Legado de Sangue. escrita por Ana Oliveira


Capítulo 1
I. Fotografia




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(...)Nós mantemos este amor numa fotografia

Nós fizemos estas memórias para nós mesmos

(...) Então você pode me guardar no bolso

(...) Você nunca estará sozinha

Espere por minha volta para casa.

—Ed.S. Photograph.

  

Minerva se encontrava em frente ao Largo Grimmauld, parada em sua forma de gato, pensando no motivo de sua ida até lá. Ela nunca imaginou que algo tão horrível assim pudesse ter ocorrido com Lily Potter e foi um choque quando James comunicou toda a ordem sobre o que havia acontecido a mais de um ano atrás. Transfigurando-se para sua forma humana, ela entrou na antiga e nobre mansão Black.

O silêncio sepulcral seria dominante se não fosse pelo som de duas crianças brincando no meio da sala. Um menino com cabelo preto e rebelde se encontrava balançando um dinossauro de pelúcia em frente a garotinha magra e risonha, que era tão ruiva quanto a mulher de aparência frágil sentada na poltrona perto da fogueira. Lily tinha a mão no queixo enquanto olhava os dois pequenos com olhos chorosos. 

James, Alastor, Arthur, Amos Diggory e Sirius Black estavam em pé, perto da lateral da sala, quando notaram a renomada professora de Hogwarts e pareceram ficar ainda mais tensos.

— Minerva. - Alastor a cumprimentou.

— Então é verdade o que me falaram? - ela perguntou.

— Sim.

Minerva sempre se questionou como o casal Potter conseguiu ter uma filha depois do ocorrido no dia 31 de outubro. Todos ficaram sabendo que Lily estava sozinha na casa com o filho de um ano e meio quando foram atacados por Voldemort. A mulher conseguiu, de algum modo, lutar com ele a ponto de impedi-lo de ir direto para o menino. Não foi o suficiente e Harry tinha a cicatriz em formato de raio escondido sob sua franja como prova de sobrevivência a maldição da morte. Lily foi achada inconsciente e cheia de hematomas pelo marido, que voltou algumas horas depois. A tortura a qual foi submetida incapacitou seu corpo de varias maneiras.

Agora estava tudo mais explicado. A criança era filha de um estupro e Lily, por pura força e bondade, escolheu não interromper a gravidez. Deve ter sido esse o motivo de poucos saberem da existência da menina, já que a mulher se ausentou de muitos lugares durante um ano antes de anunciarem apenas aos mais chegados a existência de Aurora Scarlett.

Minerva não sabia se aguentaria passar por isso e ainda ver todos os dias o fruto de um ato tão horrível cometido contra sua pessoa. 

Monstro aparatou na sala de estar informando que a senhora Weasley estava na cozinha e pedia que todos fossem para a copa pegarem. Era claramente uma desculpa para tirá-los da sala. No caminho, James começou a falar, agitado, enquanto bagunçava o cabelo.

— Ela foi estuprada, Minerva. Estuprada pelo psicopata que matou milhares e violou o corpo dela apenas para me atingir. Vocês acham que eu queria que a gravidez fosse mantida? - a voz dele começou a ficar instável. - Mas não podia forçá-la a tirar aquilo. Não depois de tudo. Não quando ela implorou para que ninguém soubesse… Por mim, apenas uma criança estaria dentro dessa casa agora.

—James. - Molly chamou a atenção de todos quando chegaram, sentada na mesa com a comida prestes a ser servida. - Aurora não tem culpa…

— É filha de um assassino!

— E é filha da sua esposa também. - a ruiva praticamente gritou. - A infeliz circunstância de concepção não faz o caráter de ninguém, ainda é uma criança inocente que ama a mãe e não faz ideia…

Molly começou a chorar e Arthur correu em sua direção, tentando consolar a mulher. O barulho comum de alguém aparatando foi ouvido vindo da direção a porta de entrada.

— Isso não muda os fatos. - Alastor murmurou. - Conte os fatos…

— Ela destrói tudo quando está com raiva. Uma vez Lily e Harry estavam em um parque trouxa quando ela perdeu a paciência só por não poder correr e brincar já que íamos para um jantar na toca de noite e de repente as plantas começaram a murchar. Uma por uma. A grama ficou negra. Apareceu até vermes no chão!

— É uma criança, James. - Lupin falou,enquanto entrava no pequeno comodo. - Ela não tem como controlar…

— Que tipo de criança mágica consegue matar plantas de um parque inteiro desse jeito, Lupin? - ele gritou. - Isso não é só magia acidental. E se de repente ela se irritar com o meu filho e decidir fazer isso com ele?

Todos ficaram pensativos, refletindo sobre as palavras ditas, a comida esfriando, intocada na mesa. Até que foi ouvido outro estalo de aparatação e Dumbledore apareceu com uma enorme mulher logo atrás dele. O queixo dela estava rígido, os cabelos pretos bem cortados ao estilo Chanel com uma boina azul presa à cabeça. O sobretudo dela era esbranquiçado e exalava elegância. Parecia estranhamente nervosa, estando ali e Minerva a reconheceu depois de uns minutos estudando-a. 

Maddame Olympe Máxime. Atual diretora da Escola de Bruxaria Francesa, Beauxbatons. 

— Está tudo pronto. - Alvo  disse.

— O que está pronto? - Minerva questionou.

— James decidiu mandar Aurora para longe. - Lupin respondeu, parecendo contrário a ideia.

— Lily e eu decidimos. - Potter retrucou. - Não espero que todos entendam. Mas minha esposa nunca se recuperou totalmente do que Voldemort fez… Mas ela vai assim que Maddame Máxime levar a criança daqui. Ela é perigosa…

— James…

— Não, Remus. Eu não posso… Lily também não. Ela ainda tem pesadelos com aquela noite. Acorda tremendo e gritando e… Sei que minha esposa tem sentimentos maternos, por isso ela não foi dada assim que nasceu, mas…

— Mas meu marido tem razão. - Uma voz falha sussurrou.

Lily estava no fim do corredor com um pequeno menino a sua direita e uma a garotinha magra segurando o vestido amarelo da mãe. Era uma cópia menor e muito infantil da mulher andava lentamente até chegar a eles.A única coisa que as diferenciava eram os olhos de tonalidade verde escuro que a menina possuía. 

Maddame Máximo pareceu ficar emocionada quando a viu.

— James tem razão. - murmurou novamente com a voz embargada, segurando a mão da filha. - Não é culpa dela. Ela não faz ideia. Eu queria ser mais forte…

— Você é a mulher mais forte que conheço, Lily. - James foi em sua direção e pegou seu rosto nas palmas. - Você é incrivelmente forte e está fazendo isso para o bem de todos e, principalmente, para o seu bem.

Aurora olhou o homem que costumava ter como figura paterna, como se tentasse entendê-lo. Alvo nunca comentou, mas era inquietante ver os olhos de Tom Riddle olhando para eles com tanta inocência. 

— Venha cá dar um beijo no seu padrinho, abobrinha. - Lupin chamou, pegando-a no colo quando correu em sua direção. - Já pensou em como controlar as bolhas de água?

— Bolhas de água? - Maddame Máxime questionou com a sobrancelha levemente erguida.

— Mamãe não me deixa brincar no quintal com o brinquedo de bolhas de água que o Tio Remus trouxe. - explicou a garotinha, olhando a meio gigante, como se fizesse muito sentido o que dizia.

— É um brinquedo trouxa. - Lupin murmurou e passou a mão pelo cabelo da menina, soltando-o do rabo de cavalo em que estava preso.

Aurora deu uma gargalhada e Minerva sentiu um nó no estômago se diluir vendo. Molly tinha razão. Não era a linhagem de alguém que ditava como a pessoa seria. Nenhuma criança merece ser julgada e condenada pelos pecados de seus pais.

— Está na hora. - Alvo comentou calmamente, com o tom de voz sério.

Lily se aproximou da filha e a pegou no braços, levando-a na direção de Maddame Máxime. Lágrimas grossas começaram a cair de seus olhos..

— Você vai ser uma boa garota, Aurora? - ela murmurou no ouvido da filha.

— Eu vou, mamãe.

— Maddame Máximo vai cuidar de você por um tempo… - e olhou para a diretora de Beauxbatons. - Vai cuidar dela, Madamme Maxime? Preciso que me prometa que…

Olympe pegou nas mãos da mulher segurando a criança que  destino havia prometido a ela...

— Senhora Potter. - começou com a voz suave, o sotaque francês forte. - Quero que saiba que ela será tratada como minha filha de sangue e que em momento algum amaldiçoarei sua decisão de dá-la. Está fazendo isso para o bem de todos. Eu, que nunca pude ter um bebê para chamar de meu, finalmente irei realizar esse desejo. Acredite em mim quando digo que darei tudo de mim para criá-la como uma mulher decente. Darei tudo de mim. Eu juro. - os olhos dela lacrimejaram. - Obrigada por me escolher para este papel. Ela irá acordar em minha casa, ao sul da França, desorientada e achando que teve uma febre muito forte. E receberá muito cuidado e amor como minha herdeira.

Lily pareceu ficar mais tranquila e entregou a filha para a mulher enorme enquanto Alvo se preparava para lançar o feitiço antes que Harry interrompesse, finalmente dizendo algo desde que chegou. 

—Ary vai viajar, mamãe? - ele perguntou, olhando para a irmã.

Doeu no coração da ruiva quando ela se abaixou para respondê-lo.

— Sim, querido…

— Posso deixar o meu dinossauro com ela?

Lily bagunçou os cabelos enquanto o olhava. Era uma atitude tão linda e Harry apenas amava a irmã sem julgamento nenhum. Ele queria que algo dele ficasse com ela para que ela devolvesse quando voltasse.

Mas não haveria volta.

Nem lembretes. 

Nem memórias.

Madamme Máximo encarava Aurora, encantada com as sardas dela. Estavam salpicadas em toda a região do nariz e os cabelos ruivos e curtos pareciam não ver um pente fazia tempo. Mas já amava a menina como sua. Mesmo sabendo quem era o pai e mesmo ciente do enorme poder que a garota possuía. Era filha dela. E seria tratada como tal.

— Você sabe dos termos, minha amiga. - Alvo chamou sua atenção. - A menina não pode saber, nunca. É preciso estar muito atento à magia dela e…

— E ela irá estudar em Hogwarts. Eu sei. Dou a minha palavra.

— Eu espero que você seja melhor do que o seu pai foi em todos os dias da vida dele - Alvo disse para a menina, mesmo sabendo que ela não entendia e esqueceria de tudo em segundos. - Eu realmente espero. Obliviate.

 

—-----------------------------S.R------------------------------

 


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