Sobre sentir aquilo que não deveria ser sentido escrita por Anny Andrade


Capítulo 1
Capítulo Um: Negue, Negue, Negue


Notas iniciais do capítulo

Esse é o capítulo mais longo da história pois temos nele uma introdução básica, espero que gostem...

Boa leitura!



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Hermione Granger-Weasley não tinha o melhor relacionamento do mundo com sua filha Rose. Por mais que tentassem as duas pareciam como óleo e água, diferente do que acontecia entre a menina e Rony. Eles eram de fato melhores amigos. 

Mas ela conhecia os detalhes de cada um da casa. Sabia o que causava em Hugo coceiras alérgicas, o garoto era um pouco ansioso e tímido a primeira vista. Rony era só ficar nervoso para o rosto queimar feito brasa. Rose ficava calada, isolada no quarto escutando músicas tristes em volumes elevados. 

— Temos oficialmente uma adolescente em casa. - Hermione disse sorrindo. 

— Nós fomos adolescentes e nunca fizemos isso. - Rony falou enquanto procurava sua arma secreta para amenizar a rosa indomável.  

— Fale por você, nas primeiras férias de Hogwarts eu tive meus momentos. E os garotos também não eram permitidos nos dormitórios das meninas. Devo admitir que muitas vezes os choros eram mais altos do que as músicas. 

Hermione sabia o que estava acontecendo. Percebeu no verão em que os garotos passaram na Toca. Albus convidou Scorpius Malfoy para a lamentação do marido e seu sobrinho James. Mas para a alegria de Rose. Os olhos da filha brilhavam feito estrelas. 

Sua pequena flor tinha se apaixonado, para sua tragédia particular, por um dos melhores amigos. Hermione conhecia bem essa história. Sentir aquilo que não deveria ser sentido. Ela relutou contra isso. Mas afinal estava ali. Casada, com filhos, vivendo o seu felizes para sempre de um jeito que só Rony Weasley poderia dar a ela. 

— Deixa comigo, eu sei o que está acontecendo. - Tirando o sorvete das mãos do marido Hermione sabia que  tinha chegado o momento de contar para filha sua história e dar conselhos que só ela poderia dar. 

Bateu na porta pelo menos cinco vezes antes de entrar. O som do quarto era muito pior do que o que vazava para a casa. Rose não chorava, apenas escrevia freneticamente no caderno que se recusava a chamar de diário. 

— Eu vou abaixar o som! - Resmungou da cama fechando o caderno e cruzando os braços. 

Típica adolescente. Hermione pensou enquanto estendia o pote de sorvete e uma das colheres que carregava. 

— Me trouxe sorvete? - Rose analisou a mulher em sua frente. Achava sua mãe incrível de diversos modos e ao mesmo tempo impossível em outros vários. - E vai tomar comigo? 

— Eu também gosto de sorvete. - Hermione se sentiu ofendida. - E precisamos conversar. 

— O que eu fiz? Sermão só por causa da música? - Rose falava rápido demais entre uma colherada e outra. - Eu não fiz nada, precisava da música. 

— E por que precisava da música? 

— Porque aquele idiota do… - Rose percebeu que quase falou demais. Arregalou os olhos e colocou várias colheradas de sorvete na boca. Uma atrás da outra. - Não é nada.

— Se eu disser que ele realmente é um idiota? Todos os garotos são. - Hermione se aconchegou junto a Rose. 

— Não sei do que a senhora está falando. - Rose parecia indignada ao mesmo tempo que o pescoço ficava vermelho. 

Igualzinha a Rony. Hermione dizia mentalmente. 

— Rose, pode confiar em mim. 

— Não é nada. É coisa da minha cabeça. Só pode ser. - A ruiva era teimosa. 

— Provavelmente da cabeça, do coração, do estômago e da pele. Isso mexe com tudo, por inteiro. - Hermione sorriu. Fechou os olhos. - Vou te contar uma história. 

— Que história? - Rose tomava o sorvete. - Do que a senhora está falando?

— Estou falando sobre isso que está sentindo, que acha que não deveria sentir. Sobre sentir o que não deveria ser sentido. 

Rose não entendia como sua mãe poderia entender tudo sobre o que ela estava passando sem que ela dissesse absolutamente nada. Quis saber a história. Era um momento só delas. Com música trouxa ao fundo, um pote de sorvete e histórias.

— O primeiro estágio é a negação. - Hermione deu risada. - Negue, negue, negue, até que nem você mesmo acredite na negação. Porque as pessoas percebem antes da gente. Comigo quem percebeu foi sua tia Gina. 

— Como assim? 

— Quando Gina me questionou, eu desdenhei e neguei com todas as palavras de negação que conhecia. Hoje me pergunto quantas pessoas só perceberam o que sentiam quando questionados em uma chuvosa manhã de terça-feira… Por falar nisso era uma terça-feira pré baile de inverno. Todo mundo estava animado esperando pelos convites. E por mais que esperasse que Ronald Weasley me convidasse mesmo que como amiga, fingia que não me importava com nada daquilo. 

— O papai não te convidou para o baile de inverno? - Rose parecia não acreditar.

— Me convidou como última opção, mas já tinha outro par. Nós vamos chegar nessa parte. - Hermione ficava rindo ao lembrar da situação.  

— Eu não imaginava. - A ruiva suspirou. - Como percebeu que gostava do papai?

— Eu acho que já sabia, mas a certeza foi aos pouquinhos. - Hermione tocou o rosto da filha. - Nós sempre sabemos e sempre negamos.

— Conta mais, por favor! - Rose disse voltando a tomar sorvete. 

— Sua tia perguntou se eu gostava do seu pai, não como amiga. Eu estava na biblioteca lendo e engasguei com minha saliva. Respondi que não, nunca, jamais, perguntei se ela estava louca e reafirmei que nada a ver. Éramos apenas amigos. Mas sei que fiquei corada, porque meu coração disparou. Podia sentir cada uma das batidas que ele dava. Minha cabeça latejava. Gina sorria porque ela sabia que eu gostava, como gostava. Mesmo negando, mesmo jurando que não. E eu me perguntava se mais alguém sabia, se mais alguém reparava. 

— Alguém sabia? - Rose perguntou ansiosa.

— Eu acho que não. Mas com a negação veio o segundo estágio, mudar o sentimento. 

Hermione tomou um pouco de sorvete. Rose parecia juntar um quebra-cabeça. 

 

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, porque a fanfic era de um jeito e tomou um rumo completamente diferente. Até o próximo capítulo!



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