Unsaid escrita por Samyy


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Mais um ano, mais uma história para o Dezembro Romione.

Essa é uma shortfic de 4 capítulos e já aviso que não é exatamente uma história fofinha e feliz. Quis escrever sobre uma situação que muitos casais passam e como Romione lidaram com isso.

Espero que vocês gostem!



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HERMIONE

 

— Senhora Weasley? – a recepcionista, Laura, chamou e tornou a chamar quando não houve resposta. – Senhora Weasley!

Hermione se sobressaltou. Sete anos de casamento e ela ainda não se acostumara aquele tratamento, nem mesmo sabia se algum dia se acostumaria.

Molly que a perdoasse, mas não se achava nenhuma senhora Weasley.

Ela se levantou e andou até Laura. Já se conheciam de outras vindas e se odiava por estar ali novamente, mas Laura não tinha nada a ver com isso. Ensaiou um sorriso ao se dirigir até a moça.

— O doutor Borges irá te receber agora. – Hermione assentiu e seguiu pelo corredor que levava aos consultórios.

Algum tempo atrás estivera ali, em outras condições, em outro momento de sua vida. Não queria confirmar o óbvio, mas também não conseguiria viver sem a confirmação.

— Hermione! – Paulo Borges a recebeu alegremente. Ele era uma pessoa alegre e Hermione quase se sentiu mal por não querer estar ali. – Como vai?

— Bem, obrigada e você? – ela deu uma rápida olhada pela sala, tudo estava do jeito que se lembrava. As cadeiras com almofadas azuis claras, os pôsteres nas paredes e até mesmo aquela réplica assustadora do sistema reprodutor feminino.

— Tudo ótimo! Desta vez veio sozinha?

— Ron não pode vir. – foi tudo o que disse.

Não era uma mentira. Ron estava trabalhando, o ponto é que se ele soubesse onde e porque estava ali faria questão de cancelar todo e qualquer compromisso para acompanha-la.

Ele era assim, o Ron.

— Certo. E a que devo esta visita?

Hermione baixou a cabeça e encarou as próprias mãos sobre seu colo.

Era a primeira vez, desde que fizera o teste, que precisaria verbalizar a causadora de todos os seus sintomas.

Mas para seu alívio, não foi preciso.

Paulo acompanhara tudo da outra vez. Recebera o casal feliz e ansioso e sabia ler as pessoas como ninguém, principalmente quando elas estavam quebradas por dentro, exatamente o caso da mulher em seu consultório: a expressão séria não escondia a dor por trás de seus olhos castanhos.

— Sentiu muita náusea? – ela assentiu e Paulo continuou a perguntar sobre outros sintomas, anotando tudo no prontuário disponível em seu notebook.  

Ela mesmo não desconfiara de nada até sua menstruação atrasar, mas acontecia de vez em quando então não deu tanta importância. Então seus seios ficaram insuportavelmente sensíveis, seu humor se alterava a cada meia hora e, uma das maiores mudanças que percebera, sua libido de repente voltara com tudo.

Desde o ocorrido havia perdido quase todo o interesse em sexo, o que era estranho para ela, pois ainda se sentia muito atraída pelo marido, só não tinha vontade de transar. Qualquer outro homem, provavelmente, teria pedido o divórcio, mas não Ron. Ele levava os votos do casamento muito a sério e entendia que ela não estava bem, precisava de alguém que ficasse, que a entendesse, de apoio, não de julgamentos. Afinal, esse era um dos objetivos do casamento.

Triagem completa, Paulo pediu que ela se deitasse na maca, levantasse a blusa e abaixasse um pouco a calça que usava. Suas mãos ficaram geladas, seus lábios trêmulos. Não era hora de chorar e mesmo assim um bolo resolvera se instalar em sua garganta. Se abrisse a boca tinha certeza de que choraria e não precisava de ninguém mais, além de Ron, presenciando seu choro.

O líquido gelado, o aparelho passeando por sua barriga e o inconfundível som de um coração saudável batendo atestaram o fato já confirmado.

— Seu bebê está ótimo, Hermione.

Já estivera naquela posição anteriormente.

Já estivera naquela mesma sala com Ronald ao seu lado e toda essa sequência de cenas não poderia ter um significado mais feliz.

Antes.

Infelizmente ela não conseguia mais se ver como a Hermione do passado, ela era a Hermione do presente, insegura e principalmente triste.

Agora.

A Hermione do presente não queria aquele bebê, muito menos o que ele poderia representar.

Paulo deu uma série de recomendações das quais ela não escutou nenhuma. No final ela saiu com uma receita médica, pedidos de exame e com a promessa de que voltaria no próximo mês.

— Hermione... – ele chamou quando ela já se despedira, junto à porta.

— Sim?

Ele relutou internamente quanto ao que diria. A relação médico-paciente o impedia de verbalizar algumas coisas, contudo via nos olhos dela que precisava de algum conforto. Por que não?

— Vai ser diferente dessa vez, ok?

Ela assentiu incerta.

— Ah, e conte para Ron, eu sei que ele não sabe!

— Como... ? – ela tentou perguntar, completamente surpresa.

— Eu conheço seu marido, ele não perderia isso por nada. Com os sintomas que você descreveu não sei como ele ainda não percebeu.

Com o passo lento e ao mesmo tempo apressado ela andou em direção ao carro.

Hermione suspirou ao fechar a porta.

Não havia ninguém em casa quando retornou e secretamente desejava que Ron estivesse ali, sentado na sala; que visse o receituário do obstetra e a questionasse sobre. Não haveria escapatória e ela seria obrigada a admitir que estava grávida.

Mas eram apenas 15 horas, ele só chegaria mais tarde.

Hermione tomou banho e enquanto a água escorria pelo seu corpo as lembranças a inundaram. As dores, o sangue, seus gritos, o hospital e a notícia.

Será que algum dia superaria?


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