O barulho da boate era ensurdecedor, contudo não era o motivo da irritação de Remus Lupin. Haviam aqueles globos espelhados pendurados no teto que o deixavam zonzo. Além de serem horrorosas. Lupin adorava a vida noturna, apesar de quase nunca dançar ou beber até que seu fígado o lembrasse de sua existência. Recém formado, desempregado, com uma ordem de despejo sobrevoando sua cabeça e pais doentes. Sua situação era deplorável. As baladas eram uma boa distração, gostava de conhecer pessoas novas porque quase sempre estavam em um estado tão deplorável quanto ele e admirar o comportamento humano nesses ambientes era maravilhoso. a grande dança do acasalamento, era assim que Remus se referia a pista de dança. As pessoas dançavam basicamente para impressionar aos demais, ou pela ação de muitas doses de álcool. Era raro alguém dançar porque gosta. A dança era uma maneira de atrair um parceiro, quanto mais sensual melhor. 

— O de sempre, Lupin? — perguntou o bartender do outro lado do balcão ao loiro.  Ele respondeu afirmativamente e voltou sua atenção à pista. Ao embalo de Bee Gees, a pista central de dança estava em polvorosa, as pessoas dançavam ritmadas a coreografia de Stayin’ Alive. Remus sorriu, era  um flashmob, com mãos ao alto e pés coordenados. 

A bebida de Remus ficara pronta e ele bebericou o seu whisky, que descia como brasa na garganta. Por sorte, sabia que este era o primeiro e único copo da noite, nunca bebia mais do que isso. 

— Remus Lupin, quanto tempo! — esbravejou uma voz prepotente. Remus a reconheceria em qualquer lugar, era Sirius Black. O moreno se aproximou do loiro e se postou ao seu lado. 

— Black! — O cumprimentou — Cinco anos, não? 

— Mais ou menos. Não esperava o encontrar aqui. 

— Oh, eu sempre estou aqui. — disse Remus voltando sua atenção à pista de dança. 

Nada poderia ser mais desconcertante do que um reencontro com seu ex-namorado/melhor amigo. Sirius fora um importante capítulo na vida de Remus. Intenso, desafiador e ao mesmo tempo, o momento que Remus mais conheceu a si mesmo e entendeu o que queria do mundo. Apesar de toda a personalidade expansiva do moreno, sempre foram muito sinceros um com o outro. Bons tempos, pensou o Lupin. 

— Quer dançar? — convidou o Black, cortando seus pensamentos. 

— Eu não danço, você sabe. 

— Vamos,  Lupin! Deixe de se comportar como um adolescente rabugento, já está um pouco velho para isso. — provocou Black. Sirius Black possuía muitos atributos e com certeza o seu olhar penetrante e sedutor era um deles. Sirius conseguia tudo com apenas um olhar. E Remus se odiou ceder a ele, mas no instante que vira o Black muitos sentimentos adormecidos se reacenderam. Amaldiçoou a todas histórias inacabadas, inclusive a sua e de Sirius. 

Remus e Sirius seguiram para a pista de dança e ao som de Stayin’ Alive e outras tantas músicas, o loiro percebeu que não poderia passar a sua vida sem a companhia de Sirius. Seja como namorado ou como melhor amigo.