

— Desde que eu ouvi a sirene da ambulância, eu me senti submerso naquilo…

— Você ainda não superou? — Alice perguntou, agora preocupada.

Fiquei em silêncio.

— Edward, por favor. Me conta o que realmente…

— Vamos focar no nosso trabalho agora, tá? Não quero falar disso agora —Comecei a caminhar em direção aos quartos do setor laranja, onde ficam os pacientes graves. Alice me seguiu, sem dizer uma palavra.

Quando chegamos no corredor dos quartos, eu vi uma pessoa que me fez gelar.

Charlie, ou o chefe de polícia Swan da pacata cidade de Forks, estava junto de Carlisle e eles estavam conversando. Charlie parecia desesperado.

Quando me aproximei com Alice, ele ficou branco. Olhar nos olhos dele me lembrava…

— Edward, você está tremendo.— Alice tentou me segurar.

Quando eu percebi eu já estava indo até eles dois.

— O que aconteceu? — perguntei, agora mais frio do que nunca.

— O que você está fazendo aqui?! — Charlie ficou um pouco… enfurecido?

Se existia uma ficha, estava tomando ciência dela agora. E ela estava prestes a cair.

Pra Charlie estar tão preocupado, meu pai e Tanya estarem me impedindo de cuidar desse caso…

Não.

Olhei pra porta do quarto e sabia que não tinha ninguém ali dentro além da própria vítima do acidente - afinal, papai gosta de examinar os pacientes sozinho.

— Eu já sei o que está lá dentro. Não precisa esconder de mim.

Charlie olhou para Carlisle, como se pedisse algum apoio. Charlie nunca teve nenhum ressentimento comigo. Ele sempre achou que eu era o cara certo e eu sempre fui respeitoso com ele. Nos daríamos bem se…

Chega, Edward… Me deixe ir. Por favor…

— Não posso deixar você ir— sussurrei pra mim mesmo.

Não posso.

Fui até a porta e entrei em um segundo.

E a ficha caiu.

Meu coração parou de bater e minha respiração deixou de existir.

A vítima grave do acidente era ela. E eu sabia o nome dela de cor.

Bella Swan.

Aquela que levou meu coração junto com ela. O meu primeiro amor.

E ela estava aqui, completamente sedada e afundada em sua própria inconsciência, a pele pálida que eu achava linda e macia, cheia de cortes e ferimentos graves. Os batimentos do seu coração estavam baixos, como se ela dormisse.

— Bella, eu… — Cerrei os punhos. Talvez, se ela não tivesse ido embora, se não tivéssemos brigado por uma coisa tão idiota, se tivesse feito ela ficar, se tivesse dito as palavras certas na hora certa, você não estaria aqui, praticamente morrendo.

E eu estou aqui, ferido, agora muito mais ao ver você assim.

Mas também estou aqui pra ser o único que pode cuidar de você, só pra ter você viva.

E pra voltar a ser seu, te dizer que me arrependi de tudo que eu disse e fiz. Assumir que fui um idiota por ter prendido você, ter sido ciumento demais, quando o que eu mais queria era que você ficasse comigo. Se você não me quiser mais, eu vou entender.

E por ter ido longe demais, você me deixou. Te machuquei demais.

Mas eu vim dizer que me arrependo. Que amar é muito melhor do que ter razão, às vezes.

Eu te amo.

E vou deixar você viva.

Nem que eu tenha que te dar meu coração em troca da sua vida.

Caminhei até a sua cabeça e dei um beijo leve na parte sem curativos na testa dela.

— Eu vou cuidar de você. Prometo.

Fui até a porta, onde Alice, Charlie e Carlisle me esperavam, assustados.

— Onde está a ficha? Sou eu que vou cuidar dela.

Eu estava com Charlie, dentro do quarto onde Bella descansava.

— Fico grato por você cuidar dela, Edward— Charlie disse, agora um pouco mais tranquilo que o comum..

— Faz parte do meu trabalho, . A propósito, não iria deixar nenhum outro médico, além do meu pai e Alice, cuidarem dela. — Dei um sorrisinho discreto. Pedi a meu pai que me deixasse tomar conta de tudo, que eu só precisaria de Alice, Tanya e talvez, Emmett, meu irmão ortopedista que ainda não tinha chegado.

Carlisle me contou que, de acordo com a dose de analgésicos e sedativos que haviam sido injetados em Bella, para que ela não sentisse dores desnecessárias, só acordaria de manhã. Isso me daria tempo pra cuidar dos ferimentos mais leves, como esse corte no supercílio.

— Ainda não entendi realmente o que aconteceu entre você e Bella. Ela estava tão feliz com você— Charlie estava relutante. Claro que não queria tocar nesse assunto.

— Eu e Bella brigamos porque eu fui longe demais.

— Longe?

Suspirei. Charlie é a última pessoa pra quem eu gostaria de confessar meu erro com relação a Bella.

— Eu não queria que Bella tivesse uma aproximação de Jacob. Achava que ele seria uma péssima influência pra ela e que ela iria se machucar tendo as atitudes que teve após começar a sair com ele com mais frequência. A gente brigou por que eu prendi ela em casa.

"Não pode controlar minhas amizades, Edward! Eu conheço Jacob há anos e só agora tive a chance de me aproximar dele. Você não pode simplesmente me impedir de vê-lo."

— Na época, eu não sabia que Jacob estava passando por dificuldades. Fui egoísta. Eu podia sair com os meus irmãos e não tinha percebido que ela só tinha Jacob como melhor amigo… Sempre achei ele perigoso, com aquela coisa das motos e tudo mais, mas eu não tinha percebido o quanto aquilo a deixava feliz e acesa. Ela começou a sair com ele escondido e eu achei que ela estava tendo um caso com ele nas minhas costas. Fui inocente demais.

" E aí eu machuquei o coração dela. Disse coisas que eu não queria ter dito, coisas incoerentes e sem sentido algum.

— E assim, ela foi embora.— Terminei.

Charlie assentiu, os lábios formando uma linha por baixo do grosso bigode.

— Bella nunca lidou bem com esse término. Quando ela chegou em casa, só dizia que queria ir embora e nunca mais voltar. Disse que tinha sido uma péssima ideia morar aqui. Mas…

— O quê?

— Ela nunca me disse que deixou de te amar ou que te odiava. Nunca, em momento algum. Pelo que ela me contava pelo telefone, ela não namorou ninguém no resto do ensino médio ou na faculdade.

Isso me deu uma faísca de esperança. Bella ainda me ama. E se guardou. Confesso que eu era sacaneado pelos meus colegas de faculdade por nunca ter encostado em uma garota. Eles tinham teorias absurdas sobre mim. Até que eu parei de sair de casa. Eu era virgem. Não sentiria falta de uma coisa que nunca experimentei.

— Será que ela estava esperando Jacob? — Perguntei, com um pouco de dor de imaginar que ela estivesse esperando por aquele cara.

— Ela estava esperando você ligar de volta. Bella achava que você estava com ciúmes e que você que terminou com ela.

Me encolhi um pouco. A verdade jogada na cara dói um pouco. Mas eu teria que lidar com isso um dia e ele chegou.

— Edward, posso te fazer uma pergunta?— Charlie mudou a postura, ficando mais sério.

— Claro.

— Você a quer de volta? É por isso que você está aqui?

Olhei para Charlie com convicção.

— Sim. Eu quero Bella de volta.

E não há nada nem ninguém que vai me impedir.

E lá estou eu. De volta ao lado de fora do hospital. O lugar onde estava antes de tudo isso começar a acontecer. O céu já estava clareando e a lua já não estava mais presente. Aproveitei o tempo que tinha até Bella acordar para olhar a escola novamente, de onde eu tinha parado. As imagens do baile de primavera inundaram minha mente. E dessa vez foi diferente, pois eu pude ver o rosto dela.

Bella estava em meus braços, balançando o corpo de um lado para outro - ela tinha me contado que não sabia dançar -, com os pés acima dos meus, pra que eu dançasse com ela livremente sem que ela precisasse se mexer. Ela olhava nos meus olhos e sorria.

" — Tenho que admitir, Edward — Bella tinha dito. — Não foi uma ideia ruim ter vindo ao baile. É um momento inesquecível.

— Eu te disse que você iria gostar.

Beijei Bella com um pouco mais de doçura do que o normal.

E logo depois, ela sorriu."

E era justamente esse sorriso que eu esperava ver dela mais tarde.

Olhei um pouco mais sorridente pro céu.

— Edward, você parece um zumbi — Alice ria da minha expressão cansada e séria. — Toda hora você vai lá no quarto dela e depois sai pra fazer o que quer que você esteja fazendo. Descanse um pouco. Hoje é quarta e não vai ter movimento algum.

— Alice, já são oito da manhã. Ela vai acordar logo. Preciso estar lá.

— Certo, Edward, mas não acha melhor ela ver o pai dela primeiro?

— Nem ferrando, Alice. Fiquei anos sem vê-la e você quer que eu espere? Você é sádica?

Alice gargalhou, mas foi comigo até o quarto onde Bella estava.

Ao passar pela janela do quarto, vi algo se mexer. Ela estava acordando.

— Está quase lá. Vamos entrar logo, pra ela não se assustar.

Entrei no quarto e Alice observava o monitor de batimentos.

— Está batendo como se ela fosse acordar…agora.

As pálpebras começaram a tremer e os lábios se contorceram um pouco.

— Uh…Onde eu estou? O que aconteceu? — A voz dela estava diferente. Mais… adulta.

— Fique calma, — Alice disse num tom profissional e discreto. — Não queremos que nenhum ponto se solte com algum movimento brusco.

— Ponto?

— Você sofreu um acidente de carro.— Achei forças pra dizer alguma coisa, senão ia ficar parado ali feito uma estátua. — Se feriu, mas nada muito grave.

Bella ficou parada, como se reconhecesse minha voz. Vi uma expressão de dor passar por seu rosto antes de balançar a cabeça, como se negasse algo pra si mesma.

Ela olhou pra mim. Os olhos cor de chocolate brilharam.

E tudo aquilo que eu reprimi por tanto tempo voltou forte.

Bella me reconheceu.

— Edward?

— Quanto tempo, não é?— Dei um sorriso, coisa que não fazia há tempos.

—Você, você… está aqui? E…

— Calma, Bella. Se contente em se manter viva, ok? Vai ficar tudo bem. Eu sou o médico responsável pela sua saúde.

Ela ficou corada e aquele olhar apaixonado surgiu.

— Pode fazer uma coisa por mim? — pedi, um pouco desesperado demais.

— C-claro, o que quiser — Ela gaguejou.

— Não mexa em nada, nem tente se mexer. Você está toda machucada.

— Tudo bem, mas com uma condição.

Ah, meu Deus.

— O que você quer?

— Nós podemos conversar?

Fiquei surpreso. Eu não esperava por esse pedido.

— Achei que fosse esperar. — disse.

— Mas eu esperei. Seis anos. Não quero esperar mais.

Só dava pra ouvir o bipe dos monitores e o zumbido baixo das máquinas trabalhando.

— E então? — Ela olhou nos meus olhos de novo. — Temos um acordo?

Eu nem tinha reparado que Alice não estava mais ali.

— Temos.

Eu ativei meu "modo médico" e comecei a verificar o monitor, checando a respiração e os batimentos dela. Bella ficou quieta, com os olhos fechados. Eu terminei de analisar o monitor e fui para os curativos. O primeiro era aquele que me deixava mais apreensivo, o do supercílio. Ela tinha um aspecto rosado, mas que infelizmente iria virar uma cicatriz. Pequena, mas perceptível. Os outros estavam mais tranquilos, os ferimentos mais leves já bem curados, os mais graves se tornando mais leves. Por sorte, Bella não quebrou nada sério, só duas costelas.

Toda vez que tocava em algum machucado, Bella se retorcia minimamente. Ela tentava se manter forte em sua posição de sono, mas às vezes não conseguia.

Quando terminei, Bella abriu os olhos.

—Está tudo bem com você, .

—Agora nós podemos conversar?

Puxei a cadeira de plástico que encontrei para a lateral do leito.

— O que você quer saber?

— Por quê? Porque você fez aquilo tudo comigo? Estava arrumando motivo pra terminar comigo?

—Não, eu… Eu estava com ciúmes. Estava cego. Achava que você e Jacob…

— Descobri que Jacob era um idiota. Ele queria mesmo era me separar de você. E pior é que eu sabia que ele era um problema.

— E onde é que ele deve estar agora?

— Eu não faço a menor ideia e isso também não importa muito. O importante é que eu estou aqui e com você.

Ela parece não guardar rancor algum do que eu disse.

— Mesmo que você tenha dito todas aquelas coisas pra mim de uma forma muito fria, percebi que você queria mesmo era me proteger do pior. Eu me tornei uma garota completamente diferente depois daquilo tudo.

— Mas eu fui ciumento demais. Eu exagerei. Me perdoa, Bella. Por favor..

— Mas não tem nada pra perdoar, eu acho. Tudo que você disse era verdade. Foi o que eu falei que te feriu.

Me arrependo tanto de ter conhecido um garoto tão tóxico como você. Você não me deixa viver só porque tem medo de me perder. A gente não deu certo. Simplesmente…

Chega, Edward. Me deixe ir. Por favor. "

Chega de me lembrar desse momento terrível.

Isso vai deixar de existir. Agora.

Eu me aproximei do seu rosto, um pouco hesitante.

Será que ela aceitaria?

— Bella, mesmo com tudo isso…

— Você ainda me ama?

— Mais do que qualquer coisa na vida.

Meus lábios tocaram levemente os dela. Era como se meu corpo ganhasse um choque de desfibrilador, pra fazer meu coração voltar a bater.

E ele estava voltando a bater. A acreditar que podia amar novamente.

Ela se afastou um pouco de mim, descolando os lábios dela dos meus.

— Acho que meu coração não estava pronto pra isso.— Ela riu. — Você trata todas as suas pacientes assim, Dr. Cullen?

Eu ri. O som da minha risada estava mais verdadeira.

— Você não gostou?

— Se eu for boazinha, vou ser beijada assim mais vezes?

— Se você conseguir se manter bem, sim.

— Então tá. Eu vou ficar bem.

Beijei a testa dela e ouvi o auto-falante me chamar para realizar uma cirurgia.

Enquanto estava fechando a porta, Bella deu um sorriso brilhante e disse:

— Eu te amo, tá?

Retribuí o sorriso.

— Também te amo. Daqui a pouco eu volto.

Saí da sala uma outra pessoa, talvez até um outro médico.

Um novo Edward.

Eu terminei a cirurgia e já fui para o setor laranja.

Encontrei com Emmett de roupa azul no caminho e então começamos a conversar um pouco.

— Você está mais alegre hoje. — Emmett disse, rindo. — Então a Bella te perdoou?

— Ela me disse que não havia nada para perdoar.

— Ah, sim! E quando é a data do casamento?

— Para com isso, Emmett. Eu não tô pensando nisso ainda.

— Mas deveria. Edward, você reencontrou o amor da sua vida. Por que não oficializar?

— Ela não tá estável o bastante pra isso. Quando for a hora certa eu resolvo isso.

Ao chegar no setor laranja, vi uma coisa que me sobressaltou.

Charlie estava no corredor, junto da mãe de Bella, Renée, que eu tinha visto só uma vez.

Carlisle saiu do quarto onde Bella estava, com a ficha nas mãos. Eu tinha pedido a ele ficar de olho nela enquanto fazia a cirurgia.

Parecia que não me eram boas notícias.

— Carlisle, o que…

— Eu preciso de você. Agora— Ele disse, urgente.

— O que aconteceu com a Bella?

— Ela vai ter que passar por uma cirurgia e você é o único que pode fazer isso. A cada segundo que a gente passa aqui… ela pode…

— Tudo bem, eu vou fazer isso.— Disse decidido.

Meu pai me lançou aquele sorriso orgulhoso.

—Sabia que você poderia fazer isso. Eu e Emmett vamos ajudar você nisso.

Essa era minha última missão.

Salvar definitivamente a vida da Bella.

Enquanto eu, Carlisle e Emmett íamos até a sala de cirurgia, eu disse a Emmett:

— Se eu conseguir salvar a vida dela, e eu vou conseguir, me arranje uma aliança. Combinado?

—Fechado— Emmett sorriu.

Entrei na saleta ao lado, troquei a roupa e lavei as mãos.

Tanya me esperava, com a ficha nas mãos.

— Então, o que eu tenho que fazer?

— Aquele corte atrás da cabeça foi mais fundo do que pensávamos. Ele fez coágulos na artéria aorta dela.

— Temos que retirar o pedaço e cauterizar com um novo.— Emmett disse.

— E temos um novo?— perguntei.

— Temos, mas precisamos de sangue O positivo o suficiente pra fazer uma transfusão. Os pais não podem doar e ela não tem um irmão, então…

— E a gente não tem.

Pensei por um minuto e tive uma ideia.

— Carlisle vai fazer a cirurgia junto com você, Em.

— Quê? Edward, você tá desistindo?

— Não estou, não. Tenho que fazer uma coisa primeiro.

— Não estou entendendo, Edward. O que você vai fazer?

— Vocês não têm sangue. Mas eu tenho. Vou doar sangue pra Bella.

Tanya e Emmett ficaram perplexos. Ninguém tinha pensado que eu era O positivo? E mais,que faria qualquer coisa por ela?

— Eu já tô salvando a vida dela, certo? Então, de quantos sacos de sangue ela vai precisar? — perguntei.

— Dois. Acha que dá conta? — Tanya perguntou.

— Por ela eu dou conta de qualquer coisa. — Respondi.

— Vai pra sala de transfusão que Carmen vai estar esperando você lá.

— Vou cuidar bem da minha cunhada, Ed. Essa cirurgia vai ser um sucesso! — Emmett já estava ansioso. Era a primeira cirurgia dele.

— A primeira vez a gente nunca esquece.

Saí da sala e fui até a sala de transfusão que, por sorte ficava a dois minutos da sala de cirurgia. Quando cheguei, Carlisle estava lá, conversando com Carmen.

— Carlisle, estão chamando você lá na sala de cirurgia 2. — disse ao chegar perto dos dois.

— Era pra você estar se preparando, Edward. O que aconteceu?

—Você vai chefiar a operação. Eu ganhei outro trabalho: doar sangue pra Bella.

— Tudo bem. Então você vai ficar e vai explicar tudo para os pais dela.

— Claro, eu tenho que conversar com eles mesmo. Carmen — Me virei pra Carmen, a enfermeira morena com sotaque latino que cuidou de mim nos meus primeiros dias de residência aqui em Forks.— Prepare duas bolsas de sangue vazias. Vou encher de O positivo.

Ela me mandou sentar na poltrona de vinil verde mais próxima de mim e preparei meu braço pra receber a agulha de transfusão.

Quando ela inseriu a agulha, eu comecei a sonhar.

Sonhei que estava de terno preto esperando por alguém no fim de um longo tapete vermelho. E que eu tinha 17 anos de novo.

Bella apareceu, com um vestido azul-marinho brilhante como uma noite estrelada.

Ela pegou na minha mão e eu a puxei para dançar uma música lenta e romântica.

E enquanto dançava com ela, o tempo passou. E tínhamos chegado ao presente.

E nós dançamos felizes pra sempre.

Mas eu precisava doar o sangue pra que eu pudesse dançar com ela mais uma vez.

O sangue começou a caminhar pelo tubo intravenoso rapidamente. Já estava enchendo a primeira bolsa de sangue. Alguns segundos e Carmen introduziu a segunda bolsa.

Já estava me sentindo um pouco tonto pela grande quantidade de sangue retirada de meu corpo.

Mas é por uma causa maior, Edward. Bella está precisando disso mais do que nunca. Doar sangue pra ela já é um grande ato de amor.

— Terminei, Edward. Agora, descanse um pouco que eu vou levar as bolsas para a sala de cirurgia. — Carmen disse, colocando as bolsas uma caixinha branca de isopor e saindo da sala de transfusões.

Ergui o tronco um pouco e senti a vertigem me tomar. Respirei um pouco e consegui me estabilizar.

Agora, precisaria ficar no setor laranja, junto dos pais de Bella. Preciso conversar com eles. É importante que eles estejam avisados de todos os procedimentos que serão realizados.

Respirei mais do que normal ao sair da sala de transfusão. Fui até o setor laranja lentamente.

Ao passar pelo corredor da sala de cirurgia, fiquei tentado a ir lá e ficar esperando por notícias, mas o máximo que eu podia fazer agora era tranquilizar os pais de Bella.

Charlie estava apoiado na porta do quarto onde Bella estava. Renée estava sentada nas cadeiras enfileiradas do corredor.

Quando Charlie me viu, parecia que o rosto dele se iluminou.

— Edward, não era pra você estar...

— Eu tive que fazer uma coisa. Doei o sangue que Bella precisava, então fiquei de fora da operação. Duas bolsas enfraquecem qualquer doador.

— Ah, Graças a Deus! — A mãe dela exclamou, feliz. Ela me abraçou apertado. — Isso é uma ótima notícia! Sabia que podíamos contar com você.

— Mesmo depois de tudo que aconteceu...

— Eu e Bella nos resolvemos com relação a isso, Charlie, são águas passadas. Tenho outros planos e gostaria de conversar com vocês sobre ele.— Interrompi.

— Do que você quer conversar?

— Eu quero casar com ela.

A cirurgia foi um sucesso. O coração estava funcionando perfeitamente. Tudo estava no lugar e ela já até estava acordada. Charlie e Renée já tinham conversado com ela. E agora era eu que estava na sala com ela. A sós.

— Então quer dizer que eu sofri uma insuficiência cardíaca e tive que fazer uma cirurgia para consertar?

— Foi. Eu que doei o sangue necessário para realizar a operação. Ninguém tinha pensado em bom que deu tempo e que tudo deu certo.

—Mas… O que você queria conversar comigo? Você me parece tão… estranho. Tá escondendo o quê de mim? Eu tô doente de verdade e vou morrer?

— Não! Nada disso! — Disse assustado.— É que eu queria te fazer uma pergunta…

— O que você quer saber?

— Queria saber se você quer se casar comigo. Quando você sair daqui… Eu gostaria que você e eu pudéssemos oficializar, sabe? Eu não acho que estou pronto pra ver você ir embora e muito menos te perder…Eu não quero ficar longe de você. Quero voltar a ser seu no máximo que eu puder. E casar é o meu limite. Eu amo você. Casa comigo?

Ela ficou chocada. Ela começou a chorar um pouco e depois conseguiu secar as lágrimas, mas aí ela disse:

— Sim, eu aceito. Quando eu sair daqui, a primeira coisa que a gente vai fazer é marcar uma data e nos casar.

Dei um sorriso. E ela também.

Se passaram três meses depois do ocorrido que trouxe meu coração de volta. Eu estava sentado em um banco na varanda da minha casa e do meu lado estava Bella.

E isso não era um sonho.

Eu e Bella conseguimos nos casar no papel e logo teríamos uma cerimônia.

— Eu não disse a você que estaríamos casados depois que você saísse do hospital?

— Já estava começando a ter medo daquele lugar. Não aguentava mais ficar deitada, tomando analgésicos e tudo o mais. Eu não quero voltar mais pra lá.

—Nem se você fosse cuidada por mim?

— Acho que aí sim eu iria gostar…

No final de tudo, Bella melhorou muito mais rápido quando eu cuidei dela sozinho. Ela dividiu o tempo dela pela metade e isso me deixou muito esperançoso. Quando fui perceber que era ela que estava tendo alta, tive que correr com os papéis para que a gente casasse no mesmo dia.

Nesses últimos meses eu tive centenas de ideias diferentes em relação a cerimônias e tudo o mais. Fiz minha mãe e Alice passarem a noite em claro para produzir o vestido de noiva mais bonito para Bella.

A festa foi simples e pequena. Bella chamou algumas amigas da faculdade e da época da escola e algumas delas foram até madrinhas do casamento. Eu não tinha bem quem chamar que não fosse da minha família, então convidei alguns dos meus colegas de plantão.

Mas o melhor de tudo foi a cerimônia.

Quem cuidou dessa parte foram os pais dela, então não tinha como eu saber de nada, nem quando ela chegaria. Eu quase arranquei os cabelos com tanta ansiedade. Quando Bella chegou, eu só tinha olhos pra ela.

Caramba, como ela estava linda. O vestido cintilava as cores do pôr do sol levemente encoberto pelas nuvens e a deixavam com aquela mesma aparência do meu sonho. Eu tinha completado aquele desejo. Consegui salvar e cuidar da vida dela. E nós dois estávamos felizes juntos, fazendo uma escolha que mudaria a nossa história. Um desfecho feliz e descomplicado.

E quem poderia imaginar?

O médico que cura,mas que não podia se curar… Se curou.

Se tornou uma pessoa completamente… viva. Que voltou a sonhar, a querer algo mais, a ter mais vontade de salvar outras vidas, para que essas vidas possam voltar para quem amam.

Voltei para o presente, onde o fruto de toda essa metamorfose que eu passei estava sentada ao meu lado, aproveitando o raro dia de sol.

— Edward, eu preciso te contar uma coisa. — Ela estava apreensiva.

— O que aconteceu?

Bella me passou o celular dela. Tinha duas mensagens não lidas, de um telefone não salvo.

— Pode abrir, eu não tenho nada a esconder de você. — Peguei o celular, meio desconfiado. — Recebi essa mensagem na minha despedida de solteira. Eu quase perdi a vontade de ir.

Abri a mensagem, meio preocupado.

Nela dizia:

"Fiquei sabendo que você vai se casar com ele, Bells. Eu não sei o que dizer com relação a isso, mas a vida é sua. Só posso esperar que você seja feliz com ele. "

A última pareceu uma ameaça:

" Mas ainda sei que você não vai ser feliz com ele. Que está se casando por que ele te obrigou a perdoá-lo. Mas, relaxa, que vou recuperar tudo isso de novo. E tudo vai ficar bem. Prometo. Mas aproveite seu casamento. Enquanto puder."

— Quem mandou isso pra você, Bella?

Ela estremeceu um pouco. E isso me fez recuar.

— Quem poderia ser, Edward? — Bella estava com a voz embargada. Algumas lágrimas desceram de seus olhos.

Olhei o remetente da mensagem.

Claro. Ele seria o único contra a esse casamento.

Jacob.

Eu não iria perguntar a ela se eles estavam conversando porque ela não tinha o número dele gravado no celular.

— Não falo com Jacob desde quando nós brigamos. Ele tentou me beijar à força naquele dia. Por isso que eu fui embora. Para não existir a possibilidade de algo pior acontecer comigo.

Tive um pensamento sombrio. Bella aos 17 anos, no banco de trás de um SUV preto, junto de Jacob. Eles começaram a se beijar, até que ele quis mais, mas ela não cedeu. Não estava pronta pra isso. Até que ele usou sua força a favor dele. E ela se machucou. Eu tinha chegado à cena, mas já era tarde. Bella sangrava. Tinham roubado dela o que ela guardou pra mim. Nada do que eu pudesse fazer poderia trazer de volta o que fora perdido.

E essa cena era muito mais violenta do que a do hospital, quando a vi pela primeira vez.

Mas era só um pensamento. Um pesadelo.

— Ele não tentou…

— Tentou o quê? Abusar de mim? Eu não iria poupar Charlie disso se ele tentasse. — Bella ficou um pouco fria. — Mas não, ele nunca encostou as mãos em mim. Só você. Pena que eu não posso te provar aqui.

Dei um sorriso triste.

— Mas, o que quer fazer com isso? — Ergui o celular pra ela.

Ela demorou um minuto pra responder:

— Quero apagar ele da minha vida. Esquecer tudo, seja bom ou ruim. Jacob foi a pior escolha da minha vida. Meu segundo pior arrependimento.

— Qual foi o primeiro?

— Aquele dia inteiro.

Passei as mãos no cabelo dela. Ela colocou a cabeça no meu peito e chorou um pouco.

Até que o celular dela vibrou. Uma ligação. Reconheci os três últimos números. Era ele.

Atendi no lugar de Bella.

— O que quer, Jacob?

— Espionando o celular dela, Cullen? Isso não é uma atitude muito controladora?

— Cala a boca. Quem é você pra dizer alguma coisa? Não quero que você ligue pra Bella de novo. — Bella se levantou pra me olhar. Ela estava preocupada comigo. — Você a fez sofrer no momento mais feliz da vida dela.

— Seria feliz se eu fosse o noivo, não você. E se ela está sofrendo é por que se arrependeu da escolha dela.

— Jacob, eu te peço pra que você não ligue nem mande mensagens pra Bella. Por favor.

Bella estendeu a mão pra mim.

— Deixa eu resolver isso, Edward.

Jacob estava proferindo centenas de xingamentos pra mim, até que Bella assumiu o controle. Ficou numa postura imponente e corajosa. Como uma advogada em seu telefone.

— Oi, Jacob, é a Bella. Eu vou dizer só uma vez e não vou repetir: Não quero que você ouse direcionar a sua palavra a mim, a meu marido ou a nossa família. Me esqueça. Não vou mais cometer os mesmos deslizes que você me fez fazer. Não sou mais aquela garota. Quero que siga em frente com a sua vida e que seja feliz. Pare de se agarrar a uma pessoa que não existe mais. Eu quero você longe de mim.

Bella desligou o telefone. Ela ficou tentada a jogar ele no chão, mas não o fez.

— Corajosa. — Dei um sorriso pra ela. Ela retribuiu com um beijo longo e doce.

— Acho que vou tomar um banho, pra ver se eu relaxo um pouco. Isso me deixou tensa.

— Vou trocar o chip do seu telefone.

— Ótimo. Vou tomar banho. — Ela me deu mais um beijo e entrou.

O celular dela ficou comigo e ele não parava de vibrar. Parecia até que estava vivo. As mensagens não paravam de chegar.

Quando fui ler, todas haviam sumido.

Só uma ficou.

" Isso não vai ficar assim, Edward."

Alguns segundos depois, ela sumiu como as outras.

Suspirei e olhei para o céu. Me senti no hospital, mas por um motivo diferente. Cortes no meu braço e a dor me diziam que eu tinha ido longe demais.

Mas isso é passado. E eu superei.

Bella já estava ao meu lado de novo, agora de camiseta e jeans. Ela segurou na minha mão e sorriu.

— Vai ficar tudo bem. A gente vai passar por isso juntos. Eu te amo.

Sim, nós iríamos passar por isso. Como se tivéssemos continuado de onde nunca deveria ter parado.

Tínhamos dezessete quando olhei pra ela e disse:

— Eu não vou desperdiçar essa segunda chance de amar você.

E eu a beijei, como se fosse a primeira vez.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Second Chance To Love You" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.