Therapist escrita por DRuh19


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Hello, galerinha linda do coração! Minha primeira Marigami para o evento de aniversário de um ano do @ProjetoMiraculous na Spirit

Está one surgiu de um surto da madrugada enquanto eu ouvia uma playlist totalmente aleatória no senhor YT com a música "Therapist", espero que gostem!

Capa por Anaharae da Spirit.



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Novamente o tempo havia passado mais rápido do que eu realmente gostaria. Minha cabeça dói por causa do esforço desnecessário para uma semana de provas que eu sei que estou preparada, mas ainda não consigo acalmar minha ansiedade. Além da enxaqueca, a festa de aniversário de Chloé não me parece nem um pouco tentadora, principalmente pela minha falta de humor com qualquer um que pareça Adrien Agreste; eu com certeza poderia socá-lo. 

Contudo, jurei que aparecia em tempo para a festa. Eu poderia inventar uma desculpa boa o suficiente, ou rezar para que Shadow Moth akumatizasse alguém, mas não vai acontecer, nunca é como eu realmente espero que seja.

Olho o relógio digital que fica em meu pulso e percebo estar atrasada — de novo. A porta do apartamento com o enfeite de abelha me encara e eu suspiro antes de apertar a campainha e me assustar com o grito estrondoso de Alya e Chloé, que cantam uma música desconhecida enquanto sacodem os balões.

O local parece mais bagunçado do que o comum e as meninas já usam o típico chapeuzinho pontudo de aniversário. Todos possuem uma temática diferente, mas por ironia do destino, Alya me entrega um vermelho com pintinhas pretas. Arrumo o elástico do acessório abaixo do meu queixo e tento me esquivar para a sacada com a ideia de fugir do barulho.

Escorada contra as barras de metal do parapeito, Kagami parece imersa em algum pensamento enquanto encara a paisagem iluminada da Torre Eiffel. Chamo por seu nome e me arrumo ao seu lado, percebendo um semblante nitidamente sério e preocupado.

— Você sumiu a semana toda — Kagami me olha e finalmente sorri. — Pensei que a Alya ou o Nino iriam ligar para a polícia — ela ri de mim e volta a olhar para fora.

— Andei ocupada — retruco e suspiro, acho que minhas pálpebras não vão aguentar muito.

— É, eu sei, sempre está. — Sua voz sai um pouco grosseira, mas não a culpo, eu sumo mais vezes do que gostaria. — E o que mais? — Ela me encara e espera a resposta de sempre.

— Estou cansada… — digo baixo.

— Dele? — Kagami pergunta e me oferece o copo.

— Você não? — retruco a pergunta e vejo seu sorriso desaparecer.

Ela não diz nada, apenas escora a cabeça contra meu ombro e respira fundo. Eu encaro seus cabelos perfeitamente alinhados e tento não me perder nos pensamentos sobre nossa conversa; Adrien Agreste passou de um sonho para pesadelo.

Estou farta do jogo bobo entre eu, ele e metade de Paris. Finjo não saber a verdade, mas meu amor pelo garoto de ouro está nitidamente desgastado, talvez inexistente, pois a raiva vem me consumindo cada vez mais; ando descontando até em Chat Noir durante a patrulha.

No começo, jurei que a farra dele seria algo passageiro. Adrien havia finalmente se libertando do pai e queria aproveitar o começo da liberdade, mas o homem reservado e gentil que eu havia conhecido se transformou em um poço de egocentrismo e narcisismo, principalmente depois de entender que muitas mulheres queriam algo com ele.

Eu e Kagami continuamos amigas e juramos não ligar para quem ele escolhesse no fim, mas agora vejo que não quero ser escolhida. Adrien sabe dos meus sentimentos desde o fundamental, aliás, toda Paris sabe.

Porém, o motivo real para toda a minha raiva começou neste mês. Minha enxaqueca tem atacado muito mais do que o comum e tudo parece acabar naquela conversa estranha que eu, acidentalmente, acabei ouvindo entre Nino e o garoto de ouro. Saber que o verdadeiro amor de Adrien Agreste é a Ladybug me fez querer vomitar.

— Quer que eu pegue mais? — Kagami me tira dos pensamentos que eu jurei não me aprofundar, e pega o copo da minha mão com o pretexto de roubar o último gole.

— Não, vai piorar minha dor de cabeça. — Empurro seu chapeuzinho de papel para o lado e ajeito minha cabeça contra a dela. — Kami — chamo por seu apelido. — Você não está cansada de correr atrás dele e no fim não dar em nada? É um amor unilateral.

— Talvez — ela sussurra.

— Nunca fomos a primeira escolha, nem a segunda… — falo irritada, nunca fomos escolha nenhuma depois da Ladybug.

— Ele foi em casa essa semana — Kagami murmura e depois suspira.

— E então? — indago curiosa e percebo que seu corpo fica tenso.

— Ah, ficamos um tempo juntos e até pensei que alguma coisa iria acontecer, mas acabamos em uma longa conversa sobre a vida dele, como em todas as outras vezes. — Sua voz é baixa e desanimada. — Ele parece perdido. 

— Ele fez o mesmo comigo semana passada, Kami. — Passo uma das mãos em seu cabelo exposto e arrumo a única mecha que parece não querer ficar atrás da sua orelha. — E pode ter certeza, ele não está perdido, nós é que estamos. 

Ouço a risada baixa dela e me irrito com o elástico do chapeuzinho em meu queixo; deveria ser menos apertado. Puxo ele e sinto alguns fios do meu cabelo irem junto antes de voltarem ao seu devido lugar.

A música ao fundo é extremamente animada e os pulos de Chloé, Alya e os outros com certeza foram percebidos pelos vizinhos, que talvez já estejam acostumados com a filha do prefeito e suas barulheiras semanais. Mas uma voz familiar chama minha atenção e reviro os olhos instantaneamente. 

— Ele chegou… — Kagami reclama e se arruma em meu ombro.

— Finja demência — faço uma careta e dou uma risada. — Preciso de um tempo antes de ouvir aquele falatório chato, se não, vou explodir com ele.

— Meninas! — A voz animada de Adrien passa por mim assim que termino de falar e sinto meu corpo reclamar.

— Oi — respondo calma e ouço Kami fazer o mesmo.

— Semana corrida, não? — Adrien me dirige a palavra e se escora no parapeito do meu lado livre.

— Sim, faculdade, padaria, trabalho extra… — sibilo com os olhos na Torre Eiffel.

— Você negou todas as minhas ligações — ele continua.

— Aprendi com você — digo sem pensar e aperto os olhos, não deveria ter falado nada. 

— Ficou chateada? — Adrien sorri sarcástico e tento não ligar. — Sabe como meu pai é durante as sessões de fotos, não posso atender sempre — explicou. — Mas estava pensando, podemos sair amanhã, preciso relaxar a cabeça! Quer ir no…

— Não! — Agressiva, corto sua fala. — Acho que já vou indo. — Tamborilo os dedos no aço do parapeito antes de sair e deixo os dois na sacada, mas ouço os passos apressados de Kagami atrás de mim.

— Mari, espera. — Ela pega minha mão. — É o aniversário da Chloé, fica mais um pouco e esquece ele, vamos para a sala com as meninas.

Encaro os olhos castanhos e o rosto sério que ela sempre esboça; não consigo fazer o mesmo para suprimir meus sentimentos e gestos perante minha raiva por Adrien Agreste. Respiro fundo mais uma vez e tento reunir toda paciência possível para que eu não perca minha sanidade mental.

— Eu já esqueci — digo antes de sorrir e ver um sorriso curto aparecer em seus lábios. — Vamos aproveitar a festa ao lado das meninas.

— Ótimo! — Kagami aperta minha mão e, ao fundo, vejo Adrien sair da sacada e vir até nós duas.

— O que deu em você? — Ele franze a testa e me encara com as mãos na cintura.

— Vamos tentar não discutir… — Kami sussurra e olha para mim. — Viemos relaxar entre amigos.

— Sei disso! — Adrien responde e parece aumentar a pressão entre suas sobrancelhas. — Eu te chamo para sair e você simplesmente grita, Marinette.

— Disse que não quero! Quero descansar sem ninguém reclamando na minha cabeça toda vez que saímos! — retruco grossa.

— É crime desabafar agora? — ele reclama e me encara como se seus olhos fossem me perfurar.

— Ache outra pessoa para despejar seus problemas! — continuo irritada. — Você só me procura pra isso!

— Não é verdade — Adrien diz e ri.

— Ache outra pessoa para ser sua segunda opção! Eu cansei — falo alto. — Você só me trás estresse e acha que sou obrigada a ouvir todos os seus grandes problemas! — Aponto para seu rosto. — Você sempre soube dos meus sentimentos  e brincou com eles. — Bato o pé. — Todo fim de semana você aparece em casa, reclama a noite toda, passa a madrugada insinuando alguma coisa entre nós e acaba dormindo. 

— Espera aí! — Ele parece irritado. — Acha que eu tenho a obrigação de aceitar seus sentimentos? 

— Você não tem obrigação de me aceitar, mas tem a obrigação moral de não brincar com o que as pessoas sentem!

— Marinette. — Kami olha para os lados e percebe que todos estão prestando atenção. — Vocês estão gritando… — ela diz e usa seus olhos para pedir que eu pare, pois sabe que vou sair machucada, mas continuo a falar e recobro minha postura inicial.

— Todas as vezes que eu tentei conversar sobre outra coisa, contar do meu dia ou  ser apenas sua amiga, você apenas ignorou! Fingiu que eu nem estava do seu lado! Você não quer ouvir os outros, mas quer que os outros te ouçam; pena que o Adrien Agreste não é o único ser humano na terra com problemas —  falo com os olhos fixos aos seus. — Você só quer alguém para consertar sua vidinha! Tentei te ajudar, tentei aumentar seu ânimo e ouvir tudo sem dizer uma palavra, só que eu não estou aqui para te carregar nas costas! 

— Mais alguma coisa? —  Adrien me encara sério e percebo que seus olhos estão tremendo.

— Sim! Você gastou meu tempo, minha sanidade, assim como de todas as outras! Seus joguinhos idiotas não servem mais para mim! Sua impotência diante do seu amor platônico pela Ladybug não serve de nada — grito sem perceber e vejo os olhos dele se arregalarem.

— Como você… — Ele olha para o lado e encara Nino por um tempo. — Sabe disso?

— Não importa como eu sei, mas adivinha? Não tem Marinette, nem Kagami e muito menos a Ladybug, porque você não precisa de uma namorada, precisa é de um terapeuta para poder ouvir todas as merdas que continuam saindo da sua boca. — Solto o ar acumulado em meus pulmões e me viro para Kagami, selando meus lábios aos dela em um baque.

Fecho os olhos e continuo segurando seu rosto com as duas mãos, enquanto Kami segura em meus pulsos e aceita o beijo repentino. Seus lábios tem um leve aroma de cereja por causa do gloss e um gosto doce decorrente da bebida de minutos atrás.

Nos separamos após alguns segundos e percebo o silêncio no apartamento. Adrien Agreste já não está mais presente e todos os outros nos olham espantados antes de finalmente comemorarem pelo ocorrido, como se estivessem esperando por este momento há muitos anos.

— Kami… — Olho para ela e sinto que preciso me desculpar por beijá-la tão repentinamente; um peso parece ter saído dos meus ombros, chega de Adrien Agreste.

— Mari. — Ela interrompe minha fala e junta nossos lábios novamente em um agradecimento doce. — Obrigada.


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