O que faz o seu sangue borbulhar? escrita por krolrodriguezz


Capítulo 1
Capítulo 1




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Havia sido um turno fácil, um caso que não havia sido por nenhuma maldade como todos os outros que eles investigavam por todos esses anos, foi apenas uma mulher que sofreu com o julgamento da sociedade e isso a levou a cometer um grande erro. Bebida com os remédios que tomava transformaram-na em um peso morto sobre um homem que não respeitava ninguém com quem se relacionava. Mas ele nunca iria julgar alguém que estava morto. Ainda havia uma pilha de relatórios para avaliar antes que pudesse se dar ao luxo de ir para casa, ou quem sabe chamar Sara para café da manhã com ele. Desde que Sara confiou em Grissom o seu passado, a amizade que os dois haviam perdido com toda a tensão que, mesmo que o entomologista negasse, havia entre eles por conta da atração que sentiam um pelo outro. Ele havia tentado de todas as formas negar seus sentimentos e se afastar da morena que além de uma amiga que confiava, era a mulher que ele amava em segredo por todos esses anos. Mas depois daquele episódio ele não conseguiu mais se manter distante, ele sentia que precisava cuidar dela e recompensá-la por toda a dor extra que ele havia trazido para a vida dela, não sabia onde aquilo iria levá-los, mas pelo menos tinha a boa companhia dela por boa parte dos seus dias desde então. Ele precisava de mais café para tentar pôr um fim em toda aquela papelada.

— Vou bem, obrigado. - Ele ouviu a voz de Greg assim que entrou na sala de descanso. - Recuperei a sensação nas costas.

— Leitura técnica, Greg? - Ele observou a revista que o CSI mais novo lia, haviam várias modelos plus size.

— É, eu acho que eu queria ver qual é o grande atrativo.

— A atração é subjetiva, não dá pra analisar. - Ele falou enquanto se servia de café.

— Eu me considero um cara bem liberal, acho a preferência das outras pessoas bem intrigantes. - Greg folheava a revista enquanto falava. - Do que você gosta? O que faz o seu sangue borbulhar?

Grissom parou por um segundo e seu pensamento voou para Sara Sidle. Mas seus lábios responderam: - Alguém que não me julgue. Greg o observou sair da sala e suspirou, seus chefe sempre seria enigmático. Grissom caminhou até sua sala e pegou o seu celular, um clique na discagem rápida e ele parecia levemente ansioso para que a pessoa atendesse.

— Oi, estava dormindo?

— Não, acabei de sair do banho.

— Estava pensando, huh. - Sua voz paralisou, eles faziam isso há semanas, qual a dificuldade em dizer que gostaria de tomar café da manhã com ela.

— Você quer vir tomar café da manhã aqui? - Sua voz parecia divertida, ela sabia que ele não tinha facilidade em se expressar, então porque não facilitar as coisas.

— Ahn, sim. - Ele parou novamente. - Se isso não for te atrapalhar.

— Você sabe que não e já sabe o que eu gosto, eu faço café.

— Ok, vou terminar alguns relatórios e passo na padaria.

— Até mais.

Ele voltou seus pensamentos para a resposta que deu para Greg e como entendia sua mente ter ido direto para Sara, porque ela era a pessoa que nunca havia o julgado, ela sempre o aceitou como ele era. Ele se lembrou de uma conversa que tiveram semana passada, ela havia trazido de volta a lembrança de um convite que ela havia feito para ele.

— Grissom, por que você não aceitou jantar comigo quando te convidei na época da explosão do lab?

— Eu não sabia o que fazer, Sara. - Seu olhar estava preso na xícara de café presa entre suas mãos. - Na verdade, eu estava indo para uma consulta por conta da minha audição.

— Isso foi um motivo para me afastar de você?

Ele mantinha seu olhar baixo, ele não poderia olhar para ela naquele momento, ele iria expor uma fraqueza sua, ele não queria que ela o visse naquela situação, a única pessoa que sabia era Catherine, o que logo se tornou todo o lab. Ele não queria prendê-la a ele, um homem velho e que poderia ficar surdo.

— Sim. - Ele não conseguiu dizer mais nada.

— Griss, olhe para mim. - Ele não ergueu sua cabeça. - Por favor.

Ele ergueu sua cabeça para olhá-la e ela sorriu quando gesticulou um pouco enrolada um "Eu não iria embora". Os olhos dele se arregalaram e a surpresa estampava toda a sua expressão.

— Quando você...?

— Depois daquele caso que investigamos a morte daquele jovem surdo eu me senti mal por não conseguir entender ou me comunicar, pelo menos o básico, com eles. Então fiz um curso, mas não tive tempo para concluir e como você percebeu, não sei muito e estou enferrujada.

Os dois sorriram e voltaram para o café da manhã. Ela era realmente incrível.

Os relatórios poderiam esperar para o próximo turno, iria passar na padaria e comprar tudo o que ela gostava, queria ficar cada dia mais tempo com ela, além de todos os turnos. Sua companhia era gostosa que até o seu silêncio era reconfortante. Ele chegou cerca de 40 minutos depois, os passos já conheciam o caminho para seguir e suas batidas foram rapidamente atendidas por uma Sara de calça jeans e regata escura com o cabelo preso em um coque com algumas mechas soltas. Ela não poderia estar mais encantadora.

— Meu Deus, Griss, o que você trouxe? - Ela falou enquanto pegava a sacola das mãos dele e levava para a mesa.

— Não sei, parecia tudo tão gostoso e trouxe um pouco de cada.

— Está com fome, Doutor Grissom? - Ela brincou com ele.

— Na verdade, sim, senhora Sidle. - Ele entrou na brincadeira, ela sempre despertava um lado mais leve nele. - Mas pelo menos você vai ter reserva de café da manhã por um tempo.

— Acho que vou precisar de ajuda em outros café da manhã para dar conta de tudo.

Ele sorriu para ela. Sara era direta e não fazia rodeios para convidá-lo, ou para lhe falar o que sentia. Ele a invejava quanto a isso, queria conseguir falar o que sentia por ela mais facilmente. O café foi tranquilo, os dois conversavam sobre o último caso.

— Greg me contou que talvez tenha visto de relance você levar um tapa na bunda.

— Acho que preciso colocar o Greg de castigo. - Ele sorriu para ela. - Mas é verdade, ainda fui questionado sobre minha sexualidade.

Ele olhou para ela enquanto ela gargalhava, ele poderia levar vários tapas se isso a fizesse rir mais vezes.

— Eu não acredito nisso e Greg pode assistir de camarote.

— É, mas nem todas pensaram isso de mim. - Ele ergueu sua sobrancelha enquanto continuava brincalhão. - Para sua informação, Sara, minha barba foi muito elogiada. Na verdade fui pedido em namoro.

— Oh, - Ela tentava controlar o riso. - Então quer dizer que você está namorando, será que ela não vai se incomodar em você estar aqui comigo?

— Eu recusei.

— Claro que sim. - Ela riu novamente. - Greg depois de nossa experiência na garagem veio me perguntar o que me atraia, como foram mesmo suas palavras… - Ela tentava lembrar.

— O que faz o seu sangue borbulhar?

— Exatamente. - Ela riu mais um pouco até tomar fôlego e continuar. - Eu não acredito que ele te perguntou isso.

— Infelizmente sim.

— E então, doutor Grissom, o que faz o seu sangue borbulhar?

— Vou lhe dizer o mesmo que eu disse para ele: Alguém que não me julgue.

— Você e suas respostas vagas.

— E o que você respondeu?

— Eu gostaria de responder: nosso supervisor, Greg. - Ela sorriu quando viu o rosto dele começar a mostrar tons de vermelho. - Mas só respondi que não era da conta dele, acredito que ele queria que eu dissesse que ele fazia isso comigo, mas ele não tem o charme de um par de olhos azuis e uma barba que nenhuma mulher resiste.

O rosto e o pescoço dele estavam tão vermelhos que ela ficou entre preocupada e sem conseguir parar de rir da reação dele. Como se fosse alguma novidade que ela era completamente apaixonada por ele.

— Me desculpe, Griss. - Ela tomou mais um gole de seu café. - Eu sei, estamos tentando reconstruir nossa amizade, mas é nenhuma novidade para você o que eu acho de você.

— Eu sei, mas você é direta demais.

— Eu vou tentar me controlar, juro. - Ela cruzou os dedos e os beijou. - Eu realmente não quero perder sua amizade, ela é muito importante pra mim.

— Isso não é um fator, Sara. Eu só… - Por que era tão difícil falar? - Quando Greg me fez essa pergunta eu não consegui… - Ele mexia na orelha enquanto falava, mesmo que agora não tivesse nada de errado, isso virou um gesto para lhe tranquilizar. - Eu não consegui impedir que meus pensamentos, - Ele olhou para além dela criando coragem. - fossem para você.

— O quê? - Ela começou a tossir depois que engasgou com um pouco de café que estava tomando, quando recuperou o ar voltou sua atenção pra ele. - Quem é você?

— Sara. - Ele parecia sério demais para que ela continuasse sua brincadeira.

— Me desculpe, Griss, eu só não estava preparada, sempre sou eu que sou direta.

— Eu sei. - Ele olhava para xícara, ela sabia que ele estava com vergonha. - Só não tenho conseguido fugir mais dos meus pensamentos, Sara.

— Está tudo bem.

— Não, não está. Eu não consegui… - Ele olhou para ela e seu olhar era doído. - Eu não consigo.

— Griss, eu preciso contar uma coisa pra você. Eu sei o que você não conseguiu, eu não entendo totalmente seus motivos, mas eu entendo você.

— Do que você está falando?

— O interrogatório do caso da Debbie.

— Você estava lá? Por quê? Por que, Sara?

— Eu queria entender. - Ela olhou para ele com tristeza. - Grissom, você estava obcecado por aquele caso e ela era… - Seu olhar estava preso no dele. - Ela era igual a mim. E eu queria saber se ele iria assumir, eu queria entender o que o levou a fazer aquilo com tanto ódio.

— Mas você só descobriu o quanto sou patético e fraco.

— Não, Griss. - Ela estendeu sua mão e tocou a dele que estava sobre a mesa. - Eu realmente fiquei com raiva quando ouvi tudo aquilo, mas Brass conversou comigo. Algumas vezes, na verdade. Ele se mostrou um bom amigo, como um pai que não tive a chance de ter. Eu nunca julgaria você, mas fiquei fora de mim com a ideia que você tinha de que eu te deixaria por alguém mais jovem, eu estaria ao seu lado em todos os momentos se você tivesse me permitido.

— Sara, não é tão simples assim. Eu sou…

— O meu supervisor, eu sei de tudo isso, mas eu ficaria ao seu lado.

— Eu preciso ir.

— Não, você vai ficar e me ouvir, eu não vou perder a sua amizade e sua presença de novo. Eu não falei sobre ter ouvido o seu discurso para o médico para você correr e se afastar de mim, pelo contrário, eu falei pra você perceber que eu não vou julgar você, nunca.

— Sara…

— Por favor, eu sei que sempre falo demais perto de você, mas dessa vez eu preciso falar. - Ela se levantou e caminhou até a cozinha, com a desculpa de pegar mais café. Ele a acompanhou com os olhos. - Eu sei que não teremos algo além da nossa amizade, e eu não estou exigindo ou esperando algo a mais, não se sinta pressionado, por favor. Você tem sua carreira consolidada, você é meu supervisor e meu amigo, a única pessoa que confiei para contar o meu passado.

— Sara, por favor…

— Eu já estou acabando e você vai estar livre pra ir. - Ela encostou no balcão e fechou seus olhos enquanto continuava. - Eu não quero ser maior que o seu trabalho, não vou competir com algo que já estava ali antes de mim, - Ela suspirou e virou de costas para ele. - esse é quem você é Grissom, não posso mudar isso e está tudo bem.

— Não, não está não. - Ele havia se movido para trás dela que pulou quando ouviu a voz dele tão perto de si. - O meu problema é que você já é maior que tudo isso, Sara. - Ele virou ela suavemente para ele. - Eu revi provas e ajustei experimentos por te ver mal, mandei cachorros que eu sabia que não me serviriam como prova por você e eu fiquei obcecado por Debbie porque eu entrei e vi você ali, morta naquele banheiro e o meu chão se abriu. - Ele colocou a mão no rosto dela e seu polegar fazia carinho na bochecha molhada pelas lágrimas dela. - E não tem nenhuma mulher que eu queria que não seja você, Sara Sidle.

Ele se aproximou mais dela e desceu seus lábios para tocar os dela, foi um beijo úmido e salgado, carregado de tristeza e saudade, há quantos anos ela estava esperando pra sentir aquele toque novamente? Os braços dela passaram em volta do pescoço dele e ele a abraçou com mais força e aprofundou o beijo, era intenso e apaixonado, ele queria mostrar para ela o que não conseguia pôr da melhor forma em palavras. E assim que precisaram de ar, os dois se separaram e Grissom encostou sua testa na dela.

— Eu estou morrendo de sono, será que você poderia me emprestar seu sofá?

— Não, não posso, não.

— O que?

— Venha, vamos para a cama, eu prometo não te atacar.

Ele sorriu para ela e aceitou a mão que ela lhe oferecia e ele tinha certeza depois dessa conversa que ela era realmente a pessoa que sempre iria fazer seu sangue borbulhar, mesmo depois de tudo o que ela ouviu e viveu por conta dele, ela ainda estava ali e sempre estaria. Aquele foi mais um passo no relacionamento deles, ele não sabia onde iria dar, mas estava sendo um bom caminho pra seguir.


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