Don't you know you got my eyes? escrita por Aninha


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!

Boa leitura.



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Ginny Weasley estaria mentindo se dissesse que sempre sonhou em ser repórter investigativa. 

Aos seis anos ela sonhava em ser uma princesa até descobrir que para isso teria que seguir muitas regras. Então, ela decidiu que queria ser uma revolucionária das histórias que Percy lia. Mas foi aos sete anos, ao jogar bola no quintal com os irmãos e marcar seu primeiro gol que ela realmente descobriu o que queria ser: jogadora de futebol. 

Durante anos ela sonhou em ir para Hogwarts e jogar no time da Grifinória, vendo os irmãos usando o uniforme da casa e jogando nas férias, conversando sobre as partidas e machucados. Ginny tremia tanto nos momentos antes do seu teste que tinha certeza que iria cair e estragar tudo, mas toda a insegurança foi embora no momento em que a bola tocou seus pés e ela correu na direção do gol. 

Ela se lembrava com clareza que não conseguiu dormir naquela noite devido a alegria de estar realizando seu sonho, mesmo que tivesse se arrependido disso pela manhã quando o despertador tocou e ela teve que voltar para a realidade. 

Durante os últimos anos em Hogwarts, ela se destacou no esporte e entrou para o time Holyhead Harpies. Sua vida parecia ser tudo o que ela tinha sonhado aos sete anos: Ginny jogava futebol profissionalmente, era a preferida da sobrinha Victoire e tinha uma amizade colorida com Harry Potter. Tudo mudou drasticamente no inverno há alguns anos, quando ela estava deitada nua nos braços de Harry e ele disse que a amava. 

Depois disso, a vida da Weasley virou de cabeça para baixo. Fugindo como o diabo foge da cruz por motivos que nem ela entendia completamente, ela deixou Harry para trás e cortou relações com ele. Depois de alguns jogos numa temporada particularmente ruim, ela teve uma lesão que a impossibilitou de jogar pelo resto daquele ano. 

Decidindo sair do time antes que sua carreira fosse ladeira abaixo, Ginny passou a ser correspondente de futebol para O Profeta Diário, viajando o mundo todo atrás dos jogos. 

Então não, Ginevra nunca tinha pensado em ser repórter investigativa. 

O tempo na estrada foi bom para ela se recuperar física e mentalmente, além de entender melhor suas decisões. Sendo honesta com ela mesma, a Weasley caçula não prentendia voltar tão cedo para casa e o motivo para isso eram os sentimentos conflitantes com relação a Potter, além dos dramas familiares que pareciam alcançá-la não importasse onde ela estivesse. 

Outra coisa também a encontrou pelo caminho: o amor pela investigação. Encorajadas pelo fato da correspondente de futebol d’O Profeta Diária ser uma mulher e ex-jogadora, as jogadoras se sentiram confortáveis para se aproximarem de Ginny e contarem suas histórias na esperança de que a ruiva fosse ouvi-las. E Ginny ouviu cada história sobre abuso sexual dentro do esporte, divulgando as infomações e evidências que coletou durante meses numa das matérias mais comentadas e polêmicas da revista. 

Foi graças a essa matéria que ela decidiu retornar para a Inglaterra e se formar em Jornalismo. Depois da graduação, Ginny continuou trabalhando para O Profeta Diário com a diferença que agora fazia matérias investigativas que demandavam mais tempo e estudo para serem concluídas. 

Nem sempre as publicações dela levavam pessoas à corte. Às vezes a Weasley deixava os casos sombrios de lado e focava em encontrar pessoas em fotos históricas para ver como estavam atualmente ou descobrir fatos históricos encobertos pelas autoridades ou a muito esquecidos. 

Ginny nunca tinha planejado trabalhar com isso, mas ser repórter investigativa era um dos maiores prazeres da sua vida. Mesmo assim, ela não esperava que Harry fosse pedir ajuda para encontrar sua mãe nem nos seus sonhos mais doidos. 

— Você quer a minha ajuda? 

Ele assentiu como se fosse a coisa mais natural do mundo. 

— Você é a única repórter investigativa que eu conheço, mas sei que é a melhor nisso — deu de ombros. — Você ganhou vários prêmios e sua primeira matéria nesse ramo deixou bem claro que não tem medo de ir atrás das coisas e cutucar as feridas das pessoas. 

Ela não sabia se ele estava dizendo tudo aquilo para acariciar seu ego e conseguir ajuda, mas estava funcionando. Mesmo assim, Ginny não tinha certeza se trabalhar com seu ex era o mais sensato a se fazer. Na verdade, ela tinha quase certeza de que não era, mas o olhar pidão de Harry e o fato dele ter tocado no assunto depois de anos guardando só para si a informação de que não tinha desistido de encontrar sua mãe fez coisas com ela. 

Por isso, ignorando todos os alertas que sua mente disparava e a pilha enorme de trabalho que estava em sua mesa no jornal, Ginny assentiu e soube que tinha tomado a decisão certa no momento que Harry deu um daqueles sorrisos que iluminavam seu rosto. Um daqueles raros sorrisos que faziam o coração dela disparar e a vontade repentina de beijá-lo até faltar ar aparecerem. 

Ok, essa foi uma péssima ideia. 

— Mesmo? — ele perguntou cheio de esperança, o que tornou impossível para Ginny dizer que tinha mudado de ideia e resolvido dar ouvidos a razão. 

— Mesmo — respondeu, retribuindo o sorriso dele. — Não estou dizendo que vai ser fácil ou que vou conseguir alguma coisa, mas vou tentar. 

— Obrigado, Ginny — ele falou ainda sorrindo e com suas esperanças renovadas. 

A ruiva assentiu, desviando o olhar porque a forma como Harry a olhava a fazia se sentir a própria manhã de Natal e ela não sabia como se sentir em relação a isto. Decidindo que era muito perigoso ficar perto do ex amante quando ele estava dando sorrisos radiantes, Ginny pegou a bolsa e sorriu levemente para ele, levantando. 

— Bem, então agora eu tenho um trabalho a fazer. Obrigada pela torta. 

Harry assentiu, levantando. 

— Considere como um pagamento adiantado. 

Ginny franziu a testa. 

— Você não precisa me pagar, Harry. 

— Bem, é o seu trabalho, certo? Você não pode fazer de graça ou vai morrer de fome — ele deu de ombros e ergueu as mãos quando ela abriu a boca em protesto. — Apenas pense nisso, ok? 

Suspirando e sabendo que ele estava certo, mesmo que não isso não a fizesse cobrar, Ginny revirou os olhos. 

— Você continua a mesma mula teimosa. 

Harry sorriu de lado, enviando um calafrio diretamente para as partes íntimas de Ginny. 

— Faz parte do meu charme.

Decidindo ir embora antes que entrasse em combustão ou pior, tirasse as roupas do homem ali mesmo, Ginny preferiu não retrucar e deu um mero aceno de cabeça antes de sair do café, a risada baixa de Harry a seguindo por todo o trajeto. 

***

Ginevra sabia que tinha que pesquisar algumas coisas para a matéria d’O Profeta Diário que ia sair no começo do próximo mês, mas investigar o passado de James Potter e Lily Evans era muito mais interessante.

Achar informações sobre James foi relativamente fácil já que ele pertencia a uma família conhecida e Sirius Black, melhor amigo do Potter e astro do rock, costumava falar do homem nas entrevistas. Com isso, Ginny sabia onde o homem tinha nascido e morado durante a infância, as escolas e faculdade que frequentou, onde tinha trabalhado, todos os cursos de especialização que tinha e que nunca tinha se casado, apesar de ter ficado noivo segundo algumas revistas de fofoca. 

Porém, encontrar informações sobre Lily definitivamente era mais difícil. Começando pelo fato de que esse era um nome comum e Ginny não sabia a aparência da mulher de modo que tinha que eliminar as possibilidades com base nas informações que tinha: Lily estava viva e na Itália no ano de 1992. Em suas cartas, a mãe de Harry falava sobre Remus e Severus, mas a falta de sobrenomes dificultava a vida da repórter. 

Por isso, depois de eliminar todas as Lilys que tinham morrido ou não estavam na Itália em 1992, Ginny tentava encontrar nas redes sociais alguma que morasse no país ou estivesse por lá naquele período, porém a falta de redes sociais na época era um problema já que Evans até poderia ser um dos perfis que ela tinha visto, mas isso não significava que ela tinha postado alguma foto da viagem. 

Decidindo tentar por outro ângulo, a Weasley começou a procurar nas entrevistas de Sirius alguma menção a Lily, Severus ou Remus e era o que estava fazendo há alguns dias quando Harry a ligou na noite anterior e a convidou para ir até sua casa. Por isso, naquele momento ela estava estacionando na garagem dos Potter mais novos enquanto respirava fundo na tentativa de não ser dominada pelas lembranças que aquele ato trazia. 

Descendo do carro, ela sorriu para Harry que a esperava na porta da frente e pegou sua bolsa antes de se aproximar. 

— Oi — disse, entrando na casa quando ele lhe deu espaço. 

— Oi — o homem respondeu, segurando o cachorro da família no colo. 

Assim que Harry colocou Pads no chão, ele correu na direção de Ginny e pulou sobre ela, balançando o rabo animadamente e fazendo a mulher rir enquanto se abaixava para lhe fazer carinho. 

— Ele sentiu sua falta — ele disse sorrindo e fechando a porta da casa. 

— Também senti falta dele — ela disse, brincando com o cachorro. — Então, seu pai não está em casa? 

Quando Harry ligou para ela não disse nada além de “pode vir na minha casa amanhã? Meu pai não está” o que a fez pensar que se eles fossem alguns anos mais novos aquele teria sido um convite para sexo. Mas muitas coisas tinham mudado entre eles e segundos os rumores na família Weasley, Harry estava saindo com alguém. Por isso, controlando todas as perguntas, ela tinha entrado no carro e dirigido até ali na esperança de que quando chegasse, o homem fizesse as coisas fazerem sentido. 

— Isso — ele disse, assentindo. — Ele tem um evento no trabalho, então vai voltar só à noite — Harry sorriu. — O que eu acho que nos dá tempo suficiente para procurar pela casa. 

— Procurar pela casa? — ela ergueu as sobrancelhas. — Acha que ele tem alguma coisa da Lily? 

Harry deu de ombros. 

— Lembro de algumas coisas de quando era pequeno, talvez ele tenha mandado embora. Mas quem não arrisca não petisca. 

Rindo da expressão velha, ela assentiu e olhou ao redor. 

— Tudo bem. Por onde quer começar? 

— Você é a repórter investigativa — ele sorriu para ela. 

Ginny assentiu, tentando ignorar como o sorriso dele tinha mexido com ela. 

— Vamos começar pelo porão então — deu de ombros. — É o lugar mais óbvio, mas nunca se sabe. 

Harry assentiu e subiu as escadas com direção ao cômodo escolhido enquanto Pads e Ginny o seguiam. Abrindo a porta, ele acendeu a luz e entrou no porão repleto de caixas cobertas de pó. Sabendo da alergia de Ginny, o homem abriu as janelas antes da mulher entrar, mas nem isso impediu que ela espirasse. 

— Posso fazer isso sozinho — ele disse, abrindo uma caixa.

— Nem pensar — ela sorriu com o nariz vermelho. — Essa é a melhor parte. 

Harry assentiu e logo eles começaram a abrir as caixas, mexendo nas coisas antigas enquanto conversavam sobre o trabalho e as descobertas de Ginny sobre Lily. Por alguns minutos, parecia que nada havia mudado entre eles e ambos eram amigos e amantes, rindo das piadas internas e conversando sobre a família e amigos. 

Infelizmente, não passava de uma ilusão. 

Ginny sabia que ela e Harry iriam se afastar assim que finalizassem a busca por Lily e não podia culpar ninguém por isso. Com exceção dela mesma. 


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Notas finais do capítulo

Não esqueçam de comentar!

XOXO,
Aninha.



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